ABRUPTO

11.10.08


VER A NOITE / OUVINDO



Elisabeth Schwarzkopf a cantar Im Abendrot, uma das quatro últimas canções de Richard Strauss. A música e o poema de Eichendorff são das coisas mais belas que alguma vez se fizeram. Está lá tudo, dass wir uns nicht verirren / in dieser Einsamkeit.

Wir sind durch Not und Freude
gegangen Hand in Hand,
vom Wandern ruhen wir
nun überm stillen Land.

Rings sich die Täler neigen,
es dunkelt schon die Luft;
zwei Lerchen nur noch steigen
nachträumend in den Duft.

Tritt her und lass sie schwirren,
bald ist es Schlafenszeit,
dass wir uns nicht verirren
in dieser Einsamkeit.

O weiter, stiller Friede!
So tief im Abendrot.
Wie sind wir wandermüde;
ist dies etwa der Tod?

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LIVROS DE QUATRO GERAÇÕES (67)




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COISAS DA SÁBADO:
E JÁ AGORA PARA FAZER SUBIR PELAS PAREDES A MESMA TURBA

Não posso deixar de considerar mais uma vez excessivo o modo como o nosso sistema judicial penaliza os crimes reais, hipotéticos ou mesmo de opinião, que em democracia não são crimes, da extrema-direita. Já não é a primeira vez que tal se nota, numa desproporção enorme entre o modo como juízes e procuradores se atiram para os crimes da extrema-direita, e tratam com penas leves ou nenhumas, crimes de sangue, violência, violações, assaltos à mão armada, etc. Entre as penas possíveis a aplicar aos crimes do grupo de skins que foi julgado (dou de barato que haja crimes, embora tenha a maior das dúvidas sobre uma polícia que apresenta como despojos de uma busca bandeiras e símbolos nazis, que eu também desconhecia ser um crime possuir, e que, já digo publicamente, também tenho no meu arquivo), parece sempre escolher-se a mais dura, mesmo quando o bom senso exigiria outra ponderação.

As ideias de Mário Machado matam, tenho poucas dúvidas sobre isso, Mas também as minhas há trinta anos matavam, as de Mário Soares, na sua juventude, matavam, as de vários membros do governo actual e de altos responsáveis da magistratura, de empresas, da comunicação social, matavam também. E as de muita gente hoje, que em Portugal passa por ser pacífica e que ninguém vê com os mesmos olhos com que vê os skins e os nazis, matam hoje mesmo, na Colômbia, na América Latina em geral, em África, na Ásia e mesmo na Europa, no país nosso vizinho, Ou pensam que a apologia da violência é um exclusivo da extrema direita e que a extrema-esquerda são uns pacíficos meninos, cujas bandeiras com a foice e o martelo não têm tanto sangue como a cruz gamada?

Só que em democracia as ideias e as opiniões é suposto serem livres, por péssimas que sejam, e o nosso desgosto com elas não devem servir de agravante penal, sob pena de politização da justiça.

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LIVROS DE QUATRO GERAÇÕES (66)


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Primeira edição integral da Madame Bovary.

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LIVROS DE QUATRO GERAÇÕES (65)


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Relato original da célebre viagem de Louis Antoine de Bougainville à volta do mundo.

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OUVINDO

O Concerto para Violino K. 216 de Mozart tocado por Antal Szalai no Carnegie Hall, Nova Iorque.

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O ABRUPTO FEITO PELOS SEUS LEITORES: ESTE É QUE É O COMPUTADOR PORTUGUÊS



Só por curiosidade, junto foto de um “computador” 100% português, de há já uns 10 anos – não há nele uma linha de software que o não seja, e só os chips foram importados. Ganhou o prémio de inovação e criatividade industrial do biénio 1997-1998 atribuído conjuntamente pela Ordem dos Engenheiros e pela ANIMEE – Associação Nacional das Indústrias Metalo-Eléctricas e Electrónicas.

Claro, não é um PC pessoal, mas um computador para “embeber” em subestações da rede de energia eléctrica. Um produto de nicho…


(José Luís Pinto de Sá)

*
  Não se esqueça do Milipeia , o supercomputador da Universidade de Coimbra, com uma capacidade de 1,5 Teraflops e que, ao contrário da estratégia do governo (de se colar como uma lapa à Intel e à Microsoft), corre software OpenSource (uma distribuição Linux de nome CentOS).

