ABRUPTO

4.6.11

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EARLY  MORNING BLOGS
 


2036
 
Quem diz a verdade, acaba no caminho do exílio.

(Provérbio turco.)

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3.6.11


ESPÍRITO DO TEMPO: HOJE

 
Passagem do tempo por um banco do jardim de S. Amaro. (RM)

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COISAS DA SÁBADO:  PARABÉNS AO PEDRO TADEU

O jornalista do Diário de Notícias Pedro Tadeu deu um exemplo aos seus colegas de profissão, dizendo, num artigo intitulado “factos que o leitor destes textos deve saber”, que era militante do PCP há vinte anos, votou e vai votar na CDU, e não queria nenhuma confusão dos seus leitores nessa matéria. É algo que me parece saudável, em particular em alguém que escreve textos de opinião na condição de jornalista, o que é substancialmente diferente de encontrar, tratar e publicar notícias, dentro do trabalho colectivo do jornal, que implica outro tipo de normas com carácter profissional. Depois, há os que são bons, com cartão ou sem ele, e os que são maus, com cartão ou sem ele.

Quando a fidelidade da pessoa é a uma ideia, a uma política, e não a um lugar, ou a uma carreira, real ou expectável, nenhum mal vem daí, nenhuma perda de valor, na medida em que ninguém é asséptico e ter posições por convicção ganha em ser o mais transparente possível quanto ao modo e à configuração dessa convicção. Nessa configuração está, em democracia, a pertença a um partido político ou a um “lado” ideológico, e até a defesa de interesses sociais, o que também não faz mal a ninguém, bem pelo contrário.
A ele, como a ninguém, não existe nenhuma obrigação de se identificar politicamente, mas prefiro ler um artigo de opinião sabendo quem é que o escreve do que assistir a malabarismos de má fé para se prestar serviço a uma causa ou a uma homem ou a uma “situação”, sempre em nome de uma condição de jornalistas que se arrogam uma objectividade com valor de superioridade moral e de “isenção”.

No Diário de Notícias, o gesto de Pedro Tadeu é ainda mais de valorizar, porque aí a tradição do “situacionismo” é forte, vem de antes do 25 de Abril, passou pelo PREC, depois pelo socialismo soarista e por fim, na actual transumância do “socratismo” para o “passismo”, que começou ainda antes de Manuela Ferreira Leite cair, tornando áreas do jornal (felizmente não todas e nem com todos os jornalistas), em porta-vozes disfarçados dos novos poderes. Fazia-lhes bem seguirem o exemplo de Pedro Tadeu e explicarem-nos num qualquer artigo de opinião que são militantes activos em blogues de apoio a Passos Coelho, na campanha e no marketing do PSD, e que só um cego não percebe como isso tem a ver com o modo como escrevem, titulam, valorizam em fotos e enquadramento, a sua causa. É que se dá por isso muito bem, mas sem haver a transparência de o dizer aos leitores do jornal.

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COISAS DA SÁBADO
A SOLUÇÃO PARA A GORDURA DO ESTADO: MANDÁ-LO PARA O PROGRAMA DA JÚLIA PINHEIRO

Eu não tenho dúvida que temos Estado a mais, onde ele deveria estar a menos, e a menos, onde ele deveria estar a mais. Há pelo menos vinte anos isto é uma verdade de La Palice, aquele que "un quart d'heure avant sa mort, il était encore en vie." Mas “mexer” no Estado exige conhecimento do país, - cada país seu estado, cada país sua configuração do estado, cada país sua “história” do estado - , e conhecimento concreto de como ele existe e dos seus procedimentos, funções e disfunções. Esta parte já tem uma componente programática e ideológica, mas tem sentido se for acompanhada por saber real e não por dogmatismos ideológicos e receitas genéricas. Mas, infelizmente, com aquela propensão nacional de passar do oito para o oitenta, agora toda agente que se preze tornou-se anti-estatista e manifesta uma noção do estado muito próxima da de Bakunine e Kropotkine ou de um mau aluno de sociologia. E, claro, uma abissal ignorância sobre o que se está a falar.

E quem vos diz isto é um tenebroso liberal, estatista em matéria de defesa e negócios estrangeiros, semi-estatista em matéria de segurança interna, e muito, muito liberal em tudo o resto. E mais ainda, alguém que acha que o crescimento do estado nas mãos de socialistas e social-democratas nos últimos anos é uma das causas da incapacidade de Portugal crescer e da dívida que nos amarra aos credores. E também quem dito por quem sabe que não há em Portugal muitas forças endógenas para a genuína reforma do estado que se necessita. Convinha aliás não confundir o anti-estatismo demagógico, voltado para aquilo que são ou se pensam ser as prebendas do estado, com um apoio efectivo a qualquer reforma de fundo que implique, como tem que implicar, diminuição das despesas “sociais” e despedimentos da função pública.

