ABRUPTO |
semper idem Ano XIII ...M'ESPANTO ÀS VEZES , OUTRAS M'AVERGONHO ... (Sá de Miranda) _________________ correio para jppereira@gmail.com _________________
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4.12.04
APRENDENDO COM O PADRE ANTÓNIO VIEIRA: "ANTES QUERIAM UMA ESTÁTUA QUE LHES DISSESSE OS FUTUROS, QUE UM DEUS QUE LHOS ENCOBRIA"
"Como é inclinação natural no homem apetecer o proibido e anelar ao negado, sempre o apetite e curiosidade humana está batendo às portas deste segredo, ignorando sem moléstia muitas cousas das que são, e afetando impaciente a ciência das que hão de ser. Por este meio veio o Demónio a conseguir que o homem lhe desse falsamente a divindade, que o mesmo demónio com igual falsidade lhe tinha prometido. E senão, pergunto: Quem foi o que introduziu no Mundo, sem algum medo, mas antes com aplauso, a adoração do Demónio? Quem fez que fosse tão frequentado e consultado o ídolo de Apolo em Delfos? O de Júpiter em Babilónia? O de Juno em Cartago? O de Vénus no Egito? O de Dafne em Antioquia? O de Orfeu em Lesbo? O de Fauno em Itália? O de Hércules em Espanha, e infinitos outros em muitas partes? Não há dúvida que o desejo insaciável que os homens sempre tiveram de saber os futuros, e a falsa opinião dos oráculos com que o Demónio respondia naquelas estátuas, foram os que todo este culto lhe granjearam, sendo certo que, se Deus, vindo ao Mundo, não emudecera (como emudeceu) os oráculos da Gentilidade, grande parte do que hoje é fé, fora ainda idolatria. Tão mal sofreram os homens que Deus reservasse para si a ciência dos futuros, que chegaram a dar às pedras a divindade própria de Deus, só porque Deus fizera própria da divindade esta ciência: antes queriam uma estátua que lhes dissesse os futuros, que um Deus que lhos encobria." (url)
PERGUNTA
Depois de ver um homem, que tinha acabado de ser constituído arguido, acusado de crimes de corrupção desportiva, a ser recebido com palmas por 25000 pessoas num estádio onde se dava uma competição desportiva, dá para acreditar nas conversas indignadas dos portugueses contra os corruptos ? (url) (url)
EARLY MORNING BLOGS 377
Walkers With The Dawn Being walkers with the dawn and morning, Walkers with the sun and morning, We are not afraid of night, Nor days of gloom, Nor darkness-- Being walkers with the sun and morning. (Langston Hughes) * Bom dia! (url) 3.12.04
JÁ SE PERCEBEU
como uma parte da campanha de Santana Lopes será feita: o governo caiu porque os grandes interesses económicos não queriam o OE, as suas medidas de combate à fraude fiscal, e de imposição de impostos à banca. É hábil, apela ao populismo, e aos amadores das teorias da conspiração, mas não é verdade. (url) (url)
APRENDENDO COM O PADRE ANTÓNIO VIEIRA: "O HOMEM, FILHO DO TEMPO"
Nenhuma cousa se pode prometer à natureza humana mais conforme ao seu maior apetite, nem mais superior a toda a sua capacidade, que a notícia dos tempos e sucessos futuros; e isto é o que oferece a Portugal, à Europa e ao Mundo esta nova e nunca vista história. As outras histórias contam as cousas passadas, esta promete dizer as que estão por vir; as outras trazem à memória aqueles sucessos públicos que viu o Mundo; esta intenta manifestar ao Mundo aqueles segredos ocultos e escuríssimos que não chega a penetrar o entendimento. Levanta-se este assunto sobre toda a esfera da capacidade humana, porque Deus, que é a fonte de toda a sabedoria, posto que repartiu os tesouros dela tão liberalmente com os homens, e muito mais com o primeiro, sempre reservou para si a ciência dos futuros, como regalia própria da divindade. Como Deus por natureza seja eterno, é excelência gloriosa, não tanto de sua sabedoria, quanto de sua eternidade, que todos os futuros lhe sejam presentes; o homem, filho do tempo, reparte com o mesmo a sua ciência ou a sua ignorância; do presente sabe pouco, do passado menos e do futuro nada. A ciência dos futuros — disse Platão — é a que distingue os deuses dos homens, e daqui lhes veio sem dúvida aquele antiquíssimo apetite de serem como deuses. Aos primeiros homens, a quem Deus tinha infundido todas as ciências, nenhuma lhes faltava senão a dos futuros, e esta lhes prometeu o Demônio com a divindade, quando lhes disse: Eritis sicut Dii, scientes bonum et malum. Mas ainda que experimentaram o engano, não perderam o apetite. Esta foi a herança que nos ficou do Paraíso, este o fruto daquela árvore fatal, bem vedado e mal apetecido, mas por isso mais apetecido, porque vedado. (url)
