ABRUPTO

7.5.04


EARLY MORNING BLOGS 198

Nom caché




Le véritable Nom n'est pas celui qui dore les portiques, illustre les actes ; ni que le peuple mâche de dépit ;

Le véritable Nom n'est point lu dans le Palais même, ni aux jardins ni aux grottes, mais demeure caché par les eaux sous la voûte de l'aqueduc où je m'abreuve.

Seulement dans la très grande sécheresse, quand l'hiver crépite sans flux, quand les sources, basses à l'extrême, s'encoquillent dans leurs glaces,

Quand le vide est au coeur du souterrain et dans le souterrain du coeur, - où le sang même ne roule plus, - sous la voûte alors accessible se peut recueillir le Nom.

Mais fondent les eaux dures, déborde la vie, vienne le torrent dévastateur plutôt que la Connaissance !


(Victor Segalen)

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ABRUPTO - UM ANO - LÁ FORA

Numa referência ao aniversário do Abrupto, o Bisturi lembra uma nota que publiquei, em 30 de Agosto de 2003, e que permanece para mim programática:

LÁ FORA

"Há tanta coisa interessante, há tanta coisa para aprender, como é que nos podemos aborrecer, como é que nos podemos fartar?

Claro que há tanta coisa interessante, mas é lá fora. LÁ FORA. Mesmo quando a trazemos para dentro é LÁ FORA. Mesmo quando é em nós que essas coisas estão, é LÁ FORA, longe da pegajosa circularidade do eu. Como é que alguém se farta em dois meses, numas férias, em meio ano, em tudo que seja menos de uma vida inteira, não de escrever aqui, porque isso é o menos, é circunstância, mas de ter a cabeça LÁ FORA? "

É o que a face meia espantada, meia curiosa, do homem à janela, que nos acompanhará a partir de agora, quer dizer. É LÁ FORA.

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MAIS UMA CORRIDA, MAIS UMA VIAGEM

interromperá a actualização rápida dos agradecimentos. Quando regressar, voltará a ordem. E o progresso.

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6.5.04


OS NOVOS DESCOBRIMENTOS: LONGE DA VISTA



mas perto da imaginação.

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O ABRUPTO FEITO PELOS SEUS LEITORES . O MELHOR E O PIOR 2

O PIOR


"Aqueles que considero serem os piores momentos do Abrupto, têm ambos a ver com a morte, embora considere o primeiro de que falarei mais infeliz do que o segundo.

Falo do texto sobre Victor Sá em Necrologias a 3 de Janeiro. Não vou discutir o conteúdo (embora a primeira parte não tenha primado pela elegância chegando quase ao insulto), vou discutir a oportunidade do que foi dito e suas consequências. Depois de ler o pequeno texto fiquei com a sensação de que ele só serviu um objectivo: magoar quem já estava ferido, isto é, a família e os próximos. Não vejo que outro tipo de utilidade tenha tido o texto. A biografia publicada nos “Estudos sobre Comunismo”, que tive o cuidado de consultar, parece-me útil, o comentário de JPP no Abrupto não. Os fins não justificam os meios. Se era assim importante falar da experiência pessoal com Victor Sá (seria?) eu creio que, com um pouco de paciência e de habilidade – deixar passar tempo e arranjar um pretexto para o fazer – esse comentário teria passado sem o rasto de mágoa e de amargura que deixou. Não, a última parte do comentário, embora mais “humana” não foi redentora, e até eu senti desconforto com o texto e pensei: se tivesse sido o meu pai, irmão, marido, filho….