Só que me custa muito ver o efeito da moda, que é a pior conselheira para o discernimento político e muito, muito ignorante. E a moda agora é dizer frases contra a “gordura” do estado, publicar estatísticas absurdas como as que deram origem a dois livrinhos de “investigação” do Diário de Noticias , uma súmula dos lugares comuns actuais sobre o estado, misturando coisas muito diferentes, em números genéricos e cobrindo realidades diversas como se tudo fosse igual, ter uma empresa municipal que duplica serviços para garantir mordomias ou ter um sistema de emergência médica, ou um serviço de atendimento telefónico anti-venenos.

É por tudo isto que penso muitas vezes que esta maneira de falar da “gordura” do estado (mais uma metáfora conveniente em períodos estivais), está ao nível do programa da SIC da Júlia Pinheiro, e que certamente em matérias de soluções para o problema, vai-se dar à mesma receita: que tal mandarmos o estado ao programa da SIC competir com os outros “gordos” na ignomínia pública e no espectáculo grosseiro e indigno. É que o pensamento sobre o estado que circula nesta campanha eleitoral está ao mesmo nível, na análise do problema e na solução.

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EARLY  MORNING BLOGS
 

2035 - Love

Love means to learn to look at yourself
The way one looks at distant things
For you are only one thing among many.
And whoever sees that way heals his heart,
Without knowing it, from various ills—
A bird and a tree say to him: Friend.


Then he wants to use himself and things
So that they stand in the glow of ripeness.
It doesn’t matter whether he knows what he serves:
Who serves best doesn’t always understand.

(Czeslaw Milosz)

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2.6.11


LATE MORNING BLOGS
 



2034
  
Tarde sed graviter sapiens mens irascitur.

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31.5.11


LATE MORNING BLOGS
 


2033 - The Inner Man


It isn’t the body
That’s a stranger.
It’s someone else.

We poke the same
Ugly mug
At the world.
When I scratch
He scratches too.

There are women
Who claim to have held him.
A dog follows me about.
It might be his.

If I’m quiet, he’s quieter.
So I forget him.
Yet, as I bend down
To tie my shoelaces,
He’s standing up.

We caste a single shadow.
Whose shadow?

I’d like to say:
“He was in the beginning
And he’ll be in the end,”
But one can’t be sure.

At night
As I sit
Shuffling the cards of our silence,
I say to him:

“Though you utter
Every one of my words,
You are a stranger.
It’s time you spoke.”

(Charles Simic)

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30.5.11


ESPÍRITO DO TEMPO: HOJE

 
Passagem do tempo por um banco do jardim de S. Amaro. (RM)

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NOTAS DE CAMPANHA (25)


E, por fim, alguém me pode explicar como vai ser aplicado o Memorando com os partidos como são e como estão, com o quadro de forças que provavelmente sairá destas eleições, com o pessoal político que vai querer ir para o Governo, com o agravamento drástico da pobreza e da instabilidade social e a enorme, vasta, poderosa máquina de inércia que é o sistema político português? É tudo tão difícil, tão difícil, que roça o inexequível.

A Grécia não está assim tão longe.

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LATE MORNING BLOGS
 


2032
 
Quand vous verrez un aveugle marcher seul, cédez lui le haut du pavé : vous le devez, primo par humanité, secundo par prudence; parce qu'en voulant tâter le mur avec son bâton, il vous le donnera dans les jambes.

( Pigault-Lebrun)

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29.5.11


ESPÍRITO DO TEMPO: HOJE

 
Passagem do tempo por um banco do jardim de S. Amaro. (RM)

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NOTAS DE CAMPANHA (24)


