ABRUPTO

30.3.10


PONTO / CONTRAPONTO

- 21

Aqui.

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EARLY MORNING BLOGS

1768 - I dwell in Possibility

I dwell in Possibility –
A fairer House than Prose –
More numerous of Windows –
Superior – for Doors –

Of Chambers as the Cedars –
Impregnable of eye –
And for an everlasting Roof
The Gambrels of the Sky –

Of Visitors – the fairest –
For Occupation – This –
The spreading wide my narrow Hands
To gather Paradise –

(Emily Dickinson)

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29.3.10

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ESPÍRITO DO TEMPO: HOJE



Passagem do tempo por um banco do jardim de S. Amaro. (RM)

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EARLY MORNING BLOGS

1767 - Sul muro grafito
Sul muro grafito
che adombra i sedili rari
l'arco del cielo appare
finito.

Chi si ricorda più del fuoco ch'arse
impetuoso
nelle vene del mondo; in un riposo
freddo le forme, opache, sono sparse.

Rivedrò domani le banchine
se la muaraglia e l'usata strada
nel futuro che s'apre le mattine
sono ancorate come barche in rada.

(Eugenio Montale)

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28.3.10

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EARLY MORNING BLOGS

1766

Perguntou-lhe Judas (não o Iscariotes): O que houve, Senhor, que te hás de manifestar a nós, e não ao mundo?
Respondeu-lhe Jesus: Se alguém me amar, guardará a minha palavra; e meu Pai o amará, e viremos a ele, e faremos nele morada.
Quem não me ama, não guarda as minhas palavras; ora, a palavra que estais ouvindo não é minha, mas do Pai que me enviou.
Estas coisas vos tenho falado, estando ainda convosco.
Mas o Ajudador, o Espírito Santo a quem o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de tudo quanto eu vos tenho dito.
Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; eu não vo-la dou como o mundo a dá.

(João 14:23 - 27)

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27.3.10


ESPÍRITO DO TEMPO: HOJE



Passagem do tempo por um banco do jardim de S. Amaro. (RM)



Baobá mauritano. (Eduardo Jorge)



Troço da Mãe d'Água, às Amoreiras, em Lisboa, Aqueduto das Águas Livres. (Fernando Correia de Oliveira)

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26.3.10


COISAS DA SÁBADO: OS COMPUTADORES DOS DEPUTADOS



Eu vejo com imensa ironia as tribulações de alguns deputados com as fotografias que indevidamente e em violação da lei, alguns fotógrafos tiram dos ecrãs dos deputados. De vez em quando há quem lembre contra mim o encerramento de um corredor na Assembleia que deu origem a uma luta épica pela liberdade de expressão ameaçada. Na verdade, a regra que se pretendeu impor, nem sequer de minha iniciativa, hoje existe em todo o esplendor com o acesso dos jornalistas vedado às áreas de trabalho dos deputados, sem que ninguém proteste. Só que na altura não havia espaço entre o corredor da discórdia e os gabinetes e todo o tipo de abusos, como seja abrir portas de gabinetes para ver quem lá estava, existia. Enfim, agora os deputados do PS, na altura muito escandalizados com os corredores, sentiram-se incomodados e bem com o abuso de intromissão fotográfica.

A resposta do senhor Presidente foi inadmissível e permite todos os abusos com o argumento que tudo na Assembleia é público. Como atrás dele não há ninguém a espreitar para a sua mesa, percebo que tenha pouca sensibilidade à devassa dos outros. Sendo assim, eu proponho que haja na sala dos senhores jornalistas computadores com acesso directo aos dos deputados na sala, cumprindo-se assim o carácter “público” do seu uso, como pretende o Presidente. Não precisam assim os fotógrafos de andarem a esticar-se nas galerias com risco de caírem e os senhores jornalistas podem ler com calma o correio dos representantes da nação. E porque não câmaras de video nos gabinetes? Já esteve mais longe.

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EARLY MORNING BLOGS

1765

In War: Resolution. In Defeat: Defiance. In Victory: Magnanimity. In Peace: Goodwill.

(Winston Churchill)

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25.3.10


EARLY MORNING BLOGS

1764

It's better to travel hopefully than to arrive.

(Anónimo.)

