ABRUPTO

1.5.04


ESTUDOS SOBRE O COMUNISMO

Em actualização.

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OS NOVOS DESCOBRIMENTOS: MAIS MARTE



Quase parece começar a ser familiar, mas não é.

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EARLY MORNING BLOGS 194

Heureux qui, comme Ulysse, a fait un beau voyage,
Ou comme cestuy-là qui conquit la toison,
Et puis est retourné, plein d'usage et raison,
Vivre entre ses parents le reste de son âge !

Quand reverrai-je, hélas ! de mon petit village
Fumer la cheminée, et en quelle saison
Reverrai-je le clos de ma pauvre maison,
Qui m'est une province et beaucoup davantage ?

Plus me plaît le séjour qu'ont bâti mes aïeux,
Que des palais Romains le front audacieux :
Plus que le marbre dur me plaît l'ardoise fine,

Plus mon Loire Gaulois que le Tibre Latin,
Plus mon petit Liré que le mont Palatin,
Et plus que l'air marin la douceur Angevine.


(Joachim du Bellay)

*

Bom dia!

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1º DE MAIO


Pieter Bruegel

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30.4.04


COMO DE COSTUME

na TSF, hoje à tarde, a habitual diferença de tratamento noticioso conforme as pessoas (e, claro, conforme as políticas). Neste caso, entre Durão Barroso, Jorge Sampaio e Louçã.

As declarações do Presidente da República sobre a Europa e os EUA são, pelo menos, tão polémicas como as de Durão Barroso sobre Espanha. Só que, no segundo caso, “gera-se” a polémica indo imediatamente perguntar a terceiros sobre se pensam que elas vão “prejudicar” as relações com Espanha. O mote é dado pelas perguntas dos jornalistas e, neste caso, mais que justificado. Não seria normal fazer o mesmo e ir perguntar a terceiros se as palavras de Jorge Sampaio não prejudicam as nossas relações com os EUA, e se os conselhos aos novos países europeus não são paternalistas? Também me parece mais que justificado Só que ninguém o faz.

E quanto a Louçã? Porque é que ninguém se lembra de lhe perguntar se, depois dos desmentidos da CGD e da ausência de provas que revelou para as suas graves acusações, não deveria tirar consequências e pedir, pelo menos, desculpa? Qual quê, o homem tem um estatuto especial, pode acusar todos de tudo, com a sua total arrogância moral, que ninguém se importa.

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MEMÓRIA ELÁSTICA

Foi interessante o Barnabé lembrar-se de tudo e mais alguma coisa – e algumas memórias do 25 de Abril serão referidas pelo seu mérito e informação nos Estudos sobre o Comunismo – e esquecer-se do passado colectivo das organizações que lhe são próximas, em particular o Bloco de Esquerda.

Há muita gente que se incomoda com o seu passado, o que não é o meu caso, como se sabe. Também me irrita a mim essa falta de memória selectiva. O Barnabé, por causa disso, atacou Durão Barroso, que não é o melhor exemplo dessa amnésia. Mas, e as organizações que também se esquecem do seu passado? Onde é que há qualquer memória colectiva do que foram e porque é que mudaram? Ou não mudaram? Por exemplo, quando é que a UDP deixou de ser maoísta? Sabem? E quando é que deixou de ser marxista-leninista, com aquele “partido comunista” a controlar a “frente”? Quando é que o PSR deixou de ser trotsquista, ou, como eles diziam, “marxista-revolucionário”? Deixou?

É curioso que sabemos mais da genealogia das mudanças dos ex-comunistas, que se juntaram ao BE, do que sabemos dos seus esquerdistas. O que é que Fazenda ou Louçã disseram em 1975, 1976, 1980, 1990, de que não se lembram hoje? Onde está a reflexão que certamente fizeram? Ou tiveram sempre razão? Ou apenas “evoluíram” como o 25 de Abril?

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GEHRY

Vendo o Guggenheim em Bilbau quem é que podia alguma vez imaginar que um edifício de Gehry não fosse caríssimo? Claro que o Parque Mayer tinha que encravar, ou , em alternativa, gastar-se-á tanto dinheiro que o seu impacto visual, qualidade e uso tem que estar garantidos. Eu não digo que não valha a pena, mas exige-se muito mais prudência ou então aquela ousadia que vem de muito estudo e de uma grande intuição de gosto, que duvido tenha havido ou exista.

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ASTROS

Para breve: um eclipse da Lua, dois cometas, uma passagem de Vénus em frente ao Sol.

Para os cometas, ainda não se sabe se como vai ser o espectáculo.

