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(JPP)
COISAS DA SÁBADO: OS OURIVES
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Na última campanha eleitoral, nas habituais visitas a mercados e feiras, encontrei muitos ourives que frequentam esses espaços para fazer o seu comércio tradicional. Todos, sem excepção, todos, já tinham sido assaltados, alguns mais do que uma vez. E o que é que aconteceu, perguntei eu? Nada, absolutamente nada. Estes comerciantes e feirantes negoceiam com ouro e prata, mas não são gente rica, partilham da condição social de muitos feirantes. Quando se lhes chama ourives, o nome profissional, esquece-se essa condição e as enormes dificuldades do seu trabalho e agora o seu absurdo e inaceitável risco. Já deve ter havido dezenas e dezenas de assaltos a ourives, de tal modo que as noticias só chegam ao
prime time quando a violência é repelente e fere e mata, e quando há boas imagens das câmaras de vigilância. Mas a incapacidade das autoridades competentes para protegerem estes homens é inaceitável e é talvez o símbolo mais visível do aumento da insegurança pública. Os ourives são poucos, mais uma razão para não servirem de mártires. Todos nós lhe devemos a exigência de uma protecção, que, se colocar na prisão os seus assaltantes, nos dá mais segurança a todos.