ABRUPTO

31.3.08


LENDO
VENDO
OUVINDO

ÁTOMOS E BITS

de 31 de Março de 2008


Ou é incompetência, ou é pior, é vontade de omitir o nome de um órgão de informação, não se sabe bem por que razão absurda de competição. É que os textos sobre o PSD que publiquei no Abrupto debaixo do título "Coisas da Sábado" e que estão a dar origem a uma pequena tempestade local, a partir de uma notícia da Lusa das 17 horas de hoje, foram publicados na revista Sábado, dia 27 da semana passada. Incompetência porque se os textos justificavam notícia não se percebe tão tardia nota. Omissão deliberada do nome da Sábado, porque quem consulta o Abrupto, como os jornalistas da Lusa, não pode ignorar que os textos descritos como "quatro textos publicados entre sexta-feira e domingo no seu blogue" tiveram origem na revista.

*

Toda a gente na comunicação social sabe que não deve entrevistar uma criança que foi vítima de um pedófilo (como o de Loures), mas entrevista; toda a gente sabe que não deve repetir à exaustão as imagens do vídeo do telemóvel, mas repete; toda a gente sabe que não deve ir para as portas do Carolina Michaelis entrevistar alunos menores sobre o que se passou, mas vai; toda a gente sabe tudo, mas faz de conta que não sabe.

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BIBLIOFILIA: GRANDES CAPAS



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EARLY MORNING BLOGS


1261 - Poem Written At Morning

A sunny day's complete Poussiniana
Divide it from itself. It is this or that
And it is not.
By metaphor you paint
A thing. Thus, the pineapple was a leather fruit,
A fruit for pewter, thorned and palmed and blue,
To be served by men of ice.
The senses paint
By metaphor. The juice was fragranter
Than wettest cinnamon. It was cribled pears
Dripping a morning sap.
The truth must be
That you do not see, you experience, you feel,
That the buxom eye brings merely its element
To the total thing, a shapeless giant forced
Upward.
Green were the curls upon that head.

(Wallace Stevens)

*

Bom dia!

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30.3.08


INTENDÊNCIA



Os Estudos sobre o Comunismo estão a ser actualizados.

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EXTERIORES: CORES DO DIA DE HOJE

Clicando na fotografia fica na boa dimensão. Para se ver



Hoje, os lados do Chiado: manifestação contra a ocupação do Iraque e o Padre Seabra à saída da missa. (RM)

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COISAS DA SÁBADO: O DESTINO MARCA A HORA NO PSD (4)

O DESTINO MARCA A HORA NO PSD (1)
O DESTINO MARCA A HORA NO PSD (2)
O DESTINO MARCA A HORA NO PSD (3)

O futuro do PSD não se joga em 2009 mas em 2008. Os patriotas “laranjinhas” (e mesmo alguns “azulinhos”), os da “camisola”, coloquem a mão na consciência e perguntem a si próprios se acreditam que o PSD vai lá como está. Perguntem a si mesmos com verdade, sem ambiguidades, se o partido de que fazem parte está a cumprir o contrato cívico e político não escrito que tem com os portugueses, que tantas vezes lhes deram a sua confiança? Penso que todos sabem a resposta.

Há quem pense que “se deve dar uma oportunidade ao líder” de ir a eleições. Em condições normais, talvez sim, se não tivesse há muito deixado de haver condições normais. Recordem-se de Sá Carneiro e do que ele dizia sobre a subordinação do partido ao país, e perguntem-se se, mais importante do que dar “uma oportunidade ao líder”, não é dar uma oportunidade ao PSD, dar uma oportunidade a uma alternância que mais que nunca se exige face a um governo socialista? Não tenho dúvidas sobre a resposta.

E por último: e se se abrir essa oportunidade última, será que aparece a gente séria e capaz que ainda existe no PSD, para se mobilizar num programa e num governo alternativo ao PS de Sócrates? Aí, aí tem mesmo que aparecer, sob pena de até eu ir votar em Menezes, metaforicamente falando claro está.

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EXTERIORES: CORES DO DIA DE HOJE

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Esta tarde. (Ochoa)



Esta tarde na freguesia de são Marinho no Funchal. Grupo que faz a visita pascal em quase todas as casa da freguesia. (João Botelho)

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O DELITO DE OPINIÃO: AS "MENTIRAS"


Na sequência de
O DELITO DE OPINIÃO.