(Ricardo Carvalho)


*


Vi os posts colocados sobre o que seria o primeiro computador português. Existe uma experiência anterior de criação de um computador em Portugal, neste caso um computador pessoal. Trata-se do ENER 1000, apresentado comercialmente em 1982. Era um sistema baseado num processador Motorola MC6809, de 8-bits, com RAM de 16 Kb e duas unidades de disquette de 5,25” com uma capacidade combinada de 1,6 MB. O sistema operativo utilizado era o CP/M, criado pela Digital Research. O desenvolvimento deste projecto iniciou-se alguns anos antes na Faculdade de Engenharia da Universidade de Coimbra.

Esta experiência é semelhante a muitas iniciativas de carácter atomístico que se desenvolveram nos EUA ou na Europa de criação de computadores pessoais aproveitando a disponibilidade, padronização e baixo custo de componentes electrónicos. Nalguns casos estas iniciativas não passaram do estádio experimental. Noutros tiveram um cunho comercial e alguma expansão. A prazo todas tiveram um destino idêntico, com excepção da linha seguida pela Apple: depois da padronização da arquitectura e software conseguida pelo triunfo do IBM PC, todas estas máquinas acabaram por sucumbir comercialmente, mesmo quando apoiadas por políticas públicas de promoção de uma indústria informática nacional, como sucedeu por exemplo no Reino Unido ou em França. O IBM PC foi lançado em 1981 nos EUA, mas apenas comercializado em Portugal pela IBM Portuguesa a partir de 1985.

Porque é que esta nota sobre o ENER 1000 é interessante? Se os mesmos critérios de caracterização de um computador como "português", referidos a propósito do Magalhães, fossem aplicados ao ENER 1000, certamente que não se poderia falar dele como "o primeiro computador pessoal português". O mesmo se aplicaria a experiências idênticas, dispersas por múltiplos países, de criação de computadores pessoais, usando componentes electrónicos e software produzidos nos EUA ou no Japão: o PCS 80, um computador francês, fabricado em 1977 pela francesa Data Soft não seria um "PC francês"; o P6060 lançado pela Olivetti também em 1977 não seria considerado um PC italiano; o ABC-80 (“Advanced Basic Computer for the
1980s”...) não iria ser rotulado como o primeiro PC sueco (1978); e, já nos anos 80, na então Checoslováquia não se diria que a Tesla estava a produzir o PMI-80, o primeiro PC na Europa de Leste.

Claro que esta nota não implica qualquer desvalorização do que é muito mais relevante nesta discussão: se este investimento público para dotar todas as crianças no ensino primário com um PC se deve considerar uma medida prioritária para elevar a qualidade do ensino no primeiro ciclo em Portugal.

Quanto à história da informática permita-me esta adenda.

(José Álvaro Ferreira da Silva)

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A MINHA LIVRARIA EM ÁFRICA


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LIVROS DE QUATRO GERAÇÕES (64)

Conviver com livros é conviver com muitos demónios, uns mais à solta, outros menos à solta. Feeding the monster  é uma excelente descrição da leitura. E depois, com livros antigos, o maravilhamento é maior por tudo. Há neles o absoluto da criação e depois tempo, memória, anacronismos que nos ensinam, actualidade mais absoluta, e muita, muita história pessoal (não se imagina o que as pessoas colocam dentro das páginas de um livro, como se fosse o cofre adequado para o lado mais íntimo da vida e é mesmo) . Dêem-me uma pilha de velhos livros e eu faço dela um enorme campo de coisas, nem sempre recomendáveis, nem sempre belas de se ver, nem sempre pacíficas, mas com muita surpresa e muito "mundo". O meu mundo.

E às vezes, no meio do olhar nostálgico com que se pode olhar para os antigos best sellers, os livros que apaixonaram gerações, e que hoje ninguém recorda e muito menos lê, - bom ensinamento para se perceber o tempo, - aparecem coisas de enorme actualidade e divertidas. No Portugal  dos nossos dias, feito de complacência e bajulação face ao poder, como são actuais estas minutas de cartas de um manual de como escrever cartas  para a "jeune age e l'adolescence", dirigidas a um "tutor" ou a um "benfeitor", que nos dá boas prendas tecnológicas e que zela por nós  de cima da gravidade do estado e do socialismo.
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Hoje talvez não se usasse o estilo açucarado destas missivas, mas o espírito de gratidão na subserviência é o mesmo.

