ABRUPTO

31.3.07


ESPAÇOS ONDE SE PODE RESPIRAR

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Oulu, Finlândia.

(Antonio Rebordão)

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EARLY MORNING BLOGS

997 - Juno e o Pavão

Veio o Pavão a Juno muito queixoso, dizendo, por que razão o Rouxinol havia de cantar melhor que ele, e ter-lhe outras muitas vantagens? Disse Juno, que não se agastasse; que por isso tinha ele as penas formosas cheias de olhos, que parecem estrelas. Isso é vento (replicou o Pavão) mais tomara saber cantar. Juno respondeu. Não podes ter tudo. O Rouxinol tem voz, a Águia força, o Gavião ligeireza, tu contenta-te com tua formosura.

(Esopo, Fábulas, vertidas do grego por Manuel Mendes)

*

Bom dia!

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30.3.07


ESPAÇOS ONDE SE PODE RESPIRAR

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Pico do Areeiro .

(Vitor Gonçalves)

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COISAS DA SÁBADO: O HINO DA EUROPA

http://www.qca.pt/acessivel/publicidade/logos/UE.jpg

Numa iniciativa da representação portuguesa da União Europeia duzentas bandas tocaram, no domingo às 16 horas, o “hino da Europa”, ou seja uma versão da Ode à Alegria da 9ª Sinfonia de Beethoven. É uma iniciativa pacífica e que, se outro mérito não tivesse, deve ter dado algum trabalho beethoveniano às bandas, o que só pode ter sido vantagem. Eu próprio participei num debate sobre os 50 anos do Tratado de Roma e ouvi o “hino”, interrogando-me sobre este esforço ingente, e não ingénuo, de dar à “Europa” o estatuto simbólico de uma Pátria: bandeira e hino, já tem.

Tinha tomado a resolução de não me levantar quando se tocasse o hino, porque aquilo não é o hino nacional, nem hino de nenhuma outra coisa que implicasse reverência e respeito simbólico. Não teria qualquer problema em levantar-me se se tratasse de uma homenagem a Jean Monnet, ou a De Gasperi, ou a qualquer “pai fundador” da Europa, mas essa reverência é a outra coisa, que essa sim merece respeito: a luta pela unidade europeia baseada na paz pela “economia política”, o que se revelou até agora um sólido adquirido político.

Felizmente que o problema não se pôs: aos meus companheiros de sessão nunca lhes deve ter passado pela cabeça levantarem-se ao som de Beethoven, mas houve toques de banda em que as pessoas se levantaram, em Portugal e pela Europa fora. Aliás, não é caso inédito: quando terminou a Convenção havia gente a chorar ao som da 9ª Sinfonia – a Convenção que nos deu a Constituição Europeia, documento póstumo que alguns não querem de vez enterrar.

O hino e a bandeira são pacíficos se não forem levados muito a sério. A bandeira é a de uma aliança entre nações com bastante sucesso e muitos méritos, independentemente dos seus impasses actuais, mas é para colocar ao lado das bandeiras nacionais. O problema é ir pouco a pouco alimentando uma ficção de uma “pátria” europeia que muitos burocratas e europeístas extremos já pensam existir. Seria um equívoco perigoso tomá-la a sério.

Todos os anos vem de Bruxelas uma nova ideia paga à custa de muitos euros para tentar criar essa “pátria”. Já se propôs uma equipa de futebol europeia, na convicção que o futebol ajudaria, mas como não há claques nem entusiasmo, a ideia ainda está no papel. Já o mesmo não se pode dizer dos inúmeros programas subsidiados pela UE sobre a Europa, convenientemente protegidos de qualquer eurocepticismo, e que oferecem empregos, viagens e prestígio a jornalistas que não aceitariam ser pagos por um governo nacional para fazer propaganda dos seus feitos. Em vésperas de uma nova rodada de pressões para forçar os europeus a aceitarem uma Constituição que muitos já rejeitaram nas urnas, convém estarmos atentos à propaganda de uma certa visão da Europa, a mesma que leva meia dúzia de pessoas a acharem que se devem levantar ao som do “hino da Europa”.

