ABRUPTO

19.11.11


ESPÍRITO DO TEMPO: HOJE


Passagem do tempo por um banco do jardim de S. Amaro. (RM)

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COISAS DA SÁBADO:  UM TERÇO DOS POLÍCIAS COM “APOIO PSICOLÓGICO”? 


Eu sei que a vida na corporação policial não é coisa fácil. São polícias, péssima profissão em tempos de desordem, e são ao mesmo tempo trabalhadores da função pública, péssimo estatuto em tempos de culpabilização do estado. O mundo lá fora está mau para a ordem e bom para o crime, o dinheiro é escasso e a carreira um caos. 

Mas que um polícia em três, 7000 ao todo, esteja a ter “apoio psicológico” ou seja lá o que isso quer dizer, é, se for verdade, muito preocupante. É suposto que só faça parte da polícia gente estável, adulta, capaz, a quem confiamos uma arma para nos proteger. Que andem em tão grande número a queixar-se aos psicólogos, uma das profissões que substitui numa sociedade laica os padres, parece-me perigoso para a minha segurança e para a deles. Isto de ter um corpo policial com muitos estados de alma dá sempre para o torto.

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ÍNDICE DO SITUACIONISMO (139):  
"INFORMAÇÃO" PRODUZIDA PELO MINISTÉRIO DE NEGÓCIOS ESTRANGEIROS (E PELO DA ECONOMIA) CONFORME RECOMENDAÇÕES DO GRUPO DE TRABALHO PARA A DEFINIÇÃO DO SERVIÇO PÚBLICO

A questão do situacionismo não é de conspiração, é de respiração.
E, nalguns casos, de respiração assistida.

 No programa da SIC "Expresso da Meia-Noite" de ontem discutiu-se, entre jornalistas, universitários e homens de negócios, as oportunidades para a economia portuguesa em Angola, à luz da recente viagem do primeiro-ministro. Numa hora de debate, a palavra "corrupção" não foi pronunciada uma única vez, pelo que o debate não foi certamente sobre Angola.

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EARLY MORNING BLOGS  

 2137 - Fog

The fog comes
on little cat feet. 
It sits looking 
over harbor and city 
on silent haunches 
and then moves on. 

(Carl Sandburg)

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18.11.11


ESPÍRITO DO TEMPO: HOJE
 


Passagem do tempo por um banco do jardim de S. Amaro. (RM)

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  ESTA SEMANA DE NOVO 

  • THANK YOU!
  • GREVE GERAL DE 24 DE NOVEMBRO DE 2011 – PREPARAÇÃO – MATERIAIS
  • ALEMANHA – BÜRGERBEWEGUNG PRO DEUTSCHLAND
  • ESPANNHA – EUZKO ALDERDI JELTZALEA – PARTIDO NACIONALISTA VASCO (EAJ-PNV)
  • ESPANHA – UNIÓN FEDERAL DE POLICÍA
  • JCP – 9º CONGRESSO (22-23 DE MAIO DE 2010)
  • ITÁLIA – RIVOLTA IL DEBITO – MANIFESTAÇÃO (MILÃO, 12 DE NOVEMBRO DE 2011)
  • LIONHEART
  • JFN NIEUWS
  • LEAGUE SENTINEL
  • NOTA SOBRE O INVENTÁRIO DA IMPRENSA DA EXTREMA-DIREITA
  • INITIATIVE COMMUNISTE
  • SOLIDARITÉ DE CLASSE
  • NORUEGA – SENTERPARTIET
  • HOLANDA – VOLKSPARTIJ VOOR VRIJHEID EN DEMOCRATIE (VVD)
  • TRABALHADORES DO GRUPO EMINCO
  • 18ª ASSEMBLEIA DA FMJD (LISBOA, 812 DE NOVEMBRO DE 2011)
  • WORKERS BROADSHEET
  • ESPANHA – BASTA YA!
  • A.N.C.H.A. AGENCIA NOTICIOSA CHILENA ANTIFASCISTA
  • EUA – PSYCHOLOGICAL INDUSTRIES
  • ESPANHA – ESPAÑA 2000
  • ESPANHA – ELA EUSKAL SINDIKATUA
  • ESPANHA – NACIÓN ANDALUZA
  • SUÉCIA – MODERATA SAMLINGSPARTIET/ “ MODERATERNA”
  • NORUEGA – NORGES KOMMUNISTISKE PARTI (NKP)
  • ESPANHA – MOVIMENTO SOCIAL REPUBLICANO
  • ACCENTS
  • SUIÇA – PARTI ÉVANGÉLIQUE SUISSE (PEV) / EVANGELISCHE VOLKSPARTEI (EVP) / PARTITO EVANGELICO SVIZZERO (PEV) / PARTIDA EVANGELICA DA LA SVIZRA (PEV)
  • MANIFESTAÇÃO DA FAMÍLIA MILITAR (LISBOA, 12 DE NOVEMBRO DE 2011) – 3ª SÉRIE
  • PANFLETO SATÍRICO ANTISALAZARISTA (INÍCIO DOS ANOS SESSENTA?)
  • HOLANDA – FRYSK NASJONALE PARTIJ
  • ESPANHA – CHUNTA ARAGONESISTA
  • SUÉCIA – KRISTDEMOKRATERNA (KD)
  • EUA – NOVA IORQUE – OCCUPY WALL STREET – PANFLETOS
  • IRLANDE LIBRE
  • MOVIMENTO “OCUPAR”
  • MANIFESTAÇÃO GERAL ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA / MANIFESTAÇÃO DA FAMÍLIA MILITAR (LISBOA, 11 DE NOVEMBRO DE 2011) – MATERIAIS DISTRIBUÍDOS
  • MANIFESTAÇÃO GERAL ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA (LISBOA, 11 DE NOVEMBRO DE 2011) – 3ª série
  • MANIFESTAÇÃO DA FAMÍLIA MILITAR (LISBOA, 12 DE NOVEMBRO DE 2011) – 2ª SÉRIE
  • EUA – OCCUPY WALL STREET – EMBLEMAS E PINS
  • GREVE DOS TRANSPORTES (SEMANA DE 7 A 12 DE NOVEMBRO DE 2011)
  • MANIFESTAÇÃO GERAL ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA (LISBOA, 11 DE NOVEMBRO DE 2011) – 2ª série
  • PIKO

