ABRUPTO

24.12.05


SE FOREM FESTAS QUE SEJAM BOAS


(João, desenho)

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23.12.05


LENDO / VENDO /OUVINDO
(BLOGUES, JORNAIS, TELEVISÕES, IMAGENS, SONS, PAPÉIS, PAREDES)

(23 de Dezembro)


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Toda uma história de um "media morto" que afinal está mais vivo do que se pensa: o View-Master.


Alice no País das Maravilhas para View-Master.


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The Probabilistic Age no The Long Tail. Começa assim:
Q: Why are people so uncomfortable with Wikipedia? And Google? And, well, that whole blog thing?

A: Because these systems operate on the alien logic of probabilistic statistics, which sacrifices perfection at the microscale for optimization at the macroscale.

Q: Huh?

A: Exactly. Our brains aren't wired to think in terms of statistics and probability. We want to know whether an encyclopedia entry is right or wrong. We want to know that there's a wise hand (ideally human) guiding Google's results. We want to trust what we read.
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Mais um caótico Rocketboom com um Pai Natal saltitante e tudo.

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Sairam as Ideias de Fernandez Armesto em português, reproduzindo na contracapa uma recomendação do Abrupto. Só tenho que confirmá-la: um dos melhores livros de divulgação cultural publicados nos últimos tempos.

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Balanços no Da Literatura.

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22.12.05


OS NOVOS DESCOBRIMENTOS: MAIS ANÉIS E MAIS DEDOS EM URANO



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OS DIREITOS DO ESTADO E OS NOSSOS



Do mesmo modo que se verificaram abusos com as escutas telefónicas, está-se a verificar o mesmo tipo de abusos com o fisco e está toda a gente caladinha. Há medo nessa caladinha atitude, culpa e medo. A mim não me interessa a culpa, mas sim o medo.

Comecemos pelas escutas, porque são uma história exemplar. A sua facilitação data do ministro António Costa num anterior governo Guterres e foi aplaudida com um consenso generalizado. Quem é que não queria que polícias e magistrados tivessem as armas necessárias para combater a criminalidade organizada, o grande crime económico, a lavagem de dinheiros, a droga, a corrupção, as máfias e o terrorismo? Ninguém.

Depois aconteceu o que se podia prever, conhecendo melhor o país e as suas gentes. O que devia ser um método de excepção tornou-se a regra e depois um abuso da regra. Não se sabe ao certo quantos telefones estão a ser escutados, mas sabe-se que são muitos. O número indicado pelo procurador-geral da República de oito mil é preocupante. Depois, o que devia ter objectivos concretos de combate a determinados tipos de criminalidade, que precisa das escutas para a investigação e não se deixa apanhar por outros meios, tornou-se a primeira e mais fácil arma de investigação, abusada para vigiar mais do que os suspeitos do crime, os "suspeitos" de não gostarem do procurador-geral e dos magistrados.

A acusação grave que Miguel Sousa Tavares fez e que eu subscrevo é a da utilização das escutas como instrumento de defesa e ataque corporativo por parte de alguns juízes e magistrados. É uma acusação que não precisa de demonstração. As escutas divulgadas, puramente do âmbito político, mostram que alguém (e esse alguém só podem ter sido polícias, magistrados ou juízes) abusou de um instrumento especialmente delicado, desviando-o da sua finalidade exclusiva, sem cuidar da regra que impõe o seu uso apenas em casos de necessidade justificados. E esse "alguém" fê-lo não tanto através da violação do segredo de justiça (de que não sabemos quem tem responsabilidade), mas pela realização, transcrição e anexação de escutas indevidamente realizadas a processos em que era só uma questão de tempo até virem a público (e aqui sabemos quem tem responsabilidade). A intencionalidade das escutas - apanhando conversas de políticos sobre a magistratura e o procurador-geral da República - mostra a sua gravidade, porque não é crime nenhum ter dessas conversas, só é ilegal escutá-las e divulgá-las.