Alguém me pode explicar como vai ser a vida depois de 5 de Junho se os resultados eleitorais mantiverem o PS na casa dos 30%, mostrando que não se deu em Portugal a gigantesca punição que na Irlanda e na Espanha tiveram os partidos de Governo? Isso seria um péssimo sinal para a estabilidade pós-eleitoral. Um PS que consiga resistir razoavelmente à derrocada dos partidos de Governo europeus quererá regressar rapidamente ao poder e não dará descanso a quem lá estiver. E se Sócrates continuar a mandar, na luz ou na sombra, porque não sabe fazer outra coisa, ainda mais instável será a situação, porque ele quererá ajustar as contas.
O Financial Times de hoje (29 de Maio) cita este artigo: Analysts consider an outright Socialist victory unlikely. But José Pacheco Pereira, a historian and PSD deputy, says Mr Sócrates will clearly not suffer the “colossal punishment” that voters recently inflicted on governing parties in Ireland and Spain, in spite of having imposed similar austerity measures. The latest polls give the Socialists 32-34 per cent of the vote, against 34-36 per cent for the PSD – a difference that is smaller than the margin of statistical error, amounting to a “technical tie”. According to Mr Pacheco Pereira, if the Socialists win more than 30 per cent of the vote, political stability after the election could be difficult to achieve, threatening the implementation of Portugal’s €78bn bail-out agreement with the European Union and the International Monetary Fund.

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NOTAS DE CAMPANHA (23)


Alguém me pode explicar como vai ser a vida depois de 5 de Junho? A minha convicção, que sempre foi a mesma durante toda a campanha, é que o PSD vai ganhar as eleições e não me surpreenderia que o fizesse por uma margem maior do que a que revelam as sondagens. Assenta essa convicção no fenómeno de rejeição de José Sócrates, mais do que em qualquer outra consideração de mérito. Por isso, o único efeito útil de todo este processo de eleições antecipadas pode, sublinho pode, vir a ser o afastamento de um homem, político, e governante que, do meu ponto de vista, é já de há muito tempo perigoso para a nação e para a democracia. Não é resultado despiciendo, mas está longe, muito longe, de resolver o problema da crise política que se sobrepõe e amplia a crise económico-financeira.

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NOTAS DE CAMPANHA (22)


Alguém me pode explicar por que razão subsistem na zona nobre de três cidades portuguesas uns acampamentos sórdidos, com meia dúzia de pessoas violando a lei sobre a utilização dos espaços públicos, num país em que há toda a liberdade de manifestação e em que não se impede ninguém de protestar segundo regras amplamente permissivas? Que argumentos podem depois dar-se quando qualquer outro grupo, com menos simpatias na comunicação social do que os "acampados", queira fazer o mesmo, ocupando o espaço público? Faço por isso uma sugestão ao povo roma, aos ciganos, que podem nestes dias acampar em melhores condições no Rossio ou no Camões do que nuns terrenos baldios sem quaisquer condições higiénicas, para que são empurrados pela hostilidade de populações e autarquias. Têm é que arranjar um pretexto político, o que não é difícil: basta colocar um cartaz a dizer "a rua é nossa".

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NOTAS DE CAMPANHA (21)


Alguém me pode explicar por que razão, apesar de toda a gente entre eleições criticar os modelos de campanha antiquados, baseados nos mercados, feiras e aquilo que agora se chama "arruadas", quando se chega às eleições se faz exactamente o mesmo de sempre?

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NOTAS DE CAMPANHA (20)


Alguém me pode explicar como é que se "emagrece" o Estado (estamos na época das metáforas orgânicas) sem despedimentos na função pública? Alguém me explica como é que se extinguem centenas de organismos, institutos, empresas públicas nacionais e municipais sem se saber para onde é que vão as dezenas de milhares de pessoas que nelas trabalham? Ou será que se pensa que só há cargos de direcção e administração nesses organismos e não há contínuos, secretárias, pessoal auxiliar, técnicos, motoristas, pessoal de manutenção, etc.? Vai-se alimentar o desemprego ou o subemprego?

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NOTAS DE CAMPANHA (19)


Alguém me pode explicar por que razão o PS vai a estas eleições sem programa e isso não incomoda ninguém?

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NOTAS DE CAMPANHA (18)


Alguém me pode explicar como é que se chegou no PSD ao número mágico de dez para os ministérios e vinte e cinco para as secretarias, e qual o organigrama proposto? E depois como é que se faz a negociação com o CDS, que já disse que não concordava com estes números redondos, que lhe parecem apenas propaganda eleitoral?

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NOTAS DE CAMPANHA (17)


Alguém me pode explicar por que razão a justiça e a segurança estão ainda mais ausentes nesta campanha do que nas anteriores? Na verdade, o CDS ainda costumava falar de segurança, mas desta vez nem isso. Quanto à justiça, será que se pensa que apenas a "justiça económica" tem que ser reformulada porque a troika o exige e nenhum outro problema é sequer enunciado?

