ABRUPTO |
semper idem Ano XIII ...M'ESPANTO ÀS VEZES , OUTRAS M'AVERGONHO ... (Sá de Miranda) _________________ correio para jppereira@gmail.com _________________
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9.6.07
MOMENTOS EM TEMPO REAL Livros na Rua Anchieta, Lisboa. (url) COISAS DA SÁBADO: Já começou o próximo número do espectáculo mediático, o julgamento do criminoso em série português, a nossa versão da real thing, o GNR de Santa Comba Dão. Segue-se aos espectáculos anteriores, o “caso Esmeralda”, e o desaparecimento da “pequena Maddie”, e antecede muitos outros que hão-de vir. É melhor do que qualquer reality show, tem mais reality por isso é melhor show.
É ENTRAR PARA VER, MENINOS E MENINAS, O PRÓXIMO ESPECTÁCULO É UM CRIMINOSO EM SÉRIE (url) EARLY MORNING BLOGS His finger then, now yours
here, where master stopped, went back, counted syllables. (Irving Feldman) * Bom dia! (url) 8.6.07
MOMENTOS EM TEMPO REAL (url)
COISAS DA SÁBADO: OS MÍSSEIS RUSSOS E A EUROPA
Tenho muita curiosidade em ver que tipo de resposta vai dar a União Europeia à ameaça de Putin de tornar de novo apontar os seus mísseis para alvos europeus, isto na presunção de que alguma vez estes tivessem sido apagados da lista russa. Não me refiro à resposta retórica, aos protestos diplomáticos e verbais, mas sim às medidas concretas, às medidas de carácter militar. Não custa descobrir para onde estão apontados esses mísseis: deve haver vários para a Alemanha, Polónia, República Checa, Itália, muitos para o Reino Unido, um ou dois para França, talvez para Portugal haja um para os Açores e outro para o comando da OTAN de Cascais. O que haverá certamente é um lote especial para Bruxelas, onde está situado o Quartel-General da OTAN, localização que veio do tempo em que a Bélgica era um aliado com que se podia contar na “guerra fria”. Agora ter lá o Quartel-General é um anacronismo histórico, que já Rumsfield, com a amabilidade do trato que o caraterizava, tinha ameaçado mudar para a Polónia. Claro que se pode sempre dizer que quem dá essa resposta militar é a OTAN, cujos mísseis devem aliás também ter ficado com os alvos soviéticos clássicos guardados na memória. Ou seja, traduzido em português corrente e não em “europês”, isso significa que mais uma vez a tronitruância anti-americana da Europa esconde que esta é protegida pela sombra termonuclear dos EUA, que, como se sabe, é um país criminoso presidido por um imbecil, que todo o europeu politicamente correcto despreza no íntimo do seu ser. (url) MOMENTOS EM TEMPO REAL Usando o Abrupto como janela, vendo, em tempo quase real, o que outros estão a ver. A manhã, hoje. (url)
LENDO
VENDO OUVINDO ÁTOMOS E BITS de 8 de Junho de 2007 Os culpados, os malfrats, os arguidos, a Bande à Bonnot, o ajuntamento de má fama. [ ADENDA: A ligação já não funciona, e Paris Hilton agradece pela fama na blogosfera.] (url) EARLY MORNING BLOGS This is my advice to foreigners: call it simply—the river; never say old muddy or even Missouri, and except when it is necessary ignore the fact that it moves. It is the river, a singular, stationary figure of division. Do not allow the pre-Socratic to enter your mind except when thinking of clear water trout streams in north central Wyoming. The river is a variety of land, a kind of dark sea or great bay, sea of greater ocean. At times I find it good discipline to think of it as a tree rooted in the delta, a snake on its topmost western branch. These hills are not containers; they give no vantage but that looking out is an act of transit. We are not confused, we do not lose our place. (Michael Anania) * Escolhido junto do Douro. Bom dia! (url) 7.6.07
EARLY MORNING BLOGS My head knocks against the stars. My feet are on the hilltops. My finger-tips are in the valleys and shores of universal life. Down in the sounding foam of primal things I reach my hands and play with pebbles of destiny. I have been to hell and back many times. I know all about heaven, for I have talked with God. I dabble in the blood and guts of the terrible. I know the passionate seizure of beauty And the marvelous rebellion of man at all signs reading "Keep Off." My name is Truth and I am the most elusive captive in the universe. (Carl Sandburg) * Bom dia! (url) 6.6.07