Os governos mentem. Nem sequer vale a pena acrescentar a frase "todos mentem", que agora o Dr. House popularizou ao lembrar aos seus assistentes de que é boa prática presumir esse facto para o diagnóstico médico. Nem acrescentar que a vida social se alicerça na mentira "social" e que sem ela não poderíamos viver sem ser num sistema totalitário, em total transparência face ao Big Brother. A única verdade que merece o V grande é a do Divino, mas essa não cuida das matérias terrenas que Deus deixou a César. É cinismo? Não, não é, são os facts of life.

Todos os governos mentem por duas razões distintas, uma má e condenável e outra necessária e conforme o sentido de Estado, a segurança e o bem-estar dos cidadãos, logo, boa. Estive para escrever boa entre aspas, para fazer vénia ao significado moral da palavra, mas de facto não tem muito sentido fazê-lo. É boa mesmo porque é boa, porque se vive na terra e não no Paraíso utópico. A parte condenável da mentira do Estado, dos governos, dos políticos, é a que significa ocultar dados que não se quer que se saibam porque prejudicam a imagem governamental ou dos políticos, para encobrir ilegalidades, enganos, falcatruas diversas, inaceitáveis sob qualquer ponto de vista. Essa parte da mentira é a que exige escrutínio e denúncia pública, a que justifica os direitos da comunicação social num país livre para denunciar os abusos do poder, a que o Parlamento deve ter condições para inquirir e denunciar, é simples de definir e tratar.

Já é mais complicada a mentira necessária que todos os governos democráticos praticam. Como por exemplo, a que leva um ministro das Finanças a negar uma desvalorização da moeda sem ambiguidades, duas horas antes de a anunciar. Ou a que leva qualquer primeiro-ministro português a responder com um enfático "não" se lhes fosse perguntado: conduz o Estado português operações de espionagem nos nossos muito amigos países africanos de expressão portuguesa? Claro que não, nunca, jamais em tempo algum.

Os críticos da intervenção americana do Iraque que andam desde o primeiro dia a bradar "mentirosos" para Bush, Blair, Aznar e Barroso devem estar a pensar, chegados aqui no artigo, que eu vou defender a necessidade da mentira de Estado "boa", para o que se passou com as armas de destruição maciça. Enganam-se porque no essencial, e é aqui o essencial que conta, não houve mentiras nem do primeiro grau, nem do segundo, nem do terceiro. Nem mentira para ocultar uma verdade que se conhecia e se queria esconder, nem mentira com dolo "necessário" para servir um bem maior, legitimar uma invasão que se pensava ser estrategicamente vital para a segurança nacional.

Não houve mentiras porque Bush e Blair estavam convencidos de que armas de destruição maciça existiam no Iraque, como também o estavam Chirac, Putin e o Estado-Maior iraquiano. Os interrogatórios feitos aos responsáveis militares iraquianos mostram que também eles estavam convencidos da existência destas armas e ficaram surpreendidos quando Saddam lhes disse no princípio da guerra que não existiam. Muitos, aliás, continuaram convencidos de que as armas existiam em unidades muito especiais sob o controlo dos filhos de Saddam, Uday e Quday, e que Saddam os estava a enganar.

Havia pouca gente com dúvidas, mas também sem certezas. Havia na CIA, nas Nações Unidas, gente com dúvidas sobre se as "provas" que os americanos apresentaram eram mesmo provas a sério, mas eram mais dúvidas sobre as "provas" do que sobre o facto de Saddam poder ter armas de destruição maciça. Até porque havia o preocupante facto, que hoje não convém lembrar, de que ele não só as tivera como as usara contra os curdos e iranianos. Havia dúvidas muito mais sérias sobre a justeza do política americana de invadir o Iraque, muito mais assertivas, muito mais fundamentadas, mas não era por causa das armas.

A Administração Bush actuou como deve actuar um governo responsável que acha que está em guerra - pela Lei de Murphy, se uma coisa pode correr mal, mais vale prepararmo-nos para que corra mal. Onde errou foi em deixar centrar a sua argumentação nas armas, o que resultou das pressões de Colin Powell e do Departamento de Estado para obter uma resolução das Nações Unidas, e que levou à apresentação de "provas" que vieram a revelar-se inconsistentes ou falsas. A Administração Bush fê-lo porque não tinha nada de melhor a apresentar, não porque não estivesse convencida de que as armas não existissem. As provas materiais que possuíam eram débeis, equívocas e nalguns casos falsas, embora saber quem as "plantou" nos serviços de informação seja toda uma outra história. Sim, algumas "provas" eram "mentira", mas a convicção de que havia armas de destruição maciça não era mentira.