LÓGICAS
É muito simples perceber a diferença entre lógicas pessoais e partidárias e o interesse nacional. Aqueles que esperam (mais do que isso, desejam) que Santana Lopes concorra a eleições, as perca e depois, vulnerável, possa perder o partido, seguem uma estrita lógica pessoal e de grupo partidário. A esses pouco importa que Sócrates e o PS possam governar quatro anos, ou que Santana Lopes ferido possa arrastar o PSD para uma vendetta colectiva. Quem pensa na situação nacional tem urgência. (url) (url)
EARLY MORNING BLOGS 376
Waiting Today I will let the old boat stand Where the sweep of the harbor tide comes in To the pulse of a far, deep-steady sway. And I will rest and dream and sit on the deck Watching the world go by And take my pay for many hard days gone I remember. I will choose what clouds I like In the great white fleets that wander the blue As I lie on my back or loaf at the rail. And I will listen as the veering winds kiss me and fold me And put on my brow the touch of the world's great will. Daybreak will hear the heart of the boat beat, Engine throb and piston play In the quiver and leap at call of life. To-morrow we move in the gaps and heights On changing floors of unlevel seas And no man shall stop us and no man follow For ours is the quest of an unknown shore And we are husky and lusty and shouting-gay. (Carl Sandburg) * Bom dia! (url) 2.12.04
OS NOVOS DESCOBRIMENTOS: JUVENTUDE
Temos pois aqui uma jovem galáxia, fulgurante nos seus apenas 500 milhões de anos, fotografada por esse velho telescópio Hubble um pouco voyeur. O azul é novo, o vermelho é velho. (url)
INÉRCIA
A mim da política interessam-me as reformas. Nem sequer é preciso dizer quais são, toda a gente sabe quais são, ou, pelo menos, o sentido que devem ter. Sei também que tudo está organizado para que não se façam. Partidos, sindicatos, corporações não querem que se mexa nem um átomo nos seus pequenos poderes. Uma população com fracos recursos, com uma memória próxima da pobreza, com baixos níveis de literacia, adormecida pelo garantismo do estado e por uma sociedade dominada por mecanismos de cunha e patrocinato, também não se mobiliza facilmente para a mudança. O estado é uma poderosa máquina de geração e manutenção da mediocridade e pesa sobre todos, distribuindo os mínimos e castrando o mérito e a diferença, favorecendo a dependência subsidiada. Os governos preferem ter este estado, com os seus inúmeros cordelinhos e fios de poder, e não querem perder nem um só deles, mesmo que tudo seja frágil. A inércia é muita. Só há três antídotos a esta situação: poder forte, com a força dos votos, autoridade que vem da credibilidade, e vontade de mudança. A conjugação é raríssima, mas existe. (url)
DESTINO (ESTE É QUE ESTÁ MESMO ESCRITO NAS ESTRELAS)
O nosso caminho não é a miséria. Disso estamos mais ou menos protegidos pela UE. É a mediocridade, e a mediocridade implica a miséria para alguns, o remediamento sem folga para uma vasta maioria, e o remediamento com folga para a classe média. Quanto aos ricos, esses defendem-se sempre bem. São internacionalistas e por isso podem viver em Portugal, com mudanças, ou sem elas. O nosso atraso e mediocridade estão-se a agravar e vão continuar a agravar-se. Esta situação é particularmente grave (e vergonhosa) porque isto ocorre ao fim de milhões e milhões de contos de apoios comunitários que não se repetirão. É um lugar comum dizer que temos uma última oportunidade numa ecologia ainda não inteiramente desfavorável, antes da UE ou implodir ou realmente se voltar a Leste. Talvez tenhamos mais “últimas oportunidades”, mas desconfio que não abundem. (url)
SAMBA DE UMA REFORMA SÓ