Etiquetas:


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28.3.07


ESPAÇOS ONDE SE PODE RESPIRAR

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Molhe, Foz do Douro, Porto.

(Gil Coelho)

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INTENDÊNCIA

Actualização das notas APROVEITEM OS ÚLTIMOS ANOS DE PAISAGEM NATURAL EM PORTUGAL e NUNCA É TARDE PARA APRENDER: A CRUZADA QUE NUNCA CHEGOU AO DESTINO.

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ESPAÇOS ONDE SE PODE RESPIRAR

A Serra Grande de Hornachos é um espaço protegido do Sul de Badajoz (Espanha). Nas grutas da Serra vêem-se pinturas rupestres. Quando foram expulsos os árabes os moriscos permaneceram a morar nestas serras. Ainda se conservam hortas tradicionais moriscas.

(Neves de Ontem)

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LENDO
VENDO
OUVINDO

ÁTOMOS E BITS

de 28 de Março de 2007


O tratamento cruel, mesquinho, machista que alguns blogues, tidos como sendo de "direita", dão a Odete Santos deve envergonhar qualquer pessoa bem formada, independentemente de se concordar ou não com as suas ideias. Este é um dos exemplos de como o engraçadismo que passa por humor na blogosfera, onde há muitos Gatos Fedorentos-mirins, como analistas-mirins, críticos-mirins, escritores-mirins e acima de tudo muitas pessoas-mirins, não passa de uma miséria do pensar e de um defeito do carácter. Odete Santos é uma excelente deputada, trabalhadora quanto baste, advogada temível, conhecedora das suas matérias, que já vi desfazer com a maior facilidade alguns meninos (e meninas) que pensam que por serem mais elegantes e bonitos do que ela lhe são superiores. Já a vi , por exemplo, pôr na ordem com grande aisance um dos Gatos Fedorentos, que teve que engolir em directo uma graça demagógica. Mas estes são os tempos em que vivemos, e este protesto não vai mudar nada.

*

Hoje, o "serviço público" abriu as notícias com cinco minutos sobre a dúvida trágica de se saber se um jogador de futebol vai ou não jogar. Prioridades.

*

Ontem no "serviço público":
Pergunta o apresentador Malato a uma concorrente do «Um contra todos» na RTP1 há minutos atrás: quem será o próximo Presidente do Parlamento Europeu? Entre as diferentes hipóteses oferecidas à candidata, surge o nome de Jaime Gama, actual Presidente da Assembleia da República, que acaba por ser escolhido pela concorrente, eventualmente confundida com o facto de Portugal ir exercer a presidência do Conselho da União Europeia no próximo semestre. Para supresa geral, a resposta é considerada CERTA! Ora, será que ninguém explicou aos autores do concurso que a presidência do Parlamento Europeu é independente da presidência da União Europeia e não tem nada a ver com aquela? Ninguém explicou aos autores do programa que o actual presidente do Parlamento Europeu é o senhor Hans-Gert Pöttering, alemão e membro do PPE a cujo grupo político presidiu durante vários anos, eleito em Janeiro último para um mandato de dois anos e meio, até final da actual legislatura europeia? E que o próximo Presidente da Assembleia parlamentar europeia só será escolhido pelo Parlamento que saír das próximas eleições europeias de Junho de 2009? Comentários para quê?

(João Pedro Simões Dias)

*

Vejo o seu blogue com frequência e dei de caras com um texto absolutamente falso, o que me espantou e me levou a escrever-lhe estas linhas. Estou a falar do texto escrito por João Pedro Simões Dias acerca do concurso apresentado pelo Malato na RTP1. A verdade é que eu vejo esse concurso e o que se passou foi o seguinte:

1º As hipóteses de resposta não incluíam Jaime Gama.

2º As hipóteses continham 3 nomes entre os quais Hans-Gert Pöttering e Jean-Claude Trichet sendo que neste momento não me lembro da 3ª hipótese.

