ABRUPTO

7.6.07


EARLY MORNING BLOGS
1037 - Who Am I?

My head knocks against the stars.
My feet are on the hilltops.
My finger-tips are in the valleys and shores of universal life.
Down in the sounding foam of primal things I reach my hands and play with pebbles of destiny.
I have been to hell and back many times.
I know all about heaven, for I have talked with God.
I dabble in the blood and guts of the terrible.
I know the passionate seizure of beauty
And the marvelous rebellion of man at all signs reading "Keep Off."

My name is Truth and I am the most elusive captive in the universe.

(Carl Sandburg)

*

Bom dia!

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6.6.07


METABLOGUISMO - SINAIS DE CRISE



Assiste-se a um significativo empobrecimento da blogosfera que tem mais leitores, para além da pornográfica e futebolística, e que é essencialmente política e "literária". Por um lado, é cada vez maior a sobreposição da agenda comunicacional "lá fora" com a agenda "cá dentro". É um processo que resulta do reforço do contínuo entre blogues e jornais. Hoje não há nenhum tema dos blogues que não chegue praticamente em tempo real aos jornais, cujos jornalistas observam os blogues todos os dias. Por outro lado, o efeito de politização intensa dos blogues e da cada vez maior circulação dos autores de comentário nos blogues para as colunas dos jornais, da rádio e da televisão, torna obrigatório que eles sigam também em tempo real os eventos políticos. As agendas tornam-se mutuamente dependentes e o efeito final é empobrecedor. Há, no entanto, aspectos, como a crítica aos media, que ainda se centram apenas nos blogues.

Este pode ser apenas um efeito transitório, mas existe. Mas o mais empobrecedor, é o aparecimento em força de fenómenos de "amiguismo" e "grupismo", que abafam o espírito analítico e tornam os blogues tão permeáveis à cultura da troca do favor e do silêncio crítico que já existe quanto baste na comunicação social tradicional e na sociedade portuguesa. Um livro não é bom apenas porque é publicado pelo autor do blogue ao lado e a permuta de pré-publicações e anúncios congratulatórios não pode ser apenas feita por passividade ou expectativa de retribuição. É suposto que quem anuncia um livro o acha com qualidade, o conheça ou o tenha lido. Senão os blogues ficam iguais ao Jornal de Letras, mais uma coterie, ou um grupo de coteries, mais ou menos rivais que disputam entre si o escasso espaço público das editoras e da "influência".
A polémica do "amiguismo" suscitada por João Pedro George foi um primeiro alerta para esta situação. Rapidamente redundou, pela habitual máquina simplificadora, em se saber se se podia ou não escrever críticas dos livros dos amigos e colegas, o que não é o ponto. No ponto, George tinha toda a razão e o modo hostil como foi recebido particularmente revelador de que tocara numa questão sensivel.
É uma espécie de Princípio de Peter. As razões do sucesso podem tornar-se as razões do insucesso. O sucesso da blogosfera criou um novo circuito literário, jornalístico, de comentário político, de crítica, que é, como se costuma dizer, "incontornável" para directores de órgãos de informação, editores, organizadores de colóquios, animadores culturais, empresas "culturais", vereações municipais, etc.. Mas os sintomas de entrada no establishment começam a ser evidentes, com a complacência generalizada nos blogues com os produtos da própria blogosfera.

Que isto se discuta tão pouco é já por si um sintoma da doença. Não era isso uma das coisas que os blogues criticavam na imprensa?

(Continua)

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GRANDES CAPAS: UMA COLECÇÃO EXCEPCIONAL





(Clicar para aumentar.)

A série de capas (cujo autor desconheço) realizada para a colecção policial da Editorial Século entre o final da década de quarenta e o início da de cinquenta do século XX, são do melhor que conheço para edições populares e baratas, onde aliás há muitos exemplos de excelentes capistas.