METABLOGUISMO - SINAIS DE CRISE Assiste-se a um significativo empobrecimento da blogosfera que tem mais leitores, para além da pornográfica e futebolística, e que é essencialmente política e "literária". Por um lado, é cada vez maior a sobreposição da agenda comunicacional "lá fora" com a agenda "cá dentro". É um processo que resulta do reforço do contínuo entre blogues e jornais. Hoje não há nenhum tema dos blogues que não chegue praticamente em tempo real aos jornais, cujos jornalistas observam os blogues todos os dias. Por outro lado, o efeito de politização intensa dos blogues e da cada vez maior circulação dos autores de comentário nos blogues para as colunas dos jornais, da rádio e da televisão, torna obrigatório que eles sigam também em tempo real os eventos políticos. As agendas tornam-se mutuamente dependentes e o efeito final é empobrecedor. Há, no entanto, aspectos, como a crítica aos media, que ainda se centram apenas nos blogues. Este pode ser apenas um efeito transitório, mas existe. Mas o mais empobrecedor, é o aparecimento em força de fenómenos de "amiguismo" e "grupismo", que abafam o espírito analítico e tornam os blogues tão permeáveis à cultura da troca do favor e do silêncio crítico que já existe quanto baste na comunicação social tradicional e na sociedade portuguesa. Um livro não é bom apenas porque é publicado pelo autor do blogue ao lado e a permuta de pré-publicações e anúncios congratulatórios não pode ser apenas feita por passividade ou expectativa de retribuição. É suposto que quem anuncia um livro o acha com qualidade, o conheça ou o tenha lido. Senão os blogues ficam iguais ao Jornal de Letras, mais uma coterie, ou um grupo de coteries, mais ou menos rivais que disputam entre si o escasso espaço público das editoras e da "influência". A polémica do "amiguismo" suscitada por João Pedro George foi um primeiro alerta para esta situação. Rapidamente redundou, pela habitual máquina simplificadora, em se saber se se podia ou não escrever críticas dos livros dos amigos e colegas, o que não é o ponto. No ponto, George tinha toda a razão e o modo hostil como foi recebido particularmente revelador de que tocara numa questão sensivel.É uma espécie de Princípio de Peter. As razões do sucesso podem tornar-se as razões do insucesso. O sucesso da blogosfera criou um novo circuito literário, jornalístico, de comentário político, de crítica, que é, como se costuma dizer, "incontornável" para directores de órgãos de informação, editores, organizadores de colóquios, animadores culturais, empresas "culturais", vereações municipais, etc.. Mas os sintomas de entrada no establishment começam a ser evidentes, com a complacência generalizada nos blogues com os produtos da própria blogosfera. Que isto se discuta tão pouco é já por si um sintoma da doença. Não era isso uma das coisas que os blogues criticavam na imprensa? (Continua) Etiquetas: blogosfera (url) GRANDES CAPAS: UMA COLECÇÃO EXCEPCIONAL (Clicar para aumentar.) A série de capas (cujo autor desconheço) realizada para a colecção policial da Editorial Século entre o final da década de quarenta e o início da de cinquenta do século XX, são do melhor que conheço para edições populares e baratas, onde aliás há muitos exemplos de excelentes capistas. (url) (url) EARLY MORNING BLOGS Noble executors of the munificent testament Of the late John Simon Guggenheim, distinguished bunch Of benefactors, there are certain kinds of men Who set their hearts on being bartenders, For whom a life upon duck-boards, among fifths, Tapped kegs and lemon twists, crowded with lushes Who can master neither their bladders nor consonants, Is the only life, greatly to be desired. There’s the man who yearns for the White House, there to compose Rhythmical lists of enemies, while someone else Wants to be known to the Tour d’Argent’s head waiter. As the Sibyl of Cumae said: It takes all kinds. Nothing could bribe your Timon, your charter member Of the Fraternal Order of Grizzly Bears to love His fellow, whereas it’s just the opposite With interior decorators; that’s what makes horse races. One man may have a sharp nose for tax shelters, Screwing the IRS with mirth and profit; Another devote himself to his shell collection, Deaf to his offspring, indifferent to the feast With which his wife hopes to attract his notice. Some at the Health Club sweating under bar bells Labor away like grunting troglodytes, Smelly and thick and inarticulate, Their brains squeezed out through their pores by sheer exertion. As for me, the prize for poets, the simple gift For amphybrachs strewn by a kind Euterpe, With perhaps a laurel crown of the evergreen Imperishable of your fine endowment Would supply my modest wants, who dream of nothing But a pad on Eighth Street and your approbation. (Anthony Hecht, adaptado de Horácio.) * Bom dia! (url) 4.6.07