3º O que deve ter confundido o Sr. João Pedro Simões Dias, foi que a concorrente fez confusão entre as instituições europeias (Conselho Europeu e Parlamento Europeu) metendo ao “barulho” a próxima presidência portuguesa e o Malato para a ajudar perguntou-lhe mais ou menos assim: “…então por essa ordem de ideias Jaime Gama vai ser o presidente do próximo Parlamento Europeu…?”. Estando apenas a repor a verdade, apresento os meus melhores cumprimentos

(Fernando Gomes)

*

Grato pelo esclarecimento prestado após a inserção do texto que lhe enviei e fruto da atenção de um outro seu atento leitor. Já confirmei também por outras fontes a versão corrigida que corresponde à que o seu leitor FG divulga, o que me obriga a apresentar públicas e devidas desculpas a quem foi involuntariamente atingido pelo comentário apressadamente produzido – fruto óbvio de escrever no blogue e ir ouvindo a tv como som de fundo, sem prestar a necessária atenção ao que vai passando, o que está comprovadamente demonstrado que não dá bons resultados.

A confusão radicou, efectivamente, na alusão final à temática da próxima presidência portuguesa da União. Uma lamentável desatenção, pois, à forma como decorria normalmente o referido concurso. Aos visados, portanto, as devidas, reiteradas e públicas desculpas.

(João Pedro Simões Dias)

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ESPAÇOS ONDE SE PODE RESPIRAR

Zambujeira do Mar.

(Heloísa Preto)

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NUNCA É TARDE PARA APRENDER: A CRUZADA QUE NUNCA CHEGOU AO DESTINO

http://pubimages.randomhouse.co.uk/getimage.aspx?id=0224069861&issue=1&size=web&class=books Jonathan Philips, The Fourth Crusade and the Sack of Constantinople, Londres, Jonathan Cape, 2004.

Ele há caminhos destes como nos pesadelos: sai-se dum sítio para ir outro, e anda-se, anda-se, e não se consegue nunca lá chegar. Há sempre qualquer coisa que nos trava o caminho, que nos desvia, que nos leva para onde não deve levar. Os homens (e algumas mulheres) da Quarta Cruzada deviam ir atacar o Egipto para depois libertarem Jerusalém. Nunca lá chegaram por causa de um contrato cujos termos não conseguiram cumprir e porque, para tentar arranjar dinheiro para o cumprir, se foram desviando da sua rota. Pelo caminho mudaram o mundo por onde passaram, durante quase sessenta anos (mais do que o Reich de mil anos), e os seus actos ainda hoje alimentam divisões profundas entre os "latinos" e os "gregos", personificados na Igreja Católica Apostólica Romana e na Igreja Ortodoxa Grega. Há uns anos o Papa pediu desculpas pelos eventos de 13 a 15 de Abril de 1204.

Todas as personagens principais ou são maiores do que a vida ou mesquinhos e brutais. Como acontece na vida real, as coisas misturam-se. Os nobres cavaleiros europeus, flamengos, franceses, alemães, suíços, italianos do Norte, antes de haver todos estes países, mobilizaram-se para libertar Jerusalém respondendo ao apelo do papa Inocêncio III. Embora considerações de ganância e de ascensão social tivessem um papel ao se "tomar a cruz", esta era uma empresa muito cara e arriscada, que poderia levar muitos anos de vida, e que tinha a intensa religiosidade medieval como principal motivação.

O pior foi o resto: os negociadores dos cruzados foram a Veneza encomendar navios e pedir ao doge que apoiasse a cruzada com a sua marinha, a melhor da Europa, e o suporte logístico para o ataque naval ao Egipto. O doge Enrico Dandolo, uma das personagens chave da cruzada, preparou um acordo detalhado com preços e obrigações que era suposto os cruzados do Norte pagarem. Os negociadores, para convencer os venezianos da importância do empreendimento, inflacionaram o número de homens e cavalos que teriam que ser transportados, e assinaram um contrato que muito dificilmente poderiam cumprir, tão elevadas eram as somas necessárias. O doge obteve o apoio dos venezianos numa missa-comício e parou Veneza durante um ano para construir e equipar uma frota gigantesca. E cumpriu.