JPP utilizou um registo impressionista, mas distante e frio, com aquela “lucidez” cortante e desprovido de compaixão para quem fica e sofre. (Eu sei que compaixão é uma palavra e um conceito fora de moda). Por causa da morte tão recente, imperava a emotividade e, como era óbvio e esperado, as reacções surgiram. E aqui, para mim, tudo piorou e se tornou confrangedor. Não foram reacções frias, distantes e “objectivas” de colegas de profissão ou de alunos ou de camaradas ou de anti-fascistas que poderiam contrapor à frieza de JPP a sua própria frieza. Se houve reacções dessas que não tenham sido publicadas foi muito mau, se essas reacções não chegaram foi ainda pior pois dá mais força à opinião de JPP, que por isso e só por isso, deveria ter sido mais contido. Foram as reacções dos familiares, carregadas de amargura e ressentimento e dor que lemos no Abrupto. Por muito “objectivas” que tenham tentado ser e em parte conseguiram com alguma dignidade, a todo o momento transpareceu a “subjectividade” que a proximidade familiar e a dor da perda dão e que diminui o rigor argumentativo. Lutaram com armas desiguais num terreno em que dificilmente poderiam vencer. Na altura este caso passou-me despercebido senão também teria tido uma reacção minha.

O outro caso diz respeito a reacção à morte de Feher, 26/01 e seu tratamento na comunicação social. Aqui estou absolutamente de acordo com o que disse JPP, embora não tenha gostado nada da forma e muito menos do título “Masturbação da dor”. Mais uma vez pensei: e se fosse meu pai, irmão, marido, filho teria gostado? Sem negar a qualidade semântica do título, não posso deixar de considerar a expressão feia de mais para a ver atrelada à morte de um ser querido.

Sem querer relacionar o caso acima descrito com este comentário pergunto-me por que é que se usa esta expressão para a dor e não para outras coisas? Será uma tentativa de menosprezar nesta “sociedade prozac” o valor e o papel da dor? Que acharemos se substituirmos na expressão a palavra “dor” por outras: “gula”, “orgulho”, “social”, “preconceito”, etc?
"

(Joana)

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O ABRUPTO FEITO PELOS SEUS LEITORES - O MELHOR E O PIOR 1

Uma leitora do Abrupto, Joana, fez, durante 2004, uma leitura completa do blogue e enviou-me uma série de textos que vão muito mais longe do que a apreciação do que tenho escrito para valerem por si só e pela sua qualidade. Dois deles, sobre o "melhor" e o "pior" do Abrupto, guardei-os para esta ocasião. O que se segue é uma memória pessoal e afectiva do Porto.

O MELHOR

"É um contra senso falar nos melhores momentos, mas houve, no entanto dois textos de que gostei de uma forma especial. O texto “Decência” a 05/07 que a propósito do mar do Norte e da sua essência, fala da decência. Como mais à frente referirei para mim o mar do Norte está no Porto e ainda mais a Norte, vai de Viana do Castelo a Caminha. O segundo texto “Uma cidade que se chama Invicta” de 25 de Julho que resumiu muito do que é o meu sentimento pela minha cidade o que dela herdei, e muita da minha emoção.

O Porto, embora lá tenha nascido e vivido, cresceu tarde em mim. (…) Nessa altura o coração do Porto passava-me ao lado, e só ia à Baixa quando ia ao médico, às compras com a minha mãe a algum restaurante ou espectáculo no Coliseu. Foi na adolescência e nas primeiras saídas, de autocarro, com as amigas e os amigos, tomar chá à Arcádia ou ir ao cinema, entre outros passeios, que comecei a conhecer o Porto, as suas ruas, os seus cantos. Depois comecei a ouvir e entender os comentários e apreciações que o meu Pai fazia sobre a cidade, mas creio que o primeiro confronto (confronto no sentido de olhar de frente, de face, sem rodeios) com o Porto real o devo a Júlio Dinis e à sua “Uma Família Inglesa”. Esse romance foi um abrir de olhos e uma ajuda preciosa para entender aquilo que via, para ter vontade de conhecer melhor a minha cidade, a sua História, e mergulhar na sua condição burguesa e tradição comercial, sentir o seu palpitar. Dar um sentido às ruas, ao Ateneu Comercial, ao Águia d’Ouro, a Fernandes Tomás, à Boavista, à Foz. Posteriormente comecei a mostrar o Porto a amigos de fora e tive a sorte de o fazer muitas vezes, e fiz o que quem lá vive não faz: subi a Torre dos Clérigos, atravessei a pé a Ponte de D. Luís (tabuleiro superior) fui ao Museu Soares dos Reis, ao Museu Romântico (creio que se chamava assim), atravessei a Ribeira (que não era o que é hoje), visiteis igrejas e conheci as principais Caves do Vinho do Porto, etc., etc.

