ABRUPTO

4.8.06


EARLY MORNING BLOGS
832 - Portugal

Então João Gouveia abandonou o recosto do banco de pedra e teso na estrada, com o coco à banda, reabotoando a sobrecasaca, como sempre que estabelecia um resumo:

- Pois eu tenho estudado muito o nosso amigo Gonçalo Mendes. E sabem vocês, sabe o Sr. Padre Soeiro quem ele me lembra?

- Quem?

- Talvez se riam. Mas eu sustento a semelhança. Aquele todo de Gonçalo, a franqueza, a doçura, a bondade, a imensa bondade, que notou o Sr. Padre Soeiro... Os fogachos e entusiasmos, que acabam logo em fumo, e juntamente muita persistência, muito aferro quando se fila à sua idéia... A generosidade, o desleixo, a constante trapalhada nos negócios, e sentimentos de muita honra, uns escrúpulos, quase pueris, não é verdade?... A imaginação que o leva sempre a exagerar até à mentira, e ao mesmo tempo um espírito prático, sempre atento à realidade útil. A viveza, a facilidade em compreender, em apanhar... A esperança constante nalgum milagre, no velho milagre de Ourique, que sanará todas as dificuldades... A vaidade, o gosto de se arrebicar, de luzir, e uma simplicidade tão grande, que dá na rua o braço a um mendigo... Um fundo de melancolia, apesar de tão palrador, tão sociável. A desconfiança terrível de si mesmo, que o acovarda, o encolhe, até que um dia se decide, e aparece um herói, que tudo arrasa... Até aquela antigüidade de raça, aqui pegada à sua velha Torre, há mil anos... Até agora aquele arranque para a África... Assim todo completo, com o bem, com o mal, sabem vocês quem ele me lembra?

- Quem?...

- Portugal.

(Eça de Queiroz)

*

Bom dia!

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3.8.06


RETRATOS DO TRABALHO NO PORTO, PORTUGAL



Vendedores ambulantes em Cimo de Vila, junto à estação de S.Bento (Porto).

(Vieira Pinto)

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2.8.06


INTENDÊNCIA

Actualizada a nota LENDO VENDO OUVINDO ÁTOMOS E BITS de 1 de Agosto de 2006.

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PIRATARIAS 13

Como ainda ontem se viu, o falso Abrupto continua a aparecer de vez em quando, sinal de que a falha no Blogger continua a ser explorada. Na sua última comunicação de ontem, o Blogger afirma que está a "investigar a situação (...) para impedir interferências" no Abrupto.

Para os que nunca viram o falso, - ah! maus leitores por onde é que andam? ah! gente de pouca fé que acha que "ele" não existe! -, aqui fica a reprodução de uma das suas versões: a versão "abrupto.blogspot.com" (também houve a "abrupto") e de "Mike" (também houve a de "Alex").



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RETRATOS DO TRABALHO EM CHINATOWN, NOVA IORQUE, EUA



Filmagens de um filme, o 16 Blocks que deve estrear cá em Outubro.

(André Ferreira)

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EARLY MORNING BLOGS
831 - Provérbios

Cosa es muy vil y baxa,
Y lexos de hombre bueno,
Gozarse de mal ageno.

Quando más seguro piensa
Estar en sí [e]l engañoso,
Él está más peligroso.

Sin duda oye sus males
Quien no calla los agenos,
Y le hinchen bien sus senos.

Recrescer grandes peligros
Dela mala compañía
Pruévanse de noche y día

El falso y malicioso
Guardese bien quien lo fuere,
Que antes de tiempo muere.

Los que fueren virtuosos
Son verdaderos amigos
Y los malos, enemigos.

Por mucho que dissimule,
Y simule cada qual,
Buelve a su natural.


(Trezientos proverbios, consejos y avisos muy provechosos para el discurso de nuestra humana vida. Compuestos por muy breve estillo por el noble don Pedro Luys Sanz, Doctor en derechos, advogado de la insigne ciudad de Valencia, 1545?)

*

Bom dia!