Para a Lua, as palavras enviadas por José Matos:

Na próxima Terça, vamos ter um eclipse total da Lua. O nosso satélite entrará na sombra da Terra às 19:48. Pouco a pouco, irá escurecer até atingir a fase de totalidade às 20:52. A essa hora a Lua acabou de nascer no nosso horizonte, o que quer dizer que não vamos ver o começo do eclipse. Mesmo assim, vale a pena ver o meio e o fim.

Para o trânsito de Vénus, o livro de Nuno Crato/Fernando Reis/Luís Tirapicos da Gradiva, tem as explicações e os óculos que permitem ver o pequeno ponto a atravessar a orbe solar. Sem esses óculos, olhar para o Sol cega.

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AQUI TÃO PERTO 5 / BIBLIOFILIA





O livro publicado por Basta Ya, Euskadi, Del Sueño a la Verguenza. Guia Útil del Drama Vasco, Barcelona, 2004, é uma boa introdução actualizada ao “drama basco”.

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MOVING PICTURES

O Guggenheim em Bilbau tem fama de valer a pena ser visitado pelo edifício de Gehry, mas de, como museu, “ter poucas coisas”. Tem de facto “poucas coisas”, mas as que tem – na grande sala de pop arte por exemplo, exigem aquele espaço interior imenso para se “verem”. A dimensão conta e muito para se verem as Venus de Dine ou o ferro ondulado dos caminhos interiores das esculturas.


Mas, como a sorte me protege, está no museu uma exposição das mais interessantes para se perceber, a quente, o frio devastador do discurso estético contemporâneo. Solidão, morte, terror, gestos áridos, perplexidade sem respostas, fealdade, solidão, outra vez em tudo, aparece nas fotografias, nos filmes, e nos objectos de Moving Pictures.

As fotos de James Casebere de espaços interiores artificiais, espaços-tipos que não existem em lado nenhum, espaços-tipo da prisão perfeita, da cela perfeita, do asilo-perfeito, da arrumação-perfeita.

Um pequeno filme de vídeo de Patty Chang, duas figuras humanas que frente a frente comem um ovo ou uma cebola, com as bocas quase sem distância no que podia ser um jogo, mas é uma encenação corporal da violência.

Uma imagem ao espelho de Douglas Gordon sobre um pecado mais original do que o original: “Guilty”.

De novo, o corpo como nunca o vemos em pequenos vídeos minimalistas de Ann Hamilton. Agua a escorrer, seixos na boca. Não é natural ter seixos na boca. Nada é natural, tão próximos da trivialidade e nesse pequeno gesto de mastigar, mover, seixos redondos na boca, e há um calafrio de estranheza. Nós somos assim / nós não somos assim / nós não queremos ser assim / nós somos assim, irreconhecíveis.

Mas o mais devastador é um vídeo de desenhos animados de William Kentridge, entre a banda desenhada e o desenho expressionista. Só visto.




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AQUI TÃO PERTO 4

Com excepção do "domina o árabe", o que não é verdade, uma síntese fiel do que disse em Espanha está aqui.

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Pieter Bruegel, o Velho

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EARLY MORNINGT BLOGS 193 / "I will twist the tongue of Truth"

Para os meus amigos bascos e navarros, esta poesia sobre a "besta" que tão bem conhecem.

The Rhyme of the Beast

Lo, the Beast that rioteth,
Sick with hate and coveting --
To the sons of men he saith,
I will show you a new thing.

This, the Earth, which was the Lord's,
Prodigal of rose and vine,
I will desolate with swords
Till it own that it is mine.

Every brow must bear my brand
Every wrist must wear my steel,
Every throat be for my hand,
Every neck be for my heel.

I will thrust into your souls
Unnamed terrors and despairs --
Populate the air with ghouls
And the sea with murderers.

While I prove that war is war,
Saints shall mourn and angels weep,
Star commiserate with star,
Deep cry out to shuddering deep;

Tigers marvel in their lust
At the tale of blood and pain,
Pity move the insensate dust,
And the very stones complain.

I will twist the tongue of Truth
Till her speech be nought but lies,
I will kill the faith of Youth,
And the hope in Age's eyes.

Not the altar, nor the tomb,
Nor the Sufferer on the Tree,
Nor the babe within the womb
Shall be sacred unto me.

I will rend and rage and cog,
Rob and ravish till I die;
I will be the Supreme Hog,
And the world shall be my sty.


(Thomas William Hodgson Crosland)


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AQUI TÃO PERTO 3

as paredes com palavras de ódio numa língua estranha, o euskera, uma língua inventada pela política nacionalista. Lá longe, escrito num muro do cemitério, “gora ETA”. Por uma vez num sítio apropriado.