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    COISAS DA SÁBADO: A CRISE ACABA EM 2012…

    De tempos a tempos, há um governante qualquer que diz que a crise vai acabar para o ano. Já o disse o Primeiro-ministro e agora veio dizê-lo, e não pela primeira vez, o Ministro da Economia. Quem nunca o diz, pelo menos assim, é o Ministro das Finanças, que só fala de 2013 e mesmo assim admitindo um optimismo nele excepcional. Esta frase é obviamente um absurdo e uma mentira destinada a fazer aceitar o penoso ano de 2012 com a esperança que afinal é só um ano de miséria antes de vermos a luz... 

    Se as pessoas soubessem que, a seguir a 2012, vinha um 2013 melhor, aceitariam mais facilmente 2012. Mas basta estar atento ao que o Ministro das Finanças, e às vezes o primeiro-ministro, dizem. Temos já, anunciadas para 2014, medidas mais gravosas de austeridade, estas e as que ainda hão-de vir. Eu percebo que é desesperante olhar para a frente e ver longos anos de miséria. E percebo que a obrigação da política é gerir esperanças realistas e expectativas. Acresce também que o atavismo e a desesperança são péssimos conselheiros, e é legítimo que as pessoas esperem resultados, mesmo dos maiores sacrifícios, ou principalmente dos maiores sacrifícios. Porque, a não ser assim, os sacrifícios perdem sentido. 

    Porém, este discurso bipolar, umas vezes é escuridão total no fundo do túnel, outras vezes lá está a célebre luzinha, só dá origem a revolta e desordem. É que 2012 pode ser muito difícil de atravessar, mas é já amanhã.

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    14.11.11


    ESPÍRITO DO TEMPO: HOJE



    Passagem do tempo por um banco do jardim de S. Amaro. (RM)

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    EARLY MORNING BLOGS  

     2136

    “The Constitution is not an instrument for the government to restrain the people, it is an instrument for the people to restrain the government - lest it come to dominate our lives and interests.” 

    (Patrick Henry)

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    O QUE REPRESENTAM OS "INDIGNADOS"


    As caixas do correio electrónico estão cheias de centenas de mensagens reproduzindo um texto não assinado, mas de autoria no chamado movimento dos "indignados" que tem organizado manifestações enquadradas num movimento internacional com várias designações, mas nas quais a palavra "ocupação" é central. As mensagens electrónicas circulam com uma série de títulos de que são exemplo: "suspensão do pagamento da dívida já!", "ocupem as ruas, ocupem o mundo", "culpados responsabilizados e punidos", "democracia directa já". O texto original parece não ter título e passamos a identificá-lo como "a Situação", da primeira frase: "A situação que Portugal atravessa..."