Mesmo que não houvesse uma intenção perversa, há certamente grave negligência. Dá trabalho e exige profissionalismo fazer investigação usando os recursos tradicionais, logo usam-se as escutas indiscriminadamente porque é mais fácil. A negligência que já existia na investigação tradicional emigra para as escutas. Estas, mesmo em processos em que seria legítimo serem usadas, são muitas vezes feitas de tal maneira descuidada que acabam por ser anuladas como meio de prova. Tudo vive do puro facilitismo - dá-se-lhes a bomba de neutrões e eles, em vez de usarem uma vulgar granada ofensiva, matam tudo à volta, usando a bomba e não a granada. É como matar os peixes a dinamite, para apanhar um, morre o rio ou o lago inteiro.

Há quem diga, talvez com alguma razão, que até agora não houve problemas porque não se tratava de escutas a figuras públicas e a políticos. É verdade, mas pode tornar-se mentira quando se trata não apenas de escutas, mas da combinação de escutas indevidas com violação de segredo de justiça. Ora isso não acontece com as pessoas comuns, porque aí ninguém está interessado em divulgar as escutas e aqui está. A combinação entre escutas de conversas, sem conteúdo criminal ou utilidade processual, e a sua divulgação para atingir os seus autores como figuras públicas lança uma luz tenebrosa sobre as duas coisas: as escutas e a violação do segredo de justiça.

Pode haver sempre a tese conspirativa de que as fugas se destinam a "queimar" as escutas e a abrir caminho contra a sua utilização legítima. Pode, de facto, ser verdade, porque a ingenuidade nunca fez bem a ninguém nestes casos. Mas se não fosse a real incompetência e abuso já verificados teria sido assim tão fácil "queimá-las"? Se magistrados, polícias e juízes não tivessem sido tão facilitistas e abusadores com o poderoso instrumento que tinham nas suas mãos, teria sido possível este backlash contra as escutas, que se arrisca a permitir que criminosos fiquem por punir, apenas porque se abusou de um meio de investigação e prova?

Mesmo que siga a explicação mais simples, a de que em Portugal tudo isto acontece por uma combinação de negligência, facilitismo, arrogância (e a arrogância corporativa é maior no seio da justiça do que em outras áreas profissionais), os sinais são perigosos quando vemos o mesmo tipo de mecanismo emergir na administração fiscal. No fisco está a caminhar-se no mesmo caminho que levou António Costa a abrir a porta a todas as escutas. Como no caso da legislação de Costa, a atitude expedita do fisco é saudada pela opinião pública, que aceita sem segundos pensamentos tudo o que pareça punição populista. A fraude e a evasão fiscal são muito importantes em Portugal, mas duvido que este tipo de métodos e processos apanhem mais do que os mais fracos e os que têm menos responsabilidade e meios, para deixarem impunes os mais poderosos e assessorados.

Para além do mais, e volto ao paralelo com as escutas, muito do que está a ser feito no fisco revela a real incapacidade dos serviços para investigar como deve ser, preferindo métodos universais e expeditos de suspeição, baseando-se numa desconfiança genérica do fisco para com os contribuintes, que trata como sendo sempre culpados salvo prova em contrário. A ideia ventilada entre outros pelo Presidente da República, e saudada pelo fisco que já a aplica, conduz à generalização da inversão do ónus da prova, ou seja, somos culpados e temos de provar que somos inocentes Este tipo de métodos protege a ineficácia da administração fiscal e diminui significativamente os direitos dos contribuintes honestos e cumpridores, amalgamados cada vez mais com os que o não são.

Já experimentaram tentar saber se devem alguma coisa ao fisco e nunca receber uma resposta clara, ou, recebendo-a, uma semana depois descobrir que afinal deviam alguma coisa, que afinal verdadeiramente não deviam? Já experimentaram, numa selva cada vez mais complicada de impressos, fórmulas e procedimentos, ter a sensação kafkiana de subirem uma espiral de culpa, de juros e sanções sem qualquer defesa? A escalada neste processo está em pleno curso, acompanhando um fisco que se torna cada vez mais complicado e burocrático, onde os erros são inevitáveis, crescentes e muito difíceis de corrigir. Não basta remeter para a Internet para desanuviar as repartições, é preciso ter em conta que a complexidade das declarações é enorme e os mecanismos hostis a quem queira ser honesto e fáceis de ludibriar por quem tenha dinheiro para pagar consultadorias fiscais.