Claro que no estilo moralmente excitado com que se discute o Iraque, pouca atenção se dá aos factos e tudo se move por "impressões" e por duas ou três frases desirmanadas usadas como prova, como é o caso do que disse o inspector Scott Ritter, ou citações de Hans Blix, que só se tornaram tão unívocas depois de não se encontrarem as armas depois da invasão. No caso de Scott Ritter o testemunho foi sempre prejudicado na sua credibilidade pelas suas relações com o governo iraquiano. Blix, por seu lado, no artigo muito crítico que escreveu no Guardian sobre os cinco anos de guerra, admitiu que era "compreensível" que Bush e Blair acreditassem na existência das armas no Outono de 2002, perguntando-se ele próprio, sem saber responder, "porque é que os iraquianos tinham impedido os inspectores das Nações Unidas durante os anos 90 quando não tinham nada que esconder".

É verdade que Blix responsabiliza Bush e Blair pelo que "sabiam em Março de 2003", referindo-se ao trabalho da equipa de inspectores a que presidia e que ocorreu entre as duas datas. A questão só pode ser colocada assim a posteriori, porque o que sabiam "em Março de 2003" é que os inspectores não tinham encontrado as armas e o próprio relatório que Blix apresentou ao Conselho de Segurança em Fevereiro de 2003 não é tão seguro como Blix agora pretende que foi. Entre outras coisas, apresentava reservas sobre o que tinha acontecido a armamento citado em documentos iraquianos e que o governo de Saddam dizia ter destruído sem apresentar provas. De qualquer modo, qualquer observador que leia com isenção a documentação existente na época só pode chegar à conclusão de que a convicção da existência de armas de destruição maciça era legítima, mas tinha uma dose excessiva de voluntarismo. Esse voluntarismo pagou-se caro porque a utilização da existência das armas de destruição maciça como argumento central de legitimação da invasão revelou-se o principal factor de desautorização de uma guerra que muitos não viam em 2003 com as cores negras com que a vêem hoje. A sua importância na descredibilização da operação foi enorme nas democracias ocidentais e tornou-se incontornável.

Quanto à "mentira" é que não vale a pena discutir racionalmente e com apoio dos factos indesmentíveis, de muitos estudos e análises feitos por especialistas e historiadores que não têm a mínima simpatia pela guerra iraquiana nem pela política de Bush, porque já ninguém ouve com o ruído propagandístico. Veja-se, por exemplo, aquela que é considerada a melhor história militar da invasão, Cobra II, de autoria de Michael Gordon e do general Bernard Trainor e que mostra como todos os planos militares americanos foram feitos tendo em conta a existência e possibilidade de um ataque químico ou biológico, com consideráveis custos numa estratégia que fazia da rapidez a sua pedra de toque, que mostra como unidades especiais andaram à procura das armas por todo o lado e a perplexidade com que foi recebida a informação de que estas não eram encontradas. Se de facto tivesse havido a "mentira" deliberada que é assacada a americanos e ingleses, então não seria difícil, pelo mesmo princípio de dolo, encontrar qualquer coisa, uns bidões num armazém, umas ampolas biológicas nalgum sítio. Houve aliás quem sugerisse que os americanos iam fazer isso e, para "mentiroso" antes, "mentiroso" depois, deveria ser a regra. Seria aliás quase impossível de verificar se era verdade ou não.

Só que os factos são outros.

(No Público de 29 de Março de 2008.)

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29.3.08


BIBLIOFILIA: GRANDES CAPAS



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COISAS DA SÁBADO: O DESTINO MARCA A HORA NO PSD (3)

O DESTINO MARCA A HORA NO PSD (1)
O DESTINO MARCA A HORA NO PSD (2)

Aqueles que contam com a derrota do PSD em 2009, para afastar a actual direcção, - e não adianta estarmos a enganar-nos uns aos outros com palavrinhas de circunstância, é aquilo que todos esperam, - prestam um péssimo serviço a uma alternativa mais que necessária ao PS. Podem acordar em 2010 com um PSD que perdeu de vez a sua dimensão nacional, um partido que conta cada vez menos para a vida pública, acabrunhado por mais uma derrota que só pode gerar depressão ou escapismo entre os militantes (sim, porque deles será uma grande responsabilidade), cheio de “bodes expiatórios” e de “apontar de dedos” da culpa, e de “lutas finais” de todos contra todos, com imensa gente a defender-se à “bomba” dos restos do seu poder, e outra sossegada com os quatro anos que adquiriu no parlamento e depois daqui a quatro anos se verá, contente com a sua gestão por objectivos.

