ABRUPTO

13.11.04


EARLY MORNING BLOGS 360

"Star Light, Star Bright--"


Star, that gives a gracious dole,
What am I to choose?
Oh, will it be a shriven soul,
Or little buckled shoes?

Shall I wish a wedding-ring,
Bright and thin and round,
Or plead you send me covering-
A newly spaded mound?

Gentle beam, shall I implore
Gold, or sailing-ships,
Or beg I hate forevermore
A pair of lying lips?

Swing you low or high away,
Burn you hot or dim;
My only wish I dare not say-
Lest you should grant me him.


(Dorothy Parker)

*

Bom dia!

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12.11.04


A LER

No Homem a Dias Muqata, banana e cola e, como comentário acertado, no Blasfémias O fenómeno Timor-Lorosae revisitado. Tanta palermice sobre Arafat que se tem ouvido, de todos, desde as "altas autoridades" aos jornalistas excitados, que ao mais pequeno pretexto ideológico se revelam prontos a morrer como profissionais (simbolicamente claro) pela causa. Falta tudo: pudor, critérios, vergonha, conhecimento, juízo.

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OS NOVOS DESCOBRIMENTOS: O NOTÍCIAS DO UNIVERSO



Pouco a pouco, as notícias são do Universo, embora o suplemento mais activo seja hoje do Sistema Solar. A sonda Opportunity desiste de subir pela parede da cratera (foto). Ondas atravessam os anéis de Saturno. É Plutão um verdadeiro planeta? Já viram o retrato em raio X da Próxima Centauri? Problemas com as rodas da frente do Spirit. Correm bem os preparativos para lançar um barco à vela muito especial, movido pelo vento solar. Nova fotografia de Tetis e das suas crateras. Pouco a pouco.

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AR PURO


Carl Agricola

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EARLY MORNING BLOGS 359

La dulce boca


La dulce boca que a gustar convida
un humor entre perlas destilado,
y a no invidiar aquel licor sagrado
que a Júpiter ministra el garzón de Ida,

¡amantes! no toquéis si queréis vida:
porque entre un labio y otro colorado
Amor está de su veneno armado,
cual entre flor y flor sierpe escondida.

No os engañen las rosas que al Aurora
diréis que aljofaradas y olorosas
se le cayeron del purpúreo seno.

Manzanas son de Tántalo y no rosas,
que después huyen dél que incitan ahora
y sólo del Amor queda el veneno.


(Luis de Góngora)

*

Bom dia!

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11.11.04


EM VEZ DO ESTADO A PARÓQUIA

Os Conselhos de Ministros fora de Lisboa não são novidade. O actual governo tem-se especializado nesse tipo de reuniões, mas seria injusto atribuir-lhe apenas este tipo de práticas. A percursora foi a eng. Pintasilgo, mas muitos outros governos do PS e PSD também andaram em passeio pelo "interior". É uma maneira fácil de parecer que se faz alguma coisa sobre a parte mais deprimida do país e, face à indiferença da comunicação social nacional, sempre se pode obter algum interesse da regional. Em véspera de eleições autárquicas, tem também alguma utilidade.

Só que há mais outra coisa. Nota-se outra coisa: a dificuldade que tem o Primeiro-ministro em entender a governação acima do nível das autarquias, ao nível do Estado. Ele tem tendência para governar o país como se fosse o Presidente da Câmara de Portugal. Tem pouco interesse e conhecimento das matérias exclusivas do Estado, Negócios Estrangeiros, Defesa, Administração Interna, que deixa praticamente em autogestão aos respectivos ministros. Na macro-economia não se mete, o que faz bem. Na micro já não estou certo, porque a politização dos nossos negócios é enorme.

Sobra o que sobra: a gestão político-partidária a partir do estado, a propaganda, chamada “imagem”, matérias a que sabemos dedica grande atenção. E depois sobra aquele misto de governo paternalista, envolvendo clientelas e patrocinato, proximidade e festa popular, banda, majoretes e desfile dos bombeiros, inaugurações e foguetes, boletim com cem fotografias e cartazes de promessas, notáveis agradecidos e “sessões solenes”, que é tão típico da forma paroquial como são geridas as autarquias.

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INTENDÊNCIA

Actualizadas as notas A FELICIDADE, IDEIA NOVA NA EUROPA 2, e APRENDENDO COM O PADRE ANTÓNIO VIEIRA.

Em actualização os ESTUDOS SOBRE O COMUNISMO.