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EARLY MORNING BLOGS
1036 -Application for a Grant

Noble executors of the munificent testament
Of the late John Simon Guggenheim, distinguished bunch
Of benefactors, there are certain kinds of men
Who set their hearts on being bartenders,
For whom a life upon duck-boards, among fifths,
Tapped kegs and lemon twists, crowded with lushes
Who can master neither their bladders nor consonants,
Is the only life, greatly to be desired.
There’s the man who yearns for the White House, there to compose
Rhythmical lists of enemies, while someone else
Wants to be known to the Tour d’Argent’s head waiter.
As the Sibyl of Cumae said: It takes all kinds.
Nothing could bribe your Timon, your charter member
Of the Fraternal Order of Grizzly Bears to love
His fellow, whereas it’s just the opposite
With interior decorators; that’s what makes horse races.
One man may have a sharp nose for tax shelters,
Screwing the IRS with mirth and profit;
Another devote himself to his shell collection,
Deaf to his offspring, indifferent to the feast
With which his wife hopes to attract his notice.
Some at the Health Club sweating under bar bells
Labor away like grunting troglodytes,
Smelly and thick and inarticulate,
Their brains squeezed out through their pores by sheer exertion.
As for me, the prize for poets, the simple gift
For amphybrachs strewn by a kind Euterpe,
With perhaps a laurel crown of the evergreen
Imperishable of your fine endowment
Would supply my modest wants, who dream of nothing
But a pad on Eighth Street and your approbation.

(Anthony Hecht, adaptado de Horácio.)

*

Bom dia!

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4.6.07


MOMENTOS EM TEMPO REAL

Usando o Abrupto como janela, vendo, em tempo quase real, o que outros estão a ver.

Luz do fim, algures.

(A)

A última luz do dia de hoje.

(RM)

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HOJE - ESCOLHAS DO ABRUPTO NO

Home

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NUM BLOGUE PERTO DE SI, NUMA GALÁXIA MUITO LONGE



NESTES DIAS

LENDO / VENDO / OUVINDO / ÁTOMOS E BITS de 3 de Junho de 2007 - sobre as malfeitorias noticiosas da RTP1 e o discurso confrangedor de Sócrates na Aústria sobre a Presidência da UE.

DESDENHAR AS GREVES COMO DISCURSO DO PODER - adaptação do artigo do Público de 2 de Junho.


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EARLY MORNING BLOGS
1035 -... l'Humanité tout entière a oublié et cherche à se rappeler, à tâtons, on ne sait quelle Loi perdue.

Pascal nous dit qu'au point de vue des faits, le Bien et le Mal sont une question de "latitude". En effet, tel acte humain s'appelle crime, ici, bonne action, là-bas, et réciproquement. - Ainsi, en Europe, l'on chérit, généralement, ses vieux parents; - en certaines tribus de l'Amérique, on leur persuade de monter sur un arbre; puis on secoue cet arbre. S'ils tombent, le devoir sacré de tout bon fils est, comme autrefois chez les Messéniens, de les assommer sur-le-champ à grands coups de tomahawk, pour leur épargner les soucis de la décrépitude. S'ils trouvent la force de se cramponner à quelque branche, c'est qu'alors ils sont encore bons à la chasse ou à la pêche, et alors on sursoit à leur immolation. Autre exemple: chez les peuples du Nord, on aime à boire le vin, flot rayonnant où dort le cher soleil. Notre religion nationale nous avertit même que "le bon vin réjouit le coeur". Chez le mahométan voisin, au sud, le fait est regardé comme un grave délit. - A Sparte, le vol était pratiqué et honoré: c'était une institution hiératique, un complément indispensable à l'éducation de tout Lacédémonien sérieux. De là, sans doute, les grecs. - En Laponie, le père de famille tient à honneur que sa fille soit l'objet de toutes les gracieusetés dont peut disposer le voyageur admis à son foyer. En Bessarabie aussi. - Au nord de la Perse, et chez les peuplades du Caboul, qui vivent dans de très anciens tombeaux, si, ayant reçu, dans quelque sépulcre confortable, un accueil hospitalier et cordial, vous n'êtes pas, au bout de vingt-quatre heures, du dernier mieux avec toute la progéniture de votre hôte, guèbre, parsi ou wahabite, il y a lieu d'espérer qu'on vous arrachera tout bonnement la tête, - supplice en vogue dans ces climats. Les actes sont donc indifférents en tant que physiques: la conscience de chacun les fait, seule, bons ou mauvais. Le point mystérieux qui gît au fond de cet immense malentendu est cette nécessité native où se trouve l'Homme de se créer des distinctions et des scrupules, de s'interdire telle action plutôt que telle autre, selon que le vent de son pays lui aura soufflé celle-ci ou celle-là: l'on dirait, enfin, que l'Humanité tout entière a oublié et cherche à se rappeler, à tâtons, on ne sait quelle Loi perdue.