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LIVROS DE QUATRO GERAÇÕES (63)

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As célebres"lições" de Arago, com uma típica assinatura de oitocentos, quando era necessário assinar "difícil" para evitar as falsificações.

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EARLY MORNING BLOGS


1411 - Late Autumn In Venice

(After Rilke)


The city floats no longer like a bait
To hook the nimble darting summer days.
The glazed and brittle palaces pulsate and radiate
And glitter. Summer's garden sways,
A heap of marionettes hanging down and dangled,
Leaves tired, torn, turned upside down and strangled:
Until from forest depths, from bony leafless trees
A will wakens: the admiral, lolling long at ease,
Has been commanded, overnight -- suddenly --:
In the first dawn, all galleys put to sea!
Waking then in autumn chill, amid the harbor medley,
The fragrance of pitch, pennants aloft, the butt
Of oars, all sails unfurled, the fleet
Awaits the great wind, radiant and deadly. 

(Delmore Schwartz)

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10.10.08


OUVINDO

Jessye Norman a cantar Beim schlafengehen, uma das quatro últimas canções de Richard Strauss
Nun der Tag mich müd' gemacht,
soll mein sehnliches Verlangen
freundlich die gestirnte Nacht
wie ein müdes Kind empfangen.
Hände, laßt von allem Tun,
Stirn, vergiß du alles Denken,
alle meine Sinne nun
wollen sich in Schlummer senken.
Und die Seele unbewacht,
will in freien Flügen schweben,
um im Zauberkreis der Nacht
tief und tausendfach zu leben.

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VER A NOITE


Quase.

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LIVROS DE QUATRO GERAÇÕES (62)

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Um velho conhecido cá da casa.

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VÍRUS

Era um homem ou uma mulher que cantava?

O som de Homero.

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LIVROS DE QUATRO GERAÇÕES (61)



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(Richard Estes)

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LIVROS DE QUATRO GERAÇÕES (60)

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Livros das tipografias venezianas do século XVIII.

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COISAS DA SÁBADO: SERÁ QUE VOSSA EXCELÊNCIA ME PERMITE NÃO ENGOLIR A PROPAGANDA GOVERNAMENTAL SEM SER CHAMADO DE “VELHO DO RESTELO”, “PESSIMISTA”, “DO CONTRA”, “BOTA-ABAIXISTA”, POUCO PATRIOTA, REACCIONÁRIO, OBSTÁCULO AO PROGRESSO, ILITERATO TECNOLÓGICO, CAVERNÍCULA, ETC., ETC?


Será que Vossa Excelência me permite fazer perguntas sobre as “inexactidões” (para usar um eufemismo) do seu currículo profissional colocado no sítio oficial do Governo, como se faz em todas as democracias?

Será que Vossa Excelência me permite inquirir sobre os projectos das casas que assinou na Câmara ao lado daquela de que era assalariado e porque razão os beneficiados pelo seu desenho técnico aparecem a dizer que nunca lhe pediram ou pagaram esses serviços, quando já era dirigente do PS, ou seja homem público, ou isso só se pode fazer para a Sarah Palin?

Será que Vossa Excelência me permite por em causa o seu uso criativo das estatísticas que dão Portugal como vivendo melhor e os portugueses como tendo mais emprego, quando há uma quebra real da qualidade de vida e um aumento recorde do número de desempregados?

Será que Vossa Excelência me permite interpretar as palavras do Presidente da República como sendo uma crítica pública ao facto de confundir propaganda com realidades e, no fundo, não saber o que fazer a não ser mais da mesma propaganda?

Será que Vossa Excelência me permite perguntar sobre os resultados do seu governo nas condições excepcionais que teve, maioria absoluta, presidente cooperante, que se arriscam a ser inferiores ao governo de Santana Lopes, com excepção do controlo do défice, exactamente aquilo que nunca prometeu fazer porque o “que contavam eram as pessoas e não os números”?

Será que Vossa Excelência me permite lembrar aos portugueses que todos os números decisivos da economia portuguesa já eram maus antes da crise internacional, que agora serve de pretexto para encobrir o falhanço da política do governo?

