Na última campanha eleitoral, nas habituais visitas a mercados e feiras, encontrei muitos ourives que frequentam esses espaços para fazer o seu comércio tradicional. Todos, sem excepção, todos, já tinham sido assaltados, alguns mais do que uma vez. E o que é que aconteceu, perguntei eu? Nada, absolutamente nada. Estes comerciantes e feirantes negoceiam com ouro e prata, mas não são gente rica, partilham da condição social de muitos feirantes. Quando se lhes chama ourives, o nome profissional, esquece-se essa condição e as enormes dificuldades do seu trabalho e agora o seu absurdo e inaceitável risco. Já deve ter havido dezenas e dezenas de assaltos a ourives, de tal modo que as noticias só chegam ao prime time quando a violência é repelente e fere e mata, e quando há boas imagens das câmaras de vigilância. Mas a incapacidade das autoridades competentes para protegerem estes homens é inaceitável e é talvez o símbolo mais visível do aumento da insegurança pública. Os ourives são poucos, mais uma razão para não servirem de mártires. Todos nós lhe devemos a exigência de uma protecção, que, se colocar na prisão os seus assaltantes, nos dá mais segurança a todos.
... a electricidade vai e vem, os aparelhos eléctricos acendem e apagam, na saga já habitual quando chove ou faz vento, mesmo antes de haver tempestade.
Passa hoje o primeiro aniversário do EPHEMERA. Foram publicadas, entre os dois Fevereiros, 1188 notas, 7404 imagens, organizadas em 1573 categorias. É um trabalho individual, mas assenta numa obra colectiva, para que muitos dos seus amigos e leitores têm contribuído, quer através de ofertas de materiais, quer através da participação em projectos de recolha em Portugal, e no estrangeiro (se houver tempo ainda hoje será publicada uma lista de todos os que tem contribuído para este trabalho). Hoje temos excelentes notícias para vos dar durante o dia, quer pela entrada, por oferta, no ARQUIVO / BIBLIOTECA de um espólio excepcional de material político contemporâneo, quer pela aquisição de novas colecções.
(NOT SO) EARLY MORNING BLOGS 1745 -Who Has Seen the Wind?
Who has seen the wind? Neither I nor you. But when the leaves hang trembling, The wind is passing through. Who has seen the wind? Neither you nor I. But when the trees bow down their heads, The wind is passing by.
COISAS DA SÁBADO: O GOVERNO QUE NÃO CONHECEMOS E QUE NÃO VAI A VOTOS
Um dos factos que tem transparecido das informações que se vão conhecendo sobre os aspectos adjacentes ao processo Face Oculta (e não me refiro apenas às escutas) é que há outras coisas ocultas que não apenas os negócios da sucata. Essas outras coisas são uma espécie de governo também ele oculto, que não vai a votos, mas onde se concentra muito poder. Esse governo oculto escapa à estrutura e orgânica do governo visível e estende-se em redes de poder e influência que vão dos gabinetes às empresas públicas e mesmo nalguns casos a empresas privadas “amigas”. Ele é o resultado de uma tendência sobre a qual já escrevi e que se tem acentuado muito significativamente: a interpenetração da decisão política na decisão económica, a miscigenação dos negócios com os gabinetes ministeriais e as grandes empresas que são conduzidas politicamente pelo governo. Esta é uma importante evolução, iria dizer modernização, do poder do “bloco central”, mas após quase década de meia de governos socialistas é mais PS do que PS-PSD. Os dois estão lá. Mas um está como colosso e o outro como anão.