(Villiers de L'Isle-Adam, Contes cruels )

*

Bom dia!

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MOMENTOS EM TEMPO REAL

Usando o Abrupto como janela, vendo, em tempo quase real, o que outros estão a ver.

O mar do Funchal.

(Carlos Oliveira)

No Porto, festa em Serralves.

(Pedro Cirne)


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3.6.07


LENDO
VENDO
OUVINDO

ÁTOMOS E BITS

de 3 de Junho de 2007


O noticiário do costume na RTP1: uma não-notícia sobre o "facto" da população da Praia da Luz "já não falar da menina" (como é que o jornalista sabe, gostava eu de saber); uma legenda de pé de página que faz uma sugestão falsa sobre o que o Presidente da República disse sobre a globalização (a legenda dizia mais ou menos isto "Cavaco Silva é a favor da globalização, mas entende quem é contra" enquanto nas declarações o Presidente se limita a dizer que deve haver liberdade de criticar a globalização, mas nunca afima qualquer "entendimento" quanto ao conteúdo dos seus críticos).

Depois, o "momento-Chávez" do dia foi particularmente interessante: José Sócrates a falar numa reunião na Aústria, como futuro co-presidente da União. Só que era evidente a nulidade do pensamento, tudo o que disse foi paupérrimo e banalidade absoluta, com o estilo sempre a fugir para os slogans que usa por cá. Foi confrangedor ver o vazio com que ele fala sobre as questões europeias, e a grande dificuldade que demonstra em fugir ao estilo arrogante e muito repetitivo que usa na Assembleia da República. Será que vamos ter em matérias europeias uma espécie de Princípio de Peter governativo?

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HOJE - ESCOLHAS DO ABRUPTO NO
http://www.bach-cantatas.com/Pic-Bio-BIG/Oberlin-Russell-4.jpg
aaaaaaaaaaaaaaaaaaaHome




Russell Oberlin distingue a voz de falsete da de contratenor. Depois, vale a pena passear pela sua voz, cantando Bach e Handel.

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A CONDENAÇÃO DO CONFLITO COMO INSTRUMENTO DO PODER

O espectáculo pôde ser seguido em directo em várias televisões, com mais ou menos clareza e evidência quanto ao que se estava a passar e é um retrato dos dias de hoje. No dia da greve, o Governo, na figura de dois secretários de Estado mais ou menos obscuros, e a CGTP na figura do seu secretário-geral, Carvalho da Silva, fizeram em directo conferências de imprensa com o balanço da greve.

A primeira no tempo foi a do Governo e foi conduzida à vontade pelos secretários de Estado que fizeram declarações sobre o fracasso da greve, apresentaram o número governamental dos 13 vírgula qualquer coisa de grevistas e passaram o grosso do tempo a tirar "lições políticas" do que se tinha passado. Três quartos das declarações governamentais foram não factuais, mas político-propagandísticas. Mesmo assim não se ouviu uma mosca na sala, que devia estar cheia de jornalistas, atentos, veneradores e obrigados. Estava-se do lado do vencedor, da mó de cima, e ai dos vencidos!