O fisco anuncia agora, com aplauso generalizado, ir publicar uma lista dos devedores como sanção e opróbrio público. Pode-se admitir que ao fisco seja dada possibilidade de publicitação de "listas negras", só que tal não deve ser feito sem uma concomitante responsabilização. O fisco pode publicar as listas que entender, mas tem de garantir a sua fidedignidade e pagar pelos seus enganos. Publicam a lista, mas seria bem estarem obrigados por lei ou norma a rectificar com publicidade maior os seus enganos, pedindo desculpas aos contribuintes publicamente e indemnizando-os. Se for assim, acredito que qualquer lista vai ser feita com o máximo cuidado, se não for assim, vai lá parar tudo de modo atabalhoado e basta 5 por cento de erros para atingir milhares de pessoas.

Ninguém se pergunta por que razão a primeira lista a ser publicada não devia ser a dos autores de fraudes ao fisco ou dos grandes devedores. Se é verdade que essa lista tem 800 mil contribuintes em falta, algo de mal existe tanto no fisco como nos putativos devedores, que vão ser amalgamados numa lista em que coexistem situações muito distintas. O seu número anunciado revela muitos outros fenómenos sociais antes de revelar comportamentos censuráveis. E revela também a gigantesca incapacidade administrativa do fisco em lidar com as dívidas que deixou acumular.

Estes métodos expeditos de actuação, mexendo com a dignidade pública de cada um, que é a "sanção" da lista, podem agradar ao populismo fácil e encher os cofres do Estado momentaneamente, mas nunca impedirão a fraude fiscal, ao mesmo tempo que vão erodindo os nossos direitos e garantias. Porque, do mesmo modo que os cidadãos o são porque pagam impostos para a sua comunidade, não podem ver os seus direitos, a começar pela sua imagem pública, postos em causa por erros da administração, que deve saber que também tem de pagar por esses erros e com juros. No dia em que o Estado e os seus agentes pagarem pelos seus erros, como os cidadãos pagam, talvez se tornem mais eficazes e responsáveis e tenham mais respeito pelos direitos comuns, os direitos dos homens comuns.

(No Público de hoje.)

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EM PREPARAÇÃO: A VERSÃO 1.0 DE
"BOAS COISAS / PÉSSIMAS COISAS NO JORNALISMO PORTUGUÊS EM 2005, VISTAS POR UM GRANDE (EM QUANTIDADE) CONSUMIDOR"


A exemplo do que fiz no início de 2004, estou a preparar uma lista de boas e más coisas no jornalismo português no ano passado, do meu ponto de vista enquanto consumidor compulsivo. Aceitam-se sugestões.

A versão anterior, com os comentários, está no arquivo do Abrupto de Janeiro de 2005.

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OUVINDO "DEVIL GOT MY WOMAN" DE "SKIP" JAMES




I'd rather be the devil, to be that woman man
I'd rather be the devil, to be that woman man
Aw, nothin' but the devil, changed my baby's mind
Was nothin' but the devil, changed my baby's mind

I laid down last night, laid down last night
I laid down last night, tried to take my rest
My mind got to ramblin', like a wild geese
From the west, from the west

The woman I love, woman that I loved
Woman I loved, took her from my best friend
But he got lucky, stoled her back again
And he got lucky, stoled her back again

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INTENDÊNCIA

Em actualização os ESTUDOS SOBRE O COMUNISMO.

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QUADROS DE UMA EXPOSIÇÃO:
9. NOITE DE LUAR NO DNEPER (KUINJI)


(Notas em breve.)

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LENDO / VENDO /OUVINDO
(BLOGUES, JORNAIS, TELEVISÕES, IMAGENS, SONS, PAPÉIS, PAREDES)

(22 de Dezembro)


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Morreu a "cultura de massas"? Uma resposta no Los Angeles Times:
"The real story isn't so much the death of the old mass culture or the rise of a new, fragmented technoculture, but the empowerment of the American consumer — which isn't quite the same as the American citizen.