O meu segundo confronto com o Porto foi quando me apercebi da sua imensa beleza sem artifício e com a alma à vista nas suas ruas cinzentas e estreitas, nos seus bairros antigos, nas suas igrejas e praças, na marginal e nas belas pontes, na Foz com as mansões de inícios de século da avenida Montevideu e com o seu cheiro a maresia, nos bairros de pescadores, e ao mesmo tempo me apercebi daquilo a que chamo a sua mística: sempre achei que o Porto tem uma mística própria de cidade fechada e aparentemente “feia” que só se revela, abre e acolhe quem ela quer. Quando mostrava a cidade e me diziam para ir à Serra do Pilar ver a vista para o Porto protestava e nunca lá ia. Vista deslumbrante era aquela do Cais de Gaia em frente à Sandeman ao fim da tarde: o rio, o mar e a imponente silhueta recortada da cidade desvendando todo o seu mistério As cores aí são sempre surpreendentes. De cada vez que lá vou não o faço com indiferença, há sempre um aperto na garganta, um arrepio…Até hoje não vi nenhuma vista urbana tão linda como essa e já vi vistas deslumbrantes…Nessa altura estava eu na Faculdade de Letras, no Campo Alegre, e quando tinha carro ou ia no carro de uma amiga e vizinha fazíamos questão de regressar com tempo, descendo o Campo Alegre até à Pasteleira, virar no Fluvial para a marginal e fazer esse percurso até à Foz ao fim do dia e cada dia com a sua cor, e cada dia com a sua emoção, e cada dia com as suas confidências. Estas recordações tenho-as vivíssimas.

O terceiro e último confronto deu-se quando saí do Porto e me apercebi o que dele tinha comigo, e que era subtilmente diferente do que outros portugueses tinham: um gosto pelo que é genuíno, por “o que, é, é” versus “o que parece é”, em todos os aspectos da vida. Notei isto sobretudo nas relações com os ouros: o quanto era difícil às vezes as pessoas serem genuínas, manterem a sua verticalidade, serem iguais a si próprias sem excitações nem heroísmos numa sociedade que vive da aparência e do interesse ao serviço dos objectivos de cada um. Mas o ser genuíno é também, e numa visão feminina e cheia do quotidiano, usar pouco ouro e não muito dourado, ter bons lençóis na cama e só depois ter sapatos de marca, ter boa comida na mesa e partilha-la e só depois fazer férias nas Maldivas, falar do que se conhece (pessoas e coisas) e reconhecer o que se desconhece, versus entreter-se com “name dropping”. Isto é do Porto, do Norte. Herdei também do Porto o tão burguês gosto pela casa, não na versão moderna de tudo sacrificar em nome da decoração (moda em Portugal nos últimos 10 anos?), mas na versão burguesa do conforto, do acolhimento, do refúgio. Gosto de viajar, gosto, embora menos, de sair, mas a minha casa é um prolongamento do meu ser, a minha casa sou eu e espelha a minha vida não é uma coisa desligada do ser humano em nome da “decoração”. No Porto vivíamos, entre amigos meus e dos meus Pais, de casa em casa. Havia sempre lugar para mais um à mesa e se eram muitos todos ajudavam e depressa se improvisava um jantar. Conhecia, e conheço ainda todas as casas dos meus amigos do Porto. O mesmo não se passa noutros locais onde vivi e vivo. Tudo isso acabou. Só uma coisa não acabou: os meus amigos (de diferentes quadrantes da sociedade) que resistiram ao tempo, aos caprichos da vida, às separações, às aparentes infidelidades, e que são prova da solidez granítica de que fala JPP. Com alguma regularidade, mas pouca frequência vou ao Porto só para estar com eles.