Não me importava que houvesse um governo minimalista que tocasse o samba de uma reforma só. Que dissesse: vou gerir tudo como é habitual os governos gerirem, com competência, mas sem veleidades de mudar nada. No entanto, reformarei de fundo um aspecto da vida pública. Vou, por exemplo, desburocratizar. Onde são precisos cem papéis ficarão um ou dois. Onde demora um ano, vai demorar uma semana. E todas as pedras necessárias serão viradas. E durante quatro anos serei julgado por objectivos, como agora se diz. Talvez alguma coisa mudasse. (url)
AS NOSSAS FORMAS PARTICULARES DE CEGUEIRA
Nas crises o que mais discutimos é a parte da economia que depende do estado, por singular coincidência a área da política onde os governos têm menos margem de manobra e o comando é de Bruxelas e da globalização. A parte da política onde o comando nacional é quase total e que é mais importante para nos arrancar da mediocridade – como por exemplo a educação e a formação profissional – nunca é discutida. Ouvimos economistas e empresários sobre a crise e nunca professores, estudantes ou operários. (url) (url)
EARLY MORNING BLOGS 375
Parlez-Vous Francais? Caesar, the amplifier voice, announces Crime and reparation. In the barber shop Recumbent men attend, while absently The barber doffs the naked face with cream. Caesar proposes, Caesar promises Pride, justice, and the sun Brilliant and strong on everyone, Speeding one hundred miles an hour across the land: Caesar declares the will. The barber firmly Planes the stubble with a steady hand, While all in barber chairs reclining, In wet white faces, fully understand Good and evil, who is Gentile, weakness and command. And now who enters quietly? Who is this one Shy, pale, and quite abstracted? Who is he? It is the writer merely, with a three-day beard, His tiredness not evident. He wears no tie. And now he hears his enemy and trembles, Resolving, speaks: "Ecoutez! La plupart des hommes Vivent des vies de desespoir silenciuex, Victimes des intentions innombrables. Et ca Cet homme sait bien. Les mots de cette voix sont Des songes et des mensonges. Il prend choix, Il prend la volonte, il porte la fin d'ete. La guerre. Ecoutez-moi! Il porte la mort." He stands there speaking and they laugh to hear Rage and excitement from the foreigner. (Delmore Schwartz) * Bom dia! (url)
VER A NOITE
Sem luz, porque caiu a rede eléctrica. Com esta Lua brilhante, iluminando as nuvens por detrás, com as nuvens escuras da chuva, está uma luz esbranquiçada que se espalha por tudo. Parece o ambiente do "Noivado do Sepulcro". (url) 1.12.04
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OUVINDO CANÇÕES DE BOURVIL
enquanto escrevo sobre a crise da incubadora. Apropriado. Não tenho a letra, mas seria uma boa contribuição para o debate da "excepção cultural" a Chanson Anglaise de 1948. Mas fica agora a Tactique du Gendarme do filme Le Roi Pandore de 1949 Un gendarme doit avoir de très bons pieds. Mais c'est pas tout Mais c'est pas tout. Il lui faut aussi de la sagacité. Mais c'est pas tout Mais c'est pas tout. Car ce qu'il doit avoir et surtout C'est d'la tactiqu', De la tactiqu', dans la pratiqu' Comm' la montre a son tic tac Le gendarme a sa tactiqu'. Attendez un peu que j'vous expliqu' La taca taca tac tac tiqu' Du gendarme C'est de bien observer Sans se fair' remarquer. La taca taca tac tac tiqu' Du gendarme C'est d'avoir avant tout Les yeux en fac' des trous. Contravention Allez, allez, Pas d'discussion Allez, allez, Exécution Allez, allez, J'connais l'métier La taca taca tac tac tiqu', Du gendarme C'est de verbaliser Avec autorité. Il y a ceux qui n'ont pas d'plaque à leur vélo. Mais c'est pas tout Mais c'est pas tout. Faut courir après tous les voleurs d'autos. Mais c'est pas tout Mais c'est pas tout. Les gens disent oh les gendarmes quand on a Besoin d'eux, ils ne sont jamais là. Je réponds du tac au tac Car pensez j'ai ma tactiqu', Attendez un peu que j'vous expliqu' Refrain La taca taca tac tac tiqu', Du gendarme C'est d'être toujours là Quand on ne l'attend pas. La taca taca tac tac tiqu', Du gendarme C'est d'être perspicac' Sous un p'tit air bonnac' Contravention Allez, allez, Pas d'discussion Allez, allez, Exécution Allez, allez, J'connais l'métier La taca taca tac tac tiqu', Du gendarme C'est d'être constamment A ch'val sur l'règlement. (url)
NOTAS DA CRISE DA INCUBADORA
