ABRUPTO

11.10.08


O ABRUPTO FEITO PELOS SEUS LEITORES: ESTE É QUE É O COMPUTADOR PORTUGUÊS



Só por curiosidade, junto foto de um “computador” 100% português, de há já uns 10 anos – não há nele uma linha de software que o não seja, e só os chips foram importados. Ganhou o prémio de inovação e criatividade industrial do biénio 1997-1998 atribuído conjuntamente pela Ordem dos Engenheiros e pela ANIMEE – Associação Nacional das Indústrias Metalo-Eléctricas e Electrónicas.

Claro, não é um PC pessoal, mas um computador para “embeber” em subestações da rede de energia eléctrica. Um produto de nicho…


(José Luís Pinto de Sá)

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  Não se esqueça do Milipeia , o supercomputador da Universidade de Coimbra, com uma capacidade de 1,5 Teraflops e que, ao contrário da estratégia do governo (de se colar como uma lapa à Intel e à Microsoft), corre software OpenSource (uma distribuição Linux de nome CentOS).

(Ricardo Carvalho)


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Vi os posts colocados sobre o que seria o primeiro computador português. Existe uma experiência anterior de criação de um computador em Portugal, neste caso um computador pessoal. Trata-se do ENER 1000, apresentado comercialmente em 1982. Era um sistema baseado num processador Motorola MC6809, de 8-bits, com RAM de 16 Kb e duas unidades de disquette de 5,25” com uma capacidade combinada de 1,6 MB. O sistema operativo utilizado era o CP/M, criado pela Digital Research. O desenvolvimento deste projecto iniciou-se alguns anos antes na Faculdade de Engenharia da Universidade de Coimbra.

Esta experiência é semelhante a muitas iniciativas de carácter atomístico que se desenvolveram nos EUA ou na Europa de criação de computadores pessoais aproveitando a disponibilidade, padronização e baixo custo de componentes electrónicos. Nalguns casos estas iniciativas não passaram do estádio experimental. Noutros tiveram um cunho comercial e alguma expansão. A prazo todas tiveram um destino idêntico, com excepção da linha seguida pela Apple: depois da padronização da arquitectura e software conseguida pelo triunfo do IBM PC, todas estas máquinas acabaram por sucumbir comercialmente, mesmo quando apoiadas por políticas públicas de promoção de uma indústria informática nacional, como sucedeu por exemplo no Reino Unido ou em França. O IBM PC foi lançado em 1981 nos EUA, mas apenas comercializado em Portugal pela IBM Portuguesa a partir de 1985.

Porque é que esta nota sobre o ENER 1000 é interessante? Se os mesmos critérios de caracterização de um computador como "português", referidos a propósito do Magalhães, fossem aplicados ao ENER 1000, certamente que não se poderia falar dele como "o primeiro computador pessoal português". O mesmo se aplicaria a experiências idênticas, dispersas por múltiplos países, de criação de computadores pessoais, usando componentes electrónicos e software produzidos nos EUA ou no Japão: o PCS 80, um computador francês, fabricado em 1977 pela francesa Data Soft não seria um "PC francês"; o P6060 lançado pela Olivetti também em 1977 não seria considerado um PC italiano; o ABC-80 (“Advanced Basic Computer for the
1980s”...) não iria ser rotulado como o primeiro PC sueco (1978); e, já nos anos 80, na então Checoslováquia não se diria que a Tesla estava a produzir o PMI-80, o primeiro PC na Europa de Leste.

Claro que esta nota não implica qualquer desvalorização do que é muito mais relevante nesta discussão: se este investimento público para dotar todas as crianças no ensino primário com um PC se deve considerar uma medida prioritária para elevar a qualidade do ensino no primeiro ciclo em Portugal.

Quanto à história da informática permita-me esta adenda.

(José Álvaro Ferreira da Silva)

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