O texto de JPP sobre o Porto e a integridade é lindíssimo e identifiquei-me logo com ele. Mas o que escrevi é a minha versão do “ser do Porto”, versão essa praticamente inalterada ao longo dos anos. O que sinto hoje já o sentia há dez e quinze anos atrás.

Atravessar a Ponte da Arrábida em direcção ao Porto nunca me deixa indiferente, ouvir o Rui Veloso cantar o “Porto Sentido” é sempre pretexto para me deixar levar, no meu íntimo, por um pouco de sentimentalismo fácil. Até a “Pronúncia do Norte” dos GNR com aquela belíssima voz feminina, mas com uma letra pobre, me faz efeito! Talvez porque eu seja sensível às pronúncias, sotaques, palavras e expressões, sobretudo desde que vivo em Lisboa e adore descobrir aquele “quiêa” que mesmo ao fim de muitos anos no Sul não nos deixa dúvida sobre a nossa origem, ou um “à minha beira” em vez do “ao pé de mim”!

Por tudo isto, como o percebo bem quando diz “Nunca mostrei a minha cidade, mostrar de mostrar, a quem eu não ache íntegro. Sei de quem nunca lá irá pelas minhas mãos”. A minha versão foi sempre, e ainda é, dizer “pois” de cada vez que me dizem que o Porto é cinzento ou sério e fechado (é verdade que não tem a beleza fácil de Lisboa que foi e é sede da “Corte”). Não perco um segundo do meu tempo nem da minha energia a explicar seja o que for a quem já tudo sabe, tudo entendeu. O Porto mostra-se a quem o quer ver: aí sim, então não perco tempo, partilho-o.
"

(Joana)

(Continua com O PIOR)

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ABRUPTO – UM ANO – O BLOGUE DO “JUDEU ERRANTE”

O Abrupto é o verdadeiro blogue do “judeu errante”. Começou a ser escrito em Nápoles, depois foi escrito em Paris, Veneza, Estrasburgo, Bruxelas, Istambul, Madrid, Bilbau, Pamplona, Viena, Ilha de Reunião, Copenhaga, Moscovo e o mais que não me lembro. De Lisboa, do Porto, e daqui
.
Em três continentes, vários mares. Alguns vulcões. De avião, de comboio, de barco. Em soviéticos cadernos, num Moleskine, no verso de envelopes, no branco das páginas de jornais.

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ABRUPTO - UM ANO - AGRADECIMENTOS v. 6



O Abrupto deve muito à dedicação e perseverança de AR e JCS que, sem descanso, o corrigiram das asneiras do seu autor.

*

E a todos os seus leitores activos que enviaram críticas, comentários e colaboraram no próprio blogue, com textos, sugestões de poemas, imagens. Uma lista completa será publicada em breve.

*

Primeira série de agradecimentos ainda en vrac e por ordem alfabética. Esta lista será actualizada progressivamente e algumas mensagens serão publicadas à parte.

A. Pina Cabral
Afonso de Azevedo Silva Neves
Amélia Pais
Anabela Dinis
Antes de Cristo
António Augusto Oliveira
António Neves
Catarina Campos
César de Oliveira
Eduardo Paz Barroso
Esquizóide raivoso
Fernando Almeida e Costa
Filipe Nunes Vicente
Filipe Vieira de Castro
Francisco José Viegas
Gonçalo Rosas
Irene
J. H. Coimbra
Joana
João Costa
João Gomes
João Gundersen
João Melo
João Paulo Brito
João Paulo Silva
João Pedro Dias
José Carlos Santos
José Pimentel Teixeira
Leonel Vicente
Luis Ferreira
Luís Mota Bastos
Marco Oliveira
Maria Cristina Perry
Maria Isabel Goulão
Maria Poppe
Maria Teresa Goulão
Mário Cordeiro
Marta Mestre
Nuno Baptista
Nuno Marta
Nuno Mota Pinto
Olívio Mota Amador
Paulo Amaral
Paulo Agostinho
Paulo Osório de Valdoleiros
Pedro Lomba
Raquel Pinheiro
Rita Maltez
Rosa
Rui Carp
Rui Curado Silva
Rui Silva
Rui Valério
Sandra Costa
Tiago Pais
Vital Moreira
Walter Rodrigues