Será que Vossa Excelência me permite perguntar se as suas declarações de comício atacando a bolsa, para gáudio da esquerda do seu partido, não são as mais inconvenientes para um Primeiro-ministro numa economia de mercado?

Será que Vossa Excelência me permite perguntar porque razão a televisão pública, que é paga com os nossos impostos e que superiormente dirige através de uma cadeia hierárquica que começa em si, passa pelo ministro da tutela, pelo conselho de administração e termina nos directores por ele nomeados (por si também à distância), lhe dá todos os dias prime time sem critérios jornalísticos que o justifiquem?

Será que Vossa Excelência me permite perguntar sobre todo este estendal de ofertas do “Magalhães” nas escolas, sobre quem o pagou, como foi feita a escolha deste computador, da fábrica que o produz sem concurso público, que compromissos tem o governo com essa empresa, que pedagogos disseram ao governo que era útil as crianças do básico terem computadores individuais, etc,, etc,?

Será que Vossa Excelência me permite perguntar porque razão as empresas a quem o estado deve dinheiro manifestam publicamente receio de que o seu nome surja nas listas públicas de credores do estado, com medo de represálias?

Será que Vossa Excelência me permite perguntar porque razão cada vez mais os grandes negócios públicos se fazem no seu e no gabinete dos ministros, sem escrutínio, evitando concursos públicos, anunciando tudo como facto consumado em nome da “eficácia” e se não o preocupa o enorme potencial para o tráfico de influência e corrupção que tais práticas permitem?

Será que Vossa Excelência me permite lembrar, mais do que lembrar, exigir, a divulgação pública dos estudos respeitantes à relação custo-benefício do gigantesco programa de obras públicas que o seu governo anunciou?

Será que Vossa Excelência me permite perguntar sobre como é que num momento em que todos os governantes passam horas e horas a trabalhar a tentar resolver a crise financeira, a sua alta figura arranja todos os dias muito tempo, para fazer sessões de propaganda, como se estivesse desocupado da governação?

Será que Vossa Excelência me permite perguntar porque razão sendo Primeiro-ministro passa todo o tempo a falar de politiquices e a atacar a oposição como se fosse apenas secretário-geral do PS em ano eleitoral?

Será que Vossa Excelência me permite continuar a perguntar a lista infinda de coisas que exigem ser escrutinadas por detrás das nuvens da propaganda, da enorme complacência dos interesses instalados e da escassa independência das pessoas num pais como o nosso e num governo com o estilo de pau e cenoura como o seu?

Etc., etc.

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LIVROS DE QUATRO GERAÇÕES (59)

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Modas.

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EARLY MORNING BLOGS


1410 -Melancholy Breakfast

Melancholy breakfast
blue overhead blue underneath


the silent egg thinks
and the toaster's electrical
ear waits


the stars are in
"that cloud is hid"


the elements of disbelief are
very strong in the morning

(Frank O'Hara)

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(António Leal)

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COISAS DA SÁBADO: NÃO SABIA QUE ERA PROIBIDO EM DEMOCRACIA SER CONTRA A IMIGRAÇÃO




O vereador Sá Fernandes à revelia das leis e da liberdade, mandou arrancar um cartaz do PNR contra a imigração. Nada tenho com as ideias e as práticas do PNR, nem precisava de o dizer a não ser porque este mundo está tão envenenado que tem que se estar sempre a repetir o óbvio, mas desconhecia que era proibido em democracia pronunciar-se contra a imigração. O problema é nós nos esquecemos que a liberdade dos outros é também para dizer aquilo que nós detestamos e não concordamos. A liberdade é assim, não é apenas aquilo que o vereador Sá Fernandes entende ser politicamente correcto dizer ou aquilo que ele quer censurar. Felizmente.

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9.10.08


VER A NOITE


Moonlight silvers the tops of trees,
Moonlight whitens the lilac shadowed wall
And through the evening fall,
Clearly, as if through enchanted seas,
Footsteps passing, an infinite distance away,
In another world and another day.
Moonlight turns the purple lilacs blue,
Moonlight leaves the fountain hoar and old,
And the boughs of elms grow green and cold,
Our footsteps echo on gleaming stones,
The leaves are stirred to a jargon of muted tones.
This is the night we have kept, you say:
This is the moonlit night that will never die.
Through the grey streets our memories retain
Let us go back again. 