Este governo oculto depende mais de solidariedades partidárias do que de qualquer outra lógica, serve para dar empregos e carreiras e prestar serviços de todo o tipo, económicos e políticos. Carreiras invisíveis para a opinião pública, de personagens secundárias a não ser nos “serviços” prestados ao partido. Aparecem como detentoras de grande poder, passando por cima de muitos outras pessoas, algumas com nome, mas que parecem que só emprestaram o nome e recebem os proveitos, sem serem tidas nem achadas em negócios de milhões. Claro que não podiam ignorar, a não ser que a lógica do sistema fosse os seus nomes servirem de cigarras para tapar as formiguinhas diligentes que trabalham para si próprios e para o “chefe”. A perversão de todo este sistema de governo oculto, que se estende do PS para a administração, para as empresas públicas, para os “amigos” no privado e na comunicação social, é uma ameaça para a democracia, porque nada disto tem o necessário escrutínio. Já nem sequer me refiro ao escrutínio judicial, que todos tememos ficar à porta de redes de influência muito poderosas, nem ao político, para o qual a ausência do primeiro deixa tudo manco. É, é o polvo, um bicho simpático e inteligente que não merecia servir para descrever estes tentáculos.
(NOT SO) EARLY MORNING BLOGS 1744 - Arkansas Traveller
O Once up-on a time in Arkansas, An old man sat in his lit-tle ca-bin door, And Fid-dled at a tune that he liked to hear, A jol-ly old tune that he play-ed by ear. It was rain-ing hard, but the fid-dler did'nt care, He saw-ed a-way at the pop-ular air, Tho' his roof tree leak-ed like a wa-ter fall, that didn't seem to bo-ther the man at all.
A Traveler was riding by that day, And stopped to hear him a practicing away; The cabin was afloat and his feet were wet, But still the old man did't seem to fret. So the Stranger said, "Now the way it seems to me you had better mend your roof" said he. But the old man said, as he played away "I couldn't mend it now i'ts a rainy day'"
The Traveler replied: "That's all quite true, But this I think is the thing for you to do; Get busy on a day tha'ts fair and bright, Then patch the old roof till it's good and tight." But the old man kept a [playing at his reel, And tapped the ground with his leathery heel: "Get along", said he, "for you give me a pain: my cabin never leaks when it doesn't rain."
... ainda não foi publicado aqui, porque tenho a intenção de completar a cronologia do "estranho Verão" de 2009 com novos dados que estão a ser divulgados todos os dias e ainda não tive tempo. Pretendo, entre outras coisas, acrescentar exemplos de como assessores do governo alimentavam o Simplex e a Câmara Corporativa de "argumentário", que depois era seguido (como se pode ver em múltiplos escritos) pelos seus intervenientes. Um exemplo típico enviado do governo (de um assessor de Santos Silva, então Ministro dos Assuntos Parlamentares) para os responsáveis do blogue e que traduz orientações políticas, que é suposto um blogue não receber e divulgar sem fonte: quando acusados de "claustrofobia democrática" atirem-lhes com a Madeira
Os que no PSD inventaram a expressão «claustrofobia democrática» para caracterizar uma suposta limitação governamental das liberdades públicas enganaram-se claramente no alvo. Deveriam ter em mente a actuação do seu próprio partido na região autónoma da Madeira. Enquanto a partir de um conjunto de casos dispersos se tenta fazer passar a ideia de uma pretensa claustrofobia democrática, naquilo que é verdadeiramente importante, naquilo que é institucional e estrutural, o PSD dá mostras de promover a maior claustrofobia – mas na Madeira.
Este e outros exemplos (as "instruções" sobre o BPN são igualmente muito interessantes) ilustram o que aconteceu (e acontece), a somar a factos bem mais graves sobre a manipulação profissional da opinião pública que aconteceu em ano eleitoral.
Mais uma vez, uma verificação do Gmail revelou uma crescente tendência para tratar como spam correio mais que legítimo. Isso significa que muito correio já enviado há algum tempo só agora foi recuperado e que muito provavelmente algum outro se perdeu. A somar aos proverbiais atrasos deste vosso péssimo correspondente, que não tem mãos a medir com o correio e acaba por atrasar sempre o mais importante, o que precisa de respostas mais extensas ou pensadas. Por tudo, as minhas desculpas.