Beyond racing out to get the must-hear Mariah Carey single and see Hollywood's 10-ton gorillas, We, the People are poring over iTunes playlists of friends, celebrities and strangers to find music that matches our personal preferences. And tapping services like Pandora to stream customized "radio stations" into our PCs. And browsing the endless virtual shopping aisles of opinion and analysis in the blogosphere.

En masse, people not named Rupert Murdoch or Ted Turner are using increasingly accessible technology to wrest control of cultural production — creating, curating and critiquing their own output and nudging along its consumption. An enterprising anarchist-death metal band, say, can make a video, post it on MySpace, sell its home-pressed CD off the Web and develop a base of fans who chat, post reviews and forward the video link to friends."
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Boa frase de blogue: "Aquele homem sofria de um caso de dupla personalidade. E quando começou a chocar com os móveis e as paredes, percebeu que estava a ser dominado pelo seu alter-cego."(No voo cego a nada).

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Nos artigos de Augusto M. Seabra, no "desligado" Público, têm vindo a ser publicados dados preciosos sobre a promiscuidade no sector da arte e da cultura, entre curadores de museus, comissários de exposições e responsáveis por fundos de investimento privado em arte, que raras vezes são sujeitos a escrutínio público. Há aí muito a fazer, rompendo um silêncio de grupos de amigos e de interesses, que afecta a imprensa especializada, que não se comporta com critérios jornalísticos, mas como extensão desses grupos. Aliás seria interessante também saber mais sobre as principais produtoras de programas "culturais" e recreativos para a televisão, e a natureza quase monopolista das suas relações, por exemplo, com a televisão pública. Há aí todo um mundo de interesses que vive na obscuridade, e que merecia uma parte da ainda bruxuleante luz que já existe para o mundo da política e dos negócios, e que se esboça muito timidamente no mundo das sociedades de advogados, e no jornalismo económico.

Exemplos retirados do artigo de hoje de Augusto M. Seabra, inserido numa polémica com a Ministra da Cultura:
"Sabem os leitores do PÚBLICO; e saberá a ministra da Cultura, que Pedro Lapa, director desse museu, declarou desempenhar "parcialmente funções de curador na Ellipse Foundation"; assim sendo, é também "parcialmente" que desempenha as funções no museu. Quem autorizou esta acumulação? Como se adequa ela, e ao abrigo de que excepção, com o regime de exclusividade de dirigentes da administração pública, ora consignado no artigo 14, nº2, da Lei nº51/2005? Que relação julga a tutela existir entre o desempenho "parcial" das funções públicas e a prossecução ou abandono de facto das actividades estatutárias do museu? Tem havido ou não, em consequência, uma quebra da frequência? Foram feitos "periodicamente estudos de público e de avaliação", de acordo com o artigo 57 da Lei nº47/2004, Lei-Quadro dos Museus? Que plano anual de actividades apresentou o director do museu à tutela nos termos do artigo 44 da mesma lei?
Como também é público, e verificável em www.ellipsefoundation.com, são curadores desse fundo de investimento em arte do Banco Privado Português Pedro Lapa e Alexandre Melo, assessor cultural do primeiro-ministro. Como é público, houve promiscuidade de interesses na exposição dedicada a James Coleman, e, acrescento eu, na de William Kentridge, ainda patente - pois que mesmo que as cópias em exibição provenham da galeria Marian Goodman, e podendo ser das destinadas a circular, outras cópias, e para todos os efeitos a mesma obra, foram adquiridas pela Ellipse. Um museu nacional foi transformado num usufruto privado, Chez Lapa ao Chiado."
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My Photo

A discussão sobre a A CAPA DA EDIÇÃO DE SEXTA-FEIRA DO PÚBLICO (a do King Kong) resumida e comentada no INDÚSTRIAS CULTURAIS. Já agora, voto em Rogério Santos para Pai Natal da blogosfera...

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Para melhorar a cobertura de debates e usar todas as potencialidades da rede, esta sugestão do Poynter Online com origem canadiana.