(Conrad Aiken)

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LIVROS DE QUATRO GERAÇÕES (58)

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LIVROS DE QUATRO GERAÇÕES (57)

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A edição em folhetim.

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VÍRUS

No meu congelador.

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RIOS DE ÁFRICA (7)

(A.)

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(António Leal)

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EARLY MORNING BLOGS


1409 - Good-by and Keep Cold

This saying good-by on the edge of the dark
And the cold to an orchard so young in the bark
Reminds me of all that can happen to harm
An orchard away at the end of the farm
All winter, cut off by a hill from the house.
I don't want it girdled by rabbit and mouse,
I don't want it dreamily nibbled for browse
By deer, and I don't want it budded by grouse.
(If certain it wouldn't be idle to call
I'd summon grouse, rabbit, and deer to the wall
And warn them away with a stick for a gun.)
I don't want it stirred by the heat of the sun.
(We made it secure against being, I hope,
By setting it out on a northerly slope.)
No orchard's the worse for the wintriest storm;
But one thing about it, it mustn't get warm.
'How often already you've had to be told,
Keep cold, young orchard. Good-by and keep cold.
Dread fifty above more than fifty below.'
I have to be gone for a season or so.
My business awhile is with different trees,
less carefully nurtured, less fruitful than these,
And such as is done to their wood with an ax--
Maples and birches and tamaracks.
I wish I could promise to lie in the night
And think of an orchard's arboreal plight
When slowly (and nobody comes with a light)
Its heart sinks lower under the sod.
But something has to be left to God.

(Robert Frost)

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LIVROS DE QUATRO GERAÇÕES (56)

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VER A NOITE


Hoje ainda mais mentirosa que ontem, a velha silvery moon,  que já tanta coisa fez ao contrário que não sabe falar direito, que nos engana com aquela luz branca batendo contra os loureiros, até junto às pedras do lago, como se não fosse noite como devia ser. Como devia ser.

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8.10.08


OUVINDO

Caetano Veloso a cantar Visione del silenzio no "Il filo pericoloso delle cose" de Antonioni.
Visione del silenzio
Angolo vuoto
Pagina senza parole
Una lettera scritta sopra un visio
Di pietra e vapore
Amore
Inutile finestra

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(António Leal)

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LIVROS DE QUATRO GERAÇÕES (55)

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O livro pertenceu a José Ferreira Borges, autor do primeiro Código Comercial.

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LENDO
VENDO
OUVINDO

ÁTOMOS E BITS

de 8 de Outubro de 2008 (2)


No discurso que fez na Assembleia da Repúblicadepois do  já habitual apontar de culpados, incluindo agora "uma ideologia derrotada", ele que não sabe o que é uma "ideologia", veio  a demonologia que se vai ouvir por todo o lado para justificar mais estado, mais regulação burocrática, mais poder partidário sobre a economia e mais proteccionismo (ver o que escrevi aqui):
E quem sai derrotado são os apóstolos do Estado mínimo e do mercado desregulado. Quem sai derrotado são aqueles que, durante anos a fio, enalteceram as virtudes imbatíveis de um mercado entregue a si próprio. Quem sai derrotado são aqueles que sempre professaram a sua fé na mão invisível do mercado, para agora, à falta da outra, reclamarem a intervenção da mão bem visível do Estado!
Depois, o Primeiro-ministro concluiu assim:
O Governo tem uma noção clara do caminho a seguir para enfrentar a situação criada pela conjuntura económica internacional. E esse caminho só pode continuar a ser o caminho da responsabilidade: responsabilidade nas contas públicas, responsabilidade no apoio às empresas e à criação de emprego, responsabilidade na ajuda às famílias. Porque só o caminho da responsabilidade serve os interesses dos portugueses, só o caminho da responsabilidade serve os interesses de Portugal.
Esta frase é comnpletamente desprovida de conteúdo dado que a "responsabilidade" é apenas instrumental e por si só não valida nenhuma medida específica. Na habitual retórica do Primeiro-ministro este tipo de afirmações têm apenas a função de permitir dizer que a oposição é "irresponsável" se  contestar as medidas governamentais. Tudo em circulo vicioso e muito pobrezinho.