*

Blogues:

4ª Ferida Narcísica
Albergue dos Danados
Almocreve das Petas
Analiticamente Incorrecto
Asul
Autobiografia Venenosa
Avatares de um Desejo
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Aviz
Babugem
Bisturi
Blasfémias
Blog-Notas
Bloguítica
Bomba Inteligente
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A Toca do Remexido
Tugir
O Vilacondense
Vostrodamos
What you represent

*

Muito obrigada a todos!

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SOBRE OS “VERDES” (Actualizado)

Em complemento histórico do que escrevi hoje no Público sobre o pseudo-partido “Os Verdes”, acrescento que um dos seus criadores foi Zita Seabra, então membro do CC do PCP. Zita foi a Wuppertal estudar os “Verdes” alemães por conta do partido e, de regresso, criou os portugueses ex-nihilo. Alguns militantes mais propícios para assumirem a função foram escolhidos e eram controlados na própria Assembleia por Zita Seabra.

*

Nota: veja-se no Causa Nossa uma rectificação, com razão, de Vital Moreira a uma minha imputação de que teria "defendido" os Verdes.

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ABRUPTO - UM ANO

Lembrança do Francisco José Viegas no aniversário do blogue do "judeu errante" :

«Com dor, da gente fugia,
antes que esta assi crecesse;
agora já fugiria
de mim, se de mim pudesse.

Que meio espero ou que fim
do vão trabalho que sigo,
pois que trago a mim comigo,
tamanho imigo de mim?
»

(Sá de Miranda)

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ABRUPTO - UM ANO

No fim do dia, agradecerei a todos os que estão a dar os parabéns ao Abrupto.

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ABRUPTO - UM ANO


Samuel van Hoogstraeten

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ABRUPTO - UM ANO

Durante o dia, notas sobre a experiência de um ano de blogue.

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ABRUPTO

faz hoje um ano.

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5.5.04


FAMA E PROVEITO 2

Ah! e para além dos alfarrabistas na rua, com imensa alsaciana, e muitos livros sobre a II Guerra, na FNAC, numa sala pequena, estava uma coisa que se chamava Papa Chubby e tocava umas músicas dum disco que tinha a palavra "respeito" no título, e na Kléber ia haver uma discussão entre Cohn Bendit e Kouchner, ambos trocando piropos sobre qual vai ser presidente. No centro da Europa.

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EARLY MORNING BLOGS 197

Em honra de Estrasburgo, em honra de Maio, passando pelo Reno, um dos poemas "renanos" de Appolinaire

Mai

Le mai le joli mai en barque sur le Rhin
Des dames regardaient du haut de la montagne
Vous êtes si jolies mais la barque s'éloigne
Qui donc a fait pleurer les saules riverains ?

Or des vergers fleuris se figeaient en arrière
Les pétales tombés des cerisiers de mai
Sont les ongles de celle que j'ai tant aimée
Les pétales fleuris sont comme ses paupières

Sur le chemin du bord du fleuve lentement
Un ours un singe un chien menés par des tziganes
Suivaient une roulotte traînée par un âne
Tandis que s'éloignait dans les vignes rhénanes
Sur un fifre lointain un air de régiment

Le mai le joli mai a paré les ruines
De lierre de vigne vierge et de rosiers
Le vent du Rhin secoue sur le bord les osiers
Et les roseaux jaseurs et les fleurs nues des vignes


(Guillaume Appolinaire)

*
Amanhã, o Abrupto fará um ano.

