ABRUPTO |
semper idem Ano XIII ...M'ESPANTO ÀS VEZES , OUTRAS M'AVERGONHO ... (Sá de Miranda) _________________ correio para jppereira@gmail.com _________________
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28.3.07
EARLY MORNING BLOGS 996 - Na Cela - O Provincial e e o Carcereiro — Dorme. — Dorme como se não fosse com ele. — Dorme como uma criança dorme. — Dorme como em pouco, morto, vai dormir. — Ignora todo esse circo lá embaixo. — Não é circo. É a lei que monta o espetáculo. — Dorme. No mais fundo do poço onde se dorme. — Já terá tempo de dormir: a morte inteira. — Não se dorme na morte. Não é sono. — Não é sono. E não terá, como agora, quem o acorde. — Que durma ainda. Não tem hora marcada. — Mas é preciso acordá-lo. Já há gente para o espetáculo. — Então, batamos mais forte na porta. — Como dorme. Mais do que dormindo estará mouco. — Ainda uma vez. — Melhor disparar um canhão perto da porta. — Batamos, outra vez ainda. — Melhor arrombar a porta. Sacudi-lo. — Dorme fundo como um morto. — Mas está vivo. Vamos ressuscitá-lo. — Deste sono ainda pode ser ressuscitado. — Deste sono, sim. Do outro, nem que ponham a porta abaixo. — Está dormindo como um santo. — Santo não dorme. Os santos são é moucos. Mas têm os olhos bem abertos. Vi na igreja. (João Cabral de Melo Neto) * Bom dia! (url)
© José Pacheco Pereira
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