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24.3.10


AS IDEIAS FEITAS DA FACILIDADE :
UNIDADE

Monsieur d'la Palisse est mort,
il est mort devant Pavie,
Un quart d'heure avant sa mort,
il était encore en vie.

A mais ambígua das palavras hoje no PSD, porque de facto tem um curso virtual exactamente oposto ao real. O Congresso, como o partido, está profundamente dividido e uma parte da força efectiva que transparecia do seu interior através da comunicação social para fora, não vinha da unidade, mas da divisão. Quem disser o contrário, está a enganar. A palavra usada pelos antigos líderes (Mendes e Marcelo) como apelo é uma boa intenção que só é ouvida com complacência porque eles estão fora do conflito e podem beneficiar de um limbo instável. Fora daí, a palavra ameaça tornar-se mais um instrumento de autoridade na fragilidade do que uma construção na convicção. O partido pode muito bem vir a conhecer um ambiente de exclusão e de autoritarismo sem precedentes nos últimos anos, e isso será mortífero. Os sinais abundam, porque a aliança entre direcções frágeis, interesses e carreiras estabelecidos, voto capturado, e incentivo populista à depuração, é o caminho mais fácil para que o partido perca a já escassa dimensão de partido nacional que ainda mantém. E mais: para que abandone de vez a tradição genética dos seus fundadores, o cimento reformista que explica a razão porque muitos ainda lá permanecem. Apesar de tudo.

(Adaptação do artigo do Público, 20 de Março de 2010.)

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ESPÍRITO DO TEMPO: HOJE



Passagem do tempo por um banco do jardim de S. Amaro. (RM)

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EARLY MORNING BLOGS

1763

Devil take the hindmost.

(Anónimo.)

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23.3.10


AS IDEIAS FEITAS DA FACILIDADE :
A VOTAÇÃO DA “LEI DA ROLHA” FOI UMA EPIFENÓMENO DO CONGRESSO


Monsieur d'la Palisse est mort,
il est mort devant Pavie,
Un quart d'heure avant sa mort,
il était encore en vie.

Nada mais errado. A votação tem mesmo apoio em muitos militantes do PSD, e esse apoio não foi ocasional. Aliás, o caldo cultural para essa procura de uma explicação simples, em alibis fáceis, em vez de se fazer uma análise séria sobre o que tem estado mal no PSD, é instigada por muitos dirigentes políticos como Santana e Menezes que fomentam políticas de revanchismo e ressentimento para explicar o seu próprio falhanço, que tem, como é óbvio, outras razões. Aliás, nem um nem outro sobreviveriam à aplicação da norma que ajudaram com o seu discurso de todos os dias a aprovar.


(Adaptação do artigo do Público, 20 de Março de 2010.)

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AS IDEIAS FEITAS DA FACILIDADE :
ALBERTO JOÃO JARDIM É BOÇAL, FERNANDO COSTA UM GÉNIO DA POLÍTICA GENUÍNA


Monsieur d'la Palisse est mort,
il est mort devant Pavie,
Un quart d'heure avant sa mort,
il était encore en vie.

Imaginem o que se diria de Jardim se em vez de se vir sentar onde se sentou, depois de ter sido “perdoado”, ele fizesse contra Passos Coelho o equivalente ao que fez Fernando Costa? Posso garantir-vos que não teria certamente a mesma boa imprensa do homem que disse que para se ter longevidade como Presidente da Câmara, tinha que se mentir. Ou o que aconteceria se fosse Jardim a pedir uma poncha em vez de água? É por isso que o anti-jardinismo primário de muitos jornalistas (Ricardo Costa delirou com o discurso de Costa, o “grande discurso do Congresso”) é, pelo menos, dúbio.

(Adaptação do artigo do Público, 20 de Março de 2010.)

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AS IDEIAS FEITAS DA FACILIDADE :
PASSOS COELHO PASSOU OS ÚLTIMOS DOIS ANOS A FAZER O “TRABALHO DE CASA”

Monsieur d'la Palisse est mort,
il est mort devant Pavie,
Un quart d'heure avant sa mort,
il était encore en vie.











Inaginem que Passos Coelho ganha as eleições e Paulo Rangel passa os próximos dois anos a fazer o “trabalho de casa”. Será que nessa altura se chamará benevolamente “trabalho de casa” ao que faz Rangel ?