Assisti a uma série de debates sobre a situação política com alguns dos mais importantes jornalistas portugueses na SIC Notícias. São pessoas bem informadas, conhecedoras e quase todas capazes na sua difícil profissão. São jornalistas do topo da profissão. Muito do que discutiram foi sensato, mas falta qualquer coisa, em grande parte porque abunda outra: o cinismo. A forma peculiar do cinismo dos jornalistas que comunica mas não é semelhante à descrença dos portugueses com os políticos. Talvez do longo convívio com os políticos – estes jornalistas fazem parte de uma pequena minoria dos portugueses (os outros são os políticos) que passam o dia inteiro a falar de política – nasça uma parte importante desse cinismo. Desconto já os seus posicionamentos políticos, que se percebem com clareza. Não é daí que vem o mal. É do cinismo. O cinismo gera um grande conservadorismo nas análises. O cinismo leva-os a valorizar a continuidade, a esbater as diferenças e o resultado é que as suas análises resultam pouco dinâmicas. Existe a tendência para enunciar aquilo que chamei no passado o argumento hegeliano: o que está tem muita força. (Seria aliás interessante ouvir o que os mesmos jornalistas disseram quando se constituiu o governo Santana Lopes para ver como o que previram esteve longe de acontecer. Uma das linhas de raciocínio foi “vão ver como Santana Lopes vai ser diferente do que foi até agora…” Viu-se.) Um exemplo que me parece típico foi a forma abstracta como analisaram a próxima campanha eleitoral, com PSD e PP a concorrerem separados, como se fosse possível fazê-lo sem acrimónia ou conflito, uma impossibilidade prática a não ser que o PP se queira suicidar, o que é improvável. Os efeitos da bipolarização, inevitável em campanha, estiveram também em grande parte ausentes da análise. O papel dos conflitos internos dentro dos partidos igualmente. Por exemplo, não disseram uma linha sobre aquilo que hoje está na cabeça dos dirigentes dos aparelhos partidários, dos deputados, que não são grandes análises, nem é sequer ganhar as eleições, mas fazer as listas de deputados. Os factores de perturbação internos para uma direcção como a de Santana Lopes são consideráveis, até porque nunca assumiu esta função e é visto dentro do partido como um chefe de facção. (Continua) (url) (url)
EARLY MORNING BLOGS 374
Dream Song 29 There sat down, once, a thing on Henry's heart só heavy, if he had a hundred years & more, & weeping, sleepless, in all them time Henry could not make good. Starts again always in Henry's ears the little cough somewhere, an odour, a chime. And there is another thing he has in mind like a grave Sienese face a thousand years would fail to blur the still profiled reproach of. Ghastly, with open eyes, he attends, blind. All the bells say: too late. This is not for tears; thinking. But never did Henry, as he thought he did, end anyone and hacks her body up and hide the pieces, where they may be found. He knows: he went over everyone, & nobody's missing. Often he reckons, in the dawn, them up. Nobody is ever missing. (John Berryman) * Bom dia! (url) 30.11.04
VENHA A MOEDA BOA
Venha a boa moeda expulsar a má. Nem Santana Lopes, nem Sócrates são boas moedas. São as duas faces da mesma moeda má. É no PSD que se pode encontrar a boa moeda. Cavaco seria a melhor e deveria ponderar as consequências do seu próprio artigo no Expresso. É mais preciso no governo do que na Presidência da República. Se quiser tem tudo e todos com ele. O PSD tem que perceber que esta é a única possibilidade do oferecer ao país a melhor alternativa, (a alternativa que Santana Lopes dará ao país é o PS e Sócrates), poder ter uma maioria absoluta e fazer as reformas que o país urgentemente necessita. Não é messianismo, é realismo. É só querer. (url)
OS NOVOS DESCOBRIMENTOS: AGORA, ALGO DE VERDADEIRAMENTE ESTRANHO
Antes havia uns desenhadores científicos que ilustravam as cenas que não se podiam ver no espaço, do género: lagos de enxofre em Io, ou nascer do Sol em Titã. Agora não é preciso, pelo menos para uma parte do sistema solar. Vejam esta imagem delicada de Outro Mundo: Mimas, um pequeno satélite de Saturno, passa junto do planeta, através da transparência dos anéis que se dissolvem na noite. É de noite nesta parte de Saturno. Também há noite lá. (url) 29.11.04
