ABRUPTO

31.8.12


PONTO / CONTRAPONTO:

REGRESSA A 2 DE SETEMBRO

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EARLY MORNING BLOGS   
2246 - Glazunoviana

The man with the red hat
And the polar bear, is he here too?   
The window giving on shade,   
Is that here too?
And all the little helps,
My initials in the sky,
The hay of an arctic summer night?

The bear
Drops dead in sight of the window.
Lovely tribes have just moved to the north.
In the flickering evening the martins grow denser.   
Rivers of wings surround us and vast tribulation. 
 
(John Ashbery)

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26.8.12


NUNCA É TARDE PARA APRENDER: O PAPEL DE UMA BUROCRACIA CRIMINOSA

Ian Kershaw, The End - Germany, 1944-45, Penguin Books, 2012

O livro recente de Ian Kershaw, um dos maiores especialistas da história do nazismo, intitulado “O Fim – Alemanha 1944-5”, e que espero venha a ser traduzido em português, pretende responder à pergunta de porque é que a Alemanha, os alemães, os generais e soldados, a estrutura do estado, continuaram a combater até praticamente ao último minuto, sabendo que a guerra estava perdida, no meio do maior sofrimento e violência? É uma questão interessante para a história porque remete para a explicação de coisas que parecem aos olhos de qualquer um irracionais e sem sentido. 

Sabemos a resposta para a pergunta em Hitler que, quando percebeu que a guerra estava perdida, considerava que os alemães não mereciam sobreviver e a carnificina final era de algum modo desejada. Podemos compreender a resistência feroz no Leste face aos russos, porque todos esperavam, pelas amostras já conhecidas, que a ocupação soviética significasse todo o tipo de violências, violações, execuções, massacres. Porém, no seu conjunto, a liderança alemã, Bormann, Speer, Himmler, e Goebels, sabiam muito bem que a guerra estava perdida em 1944 e cada um fez tudo que estava ao seu alcance para manter o país a funcionar para a guerra e para esmagar toda a oposição. 

 A história que este livro nos conta é de como, do atentado falhado contra Hitler até ao governo do almirante Doenitz, que continuou a funcionar semanas após o suicídio de Hitler e mesmo depois da rendição por breves dias, a máquina de guerra, a máquina produtiva, a máquina do terror, continuaram nas condições mais adversas, até ao colapso em 1945. Particularmente interessante é ver como, sob a égide de Bormann, cuja importância é crucial nesta fase final do nazismo, a estrutura burocrática de estado, já sobreposta inteiramente à do partido, continuava a funcionar. Os gauleiter, governadores regionais, detentores de consideráveis poderes executivos, assumem uma enorme importância no esforço de guerra e na repressão. É impressionante ver toda uma burocracia a funcionar debaixo de ruínas que os bombardeamentos aliados tinham trazido às cidades alemães e com os russos a poucos quilómetros, a executar todos os opositores, reais e imaginários, com tribunais ambulantes, assassinando milhares de pessoas, soldados, estrangeiros, prisioneiros, com toda a eficácia organizativa de que a Alemanha se mostrou capaz. 

 De novo, uma ideia de vingança, do tipo “vamos perder, mas vocês não se vão ficar a rir” funcionou em proporções cruéis. O mais interessante do livro, é que nos mostra como uma burocracia eficaz, o clímax da modernidade, pode ser um instrumento ideal para a vingança colectiva, o clímax da barbárie.

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2245 . The Unknown Citizen 

He was found by the Bureau of Statistics to be
One against whom there was no official complaint,
And all the reports on his conduct agree
That, in the modern sense of an old-fashioned word, he was a
   saint,
For in everything he did he served the Greater Community.
Except for the War till the day he retired
He worked in a factory and never got fired,
But satisfied his employers, Fudge Motors Inc.
Yet he wasn't a scab or odd in his views,
For his Union reports that he paid his dues,
(Our report on his Union shows it was sound)
And our Social Psychology workers found
That he was popular with his mates and liked a drink.
The Press are convinced that he bought a paper every day
And that his reactions to advertisements were normal in every way.
Policies taken out in his name prove that he was fully insured,
And his Health-card shows he was once in hospital but left it cured.
Both Producers Research and High-Grade Living declare
He was fully sensible to the advantages of the Instalment Plan
And had everything necessary to the Modern Man,
A phonograph, a radio, a car and a frigidaire.
Our researchers into Public Opinion are content 
That he held the proper opinions for the time of year;
When there was peace, he was for peace:  when there was war, he went.
He was married and added five children to the population,
Which our Eugenist says was the right number for a parent of his
   generation.
And our teachers report that he never interfered with their
   education.
Was he free? Was he happy? The question is absurd:
Had anything been wrong, we should certainly have heard.
 