Quando um número escasso de cruzados apareceu (uns desistiram, outros seguiram o seu próprio caminho para o Levante), os venezianos exigiram o pagamento. Não havia dinheiro. Os venezianos disseram: bom, pagam-nos em espécie atacando Zara que contrariava os interesses comerciais de Veneza. Os cruzados hesitaram porque Zara era uma cidade cristã e o Papa não queria sequer ouvir falar de qualquer desvio ao objectivo da cruzada, quanto mais atacar uma cidade que dependia do rei da Hungria, ele mesmo trazendo a cruz nas vestes. De nada valeu, para garantirem o pagamento aos venezianos, os cruzados conquistaram Zara para Veneza, mas o pagamento ainda era insuficiente.

Apareceu então uma nova proposta: o príncipe Alexius reivindicava o trono imperial dos "gregos" em Constantinopla e estava disposto a dar aos cruzados o dinheiro e meios necessários para seguirem para o Egipto. O trono imperial bizantino fora usurpado, num dos vários golpes palacianos relativamente frequentes de que resultava a cegueira dos seus rivais. Os "gregos" tinham por hábito cegar os seus adversários dinásticos para os tornar incapazes e depois interná-los num convento.

Pressionados pela dívida aos venezianos, entretanto excomungados pelo Papa por terem atacado Zara, os cruzados aceitam ajudar Alexius e pelo caminho conquistar mais terras para os venezianos. Chegados a Constantinopla, verificam que os "gregos" viviam bem com o usurpador e que tinham que abrir caminho a Alexius a tiro de catapulta e flecha contra as poderosas muralhas da cidade. Depois de várias peripécias, que mostraram a maior capacidade bélica dos cruzados - Ana Comnena dizia que um cavaleiro franco completamente equipado a galope conseguia passar por uma muralha dentro - Constantinopla foi entregue a Alexius que tinha que partilhar o poder com o velho imperador cego. Os cruzados, no entanto, ficaram fora da cidade à espera do pagamento e do Inverno. Mais peripécias, hostilidade entre "gregos" e "latinos", golpes e contra-golpes, imperadores nomeados pela turba, assassinados, depostos, mandando no papel ou à espada, mais ou menos amigos do "latinos", até que, ameaçados e sem receber o combinado, os cruzados resolveram entrar em Constantinopla pela força. Tintoretto pintou o ataque com destaque para o papel da frota veneziana.

Apesar de estar previsto em detalhe um saque "civilizado", o saque foi brutal e acompanhado por um massacre, pela violação em massa das mulheres e pelo roubo de relíquias e destruição das igrejas. A imagem dos carros de bois a entrar pela Hagia Sophia dentro, carregados de ouro e prata roubados das paredes e dos altares, entre cruzados bêbados à volta de uma prostituta, está gravada na memória dos descendentes dos "gregos" até aos dias de hoje. Quando as notícias do que acontecera chegaram à Europa e ao Papa, os cruzados tiveram o equivalente à má imprensa dos dias de hoje. O Papa ficou furioso e culpou os venezianos recusando-se a retirar a excomunhão ao doge Dandolo que, quando participou na cruzada tinha entre oitenta e noventa anos, uma idade excepcional para a época e era tão cego (por razões naturais) quanto influente. Acabou por morrer em Constantinopla, e ser enterrado na Hagia Sophia.

O que se seguiu foi um período turbulento de imperadores latinos de Constantinopla, a começar por Balduíno, e que, ameaçado por todos os lados pelos "gregos" escorraçados da sua cidade, os búlgaros e mais tarde os mongóis, acabou por desaparecer. Constantinopla voltou a ser "grega"em 1261, para, menos de duzentos anos depois, ferido de morte o império bizantino, chegar o sultão turco para lhe colocar o ponto final. Uma das coisas que os turcos fizeram foi abrir o túmulo de Dandolo e deitar os seus ossos aos cães.

