ABRUPTO

21.2.10


COISAS DA SÁBADO: UMA CAMPANHA MEDIÁTICA CONTRA SÓCRATES?



O PS anda a dizer que existe uma “campanha mediática” contra Sócrates, alimentada num sinistro conluio entre a direita (o PSD dizem eles precisando), os patrões dos media e jornalistas desclassificados que, em conluio com magistrados e juízes, cometem todos os dias crimes num ataque pessoal ao carácter do Primeiro-ministro. Seria grave se fosse verdade, mas não é.

Se é “campanha mediática” é frouxa, visto que nunca vi tanto órgão de comunicação social “responsável” distanciar-se dela (como o Jornal de Notícias, o Diário de Notícias, a Visão, a TSF, a Antena 1, a RTP e ainda há mais), sobrando claro os maus da fita, ou seja o Sol, a SIC, a TVI (hoje angélica em comparação com o passado recente), o Correio da Manhã, a Sábado, o Público (também hoje mais entretido com as notícias sobre as causas de género, a violência sobre as mulheres, a cultura “icónica”, etc., e menos com a política). E pouco mais.

Nos blogues, nos dias de hoje um alimento privilegiado da comunicação social que tem metade do corpo lá metido e metade que compreende a cabeça, há guerra aberta. Nela se destacam com especial agressividade os blogues governamentais, desde os corporativos (cuja ligação ao governo, ou melhor, pertença ao governo, cada vez se conhece melhor), aos outros que nalguns casos são os mesmos e que fazem a despesa do insulto soez e das campanhas ad hominem. Aí também não existe qualquer “campanha mediática” que não tenha um peso equivalente a uma contra-campanha.

E quando me lembro de “campanhas mediáticas” a sério é a do Independente contra Cavaco Silva que é paradigmática e o que se passa hoje seria uma coisa de amadores. O Independente vivia de fugas de informação da Procuradoria, e não vi ninguém ulular ao crime, bem pelo contrário, o gáudio socialista era total, e de várias fontes pagas e não pagas, nas Finanças por exemplo, que forneciam qualquer informação fiscal requerida pela redacção. E vivia dessa grande Boca de Leão que eram as cartas anónimas. Tudo isto era tornado consistente como “campanha” pelo projecto político de Portas de criar um partido populista de direita, o PP, que de lá saiu direitinho e pronto. Aí sim, tem uma “campanha mediática” que nos eventos recentes tem apenas uma vaga similitude com o Jornal Nacional da TVI, que José Sócrates fez apagar do ecrã, como Cavaco Silva nunca conseguiu com o Independente. E havia outra diferença abissal é que os jornalistas não eram, como hoje muitos são, mansíssimos com o poder.

O problema é outro. O problema é, como já escrevi há muito tempo e acabou por se tornar uma frase repetida exactamente porque tinha força para se tornar viral, é que sempre que se dá um pontapé numa pedra, aparece José Sócrates lá debaixo e a sua Casa de amigos, boys, assessores, comissários, envolvidos sempre em algo que nunca se sabe se é ilegal porque a justiça está como está, mas que se sabe com certeza que é inadmissível num governo democrático. Quem faz a “campanha mediática” contra Sócrates e o seu governo é Sócrates a a sua Casa.

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© José Pacheco Pereira
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