(W.H. Auden) 

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24.8.12


COISAS DA SÁBADO
ENTÃO E AS NOTÍCIAS SOBRE ANGOLA? NÃO SE PASSA NADA?



 Talvez o mais preocupante sinal dos condicionamentos à liberdade de informação em Portugal se revele no estranhíssimo silêncio sobre o que se passa em Angola. Em Angola estão a decorrer eleições, todo o mínimo protesto é reprimido por uma combinação de polícias e milícias do MPLA, as condições do acto eleitoral são contestadas pelo principal partido da oposição, a UNITA, que ameaça não ir às urnas nestas circunstâncias. Dentro e fora de Luanda, tem havido e estão anunciadas grandes manifestações da UNITA, ameaçadas sempre de contramanifestações do MPLA. Na verdade, nem isto se sabe pela comunicação social portuguesa, sabe-se pela circulação de fotografias, informações dispersas e algumas declarações corajosas de angolanos que são silenciadas em Portugal. 

Em Angola está tudo bem, os negócios vão de vento em popa, o dinheiro vindo da corrupção e do nepotismo flui para os bancos portugueses em malas, importantes posições na banca, em empresas estratégicas e na comunicação social são compradas por membros da elite do poder angolana. Presume-se que ainda mais compras vão ser feitas, em particular na comunicação social, dados os apertos financeiros dos grupos portugueses e as boas relações de governantes locais com os corruptos de lá, ambos partilhando a ideia de que o dinheiro nunca teve cor e isso das ditaduras corruptas em África é “normal” para criar “países”. Usei a palavra corrupção várias vezes nas frases anteriores, devia usar mil, porque ainda gostava que alguém me explicasse de onde vem o dinheiro de gente que, fora das relações de poder no MPLA e com o Presidente e a família, nunca teve qualquer actividade que explique os milhões que tem, seja sequer uma lanchonete numa rua de Luanda. 

Escrevo isto, com a sensação muito forte, de que, a continuar assim, em breve isto não vai poder ser escrito na comunicação social portuguesa.

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21.8.12


A MÁQUINA DE “COMUNICAÇÃO”


Já repararam que quando alguém critica o governo, seja um bispo, um responsável desportivo, um empresário “vermelho”, um chefe dos bombeiros, uma autarca mais atrevido, vinte e quatro horas depois, aparece alguma notícia danosa, verdadeira ou falsa, populista ou insidiosa, a atacar a sua reputação e os seus motivos? 

 Os homens livres deveriam preocupar-se com a coincidência.

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2244 - A Statesman's Holiday 
I lived among great houses,
Riches drove out rank,
Base drove out the better blood,
And mind and body shrank.
No Oscar ruled the table,
But I'd a troop of friends
That knowing better talk had gone
Talked of odds and ends.
Some knew what ailed the world
But never said a thing,
So I have picked a better trade
And night and morning sing:
Tall dames go walking in grass-green Avalon.

Am I a great Lord Chancellor
That slept upon the Sack?
Commanding officer that tore
The khaki from his back?
Or am I de Valera,
Or the King of Greece,
Or the man that made the motors?
Ach, call me what you please!
Here's a Montenegrin lute,
And its old sole string
Makes me sweet music
And I delight to sing:
Tall dames go walking in grass-green Avalon.