Depois, a parafernália televisiva passou para a sede da CGTP, onde Carvalho da Silva começou a falar da greve, sector a sector, referindo sempre números e casos particulares, o hospital X não funcionou, tantas repartições estiveram fechadas, etc., etc. para fugir a dar um número global, que teria que ser forçosamente ou falso, ou revelador do fracasso da greve como "geral". Mas o que ele estava a dizer continha elementos informativos tanto mais relevantes quanto não tinham feito parte do noticiário desse dia de greve, como por exemplo o cancelamento dos voos nos aeroportos. Era óbvio que ele não queria dar um número genérico, mas também é verdade que o número do Governo é uma construção enganadora para os media. A greve podia ter tido só dez por cento de adesões nacionais e ter sido um sucesso retumbante, se, por exemplo, tivesse encerrado as grandes superfícies, tivesse impedido os sistemas de controlo do tráfego urbano de funcionar, ou apenas e só encerrado as televisões.

Mas o que então se assistiu foi uma cena que não me lembro de ter acontecido nestas conferências de imprensa para os noticiários em directo das oito: os jornalistas a meio da declaração inicial desataram a fazer-lhe uma pergunta: que número a CGTP tinha que servisse de contraponto aos 13 por cento do Governo. Carvalho da Silva pediu que esperassem enquanto continuava com a declaração, mas, de novo, num modo inédito e sem precedente, mostrando aliás a mais pura da má-criação, só se ouviam as perguntas dos jornalistas por cima da sua voz, como se estivéssemos perante uma turba a gritar a um criminoso. Foi uma cena lastimável que nenhum jornalista pode deixar de saber o que significa comunicacionalmente. Uma cena, e isso é que é preocupante, muito significativa dos dias de hoje. Estava-se no lado do vencido, da mó de baixo e, com os vencidos, nestes momentos aperta-se ainda mais o nó da garganta para os ver morrer em público.
Esta cena televisiva na sua explicitude mereceria ser colocada em linha, no YouTube talvez. Valia a pena que se pudesse ver o que se passou ,como ilustração do comportamento inqualificável dos jornalistas presentes.

[Nota: devo a José Carlos Santos a indicação que o video está aqui. ]
A cena das conferências de imprensa foi apenas a face mais visível de mil e artigos condenatórios da greve, mil e uma nota em blogues satirizando a greve e os seus resultados. A maioria que escreve sobre as greves, esta ou outras, tem como atitude típica o desdém. Desdenhar que se use essa forma "arcaica", "antiquada", "comunista" de fazer greve, como se os sindicatos e o direito à greve não fossem uma das características centrais do funcionamento de uma sociedade democrática, um dos instrumentos de defesa de interesses dos trabalhadores. Sim, porque as greves não se fazem em nome do interesse geral, nem do "interesse nacional", não se fazem em nome de nenhuma dessas grandes palavras com que se pretende matar a conflitualidade social e que tão grande circulação têm na vida política portuguesa que adora o consenso e abomina o conflito.

Eu não estou de acordo com quase tudo o que a CGTP defende, sou a favor de muito mais do que a "flexisegurança", a solução de meias tintas em voga, em matéria de lei laboral, mas longe de mim ter desprezo por quem defende as suas ideias e os seus interesses, com as armas que a democracia lhes dá. A saúde da democracia inclui sindicatos fortes, trabalhadores sem medo de fazerem greve dentro da lei, como instrumento dos equilíbrios sociais necessários. Até porque, para muitos trabalhadores, é mesmo um dos poucos instrumentos que têm para se defenderem da indiferença social que os yuppies modernaços que estão à frente do PS revelam. Porque uma coisa são reformas e as suas dificuldades, outra é fazê-las pela lei do menor esforço, ou seja, pelo sacrifício dos mais fracos e dos mais afastados do poder.

Um dos aspectos desse desdém é uma espécie de proclamação universal do egoísmo dos outros, a quem se retira dignidade da intencionalidade dos seus gestos. Não lhes passa pela cabeça esta evidência tão simples: a greve é um dos raros momentos de protesto cívico, seja ela feita por comunistas, socialistas, sociais-democratas, ou gente que está sempre do contra e que custa alguma coisa a quem o faz. Não abundam casos na nossa vida cívica, tão egoísta e escassa, em que voluntariamente milhares de pessoas, os grevistas são pessoas, convém lembrar, prescindiram de um dia de salário para manifestarem uma posição, uma inquietação, qualquer coisa. Mesmo que se admita, e admito-o sem dificuldade, que há uma minoria de grevistas "obrigados" a fazerem greve por medo de ficarem mal vistos face aos seus companheiros de trabalho, em particular nos sectores onde a greve é mais "geral", a maioria faz greve voluntariamente, seja, insisto, por que motivo for, inclusive o de se ser comunista filiado.