*
Bom dia!

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FAMA E PROVEITO

Os deputados europeus tem fama de não fazerem nada. Aliás os deputados em geral. Fama.

Ontem à tarde por volta das cinco horas "desci" a Estrasburgo. Faltei a uma reunião, mea culpa, mas as reuniões em vésperas de novas eleições já só são congratulatórias e de despedida. Com alguma perplexidade, percebi que, em cinco anos de mandato, nunca tinha visto a cidade àquela hora da tarde, as pessoas na rua, as lojas abertas, uma animação que me era completamente estranha. Como é que durante este tempo todo nunca vim ver os alfarrabistas na rua, o carrocel a funcionar, enfim, as "amenidades" da cidade em pleno? Estúpido, chamei-me a mim mesmo. Fama sem proveito. Não há nada a fazer.

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4.5.04


MENOS UMA CORRIDA, MENOS UMA VIAGEM

"Mais uma corrida, mais uma viagem", o meu grito-lamento, sempre que entro pela enésima vez num avião. É difícil haver um meio de transporte mais inconfortável, mais desertificado, mais contra natura do que o avião. Não todos os aviões, mas o avião comercial - o meu doutoramento é em Airbus, com um grau secundário em Boeing, mas com seminários nos pequenos da Embraer, nos Saab, nos Fokker, nos Avro - onde tudo é mau: o espaço, a luz, a comida, as cadeiras, o ar. Se tivesse andado em Zeppelins teria saudades.

Espero agora que , pouco a pouco, haja menos corridas, menos viagens, quando me despeço da bela Estrasburgo, uma terra interessante, confortável, burguesa, provinciana mas com lastro. Aqui o Parlamento Europeu tem uma absurda passagem obrigatória mensal, caríssima e dispersiva, impossível a prazo de manter quando se acumularem os problemas para cá chegar com a Europa dos 25. Os franceses, que sabem que se os deputados tivessem liberdade de escolher o local de trabalho, fechavam o gigantesco edifício prisional do Parlamento no dia seguinte, meteram a obrigatoriedade das sessões em Estrasburgo nos tratados, com número de sessões anuais e tudo.

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3.5.04


MAIS UMA CORRIDA, MAIS UMA VIAGEM


Malczewski Rafat

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EARLY MORNING BLOGS 196

Good Morning Blues


Good Morning Blues
Blues, how do you do?
Good Morning Blues
Blues, how do you do?

Well I’m doing all right,
Good Morning, how are you?

I laid down last night
I was turning from side to side
I laid down last night
I was turning from side to side
I was not sick,
But I was just dissatisfied

I woke up this morning
The Blues was walking round’ my bed
I woke up this morning
The Blues was walking round’ my bed
I went to eat my breakfast
The Blues was all in my bread

I sent for you baby
Here you come walking today
I sent for my baby
Here she comes walking today
She had her mouth wide open
She just don’t know what to say
Good Morning Blues
Blues, how do you do?
Good Morning Blues
Blues, how do you do?

Well I’m doing all right,
Good Morning, how are you?


(Leadbelly)


*

O bom dia já está incorporado no texto acima.

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2.5.04



Anónimo

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O ABRUPTO FEITO PELOS SEUS LEITORES

“It would nevertheless be wrong and imprudent to entrust the secrets knowledge or experience of the atomic bomb, which the United States, Great Britain and Canada now share, to the world organization (UN), while it is still in its infancy. It would be criminal maddness to cast it adrift in this still agitated and ununited world. No one in any country has slept less well in their beds because this knowledge and the method and the raw material to apply it, are at present largely retained in soundly hands. I do not believe we should all have slept so soundly had the positions been reversed and if some Communist or Neo-fascist state monopolized for the time being these dread agencies. The fear of them alone might easily have been used to enforce totalitarian systems upon the free democratic world, with consequences appalling to human imagination…”

Palavras de Winston Churchill no Sinews speech no Missouri logo após a 2ª grande guerra. No mesmo discurso enunciava a famosa frase: “From Stettin in the Baltic to Trieste in the Adriatic, an iron curtain has decendend across the Continent”. Pouco depois o armamento nuclear iria aparecer para lá da cortina de ferro dando origem à Guerra Fria Guerra essa que foi tudo menos fria e que levou a tragédia a muitos povos por esse mundo fora.

