ABRUPTO

1.11.03


LEITURAS DE VOO

desta vez não foram brilhantes, talvez porque, num chauvinismo quase constante e irritante, os aviões franceses não trazem jornais em inglês. A única excepção era o Financial Times. E não era por acaso, ou se tinham esgotado, porque perguntei: mas não há pelo menos o International Herald Tribune e a resposta foi que não, não havia, nem costumava haver.

Li então , o Figaro, o Le Monde e o Nouvel Observateur. Começo pelo último, que não lia há séculos e cuja leitura me confirmou o bem fundado da recusa. Trazia um extenso artigo sobre os “manipuladores de informação”, aqueles que os ingleses chamam “spin doctors”, sem o mínimo interesse comparado com o que é habitual, - de novo, mas tem que ser dito ,- na imprensa anglo-saxónica, onde esse tipo de actividade é notícia comum. No artigo do Nouvel Observateur, tudo aparecia como se fosse novidade e a análise empalidecia por comparação.

Já no Figaro e no Le Monde, havia coisas mais interessantes. O Fígaro trazia uma notícia sobre a renovação da force de frappe nuclear francesa e sobre a doutrina aceite pela França do cenário de um ataque nuclear a nações que usassem armamento químico e biológico. Pelos vistos, não são só os americanos.

O Le Monde trazia vários artigos sobre um tema recorrente franco-galo-francês: le déclin. Para além dos artigos de opinião, havia um dossier sobre a boa performance francesa no domínio do “social”. No entanto, começa a haver um enorme incómodo político com a verificação da retoma americana e o atraso europeu.

Para temperar, li um número antigo da Granta, dos que estão empilhados na estante “para ler”, sobre “Necessary Journeys”, que me pareceu, digamos, adequado.

Por último, vi, naqueles minúsculos ecrãs, o filme por excelência para os grandes: o último Matrix. Mas é tão mau, tão mau, que até num ecrã de relógio se pode ver.

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© José Pacheco Pereira
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