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1.8.06


RETRATOS DO TRABALHO EM HANOI, VIETNAM



(César Branco)

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O ABRUPTO FEITO PELOS SEUS LEITORES:
DRESDEN E OS BOMBARDEAMENTOS DE CIVIS


http://www.wilsonsalmanac.com/images1/feb13_dresden_bicycle_boy.jpgA "mini série" que começou ontem e acaba hoje, na RTP 1, "Dresden", constitui uma excelente oportunidade para nos interrogarmos e analisarmos um pouco mais "a fundo" a questão do bombardeamento de populações "civis", em teatros de guerra. Não pela série em si, que se baseia numa história de amor pouco menos que imbecil e improvável de um piloto de bombardeiros abatido e fugitivo na Alemanha por uma enfermeira em crise de consciência moral e política, mas pelo que o episódio de Dresden, que eu conhecia em termos gerais das leituras sobre a WWII, representa e pelo excelente pretexto que oferece a quem quiser aprofundar um pouco o tema. Dresden, em si, não era um objectivo militar estratégico. Ao contrário de outras cidades arrasadas na WWII (como Coventry, por exemplo), não era um centro de produção industrial relevante, não tinha instalações militares importantes e a sua estação de caminhos de ferro não tinha um papel vital no sistema de comunicações alemão. Aliás, depois do bombardeamento, ficou operacional, de novo, em cerca de uma semana. Para além disso, a cidade estava cheia de refugiados, cerca de 200.000, fugidos da frente leste face ao ataque dos soviéticos que já tinham, salvo erro, ocupado algumas cidades alemãs (estávamos em Fevereiro de 1945, a quatro meses do fim da guerra). Dresden foi escolhida e arrasada, isso sim, conhecendo o alto comando aliado toda esta situação, apenas com o objectivo de "destruir" a moral e a capacidade de resistência (ou o que restava dela) do povo alemão, inclusivamente ajudando a criar divisões entre este e a liderança nazi, facilitando o avanço do exército vermelho. A cidade foi arrasada e o bombardeamento e incêndio que se lhe seguiu (foram utilizadas bombas incendiárias) matou, no mínimo (ainda hoje não existe consenso), 25.000 pessoas. É um dos episódios mais controversos da WWII, praticado sob a égide das duas democracias mais respeitadas do mundo e em nome de objectivos (a vitória dos aliados na guerra) que a todos nós, democratas, são caros.

Claro que isto vem a propósito da morte de civis no actual conflito no Médio-Oriente, que tem conduzido às análises menos rigorosas e mais maniqueístas a que tenho assistido, consoante o lado da barricada em que cada um se situa. Não tenho qualquer dúvida que grupos como o Hezbollah recorram a "civis" como "escudos humanos" (dada a natureza deste tipo de organizações, será mais rigoroso dizer que, por vezes, o que é difícil será distinguir o que são "civis", como já o era, por exemplo, na guerra colonial ou no Vietnam), que, outras vezes, Israel bombardeie populações civis efectivamente "por engano" ou erro técnico e que, aqui e ali, recorra ao bombardeamento dessas mesmas populações civis propositadamente, com objectivos idênticos ao de Dresden. Tal como os fundamentalistas islâmicos e os árabes da Palestina o fazem, já que, para eles, o inimigo não é o exército de Israel e os seus aliados, mas toda a população, que terá ocupado as suas terras e expulso para os campos de refugiados. Destruir a capacidade de resistência "moral" será também aqui um dos seus objectivos. De facto, a guerra "limpa" e cirúrgica, que salvaguarda os civis e as chamadas "populações indefesas", é um dos primeiros mitos do século XXI e a guerra tal qual ela é, na realidade, cada vez mais difícil de aceitar, nos países democráticos, por uma opinião pública apesar de tudo mais informada e que tem, hoje em dia, acesso à "guerra em directo".

(João Cília)

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GRANDES CAPAS

(Arrumando os livros comprados a peso.)