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EARLY MORNING BLOGS


1260 - Thomas Rhodes

Very well, you liberals,
And navigators into realms intellectual,
You sailors through heights imaginative,
Blown about by erratic currents, tumbling into air pockets,
You Margaret Fuller Slacks, Petits,
And Tennessee Claflin Shopes--
You tound with all your boasted wisdom
How hard at the last it is
To keep the soul from splitting into cellular atoms.
While we, seekers of earth's treasures
Getters and hoarders of gold,
Are self-contained, compact, harmonized,
Even to the end.

(Edgar Lee Master, Spoon River Anthology )

*

Bom dia!

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28.3.08


COISAS DA SÁBADO: O DESTINO MARCA A HORA NO PSD (2)

O DESTINO MARCA A HORA NO PSD (1)

De novo, começo como comecei: quem pensar que o papel do PSD é fundamental para a democracia portuguesa não pode ser indiferente ao que possa acontecer em 2009 ao partido, porque todas as opções que vão condicionar o seu futuro nos próximos cinco anos, ou seja uma eternidade na vida política, vão ser tomadas agora. Um exemplo: a escolha de deputados vai moldar o grupo parlamentar que ficará, haja vitória ou derrota, em 2009. Ou seja, quem vier a seguir terá que herdar do passado este grupo parlamentar que, a julgar pelos sinais dados pela direcção, vai ser pouco mais do que uma emanação do aparelho do partido em nome das “bases”, ainda por cima num ambiente de grande sectarismo nas escolhas com base na fidelidade à “situação”. Alguém acredita que uma nova liderança que possa surgir depois de 2009, possa contar com o grupo parlamentar que um PSD, na oposição a um PS mais uma vez vitorioso, necessita? Um grupo parlamentar que ajude a dar mais credibilidade a um partido em crise de respeito junto dos portugueses? Já não cometo sequer a trivialidade de lembrar que qualquer liderança pós-2009, ao não estar presente no parlamento, terá sempre uma dificuldade acrescida em se afirmar. Não, um PSD com um grupo parlamentar de facção, é um obstáculo muito forte a qualquer regeneração partidária pós-2009 e mais uma garantia de permanência do PS no poder.

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EXTERIORES: CORES DO DIA DE HOJE

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A Primavera chegou a Tóquio. (António Rebordão)

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COISAS DA SÁBADO: O DESTINO MARCA A HORA NO PSD (1)

Quem pensar que o papel do PSD é fundamental para a democracia portuguesa não pode ser indiferente ao que possa acontecer em 2009 ao partido, porque em 2008 já pode ser tarde demais e em 2010 já será certamente tarde demais. Nesta matéria sou “jardinista” e como Jardim considero que a última oportunidade para inverter o plano inclinado é em princípios de 2009, depois é só assistir ao desastre anunciado. Mas não vai ser fácil, vai ser para homens de barba dura e o equivalente em mulheres, sendo que tradicionalmente as mulheres no PSD se portam melhor do que os homens. E não vai ser fácil porque vai mesmo ter que ser “à bomba”, dado que em 2009 há dezenas de lugares apetecidos para distribuir e para cada lugar há cinco pessoas da “situação” a quem este foi prometido e dez que acham que lá podem chegar no meio da guerra civil. Mas, quando Jardim soar as trombetas da avaliação, vamos esperar para ver quem é que vai arranjar pretextos para não ler o que está “escrito nas estrelas” ou para roer a corda porque tem estratégias (presidenciais por exemplo) que exigem um partido fraco ou complacente, ou para passar da “oposição” à “situação”. Já vi de tudo e ainda hei-de ver muito mais.

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EARLY MORNING BLOGS


1259 - El acto del libro

Entre los libros de la biblioteca había uno, escrito en lengua arábiga, que un soldado adquirió por unas monedas en el Alcana de Toledo y que los orientalistas ignoran, salvo en la versión castellana. Ese libro era mágico y registraba de manera profético los hechos y palabras de un hombre desde la edad de cincuenta años hasta el día de su muerte, que ocurriría en 1614.

Nadie dará con aquel libro, que pereció en la famosa conflagración que ordenaron un cura y un barbero, amigo personal del soldado, como se lee en el sexto capítulo.

El hombre tuvo el libro en las manos y no lo leyó nunca, pero cumplió minuciosamente el destino que había soñado el árabe y seguirá cumpliéndolo siempre, porque su aventura ya es parte de la larga memoria de los pueblos.