(NOT SO) EARLY MORNING BLOGS 1742 - Stanzas for Music
There be none of Beauty’s daughters With a magic like thee; And like music on the waters Is thy sweet voice to me: When, as if its sound were causing The charmed ocean’s pausing, The waves lie still and gleaming, And the lull’d winds seem dreaming:
And the midnight moon is weaving Her bright chain o’er the deep; Whose breast is gently heaving, As an infant’s asleep: So the spirit bows before thee, To listen and adore thee; With a full but soft emotion, Like the swell of Summer’s ocean.
COISAS DA SÁBADO: UMA CAMPANHA MEDIÁTICA CONTRA SÓCRATES?
O PS anda a dizer que existe uma “campanha mediática” contra Sócrates, alimentada num sinistro conluio entre a direita (o PSD dizem eles precisando), os patrões dos media e jornalistas desclassificados que, em conluio com magistrados e juízes, cometem todos os dias crimes num ataque pessoal ao carácter do Primeiro-ministro. Seria grave se fosse verdade, mas não é.
Se é “campanha mediática” é frouxa, visto que nunca vi tanto órgão de comunicação social “responsável” distanciar-se dela (como o Jornal de Notícias, o Diário de Notícias, a Visão, a TSF, a Antena 1, a RTP e ainda há mais), sobrando claro os maus da fita, ou seja o Sol, a SIC, a TVI (hoje angélica em comparação com o passado recente), o Correio da Manhã, a Sábado, o Público (também hoje mais entretido com as notícias sobre as causas de género, a violência sobre as mulheres, a cultura “icónica”, etc., e menos com a política). E pouco mais.
Nos blogues, nos dias de hoje um alimento privilegiado da comunicação social que tem metade do corpo lá metido e metade que compreende a cabeça, há guerra aberta. Nela se destacam com especial agressividade os blogues governamentais, desde os corporativos (cuja ligação ao governo, ou melhor, pertença ao governo, cada vez se conhece melhor), aos outros que nalguns casos são os mesmos e que fazem a despesa do insulto soez e das campanhas ad hominem. Aí também não existe qualquer “campanha mediática” que não tenha um peso equivalente a uma contra-campanha.
E quando me lembro de “campanhas mediáticas” a sério é a do Independente contra Cavaco Silva que é paradigmática e o que se passa hoje seria uma coisa de amadores. O Independente vivia de fugas de informação da Procuradoria, e não vi ninguém ulular ao crime, bem pelo contrário, o gáudio socialista era total, e de várias fontes pagas e não pagas, nas Finanças por exemplo, que forneciam qualquer informação fiscal requerida pela redacção. E vivia dessa grande Boca de Leão que eram as cartas anónimas. Tudo isto era tornado consistente como “campanha” pelo projecto político de Portas de criar um partido populista de direita, o PP, que de lá saiu direitinho e pronto. Aí sim, tem uma “campanha mediática” que nos eventos recentes tem apenas uma vaga similitude com o Jornal Nacional da TVI, que José Sócrates fez apagar do ecrã, como Cavaco Silva nunca conseguiu com o Independente. E havia outra diferença abissal é que os jornalistas não eram, como hoje muitos são, mansíssimos com o poder.
O problema é outro. O problema é, como já escrevi há muito tempo e acabou por se tornar uma frase repetida exactamente porque tinha força para se tornar viral, é que sempre que se dá um pontapé numa pedra, aparece José Sócrates lá debaixo e a sua Casa de amigos, boys, assessores, comissários, envolvidos sempre em algo que nunca se sabe se é ilegal porque a justiça está como está, mas que se sabe com certeza que é inadmissível num governo democrático. Quem faz a “campanha mediática” contra Sócrates e o seu governo é Sócrates a a sua Casa.
"You cannot eat your cake and have it too."--Proverb.
How fever'd is the man, who cannot look Upon his mortal days with temperate blood, Who vexes all the leaves of his life's book, And robs his fair name of its maidenhood;
It is as if the rose should pluck herself, On the ripe plum finger its misty bloom, As if a Naiad, like a meddling elf, Should darken her pure grot with muddy gloom:
But the rose leaves herself upon the briar, For winds to kiss and grateful bees to feed, And the ripe plum still wears its dim attire,
The undisturbed lake has crystal space; Why then should man, teasing the world for grace, Spoil his salvation for a fierce miscreed?