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LENDO
VENDO
OUVINDO

ÁTOMOS E BITS

de 1 de Agosto de 2006


Hoje é o dia oficial da transumância nacional para o Algarve. Alguém levanta uma ponta do país, como se de uma tábua se tratasse, e a gravidade faz o resto. Só quem está apegado à terra, quase sempre por pobreza e trabalho, e os originais que rumam a norte, a uma outra estrela, escapam do declive nacional para as semi-ondas de água morna. O meu mar é outro, mais bravio e frio.

*
So what?
Não será também o dia da transumância nacional espanhola para a Costa do Sol ou para a Costa Blanca ou para a Costa Brava, ou, com sorte, para as ilhas? E o dia da transumância nacional italiana, ainda com mais sorte, para as praias da Sardenha? E a dos franceses para a Camarga?

Mais uma vez constato no seu discurso, com pena, uma espécie de sobranceria que não calha bem com a sua sofisticação intelectual. O povo gosta de praia com sol quente, mar ameno; o povo tem férias em Agosto, as crianças têm férias em Agosto, as fábricas fecham em Agosto; Portugal tem o Algarve, o Alentejo, os outros têm as Cyclades, a Córsega ou não têm nada…So What?

O novo/velho discurso de desprezo pelo Algarve porque é o destino de todos ou só de alguns, porque é muito português ou já não é nada português, porque é popular ou porque é in, porque é só praia ou porque a praia não presta, é absolutamente redutor, snob e está estafado.

O Algarve é apenas um recanto bonito de Portugal, onde há sol, mar ameno e limpo, um aroma a Mediterrâneo ainda intacto, gente boa de trato difícil, comida deliciosa. É um caos urbanístico? É, mas bem menos do que a costa espanhola. Tem muita gente em Agosto? Tem, tal como toda as praias do Sul da Europa. É muito caro? Menos do que a maioria dos outros lugares de veraneio. É o destino da classe média? Será, mas sempre é preferível do que esta se endivide para ir para Cuba ou para Punta Cana. Está infestado das “novas celebridades” nacionais? Está, mas basta ler a Hola para perceber que Marbella ainda é pior.

Clara Ferreira Alves também se lamentou n’Pluma Caprichosa (eu leio o Espresso emprestado…) de ter ido para o Algarve com argumentos deste tipo. Parece que toda a gente, incluindo insuspeitos como o JPP, tem que colocar uma tabuleta a dizer “Eu não vou para o Algarve”. É também um posicionamento, uma atitude política, uma afirmação de diferença que é totalmente desnecessária em gente superior.

Olhe, eu vou para o Algarve; para o meu Algarve que eu faço à minha maneira e que é lindo, solarengo, com mar morno, com saladas de tomate, pepino e coentros, conquilhas e vinho branco gelado. E não digo a ninguém.

Helena Mota (Porto)
*

Uma das coisas que recebo por dia no correio é uma citação bíblica enviada por um grupo evangélico brasileiro. A de hoje é apropriada a tudo:
21 - E o SENHOR ia adiante deles, de dia numa coluna de nuvem para os guiar pelo caminho, e de noite numa coluna de fogo para os iluminar, para que caminhassem de dia e de noite.
22 - Nunca tirou de diante do povo a coluna de nuvem, de dia, nem a coluna de fogo, de noite.

(Êxodo. Capítulo 13)

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RETRATOS DO TRABALHO EM LUBLIANA, ESLOVÉNIA



Vestindo os manequins de uma montra de loja de roupa, 2002

(Carlos Fernandes)

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EARLY MORNING BLOGS
830 - To Put One Brick Upon Another

To put one brick upon another,
Add a third and then a forth,
Leaves no time to wonder whether
What you do has any worth.

But to sit with bricks around you
While the winds of heaven bawl
Weighing what you should or can do
Leaves no doubt of it at all.

(Philip Larkin)

*

Bom dia!