With boys and girls about him.
With any sort of clothes,
With a hat out of fashion,
With Old patched shoes,
With a ragged bandit cloak,
With an eye like a hawk,
With a stiff straight back,
With a strutting turkey walk.
With a bag full of pennies,
With a monkey on a chain,
With a great cock's feather,
With an old foul tune.
Tall dames go walking in grass-green Avalon. 
( William Butler Yeats)

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20.8.12


COISAS DA SÁBADO: EM SETEMBRO… 

 … um passo importante na crise social vai acontecer, que não tem sido muito falado. Já não me refiro às muitas pequenas empresas, por exemplo restaurantes, que já não vão abrir depois de férias, e ao aumento do desemprego de quem tinha trabalho sazonal no turismo. Refiro-me ao facto de muitos milhares de famílias que pela primeira vez não vão ter dinheiro para pagar os impostos. Setembro é um mês de impostos, e a necessidade absoluta das Finanças, encarregou-se de antecipar todos os prazos. Os impostos de Setembro são os mais pesados, em particular o IRS, e no momento das contas vai-se sentir, também pela primeira vez, o aumento brutal da carga fiscal. Setembro será também o mês em que muitas famílias, ao não terem, sublinho, pela primeira vez, dinheiro para pagar os seus impostos, vão cair nas malhas das execuções fiscais e no terreno cada vez mais amplo das coisas que não podem fazer, por não terem os seus impostos em dia. O governo sabe isto e está também, pela primeira vez, muito preocupado pelo clima de instabilidade social. O que não sabe é o que há-de fazer, mas isso é outra história.

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14.8.12


ESPÍRITO DO TEMPO:  HOJE

Passagem do tempo por um banco do jardim de S. Amaro. (RM)

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COISA DA SÁBADO: RIO FDP 

Pensei que a justiça, em particular os meritíssimos juízes, a última coisa do mundo que aceita de bom grado é ser gozada. Mas pelos vistos não é caso. Não só aceita como transfere a gozação pela cadeia da justiça abaixo, não só deixando-se humilhar, como favorecendo a humilhação de outros. 

 Gozar com a justiça é o que o chamado “empresário” Manuel Leitão entendeu fazer quando para explicar o “Rio FDP”, que fez com Photoshop numa falsa fotografia de uma fachada do Porto para insultar Rui Rio chamando-lhe “filho da puta”, veio, quando chamado a responder em Tribunal, explicar que se tratava de “fanático dos popós” que também dá FDP. 

O juiz(a), como toda a gente, tinha já lido nos jornais que o Leitão, que disse ao Público “que as provocações não fazem parte do seu código de conduta”, já dera sucessivas versões para o FDP: "Que eu saiba, "Rio" é um substantivo próprio que significa um curso de água e o resto são três iniciais, um verbo e um artigo", E mais tarde que significava “filho de Deus” e que «Cada um pode lá ler o que quiser. Eu acho mais piada ler o «fdp» como focinho de porco» E agora veio com o “fanático dos popós”. Ou seja está a gozar connosco e com o juiz(a). 

Mas o mais absurdo é que Rui Rio foi chamado a prestar declarações por ordem do juiz(a) sobre se era “fanático dos popós” e, como é normal e saudável, saiu furioso: 

O presidente da segunda maior câmara do país vir aqui responder em tribunal se lhe chamam fanático dos popós, em Agosto, quando os tribunais estão fechados e só coisas urgentes é que são tratadas, revela o quadro em que a justiça e o regime político em que vivemos estão” 

A conclusão do juiz(a) foi a óbvia: “a leitura mais comum será a de que a sigla expressa o significado filho da puta e não a alusão a uma qualquer paixão ou hobby do presidente da Câmara do Porto”. Mas para chegar aqui não precisava de alimentar o insulto do Leitão, quer aos tribunais, quer a si própria, quer a Rio. Humilhar as vítimas e permitir que os tribunais funcionem como câmara de eco de insultos não é certamente justiça.

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12.8.12


COISAS DA SÁBADO: PORQUE É QUE SÃO SEMPRE OS MESMOS? 



 O relatório da CMVM, publicado com atraso, revela a acumulação de cargos em sociedades por um pequeno número de pessoas, sempre as mesmas aliás. Não se trata só dos seus “donos”, o argumento que o homem dos 73 lugares deu para justificar que qualquer ideia de boas práticas na governança das sociedades não se aplica às “dele”, mas aos 17 que acumulam lugares cada um em mais de 30 empresas. A isso deve-se acrescentar o que todos os dias se vai sabendo sobre a entrada ou a circulação de pessoas na administração das principais empresas portuguesas, com relações próximas com o poder político, por singular coincidência sempre os mesmos. Entre consultoras, grandes escritórios de advogados, entidades reguladoras, governo, banca, empresas públicas, “comissões de aconselhamento” do governo, há uma circulação intensa de…sempre os mesmos. 