*
De facto, a maior cidade cristã do mundo da altura foi destruída com a Quarta Cruzada (1202-1204). Sucederam-se meses de massacre da população, de pilhagem e destruição de monumentos e bens seculares. Mas é interessante, e até seria motivo de um estudo aprofundado, saber mais sobre a participação do português Fernando Afonso (Afonso de Portugal), à data Grão-Mestre dos Hospitalários (entre 1202 e 1206), na tomada de Constantinopla durante a 4ª cruzada. Este Fernando Afonso, que segundo alguns autores foi o primogénito de Afonso Henriques (filho bastardo que o 1.º Rei teve com Châmoa Gomes), recebeu até, em 1205, uma generosa doação de Balduíno I da Flandres, Imperador Latino do Oriente (de Constantinopla). E há quem defenda que Fernando Afonso, antes de ser nomeado Grão-Mestre, reivindicou o trono português, e chegou a estar em conflito com Sancho I, hipótese que não é muito plausível. No entanto, crónicas da época registam que Fernando Afonso, após renunciar ao cargo que desempenhava na Ordem do Hospital, e ter regressado a Portugal, foi envenenado «pela sua gente». Uma história de vida incrível parece ter tido este filho bastardo de D. Afonso Henriques que desempenhou um cargo da maior importância no mundo da época.

Sobre a Quarta Cruzada é também digna de registo a obra fantástica Baudolino, de Umberto Eco, na qual é narrado pormenorizadamente o saque e massacre de Constantinopla pelos cruzados.

(E. Vieira Novo)

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EARLY MORNING BLOGS

996 - Na Cela - O Provincial e e o Carcereiro

— Dorme.
— Dorme como se não fosse com ele.
— Dorme como uma criança dorme.
— Dorme como em pouco, morto, vai dormir.
— Ignora todo esse circo lá embaixo.
— Não é circo. É a lei que monta o espetáculo.
— Dorme. No mais fundo do poço onde se dorme.
— Já terá tempo de dormir: a morte inteira.
— Não se dorme na morte. Não é sono.
— Não é sono. E não terá, como agora, quem o acorde.
— Que durma ainda. Não tem hora marcada.
— Mas é preciso acordá-lo. Já há gente para o espetáculo.
— Então, batamos mais forte na porta.
— Como dorme. Mais do que dormindo estará mouco.
— Ainda uma vez.
— Melhor disparar um canhão perto da porta.
— Batamos, outra vez ainda.
— Melhor arrombar a porta. Sacudi-lo.
— Dorme fundo como um morto.
— Mas está vivo. Vamos ressuscitá-lo.
— Deste sono ainda pode ser ressuscitado.
— Deste sono, sim. Do outro, nem que ponham a porta abaixo.
— Está dormindo como um santo.
— Santo não dorme. Os santos são é moucos. Mas têm os olhos bem abertos. Vi na igreja.

(João Cabral de Melo Neto)

*

Bom dia!

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27.3.07


ESPAÇOS ONDE SE PODE RESPIRAR





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Fanal, ilha da Madeira: Floresta de tis (Ocotea foetens (Aiton) Baill) anterior à colonização.

(Rodrigo Pestana dos Santos)


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O ABRUPTO FEITO PELOS SEUS LEITORES: nOTAs

http://multimedia.iol.pt/oratvi/multimedia/imagem/id/256996/190x157

Carta enviada à RTP 1:
Assisti ao “Prós e Contras” (P&C) de ontem onde o tema (OTA - Debate Técnico) foi anunciado pela RTP deste modo: “Depois do debate político, têm a palavra os engenheiros. (…) O “Prós e Contras” reúne os engenheiros portugueses para o maior debate técnico sobre a Ota.”

Ignoro se este programa conduzido pela jornalista FCF é idealizado por uma equipa multidisciplinar. Todavia, no site da RTP verifico que ele é considerado “um fórum de debate alargado, com especialistas e decisores”, onde “A discussão parte de uma sondagem da UCP”, sendo o programa “ilustrado por reportagens” e contando “com a participação dos correspondentes da RTP no estrangeiro”.

Apesar de ter em grande consideração o profissionalismo do actual Bastonário da Ordem dos Engºs (OE) que, nesta, como noutras intervenções na RTP, se esforçou por utilizar um discurso cordato, venho lamentar que a própria ‘ideia’ do tema deste P&C tenha sido atingida, desde logo, por uma falta de transdisciplinaridade que é imperdoável no actual panorama cultural global.

Esta falta originou a interpelação exclusiva à classe do eng.ºs como detentora de uma (suposta) autoridade para responder a todas as questões (erradamente classificadas como técnicas) implicadas na decisão sobre a localização do Novo Aeroporto de Lisboa (NAL).