¿Acaso es más extraña esta fantasía que la predestinación del Islam que postula un dios, o que el libre albedrío, que nos da la terrible potestad de elegir el infierno?

(Jorge Luis Borges)

*

Bom dia!

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27.3.08


INTENDÊNCIA



Para além das minhas tradicionais dificuldades em lidar com a vastidão do correio, verifiquei agora que o Gmail teve mais uma vez um excesso de zelo e mandou uma série de mensagens, fotos, comentários, para o limbo do spam. Estou a tentar recuperar o que seja possível, mas ficam desde já as minhas desculpas.

*

Os Estudos sobre o Comunismo estão a ser actualizados.

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EXTERIORES: CORES DO DIA DE HOJE

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Passagem do tempo por um banco do jardim de S. Amaro. (RM)



Taxi mexicano nas imediações de Tijuana (Baja California-México). (Luis Reino)



Monumento aos mortos da guerra.



Uma "aldeia" no Porto. (José Carlos Santos)



Tejo em Abrantes. /André Felício)



Paria do Alvor. (Pedro Oliveira)



Barreirinhas_Belém do Pará Brasil (entrada dos Lençóis Maranhenses).



Lençóis Maranhenses. (Ramiro Martins)



Luanda, Março 2008. (Ramiro Martins)



Coimbra. (João Almeida)

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EXTERIORES: CORES DOS DIAS DA PÁSCOA

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Cemitério da Basílica de San Miniato al Monte em Florença, com cidade ao fundo. (Vítor Magalhães)



Penitentes em oração no pueblo de La Alberca (Sierra de Francia – Salamanca – Espanha) na passada sexta-feira santa. (Carlos Cunha)



Domingo de Páscoa em Lisboa. (MJ)



Caracas na Páscoa de 2008. (Jennifer Quintero)



Sol da Páscoa. (Ochoa)



Domingo de Pascoa em Marble Arch e em Regent's Street - London UK. (João Simões)

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EARLY MORNING BLOGS


1258 - I am not in the least provoked ...

My Reconcilement to the Yahoo-kind in general might not be so difficult if they would be content with those Vices and Follies only, which Nature has entitled them to. I am not in the least provoked at the Sight of a Lawyer, a Pick-pocket, a Colonel, a Fool, a Lord, a Gamester, a Politician, a Whore-Master, a Physician, an Evidence, a Suborner, an Attorney, a Traitor, or the like: This is all according to the due Course of Things: But when I behold a Lump of Deformity, and Diseases both in Body and Mind, smitten with Pride, it immediately breaks all the Measures of my Patience; neither shall I be ever able to comprehend how such an Animal and such a Vice could tally together. The wise and virtuous Houyhnhnms, who abound in all Excellencies that can adorn a Rational Creature, have no Name for this Vice in their Language, which has no Terms to express anything that is Evil, except those whereby they describe the detestable Qualities of their Yahoos, among which they were not able to distinguish this of Pride, for want of thoroughly understanding Human Nature, as it sheweth itself in other Countries, where that Animal presides. But I, who had more Experience, could plainly observe some Rudiments of it among the wild Yahoos.

(Jonathan Swift, Gulliver's Travels)

*

Bom dia!

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25.3.08


LENDO
VENDO
OUVINDO

ÁTOMOS E BITS

de 25 de Março de 2008


Quantas vezes já passou o vídeo da agressão à professora nas televisões portuguesas? De uma forma grosseira presumo que pelo menos 200 (hoje, muitos dias depois da sua divulgação, já o vi cerca de dez vezes). Será interessante matéria de estudo no futuro saber que efeito teve este excesso de exposição mediática. Saber, por exemplo, se depois de tão repetido ele não perde qualquer eficácia e a sua mensagem potencial se dissolve na massagem...

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BIBLIOFILIA: GRANDES CAPAS



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EARLY MORNING BLOGS


1257 - Locations and Times

Locations and times—what is it in me that meets them all, whenever and wherever, and
makes
me at home?
Forms, colors, densities, odors—what is it in me that corresponds with them?

(Walt Whitman)

*

Bom dia!

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24.3.08


EXTERIORES: CORES DO DIA DE HOJE

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Escritório de Dostoevsky em S. Petersburgo. (João Tiago Santos)

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EARLY MORNING BLOGS


1256 - Qué gigantes?