Claro que os desdenhosos vão dizer que muitos dos que "fizeram" greve vão depois meter baixa ou apresentar qualquer justificação para não virem nas listas de grevistas e receberem o dia em que não trabalharam. Alguns o farão, uns porque precisam do dinheiro, outros porque estão habituados a este tipo de truques e querem ficar no melhor de dois mundos. Mas muitos fazem-no pela mesma razão que milhares de outros portugueses não fizeram greve: porque têm medo, medo de perderem o seu precário emprego, medo de serem colocados numa lista qualquer de excedentes, medo de serem mal classificados na função pública por um chefe que muito provavelmente é hoje da "cor" do Governo. Este medo explica por que razão a única sondagem realizada mostrava que a maioria dos portugueses apoiava a greve e tão poucos acabaram por a fazer.
Segundo uma sondagem do Diário de Notícias publicada no próprio dia da greve havia uma maioria a favor da greve: 44% dos portugueses concorda e 42% discordam. Os restantes, não têm opinião sobre o assunto. Embora a maioria fosse escassa, é certamente muito superior ao número de grevistas, o que aponta para uma legitimação da greve muito superior à adesão efectiva.
A CGTP tem obrigação de conhecer bem este medo e de saber que na história do movimento sindical raramente têm sucesso greves realizadas em clima de forte retracção social. Contrariamente ao que se possa pensar, as greves têm muito mais sucesso em períodos de vacas gordas do que magras. Em períodos em que o desemprego é uma ameaça real, os trabalhadores naturalmente agarram-se ao que têm e não mostram esperança no futuro.

Ao fim do dia, era evidente que a greve correra mal à CGTP, por mil e um motivos. Mas certamente nenhum desses motivos tinha a ver com o facto de a maioria dos trabalhadores que não fizeram greve acharem que o Governo tinha razão. Desse ponto de vista, a mentira dos secretários de Estado era muito maior do que a omissão de verdade do secretário-geral da CGTP.

(No Público de 2 de Junho de 2007)

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NUM BLOGUE PERTO DE SI, NUMA GALÁXIA MUITO LONGE



EM BREVE

DESDENHAR AS GREVES COMO DISCURSO DO PODER - adaptação do artigo do Público de 2 de Junho.

NESTES DIAS

Em actualização ESTUDOS SOBRE O COMUNISMO.

COISAS DA SÁBADO: A POLITIZAÇÃO DA FUNÇÃO PÚBLICA - por que razão a DREN não pode deixar de ser demitida.

BIBLIOFILIA: COMPRAS DA FEIRA DO LIVRO - primeira colheita nos alfarrabistas da Feira.

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CAÇA
http://www.mtas.es/insht/images/erga/vangogh_lena02.jpg
E RECOLECÇÃO

RETRATOS DO TRABALHO EM VALÊNCIA, ESPANHA

(Clicar para aumentar.)

Fotografia estereoscópica da colheita de laranjas.

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EARLY MORNING BLOGS
1034 - Booker T. and W.E.B.

“It seems to me,” said Booker T.,
“It shows a mighty lot of cheek
To study chemistry and Greek
When Mister Charlie needs a hand
To hoe the cotton on his land,
And when Miss Ann looks for a cook,
Why stick your nose inside a book?”

“I don’t agree,” said W.E.B.,
“If I should have the drive to seek
Knowledge of chemistry or Greek,
I’ll do it. Charles and Miss can look
Another place for hand or cook.
Some men rejoice in skill of hand,
And some in cultivating land,
But there are others who maintain
The right to cultivate the brain.”