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31.7.06


PIRATARIAS 12

Como se viu há pouco mais de meia hora, (obrigada aos leitores que prontamente comunicam a aparição do falso Abrupto) e ontem por volta das 20 horas, por um pequeno período de tempo, os ataques continuam. O Blogger tem conhecimento desta situação há cerca de quinze dias. Logo a seguir ao primeiro ataque, e já várias vezes posteriormente, me escreveram a dizer que o problema, que reconhecem ser uma exploração de uma falha do próprio Blogger, estava resolvido. Alguém continua a tentar sobrepor um falso blogue ao verdadeiro, usando uma falha do Blogger que este se revela incapaz de resolver.

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RETRATOS DO TRABALHO EM CHINATOWN, NOVA IORQUE, EUA



Nova Iorque, cabeleireiro em Chinatown, 2001

(Carlos Fernandes)

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LENDO
VENDO
OUVINDO

ÁTOMOS E BITS

de 31 de Julho de 2006


"Má fé" no Kontratempos.

Acrescento mais um exemplo: a utilização da palavra "massacre" nos noticiários da RTP1 e no Público de hoje (os que vi, é provável que apareça noutros meios de comunicação). No Dicionário da Academia é claro que a palavra implica matar "indiscriminadamente" "com selvajaria e crueldade", tendo como significados "chacina", "matança", e o acto de massacrar significa "chacinar" "trucidar", "dizimar", "exterminar". Podem parecer cruéis estes preciosismos vocabulares, mas o uso da palavra "massacre" não é descritivo é propagandístico porque implica haver dolo por parte de Israel. Se um inquérito revelar que o ataque a civis foi deliberado, então é legítimo usar a palavra "massacre", até lá é uma opinião disfarçada de notícia. Qualquer manual de deontologia jornalística ensina o que se deve fazer em casos destes, seja qual for a opinião do jornalista, a indignação que possa ter perante a violência da guerra e a sua inerente injustiça face a inocentes.

*
Confesso que me incomodam alguns comentários de leitores do Abrupto que na minha opinião fazem uma leitura muito ligeira do que se passa no Líbano. Como se vê pelos vários comentários, opiniões e “notícias” é cada vez mais difícil a uma Democracia fazer a Guerra. Há até quem defenda que a barbárie não depende dos actos, mas antes da condição de quem os pratica.

Pode hoje um regime democrático defender-se de um ataque terrorista? Ou de uma acção militar? Sabemos que qualquer guerra implica actos violentos, bárbaros, massacres se quiserem e quase sempre provoca vitimas inocentes e que nada têm a ver com o conflito. Houve demasiados exemplos durante o século XX para que alguém ache que uma Guerra pode não ser assim. É por isso legitimo colocar a questão; pode um regime democrático cometer actos de barbárie mesmo em legitima defesa? Se pode, então há quem questione se de facto o regime é ou não democrático; se não pode, então a democracia está impedida de existir quando é atacada.

A resposta à questão parece-me evidente. Uma Democracia deve poder defender-se com todos os meios ao seu alcance quando é atacada. Não obstante tentar evitar ao máximo atacar quem nada tem que ver com o conflito, sabe contudo, que quando inicia a sua defesa vai inevitavelmente causar sofrimento, cometer barbaridades e com probabilidade elevada vitimizar, massacrar inocentes. É isto a Guerra.

É importante que não nos esqueçamos destes “detalhes” quando nos apressamos a condenar Israel pelos ataques ao Sul do Líbano. Têm sido usados os mesmos adjectivos para analisar os actos terroristas do Hezbolla, que matam inocentes de forma deliberada, dos ataques de Israel às posições do grupo terrorista que mata inocentes de forma acidental. Só espíritos malévolos e pouco dados à análise concluem que Israel atacou postos das NU e matou inocentes em Qana de forma deliberada. Como é evidente isso só prejudica a posição política de Israel. Os pressupostos dos ataques do Hezbolla e de Israel não se confundem. Os primeiros visam o terror e o extermínio e por isso o objectivo principal é atacar alvos civis; os segundos têm como objectivo criar uma zona tampão que evite os bombardeamentos às cidades do Norte de Israel e por isso actuam sobretudo sobre as posições do grupo terrorista. O que também toda a gente conhece é que o Hezbolla se refugia junto de civis para evitar os ataques do exercito israelita. Só isto já demonstra o carácter sinistro deste tipo de actuação, que para tirar dividendos políticos não se importa de pôr em risco as populações compatriotas.