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HOJE DE NOVO



  • Um dos projectos do EPHEMERA é a cobertura das eleições legislativas de Junho de 2011. Apesar de haver cada vez menos material em papel, substituído por publicações electrónicas, mesmo assim algum existirá. Para além disso, "brindes", T-shirts, objectos vários fazem também parte da realidade da camapanha. Faço aqui de novo um apelo a todos os amigos do EPHEMERA para a recolha do maior número desses documentos, de todo o espectro político, de modo a poder fazer-se uma cobertura nacional das eleições. AS CONDIÇÕES METEOROLÓGICAS E O "DIA SEGUINTE" SIGNIFICAM A DESTRUIÇÃO A CURTO PRAZO DE MUITA PROPAGANDA ELEITORAL QUE SE PERDE ALGUNS CASOS PARA SEMPRE .


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    NOTAS DE CAMPANHA (16)


    Alguém me pode explicar por que razão nem uma palavra se diz sobre as grandes áreas de Estado, negócios estrangeiros, Europa e defesa? Isto, no preciso momento em que, nunca como agora, está em causa a soberania e a independência, a nossa pertença a uma Europa cada vez mais distante e hostil, e uma clara deslegitimação das nossas Forças Armadas? Será que PS e PSD acham que nem vale a pena sequer discutir estes temas, porque a independência já se foi, a Europa está a acabar, e não há dinheiro para ter Forças Armadas?

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    NOTAS DE CAMPANHA (15)


    Alguém me pode explicar por que razão a corrupção não é um problema a levar à campanha e que parece não interessar nenhum dos grandes partidos? Na verdade, vindos de anos e anos de "casos" de corrupção que envolvem políticos, a começar pelo BCP e a acabar nas sucatas do senhor Godinho, numa altura em que existe a convicção popular generalizada de que existe muita corrupção no sistema político e análises técnicas, académicas e policiais apontam no mesmo sentido, a indiferença que PS e PSD mostram perante o tema é inadmissível. Para não ir mais longe.

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    NOTAS DE CAMPANHA (14)


    Alguém me pode explicar por que razão se pensa na direcção do PSD que é atacando o CDS que se ganham os votos para o objectivo proclamado da maioria absoluta? Na verdade, uma lógica de bipolarização à direita só existiria se a performance do PSD contra o PS parecesse eficaz na conquista do eleitorado central. Então, sim, arrastaria os indecisos entre PSD e CDS, levando-os a tomar opção pelo PSD. A aparente ineficácia do PSD em impedir um PS com resultados acima dos 30% favorece o voto "solto" a favor do CDS, que parece ser tão "útil" como o do PSD para obter uma maioria sobre o PS.

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    NOTAS DE CAMPANHA (13)


    Alguém me pode explicar por que razão o documento central para a governação, que é o Memorando da troika, está tão ausente da campanha eleitoral? Só isto mostra o irrealismo em que decorre a campanha.

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    LATE MORNING BLOGS
     

    2031 - La Fauvette et le Rossignol.


    Une fauvette dont la voix enchantoit les échos par sa douceur extrême espéra surpasser le rossignol lui-même, et lui fit un défi. L' on choisit dans le bois un lieu propre au combat. Les juges se placerent : c' étoient le linot, le serin, le rouge-gorge et le tarin. Tous les autres oiseaux derriere eux se percherent. Deux vieux chardonnerets et deux jeunes pinsons furent gardes du camp, le merle étoit trompette. Il donne le signal : aussitôt la fauvette fait entendre les plus doux sons ; avec adresse elle varie de ses accents filés la touchante harmonie, et ravit tous les coeurs par ses tendres chansons. L' assemblée applaudit. Bientôt on fait silence : alors le rossignol commence. Trois accords purs, égaux, brillants, que termine une juste et parfaite cadence, sont le prélude de ses chants ; ensuite son gosier flexible, parcourant sans effort tous les tons de sa voix, tantôt vif et pressé, tantôt lent et sensible, étonne et ravit à la fois.

    Les juges cependant demeuroient en balance. Le linot, le serin, de la fauvette amis, ne vouloient point donner de prix : les autres disputoient. L' assemblée en silence écoutoit leurs doctes avis, lorsqu' un geai s' écria : victoire à la fauvette ! Ce mot décida sa défaite : pour le rossignol aussitôt l' aréopage ailé tout d' une voix s' explique.

    Ainsi le suffrage d' un sot fait plus de mal que sa critique.

    (Florian)

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