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OUÇAM COMO SE ESCREVIA

numa vulgar revista popular, há meio século, quando o povo ainda estava "lá na sua":

(...) é no dia 11 de Novembo, dia de S.Martinho, ditoso Bispo de Tours, nascido na Hungria e discipulo do papa Santo Hilário – que o culto da castanha se unifica com Baco, sacrificador de quantos tonéis virgens escaparam à gula de católicos e pagãos. Talvez por isso, a sabedoria popular esceveu um axioma inviolável e usureiro:

No dia de S. Martinho
Mata o porquinho
Abre o pipinho
Rebusca o soitinho
E põe-te de mal com o teu vizinho.

Lá na sua, o povo quer dizer que, em familia, se devem saborear os últimos bocados gostosos do ano: as febras do porco, o vinho novo e as derradeiras castanhas achadas ao rebusco.


(da revista Ver Para Crer, nº 19, Novembro de 1946, enviada por R.)


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UM VULCÃO QUE CUMPRE O SEU DEVER


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EARLY MORNING BLOGS 358

Rhetorical Questions

How do you think I feel
when you make me talk to you
and won't let me stop
till the words turn into a moan?
Do you think I mind
when you put your hand over my mouth
and tell me not to move
so you can "hear" it happening?


And how do you think I like it
when you tell me what to do
and your mouth opens
and you look straight through me?
Do you think I mind
when the blank expression comes
and you set off alone
down the hall of collapsing columns?


(Hugo Williams)

*

Bom dia!

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10.11.04


BIBLIOFILIA 2



Folha de um catálogo de tatuagens com os preços manuscritos.

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APRENDENDO COM O PADRE ANTÓNIO VIEIRA: AS DUAS CHAVES

"Não sei se reparais em que deu Cristo a S. Pedro não só chave, senão chaves: Jibi dabo claves. Para abrir as portas do céu bastava uma só chave: pois, por que lhe dá Cristo duas? Porque assim como há caminhos contra caminhos, assim há portas contra portas: Portae inferi non praevalebunt adversus eram. Há caminhos contra caminhos, porque um caminho leva a Cristo, e outro pode levar a Herodes; e há portas, contra portas porque umas são as portas do céu, e outras as portas do inferno, que o encontram. Por isso, é necessário que as chaves sejam duas, e que ambas estejam na mesma mão. Uma com que Pedro possa abrir as portas do céu, e outra com que possa aferrolhar as portas do inferno; uma com que possa levar os gentios a Cristo, e outra com que os possa defender do demônio, e seus ministros. E toda a teima do mesmo demônio e do mesmo inferno, é que estas chaves e estes poderes se dividam, e que estejam em diferentes mãos."

*

"Essa do “Aprendendo com o Padre António Vieira” é um mistério, pois nunca percebi o que é suposto aprender! Que é um delírio lê-lo, é sim. Que ainda é mais delirante lê-lo citando Jesus Cristo e em latim (dois factos só por si do domínio do virtual), é sim. Mas aprender aprender, só se for algo sobre a prosa barroca portuguesa. "

(J.)

*

"O que eu aprendi com o Padre António Vieira no Abrupto:

Duas Chaves

Há caminhos contra caminhos, porque um caminho leva a Cristo, e outro pode levar a Herodes; e há portas, contra portas porque umas são as portas do céu, e outras as portas do inferno, que o encontram. Por isso, é necessário que as chaves sejam duas, e que ambas estejam na mesma mão.

Breu da barca

Mas eu não me posso persuadir que, quando S. Pedro acabava de honrar a Cristo por seu Pai, com o nome de Filho de Deus vivo, o Senhor lhe respondesse com o que tanto lhe tocava no vivo, como ouvir em público a indignidade do seu.

Como se dissera o divino Mestre com resposta muito digna da sua grandeza: «Tu, Pedro, dizes que eu sou Filho do Eterno Padre? Pois eu te digo que tu és filho do Espírito Santo»."

O Ó

A figura mais perfeita e mais capaz de quantas inventou a natureza e conhece a geometria é o círculo.

As línguas falam, o fogo alumia

Para converter almas, não bastam só palavras: são necessárias palavras e luz.

Uns aprendem, outros não

O mestre na cadeira diz para todos, mas não ensina a todos. Diz para todos, porque todos ouvem; mas não ensina a todos, porque uns aprendem, outros não.

Acho que basta, por ora."

(R.M.)

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BIBLIOFILIA



Uma volta pelos alfarrabistas revelou coisas curiosas: um cartaz anti-alcoólico dos anos cinquenta do Congo Belga, e um livro anticomunista sobre Lenine, traduzido para português, e publicado nos anos trinta.