(Ricardo Sousa)

*

Impressiona-me a rapidez, e a precisão vocabular, com que procura “desmontar” a suposta má fé no tratamento da notícia relativa ao massacre perpetrado pelos Israelitas sobre a população libanesa. Com que vocabulário podemos então descrever as constantes humilhações que a população palestiniana tem sofrido há décadas? Os actos de resistência dos Palestinianos contra a ocupação israelita, já o sabemos, são rápida e comodamente designados de terrorismo… Impressiona-me, além do mais, na leitura de blogs e da imprensa, uma tendência fortemente maniqueísta no tratamento deste tema. Estudei especificamente a construção do discurso ideológico de justificação da guerra territorial contra o Islão entre os séculos XI e XIII (tese em história medieval, fcsh/unl) e não encontro, nos discursos contemporâneos, a diferença que justificaria a passagem, de então para cá, de mais de oito séculos. Confesso que as minhas leituras sobre temas contemporâneos têm sido pouco sistemáticas, dada a cronologia das minhas investigações, e por isso gostaria sinceramente que o Dr. J. Pacheco Pereira, que creio conhece bem estas matérias, nos oferecesse um texto escrito sob o ponto de vista palestiniano (quer queiramos quer não, o actual problema do Líbano insere-se basicamente na questão palestiniana). Li há meses o livro de Hamira Hass e fiquei impressionado com a arbitrariedade e a humilhação a que são sujeitos os Palestinianos, visível também num excelente documentário sobre os “checkpoints” apresentado no festival Doc.Lisboa no ano passado.

(Armando de Sousa Pereira)

*

Na Wikipedia "massacre" : "the human rights commission agreed on a specific definition: "A massacre shall be considered the execution of five or more people, in the same place, as part of the same operation and whose victims were in an indefensible state."

(Filipe Dias)

*

Como é que chamaria ao "incidente", como lhe chama a CNN?
Dano colateral?
Aquele que não tem nome?
Para que não me chame anti-semita e para que não pense que estou de má-fé, deixe-me dizer-lhe que conheço israelitas, que vivem e trabalham em Israel, na classe média, sem as vantagens dos políticos ou diplomatas, e não conheço árabes. E que gosto dos israelitas que conheço. São pessoas decentes, trabalhadoras, sensíveis, que criticam os que no seu próprio lado vêem apenas um lado da questão. Gosto de ouvir falar com mais inteligência do que a dos partidários de uma coisa. Como diria o outro, o mundo está perigoso. Não é hora de fundamentalismos. Nunca é hora de fundamentalismos.

(M.)

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OS NOVOS DESCOBRIMENTOS: LAGOS EM TITÃ

Em vez de água, metano.

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EARLY MORNING BLOGS
829 -Lune de Miel

Ils ont vu les Pays-Bas, ils rentrent à Terre Haute;
Mais une nuit d'été, les voici à Ravenne,
A l'sur le dos écartant les genoux
De quatre jambes molles tout gonflées de morsures.
On relève le drap pour mieux égratigner.
Moins d'une lieue d'ici est Saint Apollinaire
In Classe, basilique connue des amateurs
De chapitaux d'acanthe que touraoie le vent.

Ils vont prendre le train de huit heures
Prolonger leurs misères de Padoue à Milan
Ou se trouvent le Cène, et un restaurant pas cher.
Lui pense aux pourboires, et redige son bilan.
Ils auront vu la Suisse et traversé la France.
Et Saint Apollinaire, raide et ascétique,
Vieille usine désaffectée de Dieu, tient encore
Dans ses pierres ècroulantes la forme precise de Byzance.

(Thomas Stearns Eliot)

*

Bom dia!