A INCUBADORA E O BEBÉ DAS ESTALADAS
Se o autismo não fosse uma coisa séria, dir-se-ia que o bebé se caracteriza pelas imensas estaladas que dá a si próprio, e pela vontade persistente de arrancar os tubos da incubadora. Aliás sempre me irritou a palavra bebé, em particular para designar uma coisa como um governo, porque Bebé era um anão francês , de nome Nicholas Ferry, bobo do Rei Estanislau da Polónia e de que os franceses, com uma crueldade imensa, passaram a usar a alcunha para traumatizar as crianças. * Foi uma revelação para mim a origem da palavra «bebé». Quanto à crueldade que esta origem revela sobre os franceses, gostaria de fazer notar que é o mesmo povo que designa por «poubelle» os baldes de lixo, pelo simples facto de o seu uso se ter tornado obrigatório em virtude de um decreto de 1884 da autoria do prefeito Eugène Poubelle... (José Carlos Santos) * Em Coimbra os recipientes do lixo eram, e se calhar contiunuam a ser, designados "Jacó", ao que parece por terem sido tornado obrigatórios por um Presidente de Câmara, ou Governador Civil, senhor Jacob Qualquer Coisa... (P. Barros Viseu) * Não é isso que diz a nona edição do Dictionnaire de l'Académie francaise... De qualquer maneira, si non e vero e bene trovatto. BÉBÉ n. m. XIXe siècle. D'un radical onomatopéique beb-, variante de bab- (voir Babiller, Babine), sous l'influence de l'anglais baby. 1. Enfant en bas âge. Un bébé joufflu. C'est un beau bébé. Emmailloter, langer un bébé. Elle attend un bébé, elle est enceinte. Sans article. Une baignoire, des jouets de bébé. Fam. Faire le bébé, se conduire d'une manière puérile. Ne fais pas le bébé, tu es trop grand. S'emploie parfois comme substitut affectueux du nom propre. Faire couler le bain de bébé. Adjt. Ce garçon est encore très bébé. Expr. fig. Jeter le bébé avec l'eau du bain, voir Bain. Titre célèbre : On purge bébé, de Georges Feydeau (1910). 2. Poupée figurant un tout petit enfant. Un bébé articulé. Un bébé qui marche, qui rit. 3. Fam. Se dit parfois d'un tout jeune animal. Les bébés phoques. (Sérgio Carneiro) * Parece que temos um problema. Fui pesquisar a etimologia de "bebé" e, embora a explicação que dá no Abrupto esteja no Dicionário Etimológico de José Pedro Machado, no Petit Robert "bebé" aparece como proveniente da palavra inglesa "baby". No Dicionário Etimológico da Oxford, "baby" terá aparecido pela primeira vez no Século XIV (um pouco vago mas enfim) e é uma derivação de uma onomatopeia, neste caso a dos primeiros sons dos... bebés. Ou seja, be-be-ba-bi etc. Mas vejamos a coisa em pormenor: o dicionário francês diz que "bebé" vem do inglês "baby"; o dicionário inglês diz que vem da onomatopeia e o dicionário etimológico português confirma as duas versões: a do anão e a da onomatopeia. Parece-me mesmo uma história repetida de Portugal na UE: um bocadinho daqui, um bocadinho dali... (Carla) (url)
A INCUBADORA E A FALTA DE SENTIDO DE ESTADO
Um Primeiro-ministro, no exercício das suas funções oficiais, não pode fazer um discurso como o da "incubadora" naquele local e naquelas circunstâncias. E se um dos bombeiros, que fazia a guarda de honra, pousasse a bandeira e saísse dizendo "como não sou dessa família não tenho que estar em formatura num comício partidário...", dava uma lição bem merecida ao Primeiro-ministro e até ao país, que já começa a ficar habituado, mal habituado, a estas confusões entre partido e governo. (url) (url)
EARLY MORNING BLOGS 373
From Milton: And did those feet And did those feet in ancient time Walk upon England's mountains green? And was the holy Lamb of God On England's pleasant pastures seen? And did the Countenance Divine Shine forth upon our clouded hills? And was Jerusalem builded here, Among these dark Satanic Mills? Bring me my Bow of burning gold: Bring me my Arrows of desire: Bring me my Spear: O clouds unfold! Bring me my Chariot of fire! I will not cease from Mental Fight, Nor shall my Sword sleep in my hand, Till we have built Jerusalem In England's green & pleasant Land. (William Blake) * Bom dia! (url)
