ABRUPTO

14.8.12


COISA DA SÁBADO: RIO FDP 

Pensei que a justiça, em particular os meritíssimos juízes, a última coisa do mundo que aceita de bom grado é ser gozada. Mas pelos vistos não é caso. Não só aceita como transfere a gozação pela cadeia da justiça abaixo, não só deixando-se humilhar, como favorecendo a humilhação de outros. 

 Gozar com a justiça é o que o chamado “empresário” Manuel Leitão entendeu fazer quando para explicar o “Rio FDP”, que fez com Photoshop numa falsa fotografia de uma fachada do Porto para insultar Rui Rio chamando-lhe “filho da puta”, veio, quando chamado a responder em Tribunal, explicar que se tratava de “fanático dos popós” que também dá FDP. 

O juiz(a), como toda a gente, tinha já lido nos jornais que o Leitão, que disse ao Público “que as provocações não fazem parte do seu código de conduta”, já dera sucessivas versões para o FDP: "Que eu saiba, "Rio" é um substantivo próprio que significa um curso de água e o resto são três iniciais, um verbo e um artigo", E mais tarde que significava “filho de Deus” e que «Cada um pode lá ler o que quiser. Eu acho mais piada ler o «fdp» como focinho de porco» E agora veio com o “fanático dos popós”. Ou seja está a gozar connosco e com o juiz(a). 

Mas o mais absurdo é que Rui Rio foi chamado a prestar declarações por ordem do juiz(a) sobre se era “fanático dos popós” e, como é normal e saudável, saiu furioso: 

O presidente da segunda maior câmara do país vir aqui responder em tribunal se lhe chamam fanático dos popós, em Agosto, quando os tribunais estão fechados e só coisas urgentes é que são tratadas, revela o quadro em que a justiça e o regime político em que vivemos estão” 

A conclusão do juiz(a) foi a óbvia: “a leitura mais comum será a de que a sigla expressa o significado filho da puta e não a alusão a uma qualquer paixão ou hobby do presidente da Câmara do Porto”. Mas para chegar aqui não precisava de alimentar o insulto do Leitão, quer aos tribunais, quer a si própria, quer a Rio. Humilhar as vítimas e permitir que os tribunais funcionem como câmara de eco de insultos não é certamente justiça.

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© José Pacheco Pereira
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