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30.7.06


RETRATOS DO TRABALHO EM LOURES, PORTUGAL



Operário da construção na nova fase da Urbanização do Infantado-Loures.

(Luís Miguel Reino)

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LENDO
VENDO
OUVINDO

ÁTOMOS E BITS

de 30 de Julho de 2006


Vale cem números da Visão a entrevista a Miguel Veiga. O Miguel Veiga é um dos últimos originais antigos, - os originais modernos são muito menos originais -, um excêntrico na melhor tradição inglesa, logo portuense, ou vice-versa, e um homem de grande dignidade pessoal, bem rara qualidade. Meu amigo, de momentos bons e maus, como é suposto nos amigos.

*





O rolo de On the Road de Kerouac, um dos manuscritos (bom, não é bem manuscrito mas escrito à máquina com correcções) mais originais da história da literatura vai ser publicado na versão original, a enrolada.

*

Como eu o percebo:
"Ce n'est pas pour me vanter mais dans quelques jours, je partirais en vacances. Ne croyez pas que je vous lâcherais pour autant, chers amis et chers ennemis : mon PC me suit partout et le tavernier continuera à servir à boire et à manger tous les jours ou presque. Si je vous raconte ça, c'est parce qu'en songeant à la valise à faire, le même doute m'envahit comme toujours en cette occasion : quels livres emporter ? Il faut dire que je suis du genre à emporter deux livres plutôt qu'un lorsque je dois prendre le bus ou le métro, c'est à dire tous les jours, par prudence au cas où il y aurait une panne. Pour les trajets en avion, j'emmène trois livres plutôt que deux en cas de détournement prolongé. Vous aurez compris que la perspective de me retrouver bloqué quelque part sans avoir rien à lire me rend malade par avance. Je n'en suis pas à emmener un livre avant de prendre l'ascenseur (et puis on peut toujours relire la notice) mais je n'en suis pas loin."
Eu levo mais, mas é doença.

*

No Scientific American :
"A man walks along the inside of a circle of chess tables, glancing at each for two or three seconds before making his move. On the outer rim, dozens of amateurs sit pondering their replies until he completes the circuit. The year is 1909, the man is José Raúl Capablanca of Cuba, and the result is a whitewash: 28 wins in as many games. The exhibition was part of a tour in which Capablanca won 168 games in a row.

How did he play so well, so quickly? And how far ahead could he calculate under such constraints? "I see only one move ahead," Capablanca is said to have answered, "but it is always the correct one."

*

Aqueles para quem o fim do mundo (o fim de um mundo) chega antes: os últimos Shakers.

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EARLY MORNING BLOGS
828 - ...haviam de achar homens homens, haviam de achar homens brutos, haviam de achar homens troncos, haviam de achar homens pedras.

Quando Cristo mandou pregar os Apóstolos pelo Mundo, disse-lhes desta maneira: Euntes in mundum universum, praedicate omni creaturae: «Ide, e pregai a toda a criatura». Como assim, Senhor?! Os animais não são criaturas?! As árvores não são criaturas?! As pedras não são criaturas?! Pois hão os Apóstolos de pregar às pedras?! Hão-de pregar aos troncos?! Hão-de pregar aos animais?! Sim, diz S. Gregório, depois de Santo Agostinho. Porque como os Apóstolos iam pregar a todas as nações do Mundo, muitas delas bárbaras e incultas, haviam de achar os homens degenerados em todas as espécies de criaturas: haviam de achar homens homens, haviam de achar homens brutos, haviam de achar homens troncos, haviam de achar homens pedras. E quando os pregadores evangélicos vão pregar a toda a criatura, que se armem contra eles todas as criaturas?! Grande desgraça!

(Padre António Vieira)

*

Bom dia!

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PIRATARIAS 11





Vinte e quatro horas sem "perder" o Abrupto genuíno a favor do falso. É bom, mas ainda é cedo para pensar que tudo está resolvido e acabaram as tentativas de "substituição". Pelo caminho ficaram as imagens de arquivo que estou a ver se recupero.

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© José Pacheco Pereira
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