“It seems to me,” said Booker T.,
“That all you folks have missed the boat
Who shout about the right to vote,
And spend vain days and sleepless nights
In uproar over civil rights.
Just keep your mouths shut, do not grouse,
But work, and save, and buy a house.”

“I don’t agree,” said W.E.B.,
“For what can property avail
If dignity and justice fail.
Unless you help to make the laws,
They’ll steal your house with trumped-up clause.
A rope’s as tight, a fire as hot,
No matter how much cash you’ve got.
Speak soft, and try your little plan,
But as for me, I’ll be a man.”

“It seems to me,” said Booker T.—
“I don’t agree,”
Said W.E.B.

(Dudley Randall)

*

Bom dia!

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2.6.07


COISAS DA SÁBADO: A POLITIZAÇÃO DA FUNÇÃO PÚBLICA

Há uma razão iniludível pela qual a DREN tem que ser demitida e o governo fica muito mal se o não fizer - o acto da senhora DREN é apenas o momento mais vísivel de um problema de fundo da nossa administração pública: a politização das suas chefias. A biografia da senhora professora que é actuamente a DREN revela essa sobreposição entre carreiras no estado e compromissos partidários. Sendo profissionalmente educadora de infância, foi dirigente da Juventude Socialista, sindicalista muito activa contra o governo de Cavaco Silva com o mesmo zelo com que hoje toma medidas anti-sindicais, e o seu currículo revela a estrita correspondência dos cargos de nomeação governamental com as datas em que o PS chega ao poder, com Guterres em 1995 e Sócrates em 2005, para além do seu papel no gabinete do ministro Santos Silva. Esta biografia é reveladora e é típica dos militantes socialistas (e do PSD quando este está no poder) que são nomeados por fidelidade e clientelismo partidário a assumir funções de controlo político de áreas sensíveis da administração pública.

Se se permite que este tipo de prepotências claramente politizadas passe impune, contribui-se para um clima de medo e retaliação na função pública no momento muito delicado em que se estabelecem quotas de classificações e se preparam quadros de excedentes. O ambiente na função pública já é demasiado carregado, por boas e más razões, com muito medo instalado, medo mesmo, para se dar mais essa machadada na legitimidade das chefias quando são chamadas a escolher, a decidir sobre a vida das pessoas. Já chega a notória incapacidade de muitas chefias na função pública para reconhecerem um mérito que elas próprias raramente tem, para agora permitir em público uma exibição grosseira de controlo político-partidário.

Este é um dos calcanhares de Aquiles de qualquer reforma da administração pública: a confiança de que as classificações atribuídas aos funcionários têm a ver com o mérito e não com o partido ou as simpatias políticas. Se a DREN ficar nas suas funções, e não se demitir ou for demitida, o medo crescerá, mas o potencial das reformas, que já é escasso, será ainda mais minado por dentro. Esta é que é a questão de fundo.

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BIBLIOFILIA: COMPRAS DA FEIRA DO LIVRO

Embora todos os anos se diga que a Feira (de Lisboa) está pior, para um bibliófilo está mesmo cada vez pior. A culpa não é da Feira em si, que, melhor ou pior, continua a ser uma boa iniciativa urbana, a culpa primeira está nos mais vocais queixosos da Feira, os editores. São os editores que publicando quilómetros de lixo, que enchem as livrarias e os balcões da Feira, tornam o livro que se vende novo completamente desinteressante. Há excepções, claro, excelentes editoras, mas a regra é o livrinho de capa frívola e texto imbecil de qualquer autor secundário na moda este ano, desaparecido do mapa no seguinte. Cada vez mais reforço a minha moratória de só ler livros (de ficção) que resistam dez anos em qualquer memória viva.

Assim, é natural que acabem por ser os balcões dos alfarrabistas aqueles que mais gente tem à volta, e foi isso o que observei na Feira. Nos alfarrabistas, infelizmente poucos, encontram-se as verdadeiras "novidades", os velhos livros que nunca conhecera, os livros que sempre quisera ter e não tivera dinheiro para comprar, os livros que antes nunca pensei comprar e agora compro com gosto. Os livros é assim, sempre surpresas, sempre infinitos, cabem sempre mais. Na colheita deste ano, na primeira apanha, aqui estão alguns.