ÍNDICE DO SITUACIONISMO (119):ESTRANHA COMPLACÊNCIA
A questão do situacionismo não é de conspiração, é de respiração. E, nalguns casos, de respiração assistida.
Quanto mais leio sobre o que se vai sabendo das tentativas governamentais e socialistas de desenvolverem uma grande operação de controlo dos media no ano eleitoral de 2009, utilizando abusivamente recursos públicos e o próprio poder político directo, pelo menos no limiar do crime, mas bem dentro do abuso do poder e no exercício de uma manipulação flagrante da opinião pública em ano eleitoral, mais me surpreende a enorme complacência que muitos jornalistas mostram perante o que se passou. Surpreende-me a enorme facilidade com que gozam e ridicularizam colegas seus que, umas vezes pior ou melhor, conforme a sua facilidade de expressão e idiossincrasias próprias, denunciam pressões de que foram sujeitos, e a sistemática minimização de algo de muito mais sério do que qualquer tentativa do passado.
Há muitas razões para essa complacência, nenhuma boa. Muitos jornalistas, nestes momentos de confrontação política, alinham pelas suas simpatias e são selectivos nas suas indignações (se fosse Jardim o alvo quantos editoriais inflamados já teriam sido escritos?), o que não é novidade. Mas há mais: a crescente promiscuidade entre os jornalistas que estão no topo da hierarquia dos seus orgãos de comunicação e as administrações desses órgãos, fazendo coincidir "linhas editoriais" com posições e interesses dos proprietários ou, no caso da comunicação social pública, com o governo que em última instância, escolhe e nomeia. E por fim, mas não menos importante, há jornalistas directamente envolvidos em todo este processo, a quem foi pedido que controlassem os estragos do que se ia sabendo e que moldassem a informação aos interesses do poder político, e, apesar desses pedidos serem inaceitáveis legal e deontologicamente, nunca os denunciaram nos seus jornais, tornando-se cúmplices do que aconteceu. Nada do que aconteceu teria sido possível sem a colaboração de jornalistas, principalmente nas chefias dos órgãos de comunicação social e nas redacções. Por isso, o que aconteceu em 2009, é tão incómodo para o governo e Sócrates como o é para muitos jornalistas.
COISAS DA SÁBADO: PROPAGANDA FALSA PAGA COM O NOSSO DINEHIRO
Este cartaz, profusamente distribuído em Lisboa. é pago com o nosso dinheiro e é um exemplo mais de como o dinheiro dos contribuintes e dos munícipes lisboetas de há muito tempo é usado para alimentar as chamadas causas “fracturantes” e os grupos radicais que as suportam, na sua maioria ligados ao Bloco de Esquerda. Não é novidade nenhuma mas nunca vi uma discussão sobre os abusos do financiamento público que tivesse em conta esta realidade: o dinheiro dos contribuintes é usado para promover causas políticas em que a maioria não se revê, de organizações cuja contabilidade e accountability desconhece, deturpando a transparência da vida pública . Basta colar a uma organização qualquer o título de que luta contra a “discriminação” ou o “racismo” (o caso do SOS Racismo é outro exemplo de organizações do Bloco de Esquerda financiadas pelo dinheiro dos contribuintes) para se pensar justificado dar-lhes dinheiro público.
No caso deste cartaz acresce que estamos a financiar uma mentira. A pergunta do cartaz é uma pura sugestão de falsidade e a resposta que sugere é pura e simplesmente falsa. “Se a tua mãe fosse lésbica, mudava alguma coisa?” Claro que mudava muita coisa, por boas e más razões, principalmente por más, mas reais. O cartaz no fundo está a dizer-nos, em nome da luta contra os preconceitos à volta da homossexualidade, que esses preconceitos não existem tornando inútil o cartaz.