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AQUI TÃO PERTO 2

onde, para fazer uma vulgar conferência sobre o terrorismo, tenho que ter protecção policial.

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AQUI TÃO PERTO

há uma geografia do medo. Em Portugal ninguém liga. Só quando há mortos passa um pequeno sobressalto. Mas os mortos são só a parte de cima do iceberg, a maioria do gelo está debaixo de água. Ninguém liga. Preferem-se causas exóticas, politicamente mais aceitáveis, ideologicamente correctas, multiculturais, altermundialistas.

O que a ETA conseguiu só se consegue entender completamente lá. Quando as conversas sobre política se transformam num sussurro incomodado, quando num restaurante ou num bar passa perto outra pessoa. Quando, por todo o lado, aparece uma história de violência ou coragem.

Sabe, foi aqui, vinha a entrar e dois etarras metralharam-no. Levou vinte e oito tiros e sobreviveu.” (à porta do Diário de Navarra)

Tinha estado a ver as fotografias do casamento dele. Depois mataram-no”. (No parlamento regional.)

É preciso ser valente para ser alcaide em X. É uma mulher valente.” (Em X.)

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29.4.04



Guillaume Vogels

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PORQUÊ?

O Abrupto esteve interrompido porque o seu autor foi falar de terrorismo, a terras onde ele existe.
Detalhes em breve.

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27.4.04


25 DE ABRIL EM PUTEAUX

Sala de espectáculos da municipalidade. Madame la maire adjointe na sala. No palco, a Orquestra Ligeira do Exército, resumindo OLE. Sem acento, mas está lá subentendido. Começa a função para comemorar o 25 de Abril. E aqueles militares, homens e mulheres, alinhadinhos nas suas fardas, transfiguram-se numa orquestra que envergonha a do Casino Estoril. Desde a soldado Biscoito, que canta de Amália ao Elvis, passando pela cabo Tuca, até a um sargento que enche o palco com uma bela voz e é daquelas pessoas que se sabe que se estiver numa sala toda a gente se diverte, tudo se torna "ligeiro".Benny Goodman, Elvis, canções de cabaret, os nossos sargentos - a patente dominante - fazem muito bem o que estão a fazer. Mas estava-se em Puteaux e quando a cabo Tuca anunciou que se iria tocar e cantar música portuguesa, um medley da Amália, e uma rapsódia de canções do Minho ao Algarve, a sala soltou um som de agrado fundo, de pertença.

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25 DE ABRIL EM ACHÈRES

Espaço Boris Vian. Municipalidade comunista com dez por cento de portugueses. Grande fábrica da Peugeot. Uma rapariga portuguesa/francesa? pergunta mesa a mesa: "Você quer morue ou pintade?". Os nossos bravos compatriotas na festa do 25 de Abril organizada pela Associação Cultural Desportiva dos Portugueses Benfica de Achères querem "morue", não querem a "pintada" e emocionam-se com a "Grândola , vila morena".

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EARLY MORNING BLOGS 192

Cada Coisa


Cada coisa a seu tempo tem seu tempo.
Não florescem no inverno os arvoredos,
Nem pela primavera
Têm branco frio os campos.

À noite, que entra, não pertence, Lídia,
O mesmo ardor que o dia nos pedia.
Com mais sossego amemos
A nossa incerta vida.

À lareira, cansados não da obra
Mas porque a hora é a hora dos cansaços,
Não puxemos a voz
Acima de um segredo,

E casuais, interrompidas, sejam
Nossas palavras de reminiscência
(Não para mais nos serve
A negra ida do Sol) —

Pouco a pouco o passado recordemos
E as histórias contadas no passado
Agora duas vezes
Histórias, que nos falem

Das flores que na nossa infância ida
Com outra consciência nós colhíamos
E sob uma outra espécie
De olhar lançado ao mundo.

E assim, Lídia, à lareira, como estando,
Deuses lares, ali na eternidade,
Como quem compõe roupas
O outrora compúnhamos

Nesse desassossego que o descanso
Nos traz às vidas quando só pensamos
Naquilo que já fomos,
E há só noite lá fora.


(Ricardo Reis)


*

Bom dia!

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26.4.04


ITINERÂNCIAS

por causa do 25 de Abril. Em breve, haverá notícias sobre alguns pequenos 25 de Abril em que participei junto com emigrantes. Com "morue" e sem "morue", com música ou sem ela, com maires comunistas e em "zonas livres de armas nucleares" e com o fundo de... Paris é uma festa.

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25.4.04


25 DE ABRIL DE 1974

o dia singular, fora da intimidade, que mais mudou a minha vida.

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© José Pacheco Pereira
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