*
Se repararmos bem na resposta que o PM deu à saída do hemiciclo sobre as garantias dos depósitos, a única coisa que podemos concluir é que resulta muito pior do que não dizer nada. Toda a resposta é um jogo de trocadilhos de palavras que misturam depósitos e limites mínimos que contribuem muito mais para o pânico do que para acalmar a população que está aflita como nunca. Aquela resposta dá para mais tarde repetir o mesmo ou o seu contrário, como aconteceu com a promessa das SCUTS na campanha eleitoral. É a pior de todas as abordagens possíveis e exactamente aquilo que não se deve fazer.

(Paulo Loureiro)

*


Concordo em absoluto com o comentário do leitor Paulo Loureiro quando este refere que as declarações (do ministro e do primeiro-ministro) contribuem muito mais para o pânico do que para acalmar a população que está aflita como nunca. Foi a sensação com que fiquei quando as ouvi. Mas gostava de deixar uma pergunta: esta decisão já saiu em diário da república, deveria sair, vai sair? Porque se algo corre mesmo mal, os cidadãos vão ter que recorrer às imagens de televisão (espero que algumas já no Youtube) para demonstrar que afinal o seu dinheiro estava seguro. Deixo a questão para algum jurista que ouça bits e atómos.

(Margarida OIiveira)
*

E’ curioso que ha’ varias coisas que nao se escrevem sobre esta crise financeira. A maior e’ que o grande responsavel por esta crise e’ sem mais nem menos o partido Democrata. Foi o partido democrata que incentivou a Fannie Mae e Freddie Mac a oferecer credito a pessoas que claramente nao o podiam pagar. Tudo isto feito em nome do chamado “affordable housing” , outra forma de dizer socialismo ‘a americana. Quando a administracao Bush chamou a atencao para isto, os democratas rejeitaram a nocao que o mercado imobiliario e os emprestimos da Fannie Mae e Freddie Mac tivessem qualquer tipo de problema. Em 2005, Barney Frank (D) e o senador Schumer (D) diziam que estava tudo bem, e que tudo nao passava de uma tentativa de Bush para “bater” nos pobres.

E’ sem surpresa que vejo agora Barney Frank, Schumer e Obama entre outros virem dizer que eles sao os herois e Bush o vilao nesta situacao.

E’ tambem sem surpresa que vejo os media e governos europeus virem agora ostracizar o capitalismo e os EUA. E’ de morrer a rir a afirmacao que os bancos europeus sao menos gananciosos, ou que os europeus tenham alguma superioridade moral no que diz respeito ao credito financeiro… se e’ assim entao porque e’ varios bancos europeus estao agora em sarilhos? Porque e’ que a Islandia esta’ na bancarrota? Parece-me a mim que nao se atirar pedras quando se tem telhados de vidro. Os bancos europeus tinham as suas maos cheias destes chamados “investimentos toxicos”.

(Carlos Carvalho)

*

Carlos Carvalho escreve "Foi o partido democrata que incentivou a Fannie Mae e Freddie Mac a oferecer credito a pessoas que claramente nao o podiam pagar. Tudo isto feito em nome do chamado "affordable housing" , outra forma de dizer socialismo 'a americana."

Recorde-se que a presente crise tem a ver com os chamados "activos tóxicos", que são fundamentalmente obrigações baseadas em hipotecas, cujo rendimento depende dos pagamentos que os devedores das hipotecas fazem (ou não).

Basicamente, os empréstimos do sub-prime eram concedidos por empresas estilo "Cofidis" (passe a publicidade) que, depois, emitiam as tais obrigações (cujo rendimento era indexado aos pagamentos que os devedores faziam), que vendiam aos bancos e instituições afins

O argumento de que a culpa é dos "FMs" é de que eles eram os principais compradores dessas obrigações. Mas, mesmo que isso seja verdade, que culpa têm os FMs de as outras instituições financeiras também terem feito bastantes investimentos em "OBHs"? Afinal, o problema actual não são os "activos tóxicos" detidos pelos "FMs" (esse problema já foi resolvido há umas semanas, com a espécie de nacionalização dessas duas instituições); são os que são detidos por mais uma carrada de bancos, sociedades financeiras, etc.

Por outras palavras - de que maneira os maus investimentos dos FMs em "OBHs" levaram o Lehman Brothers, a AIG, a Goldman-Sachs, etc. etc., a terem feito também esses maus investimentos? Se a culpa disto fosse só os maus investimentos dos FMs, parece-me que só eles estariam em dificuldades.