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A FELICIDADE, IDEIA NOVA NA EUROPA 2

"É muito reveladora a questão da felicidade e da alegria e paz, assim como a forma como as palavras são utilizadas ao longo dos tempos.
Mas o que importa é que o latim era uma língua composta, essencialmente, por vocábulos concretos e, principalmente, ligados às actividades dos homens. Assim FELIX, ICIS significava fecundo, fértil, só mais tarde passou a adquirir o significado que lhe damos hoje. Enquanto a palavra alegre, do latim ALACER, ALACRIS,(-IS, -E) significava vivo, esperto, alegre. Daí provavelmente, as palavras alegria e paz serem as que aparecem na Bíblia.
Quanto a Bonheur (bon heur>> sendo a combinação de bon(bonus,a,um) e heur que ainda existe em françês e significa sorte, logo o significado de bonheur é mais próximo de boa sorte, i.e., algo aleatório, algo não controlável, algo deixado ao acaso... e a sorte de Saint Just acabou como a de Robespierre."

(Ana da Palma)

*

"Penso que não se deverá esquecer o termo "bem-aventurados", muito repetido no sermão das bem-aventuranças, que significará o mesmo que "felizes". Quando Jesus Cristo afirma «bem-aventurados os que sofrem», no fundo, julgo, quer dizer «felizes os que sofrem», ou melhor, «alcançarão felicidade os que sofrem»; a felicidade aqui entendida como a «glória celestial». "

(Mário Azevedo)


*

"Entretanto, e a propósito do luminoso esclarecimento do leitor ácerca da “bem-aventurança” – e que me parece de facto cabal – ocorrem-me outras afirmações bíblicas que me parecem de maior valor existencial que a frase de Cristo que o leitor cita. Nomeadamente, a afirmação: “bem-aventurados os pobres de espírito porque será deles o reino dos céus”.

Se associar isto à parábola sobre os “lírios do campo”, julgo que fica bem expressa a ideia de que a felicidade requer conformismo com o curso essencial da vida (da nossa e da dos outros em geral). O que obviamente está nos antípodas da visão comunista sobre a capacidade do Homem se transformar a si próprio (e aos outros) pela força da vontade. Visão, de resto, comum ao fascismo militante e aos fundamentalismos religiosos."

(José Luís Pinto de Sá)

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COISAS SIMPLES


Karel Appel, Nu couché

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EARLY MORNING BLOGS 357

Catch a Little Rhyme


Once upon a time
I caught a little rhyme

I set it on the floor
but it ran right out the door

I chased it on my bicycle
but it melted to an icicle

I scooped it up in my hat
but it turned into a cat

I caught it by the tail
but it stretched into a whale

I followed it in a boat
but it changed into a goat

When I fed it tin and paper
it became a tall skyscraper

Then it grew into a kite
and flew far out of sight...


(Eve Merriam)

*

Bom dia!

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OS NOVOS DESCOBRIMENTOS: ONDAS



nos anéis de Saturno. Ondas, sinais, perturbações no meio, flutuações. Augúrios. Os planetas falam.

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APRENDENDO COM ROSALIA DE CASTRO SOBRE A "VENTURA"

A VENTURA É TRAIDORA


Tembra a que unha inmensa dicha
neste mundo te sorprenda;
grorias, aqui, sobrehumanas
trán desventuras supremas
Nin maxines que pasan os dores
como pasan os gustos na terra;
hai inferno na memória,
cando n’os hai na concencia!


Cal arraigan as hedras nos muros,
Nalguns eitos arraigan as penas,
e unhas van minando a vida
cal minan óutralas pedras.
Si; tembra cando no mundo
sintas una dicha inmensa:
val máis que a túa vida corra
Cal corre a iagua serena.


(Enviado por R.M.)

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INTENDÊNCIA

Actualizado A FELICIDADE, IDEIA NOVA NA EUROPA.

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9.11.04


COISAS SIMPLES


Helen Allingham, Thomas Carlyle

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A FELICIDADE, IDEIA NOVA NA EUROPA

Numa conferência citei a frase de Saint Just, no dia 3 de Março de 1794, na Convenção : « Le bonheur est une idée neuve en Europe. ». Numa conversa a seguir, O.A. disse-me: “Na Bíblia nunca se usa a palavra felicidade, só se fala de alegria e paz”, o que tornava a frase de Saint Just ainda mais interessante e certeira. Fui verificar e encontrei a palavra “felicidade” apenas duas vezes na Bíblia e num contexto que só confirma a razão de Saint Just com a “novidade” da ideia. Uma, em Job 30,15, “como nuvem passou a minha felicidade”, e outra em Lamentações 3, 17, “esqueci-me do que seja a felicidade”. Em ambos os casos a “felicidade” é um estado passado e nunca um objectivo.

