ABRUPTO

18.12.05


LENDO / VENDO /OUVINDO
(BLOGUES, JORNAIS, TELEVISÕES, IMAGENS, SONS, PAPÉIS, PAREDES)

(18 de Dezembro)


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Ouvindo Tom Zé "Senhor Cidadão", no Almocreve das Petas.

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Pergunta a "Laurindinha" no Abrigo da Pastora:

"Laurindinha não é uma doutora da Igreja nem almeja sê-lo. Prefere conhecer pedras e riachos a dogmas. Por isso, surgem-lhe, às vezes, algumas dúvidas sobre a doutrina católica.

Por exemplo, nunca percebeu muito bem até quando se tem direito ao limbo. Será até ao primeiro choro interesseiro?

E agora? Se a hierarquia católica decreta o fim do limbo, para onde vai Alberto Caeiro?"

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No Público "desligado", um artigo de João Bénard da Costa sobre o Padre Manuel Antunes:
"A primeira vez que o vi foi no fundo da "sala capitular" do claustro do velho Convento de Jesus, corria o ano de 1957. Eu tinha feito 21 anos, ele ia fazer 39. Eu estava a acabar o 3.º ano do curso de Ciências Histórico-Filosóficas na Faculdade de Letras, à época moradora nesse convento e dirigida por Vitorino Nemésio. Ele acabava de ser convidado pelo mesmo Nemésio - no gesto mais feliz de funções que exerceu com manifesto desconforto - para ensinar História da Cultura Clássica e História da Civilização Romana.

Ao padre Manuel Antunes - embora eu nada conheça da sua vida pessoal nem conheça quem conheça - poderá talvez aplicar-se o que ele próprio disse um dia de Kierkegaard: "Um ser que nunca foi criança, nunca foi adolescente, nunca foi jovem, mas adulto, sempre adulto." Aos 39 anos, parecia ter 50. Como recordarão os que o conheceram, o físico não o ajudava. De meã estatura, magríssimo, lívido, com um fio de voz, parecia, nos hábitos talares que, nesses tempos, nenhum sacerdote dispensava e muito menos um servo de Jesus, a própria encarnação do beato asceta, que o secular anticlericalismo português investiu no padre, quando o não investia com a malícia e os prazeres da mesa, na imagem caricatural dos abades do Minho."

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© José Pacheco Pereira
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