Proença de Carvalho é um exemplo típico: advogado de José Sócrates, presidente do Conselho de Curadores da Fundação Champalimaud, presidente do Conselho de Administração da Zon Multimedia, membro da Comissão de Vencimentos do BES – um interessante cargo -, “chairman” da Cimpor, ao todo, só no mundo empresarial, 27 cargos. Proença de Carvalho, como muitos outros neste universo de “sempre os mesmos”, não é “dono”, mas amigo dos “donos”.

 Competência? Nalguns casos sim, noutros não. Mas não é a competência o critério fundamental. É a confiança. Estes são confiáveis, são dos “nossos”, são dos “mesmos”. Já foram testados mil e uma vezes, no governo, na banca, na advocacia de negócios, no comentário político nos media, e mostraram que estão lá para defender sem hesitações, os “nossos” interesses. Confiança é a palavra chave nos “sempre os mesmos”.

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EARLY MORNING BLOGS   
2243 - They are all fast men.

Howitt says of the man who found the great nugget which weighed twenty-eight pounds, at the Bendigo diggings in Australia: "He soon began to drink; got a horse, and rode all about, generally at full gallop, and, when he met people, called out to inquire if they knew who he was, and then kindly informed them that he was 'the bloody wretch that had found the nugget.' At last he rode full speed against a tree, and nearly knocked his brains out." I think, however, there was no danger of that, for he had already knocked his brains out against the nugget. Howitt adds, "He is a hopelessly ruined man." But he is a type of the class. They are all fast men. Hear some of the names of the places where they dig: "Jackass Flat," — "Sheep's-Head Gully," — "Murderer's Bar," etc. Is there no satire in these names? Let them carry their ill-gotten wealth where they will, I am thinking it will still be "Jackass Flat," if not "Murderer's Bar," where they live.

(Henry David Thoreau)




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8.8.12


ESPÍRITO DO TEMPO:  HOJE

Passagem do tempo por um banco do jardim de S. Amaro. (RM)

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EARLY MORNING BLOGS   
2242

"Now books of this kind have been written in all ages by their greatest men: by great readers, great statesmen, and great thinkers. These are all at your choice; and Life is short. You have heard as much before; - yet have you measured and mapped out this short life and its possibilities? Do you know, if you read this, that you cannot read that - that what you lose to-day you cannot gain to-morrow? Will you go and gossip with your housemaid, or your stable-boy, when you may talk with queens and kings; or flatter yourselves that it is with any worthy consciousness of your own claims to respect that you jostle with the hungry and common crowd for entree here, and audience there, when all the while this eternal court is open to you, with its society, wide as the world, multitudinous as its days, the chosen, and the mighty, of every place and time? Into that you may enter always; in that you may take fellowship and rank according to your wish; from that, once entered into it, you can never be outcast but by your own fault; by your aristocracy of companionship there, your own inherent aristocracy will be assuredly tested, and the motives with which you strive to take high place in the society of the living, measured, as to all the truth and sincerity that are in them, by the place you desire to take in this company of the Dead."

(John Ruskin)

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7.8.12


EARLY MORNING BLOGS   
2241

It is remarkable that there is little or nothing to be remembered written on the subject of getting a living; how to make getting a living not merely honest and honorable, but altogether inviting and glorious; for if getting a living is not so, then living is not. One would think, from looking at literature, that this question had never disturbed a solitary individual's musings. Is it that men are too much disgusted with their experience to speak of it? The lesson of value which money teaches, which the Author of the Universe has taken so much pains to teach us, we are inclined to skip altogether. As for the means of living, it is wonderful how indifferent men of all classes are about it, even reformers, so called, — whether they inherit, or earn, or steal it. I think that Society has done nothing for us in this respect, or at least has undone what she has done. Cold and hunger seem more friendly to my nature than those methods which men have adopted and advise to ward them off.

(Henry David Thoreau)



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6.8.12



BOA VIAGEM


CURIOSITY
 

A sombra da coisa em Marte.


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BOA VIAGEM

CURIOSITY
 
 

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BOA VIAGEM

CURIOSITY
 
A roda está lá na fotografia pousada em Marte.

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BOA VIAGEM

CURIOSITY
 
Fantastic!

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BOA VIAGEM

CURIOSITY
 
Estão a chegar imagens.