*

A S. fez uma procura suplementar com a palavra "feliz" e encontrou dezoito resultados. Embora "feliz" e "felicidade" não sejam a mesma coisa, a análise dos resultados só confirma o que se diz antes. Por exemplo:

"Feliz é o homem que me dá ouvidos, velando cada dia às minhas entradas, esperando junto às ombreiras da minha porta." [Provérbios 8,34]

"O que despreza ao seu vizinho peca; mas feliz é aquele que se compadece dos pobres." [Provérbios 14,21]

"O que atenta prudentemente para a palavra prosperará; e feliz é aquele que confia no Senhor." [Provérbios 16,20]

"Tenho-me por feliz, ó rei Agripa, de que perante ti me haja hoje de defender de todas as coisas de que sou acusado pelos judeus" [Actos dos Apóstolos 26,2]

"Será, porém, mais feliz se permanecer como está, segundo o meu parecer, e eu penso que também tenho o Espírito de Deus." [I Coríntios 7,40]

*

"Como alemã e protestante, posso lhe garantir, que Lutero na sua tradução da Bíblia somente uma única vez utiliza a palavra "Glück" nos exemplos citados (Provérbios, 16,20). Não quero entrar em pormenores, mas o contexto em Provérbios 8,34 é de tal forma, que a tradução "feliz" deturpa a mensagem. Este pormenor lembra-me, antes de mais, as definições e distinções que Hannah Ahrendt faz relativamente às culturas europeias que conheceram ou não a Reforma."

(Monika Kietzmann Lopes)

*

"Assim não vale! Então os tempos presente (muitas vezes com sentido de futuro prometido) e futuro confirmam que "a 'felicidade' é um estado passado e nunca um objectivo"? :)
Mais felicidade bíblica (outra tradução) aqui e aqui".

(S.)

*

"É uma discussão interessante porque há também ainda “restos” da ideia contrária imputada ao catolicismo, que se está na vida para sofrer e que esse sofrimento é que nos leva ao céu, ou à vida eterna. Claro que a felicidade e o sofrimento longe de serem ideias opostas são meramente reversos de uma mesma medalha, pois o sofrimento, neste caso, vale como a não-aceitação da felicidade enquanto objectivo a perseguir, por ser tão indigna, tão pagã? É também interessante porque nos obriga a pensar e procurar o que movia as pessoas antes dessa busca da felicidade, e ver o que realmente mudou na forma de pensar de estar na vida. E finalmente fica a questão de se no mundo não ocidental essa busca é também o cerne da vida dos homens e das mulheres ou se ela vem com o “package” da ocidentalização e do “americam way of life” a que se aspira."

(J.)

*

"É preciso ver o latim da Vulgata e o grego dos Setenta. Ora nos versículos dos Provérbios que foram referidos o termo é sempre beatus. E sobre a beatitude futura há na Escritura mais de uma centena de ocorrências. Que Lutero fugia da felicidade é coisa sabida (Calvino ainda mais…), mas será que o mesmo se pode dizer do Novo Testamento? Entre tantos passos escolhidos estranho que ninguém se tenha lembrado da Magna Carta da felicidade, o bem conhecido Sermão da Montanha, Mt 5, 1-12 (ou Lc 6, 20-35). (em boa verdade não estranho nada) Claro que aqui não se trata da 'felicidade' revolucionária que matou milhões de infelizes (na guilhotina, a tiro ou à baioneta: Paris, Vendeia, guerras napoleónicas, etc.), nem da 'felicidadezinha' do bem-estar (curiosa esta substituição do ser pelo estar), mas simplesmente da real bem aventurança que se experimenta já e ainda não…"

(fbp)

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LER, ESCREVER, CONTAR E VER TELEVISÃO

O que a escola deve ensinar hoje.

(Contraditório: que a escola não pode ensinar-nos hoje, porque a escola mais eficaz já é a televisão, e a televisão não tem espessura para se ver a si própria.)

Ou, mais exactamente, ler, escrever, contar e saber ler/ver o fluxo digital que nos chega por vários média (televisão, CDs, rádio, Internet) e que no futuro nos chegará de forma integrada numa nova forma de Internet, que terá tudo: música, imagem, televisão, interactividade, jogos.

E que estará perto de nós. Que estará muito perto de nós: nas paredes da casa, na roupa, no corpo.

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8.11.04


A VER

Uma bela Astronomy Picture of Today, tirada na terra dos turcos.