Ama a criança a sua mãe, seja lésbica, amarela, militante da “vida”, punk ou apenas mãe? Certamente que sim, mas não se fazem cartazes sobre os afectos. Existem ou não, o Estado não cura, ou não deve curar de os tornar em propaganda. No resto, a resposta séria tem que ser “muda” e nalguns casos muda muito, e esse é que é o terreno da discriminação. Aliás o cartaz tem implícita outra falsidade no modo de fazer a pergunta: porque não se pergunta “se as tuas mães fossem lésbicas, mudava alguma coisa?”, porque essa seria a situação que justificaria a pergunta. A mãe lésbica vive com uma mulher que na família é o quê senão a outra mãe, mesmo sem o nome nem a biologia? Ou pode viver com o pai, supostamente separado pelas preferências de género da mãe, ou, caso esta seja bissexual, em conúbio carnal, como se dizia? Pode no meio disto tudo nada “mudar” para a criança? Pode, muito excepcionalmente, mas nunca como a regra que o cartaz indicia com falsidade.
Esta maneira pouco séria como se tratam questões de grande complexidade afectiva, cultural, social e societal, como se fossem (como são) “causas” de grupos, gera muitos mais problemas do que os que resolve. Mas que nos mintam com o nosso dinheiro para servir agendas radicais cujo alcance permanece obscuro, isso é pouco admissível.
TEXTO INTEGRAL DAS RESPOSTAS DADAS AO PÚBLICO EM JANEIRO DE 2010
(e que foram utilizadas em parte num artigo de Luciano Alvarez)
1 – Como viu o debate político nos blogues e redes sociais durante as campanhas eleitorais do ano passado?
Muito incipiente e dominado pelas actuais pragas da blogosfera: tribalismo, competição a preto e branco, baixo nível da linguagem e insultos, dependência mútua entre a agenda dos media e a agenda dos blogues, e já muita desinformação disseminada pelo poder político em intervenções profissionalizadas, quer por via de agências de comunicação, quer através de falsos blogues criados para o efeito. Há uma diferença abissal, para pior, entre a campanha das presidenciais, que tinha blogues de apoiantes genuínos, o Super Mário e o Pulo do Lobo, e a selvajaria actual.
2 – Muitos políticos e candidatos criaram blogues e entraram nas redes sociais durante a campanha, mas, depois das eleições, saíram por completo. Os políticos portugueses tiram o melhor proveito da internet para a passagem da mensagem política?
Para muitos políticos, por ignorância ou desinteresse, o uso da internet é mais uma obrigação de campanha do que uma actividade sistemática. Por isso dizem-lhes em campanha que tem que fazer umas coisas na internet e eles fazem ou mandam alguém fazer por eles. Depois vão-se embora.
Infelizmente, os políticos que “melhor proveito” tiram da internet fazem-no no contexto do ambiente que descrevi acima: destruição simbólica do adversário, desinformação, condicionamento da comunicação social, com falsas “vagas” de opiniões. Há muitos jornalistas que se comportam da mesma maneira, logo a simbiose dá resultados num empobrecimento dos media em geral.
3 – A blogosfera e as redes sociais marcam o debate político? De que forma e quais as diferenças entre o debate político nos blogues e nas redes sociais?
A discussão política propriamente dita é hoje muito pobre, superficial, feita de anátemas e processos de intenções. Há excepções, mas confirmam a regra.
Fame, wisdom, love, and power were mine, And health and youth possessed me; My goblets blushed from every vine, And lovely forms caressed me; I sunned my heart in beauty’ eyes, And felt my soul grow tender; All earth can give, or mortal prize, Was mine of regal splendour.
I strive to number o’er what days Remembrance can discover, Which all that life or earth displays Would lure me to live over. There rose no day, there rolled no hour Of pleasure unembittered; And not a trapping decked my power That galled not while it glittered.
The serpent of the field, by art And spells, is won from harming; But that which soils around the heart, Oh! who hath power of charming? It will not list to wisdom’s lore, Nor music’s voice can lure it; But there it stings for evermore The soul that must endure it.