MOMENTOS EM TEMPO REAL Usando o Abrupto como janela, vendo, em tempo quase real, o que outros estão a ver. (url) (url) NUM BLOGUE PERTO DE SI, NUMA GALÁXIA MUITO LONGE NESTES DIAS DESDENHAR AS GREVES COMO DISCURSO DO PODER - adaptação do artigo do Público de 2 de Junho. (url) EARLY MORNING BLOGS 1035 -... l'Humanité tout entière a oublié et cherche à se rappeler, à tâtons, on ne sait quelle Loi perdue. Pascal nous dit qu'au point de vue des faits, le Bien et le Mal sont une question de "latitude". En effet, tel acte humain s'appelle crime, ici, bonne action, là-bas, et réciproquement. - Ainsi, en Europe, l'on chérit, généralement, ses vieux parents; - en certaines tribus de l'Amérique, on leur persuade de monter sur un arbre; puis on secoue cet arbre. S'ils tombent, le devoir sacré de tout bon fils est, comme autrefois chez les Messéniens, de les assommer sur-le-champ à grands coups de tomahawk, pour leur épargner les soucis de la décrépitude. S'ils trouvent la force de se cramponner à quelque branche, c'est qu'alors ils sont encore bons à la chasse ou à la pêche, et alors on sursoit à leur immolation. Autre exemple: chez les peuples du Nord, on aime à boire le vin, flot rayonnant où dort le cher soleil. Notre religion nationale nous avertit même que "le bon vin réjouit le coeur". Chez le mahométan voisin, au sud, le fait est regardé comme un grave délit. - A Sparte, le vol était pratiqué et honoré: c'était une institution hiératique, un complément indispensable à l'éducation de tout Lacédémonien sérieux. De là, sans doute, les grecs. - En Laponie, le père de famille tient à honneur que sa fille soit l'objet de toutes les gracieusetés dont peut disposer le voyageur admis à son foyer. En Bessarabie aussi. - Au nord de la Perse, et chez les peuplades du Caboul, qui vivent dans de très anciens tombeaux, si, ayant reçu, dans quelque sépulcre confortable, un accueil hospitalier et cordial, vous n'êtes pas, au bout de vingt-quatre heures, du dernier mieux avec toute la progéniture de votre hôte, guèbre, parsi ou wahabite, il y a lieu d'espérer qu'on vous arrachera tout bonnement la tête, - supplice en vogue dans ces climats. Les actes sont donc indifférents en tant que physiques: la conscience de chacun les fait, seule, bons ou mauvais. Le point mystérieux qui gît au fond de cet immense malentendu est cette nécessité native où se trouve l'Homme de se créer des distinctions et des scrupules, de s'interdire telle action plutôt que telle autre, selon que le vent de son pays lui aura soufflé celle-ci ou celle-là: l'on dirait, enfin, que l'Humanité tout entière a oublié et cherche à se rappeler, à tâtons, on ne sait quelle Loi perdue. (Villiers de L'Isle-Adam, Contes cruels ) * Bom dia! (url) MOMENTOS EM TEMPO REAL Usando o Abrupto como janela, vendo, em tempo quase real, o que outros estão a ver. O mar do Funchal. No Porto, festa em Serralves. (Pedro Cirne) (url) 3.6.07
LENDO
VENDO OUVINDO ÁTOMOS E BITS de 3 de Junho de 2007 O noticiário do costume na RTP1: uma não-notícia sobre o "facto" da população da Praia da Luz "já não falar da menina" (como é que o jornalista sabe, gostava eu de saber); uma legenda de pé de página que faz uma sugestão falsa sobre o que o Presidente da República disse sobre a globalização (a legenda dizia mais ou menos isto "Cavaco Silva é a favor da globalização, mas entende quem é contra" enquanto nas declarações o Presidente se limita a dizer que deve haver liberdade de criticar a globalização, mas nunca afima qualquer "entendimento" quanto ao conteúdo dos seus críticos). Depois, o "momento-Chávez" do dia foi particularmente interessante: José Sócrates a falar numa reunião na Aústria, como futuro co-presidente da União. Só que era evidente a nulidade do pensamento, tudo o que disse foi paupérrimo e banalidade absoluta, com o estilo sempre a fugir para os slogans que usa por cá. Foi confrangedor ver o vazio com que ele fala sobre as questões europeias, e a grande dificuldade que demonstra em fugir ao estilo arrogante e muito repetitivo que usa na Assembleia da República. Será que vamos ter em matérias europeias uma espécie de Princípio de Peter governativo? (url) HOJE - ESCOLHAS DO ABRUPTO NO Russell Oberlin distingue a voz de falsete da de contratenor. Depois, vale a pena passear pela sua voz, cantando Bach e Handel. (url) A CONDENAÇÃO DO CONFLITO COMO INSTRUMENTO DO PODER A primeira no tempo foi a do Governo e foi conduzida à vontade pelos