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Helena Almeida

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EARLY MORNING BLOGS 356

Départ



Ici, l'Empire au centre du monde. La terre ouverte au labeur des vivants. Le continent milieu des Quatre-mers. La vie enclose, propice au juste, au bonheur, à la conformité.
Où les hommes se lèvent, se courbent, se saluent à la mesure de leurs rangs. Où les frères connaissent leurs catégories : et tout s'ordonne sous l'influx clarificateur du Ciel.
o
Là, l'Occident miraculeux, plein de montagnes au-dessus des nuages ; avec ses palais volants, ses temples légers, ses tours que le vent promène.
Tout est prodige et tout inattendu : le confus s'agite : la Reine aux désirs changeants tient sa cour. Nul être de raison jamais ne s'y aventure.
o
Son âme, c'est vers Là que, par magie, Mou-wang l'a projetée en rêve. C'est vers là qu'il veut porter ses pas.
Avant que de quitter l'Empire pour rejoindre son âme, il en a fixé, d'Ici, le départ.

(Victor Segalen)

*

Bom dia!

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7.11.04


POEIRA DE 7 DE NOVEMBRO (2)

Hoje, há oitenta e sete anos, em Petrogrado, um pequeno partido socialista radical que não queria aceitar os resultados das eleições, organizou uns grupos armados que tomaram as sedes do governo na cidade. Praticamente não houve resistência, e, no Palácio de Inverno, só meia dúzia de mulheres soldados renderam-se sem combate. O que aconteceu neste dia mudou totalmente o século XX. Quem se lembra?

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POEIRA DE 7 DE NOVEMBRO

Entre ontem e hoje, há sessenta e seis anos, Cesare Pavese descreveu assim o seu dia (noite): "Passei toda a noite sentado diante de um espelho para fazer companhia a mim próprio". No limite, há quem acabe assim, com o espelho por companhia. Não me parece brilhante, até porque acho que falam os dois do mesmo.

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APRENDENDO COM O PADRE ANTÓNIO VIEIRA: O BREU DA BARCA

"Quando S. Pedro acabou de fazer a sua confissão, disse-lhe o mesmo Cristo assim exaltado: Beatus es, Simon Barjona: Bem-aventurado és, Simão Barjona. Era este o apelido humilde de Pedro, e que cheirava ainda ao breu da barca; e têm para si alguns expositores, quis o Senhor lembrar-lhe nesta ocasião a baixeza do seu nascimento, para que a dignidade, a que logo o havia de levantar, o não desvanecesse. Mas eu não me posso persuadir que, quando S. Pedro acabava de honrar a Cristo por seu Pai, com o nome de Filho de Deus vivo, o Senhor lhe respondesse com o que tanto lhe tocava no vivo, como ouvir em público a indignidade do seu. E o que em tal caso não faria nenhum homem de bem, não havemos de crer que o fizesse o bem dos homens. Qual foi logo a razão daquele nome ou sobrenome, e em resposta do que Pedro tinha dito? Barjona na língua hebréia ou siríaca que naquele tempo era a vulgar, significa filius columbæ, filho da pomba; e dizem comumente os Santos Padres que aludiu o Senhor à pomba, em cuja figura desceu o Espírito Santo no baptismo sobre o mesmo Cristo. Como se dissera o divino Mestre com resposta muito digna da sua grandeza:__ «Tu, Pedro, dizes que eu sou Filho do Eterno Padre? Pois eu te digo que tu és filho do Espírito Santo»."

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INTENDÊNCIA

Em actualização os ESTUDOS SOBRE COMUNISMO.

Colocados os textos O ASSALTO AO INDIVÍDUO e o TORRÃOZINHO DE AÇÚCAR, ambos de Novembro 2000, no VERITAS FILIA TEMPORIS.

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AR PURO


Levitan, Sombras. Noite de Luar

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EARLY MORNING BLOGS 355

Cold Morning

Through an accidental crack in the curtain
I can see the eight o'clock light change from
charcoal to a faint gassy blue, inventing things

in the morning that has a thick skin of ice on it
as the water tank has, so nothing flows, all is bone,
telling its tale of how hard the night had to be

for any heart caught out in it, just flesh and blood
no match for the mindless chill that's settled in,
a great stone bird, its wings stretched stiff

from the tip of Letter Hill to the cobbled bay, its gaze
glacial, its hook-and-scrabble claws fast clamped
on every window, its petrifying breath a cage

in which all the warmth we were is shivering.


(Eamon Grennan)

*

Bom dia!

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© José Pacheco Pereira
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