Neste debate foram escandalosamente ignorados urbanistas de origem diferente da dos eng.ºs, como, entre outros, arquitectos e geógrafos. Foram também afastados do debate economistas e gestores, sociólogos e peritos em demografia, para apenas falar das áreas profissionais que o grande público conhece.

Foram igualmente esquecidos responsáveis de organismos do Estado, fulcrais no debate e na decisão de todas as questões relacionadas com o NAL e inevitavelmente envolvidos nesta matéria, como, entre outros, os da DGOTDU, das autoridades militares e das relações internacionais e ibéricas.

As questões do desenvolvimento geoestratégico de Portugal (que neste P&C pareciam resumir-se à rivalidade aeroportuária entre Lisboa e Madrid) não foram sequer mencionadas e, mesmo as referências à supremacia espanhola foram afectadas pelos habituais e vulgares sorrisos que ocultam problemas endémicos de falta de cooperação, que classificaria como monumentais erros de alcance europeu e global.

Atentamente
Maria João Rodrigues, arqª
*

O Prós & Contras de ontem foi, apesar de tudo, um programa bastante esclarecedor quanto ao problema do aeroporto da Ota. Vejamos. No domínio técnico ontem ficou claro que os engenheiros não se entendem. Não propriamente em relação à exequibilidade da obra (embora haja pormenores técnicos discutíveis) mas sobretudo em relação à certeza encenada de que a Ota é o único sítio tecnicamente viável. O que ontem também ficou claro é que nos relatórios preliminares é possível aos consultores «corresponderem» às expectativas de quem os consulta. Não sejamos ingénuos. Isto é mesmo possível. O que significa que é possível minimizar impactos negativos para que uma solução seja considerada a solução em detrimento de outras. Digamos que a consultoria consegue oferecer um serviço tipo «engenharia à la carte» mesmo sem nunca largar o rigor científico que se exige. É claro que isto não é verdade. Mesmo sendo. Assim, a discussão sobre o aeroporto da Ota deve ser recentrada no seguinte ponto de partida: o governo decidiu fazer. O que faz com que o problema do aeroporto da Ota seja fundamentalmente de natureza política. Esta decisão de fazer está fortemente pressionada por outro problema: legislativas daqui a dois anos. É preciso betão. Não que, daqui a dois anos, haja inauguração (esse não é o estilo deste governo) mas o que é realmente importante é prometer. E prometer várias vezes, anunciar várias vezes, propagandear várias vezes. Eles sabem mesmo onde querem chegar. O que faz com que esta seja uma decisão de má-fé. Quer dizer. Será a construção de um novo aeroporto uma obra fundamental para Portugal? Num país amnésico fazia todo o sentido, num país de provincianos como o nosso também. O que eu quero dizer é que tudo isto é mais do mesmo.

Há dias veio-me parar às mãos um texto de Miguel Bombarda (1851-1910), publicado no primeiro número da revista "A Medicina Contemporânea" em 1883, referindo-se às escolas médicas, em que dizia o seguinte: «Portugal é, na questão sugeita, um paíz pobre com apparencia de rico; rico na apparencia, porque se infatua com a ostentação de trez escolas de medicina, pobre na realidade, porque não pode dotar convenientemente qualquer d'ellas.» Nem mais. O problema é este: teremos nós, daqui a 15 anos, um aeroporto luxuoso e absolutamente fantástico, dos melhores ao nível europeu, mas rodeado por um país pobre de gente pobre, um país estragado, sujo, desigual, excluído, deprimido? Muito provavelmente. É que o dinheiro não chega para tudo e as prioridades são bastante claras: parecer que é.


(Ricardo S. Reis dos Santos)

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ESPAÇOS ONDE SE PODE RESPIRAR

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Covas do Monte - freguesia de Covas do Rio (São Pedro do Sul)

(José Manuel de Figueiredo)

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26.3.07


INTENDÊNCIA

Nova actualização das notas APROVEITEM OS ÚLTIMOS ANOS DE PAISAGEM NATURAL EM PORTUGAL e CONTINUANDO A DISCUSSÃO SOBRE A WIKIPEDIA.

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OLHARES IMPERFEITOS







Comboios.

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© José Pacheco Pereira
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