ABRUPTO

6.6.11


A TEMPO, POR CAUSA DO TEMPO


I will tell you what I will do and what I will not do. I will not serve that in which I no longer believe, whether it call itself my home, my fatherland, or my church: and I will try to express myself in some mode of life or art as freely as I can and as wholly as I can, using for my defence the only arms I allow myself to use — silence, exile and cunning.

(James Joyce)

Escrito em viagem.

(url)

4.6.11

(url)


EARLY  MORNING BLOGS
 


2036
 
Quem diz a verdade, acaba no caminho do exílio.

(Provérbio turco.)

(url)

3.6.11


ESPÍRITO DO TEMPO: HOJE

 
Passagem do tempo por um banco do jardim de S. Amaro. (RM)

(url)


COISAS DA SÁBADO:  PARABÉNS AO PEDRO TADEU

O jornalista do Diário de Notícias Pedro Tadeu deu um exemplo aos seus colegas de profissão, dizendo, num artigo intitulado “factos que o leitor destes textos deve saber”, que era militante do PCP há vinte anos, votou e vai votar na CDU, e não queria nenhuma confusão dos seus leitores nessa matéria. É algo que me parece saudável, em particular em alguém que escreve textos de opinião na condição de jornalista, o que é substancialmente diferente de encontrar, tratar e publicar notícias, dentro do trabalho colectivo do jornal, que implica outro tipo de normas com carácter profissional. Depois, há os que são bons, com cartão ou sem ele, e os que são maus, com cartão ou sem ele.

Quando a fidelidade da pessoa é a uma ideia, a uma política, e não a um lugar, ou a uma carreira, real ou expectável, nenhum mal vem daí, nenhuma perda de valor, na medida em que ninguém é asséptico e ter posições por convicção ganha em ser o mais transparente possível quanto ao modo e à configuração dessa convicção. Nessa configuração está, em democracia, a pertença a um partido político ou a um “lado” ideológico, e até a defesa de interesses sociais, o que também não faz mal a ninguém, bem pelo contrário.
A ele, como a ninguém, não existe nenhuma obrigação de se identificar politicamente, mas prefiro ler um artigo de opinião sabendo quem é que o escreve do que assistir a malabarismos de má fé para se prestar serviço a uma causa ou a uma homem ou a uma “situação”, sempre em nome de uma condição de jornalistas que se arrogam uma objectividade com valor de superioridade moral e de “isenção”.

No Diário de Notícias, o gesto de Pedro Tadeu é ainda mais de valorizar, porque aí a tradição do “situacionismo” é forte, vem de antes do 25 de Abril, passou pelo PREC, depois pelo socialismo soarista e por fim, na actual transumância do “socratismo” para o “passismo”, que começou ainda antes de Manuela Ferreira Leite cair, tornando áreas do jornal (felizmente não todas e nem com todos os jornalistas), em porta-vozes disfarçados dos novos poderes. Fazia-lhes bem seguirem o exemplo de Pedro Tadeu e explicarem-nos num qualquer artigo de opinião que são militantes activos em blogues de apoio a Passos Coelho, na campanha e no marketing do PSD, e que só um cego não percebe como isso tem a ver com o modo como escrevem, titulam, valorizam em fotos e enquadramento, a sua causa. É que se dá por isso muito bem, mas sem haver a transparência de o dizer aos leitores do jornal.

(url)


COISAS DA SÁBADO
A SOLUÇÃO PARA A GORDURA DO ESTADO: MANDÁ-LO PARA O PROGRAMA DA JÚLIA PINHEIRO

Eu não tenho dúvida que temos Estado a mais, onde ele deveria estar a menos, e a menos, onde ele deveria estar a mais. Há pelo menos vinte anos isto é uma verdade de La Palice, aquele que "un quart d'heure avant sa mort, il était encore en vie." Mas “mexer” no Estado exige conhecimento do país, - cada país seu estado, cada país sua configuração do estado, cada país sua “história” do estado - , e conhecimento concreto de como ele existe e dos seus procedimentos, funções e disfunções. Esta parte já tem uma componente programática e ideológica, mas tem sentido se for acompanhada por saber real e não por dogmatismos ideológicos e receitas genéricas. Mas, infelizmente, com aquela propensão nacional de passar do oito para o oitenta, agora toda agente que se preze tornou-se anti-estatista e manifesta uma noção do estado muito próxima da de Bakunine e Kropotkine ou de um mau aluno de sociologia. E, claro, uma abissal ignorância sobre o que se está a falar.

E quem vos diz isto é um tenebroso liberal, estatista em matéria de defesa e negócios estrangeiros, semi-estatista em matéria de segurança interna, e muito, muito liberal em tudo o resto. E mais ainda, alguém que acha que o crescimento do estado nas mãos de socialistas e social-democratas nos últimos anos é uma das causas da incapacidade de Portugal crescer e da dívida que nos amarra aos credores. E também quem dito por quem sabe que não há em Portugal muitas forças endógenas para a genuína reforma do estado que se necessita. Convinha aliás não confundir o anti-estatismo demagógico, voltado para aquilo que são ou se pensam ser as prebendas do estado, com um apoio efectivo a qualquer reforma de fundo que implique, como tem que implicar, diminuição das despesas “sociais” e despedimentos da função pública.

Só que me custa muito ver o efeito da moda, que é a pior conselheira para o discernimento político e muito, muito ignorante. E a moda agora é dizer frases contra a “gordura” do estado, publicar estatísticas absurdas como as que deram origem a dois livrinhos de “investigação” do Diário de Noticias , uma súmula dos lugares comuns actuais sobre o estado, misturando coisas muito diferentes, em números genéricos e cobrindo realidades diversas como se tudo fosse igual, ter uma empresa municipal que duplica serviços para garantir mordomias ou ter um sistema de emergência médica, ou um serviço de atendimento telefónico anti-venenos.

É por tudo isto que penso muitas vezes que esta maneira de falar da “gordura” do estado (mais uma metáfora conveniente em períodos estivais), está ao nível do programa da SIC da Júlia Pinheiro, e que certamente em matérias de soluções para o problema, vai-se dar à mesma receita: que tal mandarmos o estado ao programa da SIC competir com os outros “gordos” na ignomínia pública e no espectáculo grosseiro e indigno. É que o pensamento sobre o estado que circula nesta campanha eleitoral está ao mesmo nível, na análise do problema e na solução.

(url)


EARLY  MORNING BLOGS
 

2035 - Love

Love means to learn to look at yourself
The way one looks at distant things
For you are only one thing among many.
And whoever sees that way heals his heart,
Without knowing it, from various ills—
A bird and a tree say to him: Friend.


Then he wants to use himself and things
So that they stand in the glow of ripeness.
It doesn’t matter whether he knows what he serves:
Who serves best doesn’t always understand.

(Czeslaw Milosz)

(url)

2.6.11


LATE MORNING BLOGS
 



2034
  
Tarde sed graviter sapiens mens irascitur.

(url)

© José Pacheco Pereira
Site Meter [Powered by Blogger]