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BOA VIAGEM

CURIOSITY
 
Parece que chegou bem. 
Curiosity está pousada em Marte.

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BOA VIAGEM

CURIOSITY
 
Bingo!

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BOA VIAGEM

CURIOSITY
 
Mais palmas.
A parte mais complicada.

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BOA VIAGEM

CURIOSITY
 
A 6 km de altitude descendo.

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BOA VIAGEM

CURIOSITY
 
Desacelerando.

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BOA VIAGEM

CURIOSITY
 
Para quedas aberto.

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BOA VIAGEM

CURIOSITY
 
Agora é que é.

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BOA VIAGEM

CURIOSITY
 
Palmas. 
Tudo bem. Já se "sente" a atmosfera.

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BOA VIAGEM

CURIOSITY
 
À espera dos sinais da Odissey.
Here I go.

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BOA VIAGEM

CURIOSITY
5 minutos. A 5 quilómetros por segundo.

Ainda é um spacecraft e não um aircraft.

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BOA VIAGEM

CURIOSITY
 
Fase crítica. Sinais continuam excelentes.

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BOA VIAGEM

CURIOSITY
 
Primeira fase da separação.
A sonda acelera.

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BOA VIAGEM

CURIOSITY
 
Speaking in tones.

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BOA VIAGEM

CURIOSITY
 
Separação.
A sonda fala por "tones"

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BOA VIAGEM

CURIOSITY
 
2 minutos para "separation"

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BOA VIAGEM

CURIOSITY
 
Faltam 20 minutos.

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BOA VIAGEM

CURIOSITY
 
Preocupação, claro.

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BOA VIAGEM

CURIOSITY
 
Três aparelhos, duas sondas à volta de Marte e o rover a descer, conjugados entre si.

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BOA VIAGEM

CURIOSITY
 
Everybody is munching.
faltam 21 minutos.
 
Todos a comer amendoins, que é suposto darem sorte desde as missões Apolo.

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BOA VIAGEM

CURIOSITY

"curiosity is in fantastic shape!"

Aquele grupo de homens vestidos de azul, comunicando dados entre si, mostram a complexidade da missão. E o nível elevado de risco, num planta que "come" sondas. 

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BOA VIAGEM

CURIOSITY
 
So far so good.

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BOA VIAGEM

CURIOSITY

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5.8.12


EARLY MORNING BLOGS   
2240

The community has no bribe that will tempt a wise man. You may raise money enough to tunnel a mountain, but you cannot raise money enough to hire a man who is minding his own business. An efficient and valuable man does what he can, whether the community pay him for it or not. The inefficient offer their inefficiency to the highest bidder, and are forever expecting to be put into office. One would suppose that they were rarely disappointed.

(Henry David Thoreau)




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3.8.12


EARLY MORNING BLOGS   
2239

It is remarkable that there are few men so well employed, so much to their minds, but that a little money or fame would commonly buy them off from their present pursuit. I see advertisements for active young men, as if activity were the whole of a young man's capital. Yet I have been surprised when one has with confidence proposed to me, a grown man, to embark in some enterprise of his, as if I had absolutely nothing to do, my life having been a complete failure hitherto. What a doubtful compliment this is to pay me! As if he had met me half-way across the ocean beating up against the wind, but bound nowhere, and proposed to me to go along with him! If I did, what do you think the underwriters would say? No, no! I am not without employment at this stage of the voyage. To tell the truth, I saw an advertisement for able-bodied seamen, when I was a boy, sauntering in my native port, and as soon as I came of age I embarked. 

(Henry David Thoreau)

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2.8.12


EARLY MORNING BLOGS   
2238

There is a coarse and boisterous money-making fellow in the outskirts of our town, who is going to build a bank-wall under the hill along the edge of his meadow. The powers have put this into his head to keep him out of mischief, and he wishes me to spend three weeks digging there with him. The result will be that he will perhaps get some more money to board, and leave for his heirs to spend foolishly. If I do this, most will commend me as an industrious and hard-working man; but if I choose to devote myself to certain labors which yield more real profit, though but little money, they may be inclined to look on me as an idler. Nevertheless, as I do not need the police of meaningless labor to regulate me, and do not see anything absolutely praiseworthy in this fellow's undertaking any more than in many an enterprise of our own or foreign governments, however amusing it may be to him or them, I prefer to finish my education at a different school

(Henry David Thoreau)

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1.8.12


ENCOSTADOS A UM CANTO
Antes do "ajustamento", as pessoas "ajustavam-se" para ir para o Algarve e a grande transumância entupia as estradas de Norte para o Sul. Várias vezes escrevi sobre isso e habitualmente, no princípio de Agosto, previa-se o "estado do país" em Setembro, no regresso, e em Outubro com as primeiras chuvas. Já há vários anos que, no regresso ao trabalho, para quem tinha férias - sempre o sublinhei, uma minoria -, a coisa estava mais negra do que antes.