secretários de Estado que fizeram declarações sobre o fracasso da greve, apresentaram o número governamental dos 13 vírgula qualquer coisa de grevistas e passaram o grosso do tempo a tirar "lições políticas" do que se tinha passado. Três quartos das declarações governamentais foram não factuais, mas político-propagandísticas. Mesmo assim não se ouviu uma mosca na sala, que devia estar cheia de jornalistas, atentos, veneradores e obrigados. Estava-se do lado do vencedor, da mó de cima, e ai dos vencidos! Depois, a parafernália televisiva passou para a sede da CGTP, onde Carvalho da Silva começou a falar da greve, sector a sector, referindo sempre números e casos particulares, o hospital X não funcionou, tantas repartições estiveram fechadas, etc., etc. para fugir a dar um número global, que teria que ser forçosamente ou falso, ou revelador do fracasso da greve como "geral". Mas o que ele estava a dizer continha elementos informativos tanto mais relevantes quanto não tinham feito parte do noticiário desse dia de greve, como por exemplo o cancelamento dos voos nos aeroportos. Era óbvio que ele não queria dar um número genérico, mas também é verdade que o número do Governo é uma construção enganadora para os media. A greve podia ter tido só dez por cento de adesões nacionais e ter sido um sucesso retumbante, se, por exemplo, tivesse encerrado as grandes superfícies, tivesse impedido os sistemas de controlo do tráfego urbano de funcionar, ou apenas e só encerrado as televisões. Mas o que então se assistiu foi uma cena que não me lembro de ter acontecido nestas conferências de imprensa para os noticiários em directo das oito: os jornalistas a meio da declaração inicial desataram a fazer-lhe uma pergunta: que número a CGTP tinha que servisse de contraponto aos 13 por cento do Governo. Carvalho da Silva pediu que esperassem enquanto continuava com a declaração, mas, de novo, num modo inédito e sem precedente, mostrando aliás a mais pura da má-criação, só se ouviam as perguntas dos jornalistas por cima da sua voz, como se estivéssemos perante uma turba a gritar a um criminoso. Foi uma cena lastimável que nenhum jornalista pode deixar de saber o que significa comunicacionalmente. Uma cena, e isso é que é preocupante, muito significativa dos dias de hoje. Estava-se no lado do vencido, da mó de baixo e, com os vencidos, nestes momentos aperta-se ainda mais o nó da garganta para os ver morrer em público. Esta cena televisiva na sua explicitude mereceria ser colocada em linha, no YouTube talvez. Valia a pena que se pudesse ver o que se passou ,como ilustração do comportamento inqualificável dos jornalistas presentes.A cena das conferências de imprensa foi apenas a face mais visível de mil e artigos condenatórios da greve, mil e uma nota em blogues satirizando a greve e os seus resultados. A maioria que escreve sobre as greves, esta ou outras, tem como atitude típica o desdém. Desdenhar que se use essa forma "arcaica", "antiquada", "comunista" de fazer greve, como se os sindicatos e o direito à greve não fossem uma das características centrais do funcionamento de uma sociedade democrática, um dos instrumentos de defesa de interesses dos trabalhadores. Sim, porque as greves não se fazem em nome do interesse geral, nem do "interesse nacional", não se fazem em nome de nenhuma dessas grandes palavras com que se pretende matar a conflitualidade social e que tão grande circulação têm na vida política portuguesa que adora o consenso e abomina o conflito. Eu não estou de acordo com quase tudo o que a CGTP defende, sou a favor de muito mais do que a "flexisegurança", a solução de meias tintas em voga, em matéria de lei laboral, mas longe de mim ter desprezo por quem defende as suas ideias e os seus interesses, com as armas que a democracia lhes dá. A saúde da democracia inclui sindicatos fortes, trabalhadores sem medo de fazerem greve dentro da lei, como instrumento dos equilíbrios sociais necessários. Até porque, para muitos trabalhadores, é mesmo um dos poucos instrumentos que têm para se defenderem da indiferença social que os yuppies modernaços que estão à frente do PS revelam. Porque uma coisa são reformas e as suas dificuldades, outra é fazê-las pela lei do menor esforço, ou seja, pelo sacrifício dos mais fracos e dos mais afastados do poder. Um dos aspectos desse desdém é uma espécie de proclamação universal do egoísmo dos outros, a quem se retira dignidade da intencionalidade dos seus gestos. Não lhes passa pela cabeça esta evidência tão simples: a greve é um dos raros momentos de protesto cívico, seja ela feita por comunistas, socialistas, sociais-democratas, ou gente que está sempre do contra e que custa alguma coisa a quem o faz. Não abundam casos na nossa vida cívica, tão egoísta e escassa, em que voluntariamente milhares de pessoas, os grevistas são pessoas, convém lembrar, prescindiram de um dia de salário para manifestarem uma posição, uma inquietação, qualquer coisa. Mesmo que se admita, e admito-o sem dificuldade, que há uma minoria de grevistas "obrigados" a fazerem greve por medo de ficarem mal vistos face aos seus companheiros de trabalho, em particular nos sectores onde a greve é mais "geral", a maioria faz greve voluntariamente, seja, insisto, por que motivo for, inclusive o de se ser comunista filiado. Claro que os desdenhosos vão dizer que muitos dos que "fizeram" greve vão depois meter baixa ou apresentar qualquer justificação para não virem nas listas de grevistas e receberem o dia em que não trabalharam. Alguns o farão, uns porque precisam do dinheiro, outros porque estão habituados a este tipo de truques e querem ficar no melhor de dois mundos. Mas muitos fazem-no pela mesma razão que milhares de outros portugueses não fizeram greve: porque têm medo, medo de perderem o seu precário emprego, medo de serem colocados numa lista qualquer de excedentes, medo de serem mal classificados na função pública por um chefe que muito provavelmente é hoje da "cor" do Governo. Este medo explica por que razão a única sondagem realizada mostrava que a maioria dos portugueses apoiava a greve e tão poucos acabaram por a fazer. Segundo uma sondagem do Diário de Notícias publicada no próprio dia da greve havia uma maioria a favor da greve: 44% dos portugueses concorda e 42% discordam. Os restantes, não têm opinião sobre o assunto. Embora a maioria fosse escassa, é certamente muito superior ao número de grevistas, o que aponta para uma legitimação da greve muito superior à adesão efectiva.A CGTP tem obrigação de conhecer bem este medo e de saber que na história do movimento sindical raramente têm sucesso greves realizadas em clima de forte retracção social. Contrariamente ao que se possa pensar, as greves têm muito mais sucesso em períodos de vacas gordas do que magras. Em períodos em que o desemprego é uma ameaça real, os trabalhadores naturalmente agarram-se ao que têm e não mostram esperança no futuro. Ao fim do dia, era evidente que a greve correra mal à CGTP, por mil e um motivos. Mas certamente nenhum desses motivos tinha a ver com o facto de a maioria dos trabalhadores que não fizeram greve acharem que o Governo tinha razão. Desse ponto de vista, a mentira dos secretários de Estado era muito maior do que a omissão de verdade do secretário-geral da CGTP. (No Público de 2 de Junho de 2007) (url) NUM BLOGUE PERTO DE SI, NUMA GALÁXIA MUITO LONGE EM BREVE DESDENHAR AS GREVES COMO DISCURSO DO PODER - adaptação do artigo do Público de 2 de Junho. NESTES DIAS Em actualização ESTUDOS SOBRE O COMUNISMO. COISAS DA SÁBADO: A POLITIZAÇÃO DA FUNÇÃO PÚBLICA - por que razão a DREN não pode deixar de ser demitida. BIBLIOFILIA: COMPRAS DA FEIRA DO LIVRO - primeira colheita nos alfarrabistas da Feira. (url) (url) EARLY MORNING BLOGS “It seems to me,” said Booker T., “It shows a mighty lot of cheek To study chemistry and Greek When Mister Charlie needs a hand To hoe the cotton on his land, And when Miss Ann looks for a cook, Why stick your nose inside a book?” “I don’t agree,” said W.E.B., “If I should have the drive to seek Knowledge of chemistry or Greek, I’ll do it. Charles and Miss can look Another place for hand or cook. Some men rejoice in skill of hand, And some in cultivating land, But there are others who maintain The right to cultivate the brain.” “It seems to me,” said Booker T., “That all you folks have missed the boat Who shout about the right to vote, And spend vain days and sleepless nights In uproar over civil rights. Just keep your mouths shut, do not grouse, But work, and save, and buy a house.” “I don’t agree,” said W.E.B., “For what can property avail If dignity and justice fail. Unless you help to make the laws, They’ll steal your house with trumped-up clause. A rope’s as tight, a fire as hot, No matter how much cash you’ve got. Speak soft, and try your little plan, But as for me, I’ll be a man.” “It seems to me,” said Booker T.— “I don’t agree,” Said W.E.B. (Dudley Randall) * Bom dia! (url)
© José Pacheco Pereira
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