En esto descubrieron treinta o cuarenta molinos de viento que hay en aquel campo, y así como Don Quijote los vió, dijo a su escudero: la ventura va guiando nuestras cosas mejor de lo que acertáramos a desear; porque ves allí, amigo Sancho Panza, donde se descubren treinta o poco más desaforados gigantes con quien pienso hacer batalla, y quitarles a todos las vidas, con cuyos despojos comenzaremos a enriquecer: que esta es buena guerra, y es gran servicio de Dios quitar tan mala simiente de sobre la faz de la tierra. ¿Qué gigantes? dijo Sancho Panza.

Aquellos que allí ves, respondió su amo, de los brazos largos, que los suelen tener algunos de casi dos leguas. Mire vuestra merced, respondió Sancho, que aquellos que allí se parecen no son gigantes, sino molinos de viento, y lo que en ellos parecen brazos son las aspas, que volteadas del viento hacen andar la piedra del molino. Bien parece, respondió Don Quijote, que no estás cursado en esto de las aventuras; ellos son gigantes, y si tienes miedo quítate de ahí, y ponte en oración en el espacio que yo voy a entrar con ellos en fiera y desigual batalla. Y diciendo esto, dio de espuelas a su caballo Rocinante, sin atender a las voces que su escudero Sancho le daba, advirtiéndole que sin duda alguna eran molinos de viento, y no gigantes aquellos que iba a acometer. Pero él iba tan puesto en que eran gigantes, que ni oía las voces de su escudero Sancho, ni echaba de ver, aunque estaba ya bien cerca, lo que eran; antes iba diciendo en voces altas: non fuyades, cobardes y viles criaturas, que un solo caballero es el que os acomete. Levantóse en esto un poco de viento y las grandes aspas comenzaron a moverse, lo cual visto por Don Quijote, dijo: pues aunque mováis más brazos que los del gigante Briareo, me lo habéis de pagar.

(Cervantes)

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Bom dia!

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23.3.08


EXTERIORES: CORES DO DIA DE HOJE

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Páscoa católica na Rússia ortodoxa. (João Tiago Santos)

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O DELITO DE OPINIÃO

Existe em Portugal um delito de opinião para o qual uma pequena turba, que só parece grande porque é alimentada pelo silêncio de muitos, pede punição, censura, opróbrio, confissão pública do crime, rasgar de vestes. Esse delito de opinião é ter estado a favor da invasão do Iraque e é particularmente agravado nos casos raríssimos em que se continua a estar a favor, esses então de reincidência patológica que justificam prisão e banimento. Esta persistência no erro só pode mostrar tenebrosos defeitos de carácter e uma crueldade sem limites, que são apontados a dedo como devendo justificar o ostracismo e a incapacidade cívica. Como só se aplica a meia dúzia de pessoas, visto que a maioria dos apoiantes originais abjurou como Durão Barroso, ainda é mais fácil apontar o dedo. Se houvesse pelourinho na cidade, a turba lá nos levaria a mim e ao José Manuel Fernandes, que suporta nove décimos de ataques à sua direcção do Público por causa deste delito de opinião, para a humilhação pública.

Para essa turba que grita "crime" os factos interessam pouco, o conhecimento do que aconteceu fica confortado com meia dúzia de meias verdades, muitas falsidades, mas acima de tudo uma ignorância militante que não só não sabe como não quer aprender. Os factos não lhes interessam de todo. Olharem o Iraque em 2003, 2006, 2008 é a mesma coisa, só muda o número do final do ano. Têm uma tese e, aconteça o que acontecer, o que vale é a tese e essa tese é normalmente uma visão do mundo assente num único pilar, o anti americanismo militante por razões puramente ideológicas. Essas razões existem, mas raras vezes são enunciadas para não prejudicar o bater no peito moral com a suspeita de que a mão que bate o faz por uma política radical que não ousa mostrar-se. Desse ponto de vista, as críticas a Bush têm um precedente curioso, parecem as críticas a Churchill e a Reagan.

(Pax Americana vista pelo Berliner Illustrierte , Berlim - RDA, 3 de Março de 1951)
Sobre Churchill como "criminoso de guerra", visto pelos nazis; sobre a "imagem dos americanos como inimigos" construída pela República Democrática Alemã.

(Churchill como belicista num cartaz em Leipzig, RDA, 1954)



Representações dos Presidentes americanos como belicistas: Kennedy como "cão de guerra" ; Reagan como personagem do Dr. Strangelove e como cowboy conduzindo a América para a as "dark ages".