O declive do país não é de agora e já de há muitos anos a esta parte se percebia que nada estava a melhorar e várias coisas estavam a piorar. Mas a dimensão ainda era apenas a de um lento declínio, um escorregar manso para os fundos da casa nacional. Agora é mesmo uma queda acentuada, já não para os fundos da casa, mas para o inferno sobre o qual ela assentava e que se abriu aos nossos pés. Daí saiu o Diabo e comeu-nos o futuro.

Não há futuro, chega dizer isto. Não há futuro e as pessoas sabem-no. Não há futuro para uma grande maioria, mas a queda não é para todos, as pessoas também o sabem demasiado bem. Antes, lá íamos cantando e rindo, empurrados pela silly season. Agora lá vamos chorando e com ranger de dentes. Faz toda a diferença. Eu sei, os meus severos leitores sabem-no, os portugueses também, o Governo sabe e até o habitante da Vila do Corvo o sabe. Não há futuro. Faz toda a diferença.

Em Setembro, todos os actores do poder, da oposição e das diferentes forças políticas, económicas e sociais estarão encostados à parede num quarto cada vez mais pequeno. Encostados a um canto. Uns sabem, outros não. Uns vão saber a mal, outros vão tentar abrir um buraco na parede. Na verdade, já lá estão todos no canto, mas o mês dos banhos, da transumância e do cancro na pele, este ano acumulará mais tensões do que descansará. Este ano não haverá sequer silly season que pegue, por muito inquérito imbecil que os jornais façam. Vai haver quem faça tudo para a estação ser silly, e há gente com muita capacidade para a patetice e que a exerce como quem respira, mas os ânimos não estão para as brincadeiras de praia. Ah! E não se esqueçam que o vendedor de "línguas-da-sogra" tem que passar factura e podem ser multados se não a pedirem.

Já escrevi e repito que nesse canto da casa onde estamos, a raiva vai ser a resposta mais comum. A raiva é um sentimento complicado, que nem sempre transparece na violência pública, seja contra os familiares, os colegas, os polícias, a montra de um banco, ou um carro preto do Governo. George Santayana escreveu que "a depressão era uma raiva espalhada fina" e, numa das melhores descrições da raiva "espalhada grossa", Melville falava do capitão Ahab que descarregava sobre a baleia branca "a raiva e ódio sentido por toda a raça humana de Adão até aos nossos dias". E como se não chegasse tão monumental violência ainda diz que se "o peito [de Ahab] fosse um morteiro, faria explodir a granada do seu coração em brasa sobre ela", a baleia. Já temos baleia, temos o morteiro e temos o capitão Ahab.

Não há segredo nenhum sobre a pretensa passividade e "aquiescência" dos "pacientes" e "pacíficos" portugueses face ao "ajustamento". E não há segredo nenhum porque não há qualquer dessas atitudes, nem paciência, nem passividade, e muito menos aquiescência. O modelo que vê a "impaciência" pelas batalhas campais nas ruas gregas, quando uma minoria de anarquistas, esquerdistas e outros partidários do cocktail Molotov se atira à polícia, esquece que o bloqueio político que resulta do voto e da abstenção dos gregos é muito mais importante para a "crise" do que os confrontos de rua. E muito mais democrático, porque aí pode-se falar em nome dos gregos com propriedade, mesmo dos que votaram na Nova Democracia.