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21.12.05


LENDO / VENDO /OUVINDO
(BLOGUES, JORNAIS, TELEVISÕES, IMAGENS, SONS, PAPÉIS, PAREDES)

(21 de Dezembro)


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Há vários quadros de John Frederick Peto (como estes) que competem pelo lugar do Malhoa que está aqui em cima, quando finalmente escolher um novo nome para este "stream". O Malhoa é mais solar, e mais activo, mas as "letter racks" de Peto mostram melhor a diversidade do que cabe no LENDO / VENDO /OUVINDO. Em breve, colocarei aqui as muitas sugestões, entretanto recebidas, de nomes enviadas pelos leitores.


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Nesta campanha presidencial há uma estreia: é a primeira vez que aparecem genuínos blogues ligados a candidaturas, que participam de parte inteira na cultura e no estilo próprio da blogosfera e que não são transplantes artificiais feitos a martelo. É o caso do Pulo do Lobo e do Super Mário.

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Na SIC Notícias, Bocage é descrito como "cliente da noite". Não está mal.

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20.12.05


QUADROS DE UMA EXPOSIÇÃO:
8. RETRATO DE LEV TOLSTOY (REPIN)


(Notas em breve.)

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COISAS COMPLICADAS


John Frederick Peto

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LENDO / VENDO /OUVINDO
(BLOGUES, JORNAIS, TELEVISÕES, IMAGENS, SONS, PAPÉIS, PAREDES)

(20 de Dezembro)


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A mais cega e por isso mais divertida nota de qualquer blogue nesta campanha eleitoral: no Super Mário:

"Terça-feira, Dezembro 20, 2005

RTP1, 20.45

Imaginem o Cavaco quando este Homem lhe aparecer pela frente.
Filipe 11:16 AM"
Fim de citação. Imagino, imagino...Cavaco e os portugueses no dia 22 de Janeiro.

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Stephen Metcalf, "Lolita at 50. Is Nabokov's masterpiece still shocking?" no Slate:
"Lolita turns 50 this year, and having stayed so perverse, it remains fresh as ever. To fully appreciate its perversity, though, one must first appreciate that it is not obscene. Your run-of-the-mill obscene masterwork—Tropic of Cancer, say—demands that you, enlightened reader, work your way past the sex and excrement to recognize how beautiful it is. But with Lolita, you must work past its beauty to recognize how shocking it is. And for all its beauty, for all its immense ingenuity and humor, one easily forgets how shocking Lolita is. "
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No Independent, Now for some good news:
"Democracy returns to Afghanistan after 30 years... Chocolate helps reduce the risk of heart disease... House prices are on the rise again... Belfast hosts gay wedding... More trains are running on time... Dramatic fall in the fear of crime... The corncrake returns to Britain's shores... 60 per cent of tsunami victims find new jobs..."
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O "nosso" Macau: "Macao "l'enfer du jeu" flambe toujours !" no Le Monde.

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Como se faz um modismo jornalístico: de há dias para cá, tornou-se habitual a designação "trabalhadores do sexo", que nunca era usada antes na comunicação social. Bastou uma conferência de imprensa muito anunciada, a propósito da constituição de um sindicato dos ditos "trabalhadores". Já houve outros modismos deste tipo que entretanto quase desapareceram, como o "Timor Lorosae".

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EARLY MORNING BLOGS 664

Algumas Proposições com Pássaros e Árvores que o Poeta Remata com uma Referência ao Coração


Os pássaros nascem na ponta das árvores
As árvores que eu vejo em vez de fruto dão pássaros
Os pássaros são o fruto mais vivo das árvores
Os pássaros começam onde as árvores acabam
Os pássaros fazem cantar as árvores
Ao chegar aos pássaros as árvores engrossam movimentam-se
deixam o reino vegetal para passar a pertencer ao reino animal
Como pássaros poisam as folhas na terra
quando o outono desce veladamente sobre os campos
Gostaria de dizer que os pássaros emanam das árvores
mas deixo essa forma de dizer ao romancista
é complicada e não se dá bem na poesia
não foi ainda isolada da filosofia
Eu amo as árvores principalmente as que dão pássaros
Quem é que lá os pendura nos ramos?
De quem é a mão a inúmera mão?
Eu passo e muda-se-me o coração


(Ruy Belo)

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Bom dia!