Há, como em todas as regras, meia dúzia de excepções de pessoas que foram contra a guerra e que o foram por razões mais sérias e que foram capazes de apontar erros reais da actuação dos americanos, em particular os que vinham quer da ignorância da dimensão daquilo em que se estavam a meter, quer da sua impreparação para o fazer e das suas erradas prioridades. Essas objecções sérias merecem ser discutidas e, nalguns casos, deve-se-lhes o reconhecimento da razão que tiveram antes do tempo. Mas, insisto, os interlocutores sérios são a excepção. Nesta matéria, quem faz a lei ideológica e tribunícia é o Bloco de Esquerda, muitas vezes secundado pela voz de Mário Soares. Todos falam com a linguagem, os slogans, os tiques, os excessos verbais, a arrogância moral e a pesporrência do Bloco de Esquerda e não querem saber de mais nada do que da condenação moral dos "responsáveis" por "muitas centenas de milhares de mortos". Os números são plásticos, podem ser exagerados porque são sempre números do "crime". Não lhes interessa Saddam, não lhes interessa a submissão dos xiitas, não lhes interessa a natureza de um regime que atacou aldeias curdas com armas químicas, não lhes interessa um ditador que provocou guerras, essas sim, com mais de um milhão de mortos, e que invadiu os países vizinhos. Nada mais lhes interessa.

Dito isto, vamos pois continuar a cometer o delito de opinião. A última coisa que direi é que, cinco anos depois, na operação iraquiana tudo correu bem, porque, em muitos aspectos, correu até bastante mal. Só que não é pelas mesmas razões, nem pelas mesmas causas, nem pelos mesmos motivos, dos que bradam ao crime e à "mentira". Mais adiante voltaremos aqui, mas comecemos pelo princípio.


Atentados de atribuição segura à Al-Qaida: Bali, Madrid, Tanzania, Argel.

Primeiro, há os pressupostos da decisão de invadir, tomada muito antes da invasão e não necessariamente pelas mesmas razões apresentadas publicamente para a justificar. A decisão de invadir tem pouco a ver com a existência de armas de destruição maciça, ou com a possibilidade de Saddam ser um apoiante da Al-Qaeda, que não era. A origem da decisão tem a ver com uma ideia mais global da resposta à crise suscitada pelo terrorismo apocalíptico que se verificou nas torres nova-iorquinas e no Pentágono, mas também nas embaixadas africanas dos EUA, nas discotecas de Bali, no metro de Londres, nos comboios suburbanos de Madrid e um pouco por todo o lado, da Índia à China, do Cáucaso aos Balcãs.

Na Administração americana surgiu a ideia de que, para combater a nova forma de guerra que é o terrorismo, não bastava erradicar as bases terroristas onde elas existiam (como no Afeganistão ou Sudão), o que era visto como um sintoma, mas ir à causa, à relação de forças que bloqueava todos os processos políticos que deveriam "distender" o Médio Oriente e permitir a resolução de conflitos antigos como o da Palestina. Esses conflitos não eram a causa do terrorismo da Al-Qaeda, de uma natureza diferente do Hezbollah ou do Hamas, mas, ao funcionarem como um irritante geral, bloqueavam as forças moderadas e moderadoras no mundo árabe-muçulmano e impediam a estabilização da região. A importância geoestratégica do Médio Oriente era crucial para o resto do mundo por causa da dependência do petróleo, líquido que tem a tendência natural para surgir só em sítios complicados.
Para que não se pense que estes argumentos são de agora, cito o que escrevi em Fevereiro de 2004:
"O 11 de Setembro revelava uma nova dimensão do terrorismo que envolvia nações, grupos e indivíduos. Envolvia novas tecnologias de terror e toda uma série de novas tecnologias estavam (estão) na calha. Tinha um epicentro em parte do mundo muçulmano, tinha um epicentro dentro desse epicentro, o conflito israelo-palestiniano, envolvia nações como a Arábia Saudita, o Afeganistão, o Paquistão, o Irão, a Síria, o Iraque, o Iémen, o Sudão, e algumas mais. Envolvia políticas que eram activamente prosseguidas por vários estados: o Afeganistão servia de base a Bin Laden, mas o Iraque estava a tornar-se, junto com a Síria e o Irão, num dos principais desestabilizadores na Palestina.

Toda a panóplia de soluções diplomáticas tinha falhado em tornar a região mais segura. O conflito israelo-palestiniano parecia intratável, porque enquanto os grupos terroristas faziam explodir autocarros, os israelitas retaliavam em espécie. O crescimento do fundamentalismo muçulmano associava-se intimamente com as ditaduras da região. Os europeus e as Nações Unidas estavam mergulhadas numa política de manter a todo o custo o status quo. Restava aos americanos esperar outro atentado, a que se contava que reagissem outra vez pontualmente. Os americanos estavam a ser empurrados para um comportamento não muito diferente dos israelitas.