Várias grandes capas, com relevo para uma do mestre Sebastião Rodrigues, num livro de William Styron:



Depois há aquilo que um frequentador de alfarrabistas encontra vezes sem conta: bibliotecas mortas, em decomposição, cada livro vendido misturado anonimamente em pilhas que anunciam os preços, um euro, dois, cinco. Percebe-se que já houve um nexo, uma escolha, uma selecção, entretanto perdida, quase sempre por morte, por doença, por pobreza, raras vezes por desinteresse. Os herdeiros, esses grandes inimigos das bibliotecas pessoais, fizeram aqui a sua obra dissolvente. Em mais do que um alfarrabista, nos tabuleiros, encontrei esses restos que agora, combatendo contra a seta do tempo, vou tentar reconstituir, até ao meu próprio Dia.

Por exemplo, alguém gostava de livros sobre as tecnologias dos transportes, barcos e aviões,



alguém gostava de literatura francesa dos anos trinta e quarenta (os anos da sua juventude?), Mauriac, em particular, Gide, Julien Benda, Colette. Este livro de Benda, uma série de críticas literárias, nunca tinha visto.



Depois há os restos que já vivem solitários, que se compram individualmente, mais por curiosidade, por mania bibliófila: um Múrias "imperial", um João das Regras comentando em tempo quase real, os julgamentos de Nuremberg, uma biografia de Chiang Kai Shek (na grafia da época), um livro curioso e raro sobre ocultismo.



Vamos ver o que dá a segunda apanha.

(Clicar para aumentar as capas.)

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COISAS SIMPLES

Clicar para aumentar.

Ivan Aivazovsky, O Mar.

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EARLY MORNING BLOGS
1033 - Tout ce qui m'est extérieur m'est étranger désormais.

Tout ce qui m'est extérieur m'est étranger désormais. Je n'ai plus en ce monde ni prochain, ni semblables, ni frères. Je suis sur la terre comme dans une planète étrangère, où je serais tombé de celle que j'habitais. Si je reconnais autour de moi quelque chose ce ne sont que des objets affligeants et déchirants pour mon coeur, et je ne peux jeter les yeux sur ce qui me touche et m'entoure sans y trouver toujours quelque sujet de dédain qui m'indigne, ou de douleur qui m'afflige. Ecartons donc de mon esprit tous les pénibles objets dont je m'occuperais aussi douloureusement qu'inutilement. Seul pour le reste de ma vie, puisque je ne trouve qu'en moi la consolation, l'espérance et la paix, je ne dois ni ne veux plus m'occuper que de moi. C'est dans cet état que je reprends la suite de l'examen sévère et sincère que j'appelai jadis mes Confessions. Je consacre mes derniers jours à m'étudier moi-même et à préparer d'avance le compte que je ne tarderai pas à rendre de moi. Livrons-nous tout entier à la douceur de converser avec mon âme puisqu'elle est la seule que les hommes ne puissent m'ôter. Si à force de réfléchir sur mes dispositions intérieures je parviens à les mettre en meilleur ordre et à corriger le mal qui peut y rester, mes méditations ne seront pas entièrement inutiles, et quoique je ne sois plus bon à rien sur la terre, je n'aurai pas tout à fait perdu mes derniers jours. Les loisirs de mes promenades journalières ont souvent été remplis de contemplations charmantes dont j'ai regret d'avoir perdu le souvenir. Je fixerai par l'écriture celles qui pourront me venir encore; chaque fois que je les relirai m'en rendra la jouissance. J'oublierai mes malheurs, mes persécuteurs, mes opprobres, en songeant au prix qu'avait mérité mon coeur.

(Jean-Jacques Rousseau, Les rêveries du promeneur solitaire.)

*

Bom dia!

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HOJE - ESCOLHAS DO ABRUPTO NO

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Tendo em conta a nossa experiência actual de uma sua variante estandartizada, vale a pena rever um mestre Robot Politician muito mais divertido, feito por Peter Ustinov e o Muppet Show. .

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