(Miguel Madeira)

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LIVROS DE QUATRO GERAÇÕES (54)

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LIVROS DE QUATRO GERAÇÕES (53)

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LENDO
VENDO
OUVINDO

ÁTOMOS E BITS

de 8 de Outubro de 2008
 

Desta crise  internacional vai ficar mais alguma coisa do que os estragos financeiros e económicos, vão ficar os estragos nas ideias, com a ascensão das piores e velhas ideias sobre o estado e o socialismo, que olham para o lado e dizem: "estão a ver como o capitalismo é como nós dissemos", etc., etc., como se tivessem um qualquer upper level moral que os eventos justificassem. Se houvesse alguma frieza no pensamento e não se fosse do tipo de Maria vai com as outras, ver-se-ia que não há assim tanta novidade no que se está a passar, que os tenebrosos teóricos do "neo-liberalismo" não incluíssem nas suas análises. Se há coisas que todos disseram é que o sistema inclui o risco, implica o risco, só funciona com o risco, que deve ser aquilo que Delors achava que vinha do "casino" para a economia. Ou que outros disseram, como Marx, - sim Marx como teórico do capitalismo, -  ou Schumpeter. Ou que Nick Leeson, que afundou o velho banco Barings, não mostrasse que se podia fazer a partir de uma das mesas de roleta, o computador do banco. E vai daí o apelo ao estatismo, às nacionalizações (um absurdo sequer usar neste contexto a palavra pelo menos em Portugal...), e a outras barbaridades que pretendem tirar conclusões ideológicas de medidas de emergência, não muito diferentes das que se tomam na guerra. Na guerra também há limitações de liberdade e ninguém pode dizer que em sociedades democráticas isso significa o retorno à ditadura.

Se novidade há ela encontra-se  não tanto no capitalismo cuja "morte" alguns saúdam pela enésima vez, mas no contexto da globalização, que amplifica a crise, e pelo facto de ela estar mais do lado de "cá" do que do lado de "lá". Isto revela que se deveria dar mais atenção aos componentes políticos desta crise, que não tem apenas a ver com a economia, mas com aquilo que grosseira e provocatoriamente se pode chamar a "decadência do Ocidente". .

Mas há pelo menos um passo seguinte desta crise que convém desde já revelar: é que, se aumentar o peso do estado na economia, se se entrar num processo de hiper-regulação, que na prática vai dar ao poder político instrumentos para uma maior intervenção na economia real, ou seja, torná-la irreal, o próximo passo vai ser o proteccionismo na Europa. Sim porque com esta receita a produtividade da economia europeia vai diminuir significativamente, e na competição global isso só pode sobreviver com maior proteccionismo.

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(Susana)

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EARLY MORNING BLOGS


1408

He went up to her and took her by the shoulders to say something affectionate and cheering, and at that moment he saw himself in the looking-glass.
His hair was already beginning to turn grey. And it seemed strange to him that he had grown so much older, so much plainer during the last few years. The shoulders on which his hands rested were warm and quivering. He felt compassion for this life, still so warm and lovely, but probably already not far from beginning to fade and wither like his own. Why did she love him so much? He always seemed to women different from what he was, and they loved in him not himself, but the man created by their imagination, whom they had been eagerly seeking all their lives; and afterwards, when they noticed their mistake, they loved him all the same. And not one of them had been happy with him. Time passed, he had made their acquaintance, got on with them, parted, but he had never once loved; it was anything you like, but not love.

And only now when his head was grey he had fallen properly, really in love -- for the first time in his life. Anna Sergeyevna and he loved each other like people very close and akin, like husband and wife, like tender friends; it seemed to them that fate itself had meant them for one another, and they could not understand why he had a wife and she a husband; and it was as though they were a pair of birds of passage, caught and forced to live in different cages. They forgave each other for what they were ashamed of in their past, they forgave everything in the present, and felt that this love of theirs had changed them both.

In moments of depression in the past he had comforted himself with any arguments that came into his mind, but now he no longer cared for arguments; he felt profound compassion, he wanted to be sincere and tender.

(Anton Chekov, Lady With Lapdog)

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© José Pacheco Pereira
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