Hoje, ao mesmo tempo que festejamos mais uma união daquilo que a cortina de ferro separou, deparamo-nos com o perigo duma repetição da história, desta vez com uma menor visibilidade do inimigo e uma maior probabilidade de um conflito nuclear efectivo. A política externa activa dos EU e Grã-Bretanha no Afeganistão, Iraque, Líbia, Paquistão e.t.c. tem como maior virtude tentar anular a ameaça de estados activamente empenhados em programas de ADM, ou tentar controlar a produção e a existência de ADM que possam vir a cair em mãos indesejadas através de um qualquer tipo de processo interno.

Esta é uma guerra que felizmente tem sido ganha nas várias frentes, inexplicavelmente, perante o desprezo de muito dos seus beneficiários.

Agora como em 1946, perante o potencial das ADM, "It would be criminal maddness to cast it adrift in this still agitated and ununited world". Damn right Sir Winston.


João Santos Lima

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BIBLIOFILIA



Mais três livros que entram com gosto. Um, já lido, é um retrato dos “labregos” galegos, nossos irmãos de vida, que a gente do Norte tem em particular estima, porque somos também “nós”. Este manifesto do “galeguismo”, com os seus caciques, padres e alcaides, acrescenta-se ao mundo da Morgadinha dos Canaviais como uma luva.

Valentín Lamas Carvajal, Catecismo do Labrego, Lisboa, Mareantes Editora, 2004

Outro, também já lido - como todos os livros de poesia, para trás e para a frente - melhorará os “early morning blues”. Como todos os livros desta colecção da Everyman’s, é muito bonito, tem mesmo uma fitinha azul para marcar os poemas mais especiais. Deixei a fitinha a ver-se.

Blues Poems, Londres, Everyman’s, s.d.

O ultimo, que ainda não li, fala do pólo Norte e do gelo, ou pelo menos presumo que fale. Comprei-o para a minha secção sobre o frio, neve e gelo, pólos e icebergues.

Michel Onfray, Esthétique du pôle Nord, Paris, Grasset, 2002.

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EARLY MORNING BLOGS 195

MORNING JOY


Piano buttons, stitched on morning lights.
Jazz wakes with the day,
As I awaken with jazz, love lit the night.
Eyes appear and disappear,
To lead me once more, to a green moon.
Streets paved with opal sadness,
Lead me counterclockwise, to pockets of joy,
And jazz.


(Bob Kaufman, cortesia de João Costa)

*

Bom dia!

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1.5.04


ESTUDOS SOBRE O COMUNISMO

Em actualização.

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OS NOVOS DESCOBRIMENTOS: MAIS MARTE



Quase parece começar a ser familiar, mas não é.

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EARLY MORNING BLOGS 194

Heureux qui, comme Ulysse, a fait un beau voyage,
Ou comme cestuy-là qui conquit la toison,
Et puis est retourné, plein d'usage et raison,
Vivre entre ses parents le reste de son âge !

Quand reverrai-je, hélas ! de mon petit village
Fumer la cheminée, et en quelle saison
Reverrai-je le clos de ma pauvre maison,
Qui m'est une province et beaucoup davantage ?

Plus me plaît le séjour qu'ont bâti mes aïeux,
Que des palais Romains le front audacieux :
Plus que le marbre dur me plaît l'ardoise fine,

Plus mon Loire Gaulois que le Tibre Latin,
Plus mon petit Liré que le mont Palatin,
Et plus que l'air marin la douceur Angevine.


(Joachim du Bellay)

*

Bom dia!

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1º DE MAIO


Pieter Bruegel

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© José Pacheco Pereira
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