LIMITE
Está tudo a chegar ao limite, até porque o limite sempre esteve muito perto do começo. Só que a experiência portuguesa mostra que tudo está preparado para tornar o limite o lugar mais pastoso da terra e podemos ficar por lá ainda bastante tempo. A regra é a de Eliot This is the way the world ends Not with a bang but a whimper. (url) 28.11.04
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BARBAS BRANCAS
Não sei porquê mas tenho a impressão que conheço aquelas "barbas brancas" que Jerónimo de Sousa aconselhou a "cuidarem-se" e colocar de molho no seu discurso final do Congresso do PCP. (url) (url)
EARLY MORNING BLOGS 372
A MÁQUINA DO MUNDO E como eu palmilhasse vagamente uma estrada de Minas, pedregosa, e no fecho da tarde um sino rouco se misturasse ao som de meus sapatos que era pausado e seco; e aves pairassem no céu de chumbo, e suas formas pretas lentamente se fossem diluindo na escuridão maior, vinda dos montes e de meu próprio ser desenganado, a máquina do mundo se entreabriu para quem de a romper já se esquivava e só de o ter pensado se carpia. Abriu-se majestosa e circunspecta, sem emitir um som que fosse impuro nem um clarão maior que o tolerável pelas pupilas gastas na inspeção contínua e dolorosa do deserto, e pela mente exausta de mentar toda uma realidade que transcende a própria imagem sua debuxada no rosto do mistério, nos abismos. Abriu-se em calma pura, e convidando quantos sentidos e intuições restavam a quem de os ter usado os já perdera e nem desejaria recobrá-los, se em vão e para sempre repetimos os mesmos sem roteiro tristes périplos, convidando-os a todos, em coorte, a se aplicarem sobre o pasto inédito da natureza mítica das coisas, assim me disse, embora voz alguma ou sopro ou eco ou simples percussão atestasse que alguém, sobre a montanha, a outro alguém, noturno e miserável, em colóquio se estava dirigindo: "O que procuraste em ti ou fora de teu ser restrito e nunca se mostrou, mesmo afetando dar-se ou se rendendo, e a cada instante mais se retraindo, olha, repara, ausculta: essa riqueza sobrante a toda pérola, essa ciência sublime e formidável, mas hermética, essa total explicação da vida, esse nexo primeiro e singular, que nem concebes mais, pois tão esquivo se revelou ante a pesquisa ardente em que te consumiste... vê, contempla, abre teu peito para agasalhá-lo.” As mais soberbas pontes e edifícios, o que nas oficinas se elabora, o que pensado foi e logo atinge distância superior ao pensamento, os recursos da terra dominados, e as paixões e os impulsos e os tormentos e tudo que define o ser terrestre ou se prolonga até nos animais e chega às plantas para se embeber no sono rancoroso dos minérios, dá volta ao mundo e torna a se engolfar, na estranha ordem geométrica de tudo, e o absurdo original e seus enigmas, suas verdades altas mais que todos monumentos erguidos à verdade: e a memória dos deuses, e o solene sentimento de morte, que floresce no caule da existência mais gloriosa, tudo se apresentou nesse relance e me chamou para seu reino augusto, afinal submetido à vista humana. Mas, como eu relutasse em responder a tal apelo assim maravilhoso, pois a fé se abrandara, e mesmo o anseio, a esperança mais mínima — esse anelo de ver desvanecida a treva espessa que entre os raios do sol inda se filtra; como defuntas crenças convocadas presto e fremente não se produzissem a de novo tingir a neutra face que vou pelos caminhos demonstrando, e como se outro ser, não mais aquele habitante de mim há tantos anos, passasse a comandar minha vontade que, já de si volúvel, se cerrava semelhante a essas flores reticentes em si mesmas abertas e fechadas; como se um dom tardio já não fora apetecível, antes despiciendo, baixei os olhos, incurioso, lasso, desdenhando colher a coisa oferta que se abria gratuita a meu engenho. A treva mais estrita já pousara sobre a estrada de Minas, pedregosa, e a máquina do mundo, repelida, se foi miudamente recompondo, enquanto eu, avaliando o que perdera, seguia vagaroso, de mãos pensas. (Carlos Drummond de Andrade) * Bom dia! (url)
© José Pacheco Pereira
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