    O movimento dos "indignados" é apenas uma parte dos movimentos sociais de protesto que têm vindo a sair à rua nestes tempos de crise, e é claramente distinto dos protestos que sindicatos e partidos como o PCP têm vindo a promover. Embora haja uma franja comum, mais ligada ao Bloco de Esquerda, a unificação dos dois sectores do protesto social ainda não se deu e existem profundas diferenças de origem social, composição etária, escolaridade e "cultura" organizacional e política.

    O movimento dos "indignados" (uma classificação que merecia mais precisão) resulta de uma amálgama de vários movimentos inorgânicos que têm expressão na Rede e no Facebook, com papel activo de remailers, muitos dos quais radicais de direita, mais o M12M, o Ferve, o Precários Inflexíveis, movimentos da "geração à rasca", na maioria ligados ao Bloco de Esquerda, e depois grupos politizados mais tradicionais da extrema-esquerda e da direita, incluindo os minoritários trotsquistas do BE, o colectivo da revista Rubra, a Ruptura/FER, o que resta do MRPP e do POUS, alguns grupos anarquistas e monárquicos, movimentos de género, feministas, LGBT, ecologistas, defensores dos direitos dos animais, e new age


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    Comecemos pelo simples diagnóstico do texto: estamos numa crise internacional, cuja responsabilidade "exclusiva" é "da implantação de uma economia neoliberal, dependente exclusivamente da atitude corrupta de banqueiros privados irresponsáveis e de governantes que, consecutivamente, têm alimentado os seus bolsos". A crise não é, em nenhuma circunstância, responsabilidade do "povo" "porque gastou mais do que devia nos últimos anos ". O novo Orçamento dá continuidade à mesma política, com a agravante de "planear privatizar bens comuns tão necessários como a água", um dos "claros exemplos da corrupção da máquina política". Isto nada tem de original, é, em termos muito simplificados, o mesmo que o PCP, a ala esquerda do PS e o BE dizem.

    Que soluções são propostas para esta crise? A "suspensão do pagamento da dívida pública já", uma auditoria "cidadã" para se "apurar que parte da dívida pública portuguesa é, de facto, da responsabilidade dos cidadãos" (...) e, "responsabilizar os verdadeiros culpados já". Esta linha da responsabilização (que pelos vistos influenciou a JSD...) exige "uma auditoria ao funcionamento das instituições públicas, com apuramento de ilegalidades e responsabilidades criminais e que conduzirão à suspensão do pagamento de dívida nos casos pertinentes, nomeadamente no caso das parcerias público-privadas e aquisições fraudulentas". O resultado antecipado é "que muitos dos cidadãos não são responsáveis pelo grosso da dívida e de que a acção irresponsável dos bancos privados teve consequências nefastas para os países". O vocabulário moralista é o do Bloco de Esquerda, a reivindicação da criminalização da política é do populismo de direita e de esquerda.


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    Esta vulgata sobre a crise não se distingue do que para aí circula, populista, demagógico e inconsequente. Porém onde "A Situação" e os "indignados" vão mais longe é na rejeição do "sistema que mina o verdadeiro modelo de democracia", ou seja, a democracia parlamentar. A defesa da "democracia directa" está no centro das ideias dos "indignados": "A actual democracia é baseada numa sociedade por acções de responsabilidade muito limitada: os políticos e banqueiros lucram, nós pagamos." No meio da confusão do texto expõe-se o que se pretende "alterar": "É preciso que o povo comece a ter mais voz, mais participação e mais consciência política - para que não continuemos a depender de um Parlamento que só em parte é eleito por nós e que continua a não defender os interesses comuns."

     

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    Num certo sentido, eles são os filhos primitivos do Bloco de Esquerda, que tomam à letra as injunções de Louçã contra "economia injusta" e que não percebem que ele só diz isto assim porque não pode enunciar a sua real política no seu vocabulário canónico. Os mentores e dirigentes do Bloco são marxistas que não ousam chamar o nome verdadeiro ao que defendem, embora saibam muito bem qual é esse nome. A paráfrase moralista em que envolveram o seu marxismo comunica bem com o catolicismo esquerdista, com uma new wave vagamente religiosa e cósmica, ecologista e uma muito Zeitgeist recusa da ordem e do Estado. Enquanto os pais do Bloco de Esquerda conhecem muito bem as suas fronteiras com o radicalismo de direita, os seus filhos "indignados" comunicam sem dificuldades com todas as ideias antidemocráticas que para aí circulam: são contra os partidos, contra a "política", contra os "políticos", contra o parlamento, como são contra os bancos, os ricos e os polícias. 

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    (Versão do Público de 12 de Novembro de 2011.)

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