A administração Bush não aceitou esta passividade e fez uma coisa que já estava há muito esquecida pela passividade europeia e pelo politicamente correcto internacional: resolveu fazer uma política activa de mudar brutalmente os dados da questão que implicava acções militares preventivas sobre os estados que ou apoiassem grupos terroristas ou fossem fautores de políticas de desestabilização regionais. Esta politica resultou parcialmente na Síria e na Líbia, mas a sua prova dos nove teria que ser o Iraque. Por várias razões, o Iraque era o único país que tinha os meios e os recursos para prosseguir as políticas anti-americanas mais agressivas na região. Era também um país que se sabia disposto a tudo e com tradição de beligerância, um pária internacional que violava as resoluções das Nações Unidas todos os dias.

Estas eram as razões últimas da política americana e elas têm consistência. O que resta saber, e o episódio das ADM não é de bom augúrio, é se, sendo esta uma política arriscada, ousada e difícil, os americanos e os seus aliados tinham a capacidade militar e política para a levar a bom termo. Porque não é uma política de canhoneira, dão-se uns tiros e vão-se embora os barcos. Exige acções a longo prazo, persistência e tem custos económicos e humanos consideráveis.

Ora, dito isto, preto no branco, eu partilho das razões pelas quais Bush e Blair quiseram ir para a guerra, antes sequer de encontrarem o enganoso pretexto e legitimação nas AMD, e teria preferido que eles tivessem ficado pelas declarações de guerra do pós-11 de Setembro, que tinham uma clareza linear e disseram isto tudo: estamos em guerra e vamos onde for preciso para nos defendermos.

Na história do futuro o que julgará esta política é saber se a resposta global ao terrorismo teve ou não eficácia a longo prazo, se uma política activa, de resposta preventiva ao terrorismo o travou, adiou ou minimizou como ameaça."
Se a discussão se centrar neste ponto, o da natureza da resposta americana e da sua razoabilidade, ela é frutuosa, porque contém um genuíno problema: o terrorismo fundamentalista e o modo de o defrontar. Para o discutir há que entrar em conta com os aspectos de maior complexidade que não só estão contidos no problema, como na suposta "solução" que estava implícita na invasão. E aqui é que existem as objecções mais sérias, como também muito do que correu mal no processo iraquiano e que podia ter sido evitado. Sim, porque nem tudo o que aconteceu no Iraque se deveu à invasão em si, nem aos pressupostos da invasão (alguns dos quais mostraram apontar no sentido correcto nos primeiros momentos), mas ao modo como foi efectuada a ocupação do Iraque. Ou seja, nem tudo o que aconteceu depois de 2003 se deve à invasão, nem é sua consequência necessária ou inevitável, nem a tem como pressuposto.

Muito do que aconteceu no Iraque deve-se a erros cometidos depois da invasão, uns inevitáveis devido ao modo ingénuo, ignorante e incompetente como foi previsto o período da ocupação, outros perfeitamente evitáveis e que se devem a erros clamorosos da Administração Bush.


(Ver no Abrupto a recensão do livro de Rajiv Chandrasekaran, Imperial Life in the Emerald City: Inside Iraq's Green Zone, 2006.)
Todas as críticas que salientam a imprudência e a impreparação americana para lidar com uma das áreas mais complexas do mundo, onde existe há muito tempo um nó górdio da política mundial, criado pelas potências europeias desde a divisão do império otomano e agravado por uma miríade de ideias ocidental como o marxismo, o nacionalismo e mesmo a forma moderna do fundamentalismo islâmico, têm razão de ser. Mas uma coisa é criticar os americanos pela sua ocupação do Iraque e outra é contestar a sua decisão de invadir e negar que nem todos os efeitos da invasão foram desastrosos e alguns foram conseguidos. Por detrás do fumo dos atentados em Bagdad, a única coisa que vemos na televisão, há muita coisa a mudar no Iraque e alguma no sentido desejado pelos americanos. Mas dizer isto parece que causa escândalo. Talvez por isso, fechar o que está a acontecer no Iraque debaixo de conclusões férreas, definidas de antemão desde 2003, e a que pouco interessa a realidade que não seja a dos atentados, é mais do domínio da propaganda do que da realidade.

Segundo, há a questão das "armas de destruição massivas". (Continua)

(Versão do Público, 22 de Março de 2008.)

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