(Adaptação do artigo do Público, 20 de Março de 2010.)

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ESPÍRITO DO TEMPO: HOJE



Passagem do tempo por um banco do jardim de S. Amaro. (RM)

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EARLY MORNING BLOGS

1763

Empty vessels make the most noise.

(Anónimo.)

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22.3.10


AS IDEIAS FEITAS DA FACILIDADE :
À VOLTA DE MARCELO HAVIA SEBASTIANISMO E UNANIMISMO


Monsieur d'la Palisse est mort,
il est mort devant Pavie,
Un quart d'heure avant sa mort,
il était encore en vie.

Falso. Havia era muita hipocrisia. Sempre que parecia que Marcelo se ia candidatar começava uma chuva de ataques nos blogues e no Twitter, vindos do lado da candidatura de Passos Coelho. Quando parecia que não se candidatava, começavam os elogios. Tudo isto durou até às vésperas do Congresso, onde Marcelo pôde entrar por cima, exactamente porque não se candidatava. Se fosse candidato e dissesse exactamente a mesma coisa que disse (e o mesmo é verdade para Marques Mendes) duvido que o discurso tivesse suscitado o unanimismo aparente que suscitou. É por estas e por outras que as análises jornalísticas sobre o PSD são paupérrimas ou, pior ainda, tão empenhadas como os candidatos que estão no terreno.

(Adaptação do artigo do Público, 20 de Março de 2010.)

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NUNCA É TARDE PARA APRENDER: AMIZADES PERIGOSAS


















Luís Machado Barroso, Salazar e Ian Smith. O Apoio de Portugal à Rodésia (1964-1968), MNE, 2009.

(Em breve.)

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AS IDEIAS FEITAS DA FACILIDADE :
COM SÓCRATES FRAGILIZADO PELOS SUCESSIVOS ESCÂNDALOS É FACÍLIMO GANHAR ELEIÇÕES

Monsieur d'la Palisse est mort,
il est mort devant Pavie,
Un quart d'heure avant sa mort,
il était encore en vie.

Esta teve origem nos conflitos internos do PSD. Manuela Ferreira Leite tinha a “obrigação” de ganhar as eleições porque Sócrates e o PS estavam “fragilizados” e eram favas contadas. Este era um comentário típico de Passos Coelho e dos seus amigos na comunicação social e nos blogues. A frase vai assombrá-lo se ganhar as eleições no PSD, mas pela facilidade com que admite provocar uma crise política e eleições, parece estar mesmo convencido que é verdade. Na verdade, Sócrates e o PS são muito mais difíceis de vencer nas urnas do que estas frases feitas parecem indicar. Não é impossível, mas está longe de ser fácil.

O PRÓXIMO LIDER DO PSD SERÁ PRIMEIRO-MINISTRO

É uma variante da anterior.

(Adaptação do artigo do Público, 20 de Março de 2010.)

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AS IDEIAS FEITAS DA FACILIDADE :
A, B, OU C, O PARTIDO A, B, OU C TOMARAM “ATITUDES ESTALINISTAS”


Monsieur d'la Palisse est mort,
il est mort devant Pavie,
Un quart d'heure avant sa mort,

il était encore en vie.

Perdoai-lhes Senhor que não sabem o que dizem! Pequenos actos de autoritarismo, censuras, exclusões, ameaças, no quadro de uma democracia, mesmo cada vez menos perfeita, estão a milhas de poderem ser caracterizados como “estalinistas”. Estaline assinava mandatos de execução em branco e estabelecia quotas de fuzilamentos para, por exemplo, caixeiros dos bancos, “para dar o exemplo” e pôr na ordem os bancos. No seu conjunto, mandou prender, matar várias dezenas de milhões de pessoas. Há uma pequena diferença, não há? Quando se usam estes termos banalizando-os, quem sai sempre melhor é Estaline. Para além disso, é grossa ignorância.

(Adaptação do artigo do Público, 20 de Março de 2010.)

