ABRUPTO

24.3.10


AS IDEIAS FEITAS DA FACILIDADE :
UNIDADE

Monsieur d'la Palisse est mort,
il est mort devant Pavie,
Un quart d'heure avant sa mort,
il était encore en vie.

A mais ambígua das palavras hoje no PSD, porque de facto tem um curso virtual exactamente oposto ao real. O Congresso, como o partido, está profundamente dividido e uma parte da força efectiva que transparecia do seu interior através da comunicação social para fora, não vinha da unidade, mas da divisão. Quem disser o contrário, está a enganar. A palavra usada pelos antigos líderes (Mendes e Marcelo) como apelo é uma boa intenção que só é ouvida com complacência porque eles estão fora do conflito e podem beneficiar de um limbo instável. Fora daí, a palavra ameaça tornar-se mais um instrumento de autoridade na fragilidade do que uma construção na convicção. O partido pode muito bem vir a conhecer um ambiente de exclusão e de autoritarismo sem precedentes nos últimos anos, e isso será mortífero. Os sinais abundam, porque a aliança entre direcções frágeis, interesses e carreiras estabelecidos, voto capturado, e incentivo populista à depuração, é o caminho mais fácil para que o partido perca a já escassa dimensão de partido nacional que ainda mantém. E mais: para que abandone de vez a tradição genética dos seus fundadores, o cimento reformista que explica a razão porque muitos ainda lá permanecem. Apesar de tudo.

(Adaptação do artigo do Público, 20 de Março de 2010.)

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© José Pacheco Pereira
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