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18.12.05


QUADROS DE UMA EXPOSIÇÃO:
7. APOTEOSE DA GUERRA (VERESHCHAGIN)



Vasily Vereshchagin foi, quase toda a sua vida, pintor e militar. Conhecia bem os campos de batalha russos, os campos de batalha das fronteiras do leste e do sul, entre o Cáucaso e as velhas cidades que tinham sido de Tamerlão e Gengis Cão. Pintou como ninguém esses extremos de violência e exotismo, essas terras bravas onde governavam emires cruéis e onde ninguém entrava. Muita da história russa fez-se nesse confronto com fronteiras de outras religiões, outras raças e outras civilizações. Vereshchagin pintava a desolação e a crueldade da guerra, de tal maneira que foi considerado anti-patriota, ele que sempre se destacou pela coragem na frente de combate. Alguns dos seus quadros têm para os russos um valor icónico, e são conhecidos por todos.

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LENDO / VENDO /OUVINDO
(BLOGUES, JORNAIS, TELEVISÕES, IMAGENS, SONS, PAPÉIS, PAREDES)

(18 de Dezembro)


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Ouvindo Tom Zé "Senhor Cidadão", no Almocreve das Petas.

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Pergunta a "Laurindinha" no Abrigo da Pastora:

"Laurindinha não é uma doutora da Igreja nem almeja sê-lo. Prefere conhecer pedras e riachos a dogmas. Por isso, surgem-lhe, às vezes, algumas dúvidas sobre a doutrina católica.

Por exemplo, nunca percebeu muito bem até quando se tem direito ao limbo. Será até ao primeiro choro interesseiro?

E agora? Se a hierarquia católica decreta o fim do limbo, para onde vai Alberto Caeiro?"

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No Público "desligado", um artigo de João Bénard da Costa sobre o Padre Manuel Antunes:
"A primeira vez que o vi foi no fundo da "sala capitular" do claustro do velho Convento de Jesus, corria o ano de 1957. Eu tinha feito 21 anos, ele ia fazer 39. Eu estava a acabar o 3.º ano do curso de Ciências Histórico-Filosóficas na Faculdade de Letras, à época moradora nesse convento e dirigida por Vitorino Nemésio. Ele acabava de ser convidado pelo mesmo Nemésio - no gesto mais feliz de funções que exerceu com manifesto desconforto - para ensinar História da Cultura Clássica e História da Civilização Romana.

Ao padre Manuel Antunes - embora eu nada conheça da sua vida pessoal nem conheça quem conheça - poderá talvez aplicar-se o que ele próprio disse um dia de Kierkegaard: "Um ser que nunca foi criança, nunca foi adolescente, nunca foi jovem, mas adulto, sempre adulto." Aos 39 anos, parecia ter 50. Como recordarão os que o conheceram, o físico não o ajudava. De meã estatura, magríssimo, lívido, com um fio de voz, parecia, nos hábitos talares que, nesses tempos, nenhum sacerdote dispensava e muito menos um servo de Jesus, a própria encarnação do beato asceta, que o secular anticlericalismo português investiu no padre, quando o não investia com a malícia e os prazeres da mesa, na imagem caricatural dos abades do Minho."

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EARLY MORNING BLOGS 663

Owed to New York


Vulgar of manner, overfed,
Overdressed and underbred,
Heartless, Godless, hell's delight,
Rude by day and lewd by night;
Bedwarfed the man, o'ergrown the brute,
Ruled by boss and prostitute:
Purple-robed and pauper-clad,
Raving, rotting, money-mad;
A squirming herd in Mammon's mesh,
A wilderness of human flesh;
Crazed by avarice, lust and rum,
New York, thy name's "Delirium."


(Byron Rufus Newton)

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Bom dia!, à hora do brunch...

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© José Pacheco Pereira
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