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EARLY MORNING BLOGS

1762 - Spring is like a perhaps hand

III

Spring is like a perhaps hand
(which comes carefully
out of Nowhere)arranging
a window,into which people look(while
people stare
arranging and changing placing
carefully there a strange
thing and a known thing here)and

changing everything carefully

spring is like a perhaps
Hand in a window
(carefully to
and fro moving New and
Old things,while
people stare carefully
moving a perhaps
fraction of flower here placing
an inch of air there)and

without breaking anything.

(e. e. cummings)

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21.3.10

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EARLY MORNING BLOGS

1761 - Three Spring Notations on Bipeds

1

The down drop of the blackbird,
The wing catch of arrested flight,
The stop midway and then off: off for triangles, circles, loops of new hieroglyphs—
This is April’s way: a woman:
“O yes, I’m here again and your heart
knows I was coming.”

2

White pigeons rush at the sun,
A marathon of wing feats is on:
“Who most loves danger? Who most loves wings? Who somersaults for God’s sake in the name of wing power in the sun and blue on an April Thursday.”
So ten winged heads, ten winged feet, race their white forms over Elmhurst.
They go fast: once the ten together were a feather of foam bubble, a chrysanthemum whirl speaking to silver and azure.

3

The child is on my shoulders.
In the prairie moonlight the child’s legs hang over my shoulders.
She sits on my neck and I hear her calling me a good horse.
She slides down—and into the moon silver of a prairie stream
She throws a stone and laughs at the clug-clug.

(Carl Sandburg)

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20.3.10

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NUNCA É TARDE PARA APRENDER: TANTA SEGURANÇA PARA NADA

Ronald J. Olive, Capturing Jonathan Pollard: How One of the Most Notorious Spies in American History Was Brought to Justice, Annapolis, Md., Naval Institute Press, 2006.

É difícil haver história mais banal de espionagem. Um empregado de segunda linha numa agência de intelligence da Marinha, tido como um analista capaz, mas sem brilhantismo, tentou vender os segredos a que tinha acesso a uma série de países, tendo apenas conseguido convencer Israel, a sua primeira opção de venda, a comprá-los. Israel, apesar de serem os EUA o seu aliado preferencial, não hesitou em comprá-los, o que deu origem a um sério embaraço nas relações entre os dois países quando se descobriu o acto de espionagem. Ainda hoje alguns agentes israelitas que não tinham cobertura diplomática não podem ir aos EUA sob pena de ficarem presos. E, ainda hoje, Pollard permanece preso, tendo sido inúteis todas as campanhas contra a sua pena de prisão perpétua.

O que surpreende nesta história é a banalidade e a facilidade de Pollard em passar por cima de todas as medidas de segurança que era suposto existirem no manuseamento de documentos tão sensíveis. Tendo acesso aos maiores e mais classificados segredos militares, saía com eles numa pasta, levava-os para casa ou para um apartamento alugado pelos israelitas, onde eram fotocopiados, quando era suposto serem devolvidos os originais. Noutros casos seguiam directamente para Telavive. Nenhum esquema especial, nenhuma ocultação, apenas imprimi-los, ou tirar notas, sair com os papéis e voltar com eles. Os israelitas queriam saber sobre os sistemas de armas dos seus adversários árabes, defesas aéreas, especificações dos aviões, fotografias operacionais, e diziam a Pollard que não valia a pena trazer nada sobre os grupos terroristas anti-israelitas ou sobre os palestinianos. Pelos vistos, não tinham grande consideração pela informação americana.

Com a mesma banalidade, Pollard é visto fora das instalações onde trabalhava, com papéis altamente classificados, por um colega que chamou a atenção da segurança (nestas coisas nunca se sabe se foi mesmo assim, mas tudo indica que sim). Esta, após a habitual hesitação inicial, não teve qualquer dificuldade em apanhá-lo a esconder papéis na sua secretária e em seguir os seus traços. Preso, Pollard confessou, alegando que se considerava um soldado israelita no campo de batalha. Parece nunca ter esperado ser abandonado pelos israelitas e ser condenado a prisão perpétua. Hoje, da cadeia, anima algumas campanhas pela sua libertação em Israel e na comunidade judia americana, mas sem grandes resultados. O que ele entregou aos israelitas é considerado, pelo seu valor, uma das maiores quebras de segurança da intelligence americana, mas dificilmente Pollard ficará na tumultuosa história da espionagem,

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© José Pacheco Pereira
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