É na pedrada na rua que se vê a raiva? Não, não é. Não olhem para a raiva de baixo, olham para a raiva de cima. É que não são só os de baixo que percebem que estão a ficar encostados a um canto, são também os de cima. Os de cima já perceberam que os melhores tempos já estão no passado, que o Governo já está mais estragado e hesitante do que o que eles desejavam, que já não está intacto e forte, mas que uma mistura de Relvas, mais o défice incontrolado, mais, espantem-se, a proximidade de eleições, está a dar second thoughts àqueles que queriam apenas como "bons alunos" e executores. O magma da "política", que os de cima tanto desprezam, começa a vir à superfície e será o "ruído" que não desejam. Ou, como diz o FMI de forma certeira, há "fadiga do ajustamento". E os de cima pensam que ainda está muita coisa para fazer, para agora já lhes começarem a dizer que se chegou ao limite. Começam a ter a sensação de que foi uma oportunidade única, ainda é uma oportunidade única, mas que está a acabar, começa a faltar o espaço. O canto começa a ficar apertado. Daí a raiva crescente.

É quando Pedro Ferraz da Costa diz, com aquele ar perpetuamente zangado e enjoado com o mundo, que é preciso acabar com 100.000 ou 200.000 empregos na função pública, sem problema nenhum, porque o Estado vai continuar a funcionar na mesma. É que não é análise, é desejo. É quando se defende um mundo que funcione para as "empresas" - uma abstracção funcional porque o que eles querem dizer é outra coisa - sem ter que emperrar porque há leis, direito e direitos, instituições e eleições, interesses outros que não os das classes "certas". Quando esse discurso, bruto e sem ambiguidades, veio ao de cima com a decisão do Tribunal Constitucional, percebemos bem a raiva.

No meio disto tudo, Passos Coelho fornece outro produto, mais à sua dimensão de executante, mas que também transporta alguma desta raiva. É quando Passos Coelho diz que "não estamos a exigir de mais", como se fosse pouco o que se está a "exigir" e ainda não levaram em cima com a dose toda. É quando avança com mais uma comparação moral que mostra o imaginário onde estamos metidos; não podemos correr o risco de nos cruzar com os nossos credores "nos bons restaurantes e boas lojas". É mesmo isso que os portugueses andaram a fazer nos últimos anos, a comprar malas Vuitton e sapatos Jimmy Choo!

Passos dizia que as pessoas "simples" percebiam isto, porque de facto para ele as coisas são assim simples. Então como é que nos devemos "cruzar com os nossos credores"? De alpergatas, vestidos de chita, trabalhando dez horas por um salário de miséria? É que não é preciso andar muito tempo para trás para ter sido assim. Ainda há quem se lembre. Deve ser por isso que é preciso "ajustar".

O papel destas ideias, elas sim "simples" no sentido bíblico, é que são aquilo que está metido dentro da cabeça do discurso do poder actual, mais por parte dos executantes do que dos mandantes. O teatro do poder actual é composto por poucas personagens a preto e branco: os credores, os devedores, os empreendedores, os "não competitivos", os que "vivem acima das suas posses" e os "ajustados", os "alavancados" e os "desalavancados", os "piegas" preguiçosos e os bons alunos que fazem o "trabalho de casa" e não querem ter direitos, os "pacientes" e as "baratas tontas". Não é um mundo muito complicado, é até assustadoramente simples, mas assusta saber que é este teatro de sombras que move o discurso do primeiro-ministro. Nele não há pessoas e quando as há estão do lado do mal, são "ruído", são não-económicas na sua essência.

Para alguns, falar dos de cima e dos de baixo, é marxismo. Coitados, sabem bem pouco o que é o marxismo, para sequer perceberem que Marx escreveu toda a sua obra para explicar que não era "científico" falar assim dos conflitos sociais. Não, não é marxismo, nem pcpismo, nem bloquismo, é apenas repetir a mais velha percepção de que os conflitos sociais de sempre se fazem entre quem ganha e quem perde, quem é mandado e quem manda, entre quem tem e quem não tem. Vem em Aristóteles e vem em Aristófanes, a sério e a gozar.

Em alturas de mudança social profunda, neste caso associada à destruição da classe média e ao empobrecimento generalizado, quem não percebe isto, não percebe nada. Em Setembro, acordará do seu sono percebendo o canto a que está encostado. Ou em Agosto, ou em Outubro. Porque estas coisas, uma vez maduras, não escolhem nem dia nem hora.
 
(versão do Público de 29 de Julho de 2012.)

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ESPÍRITO DO TEMPO:  HOJE

Passagem do tempo por um banco do jardim de S. Amaro. (RM)

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© José Pacheco Pereira
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