ABRUPTO

2.1.10


SIM, SOU A FAVOR DE UM "ENTENDIMENTO" NO ORÇAMENTO
SE
existir "um plano credível para o médio prazo, de modo a colocar o défice do sector público e a dívida pública numa trajectória de sustentabilidade", como pede o Presidente. Ou seja, sem as loucuras dos grandes investimentos, sem a continuação da política de desastre que afundou o país na dívida e no descalabro orçamental, sem o contínuo gastar "mais do que produzimos" . Discutir o sim ou o não ao Orçamento sem cuidar do seu conteúdo, é participar numa chantagem sobre o PSD e a restante oposição. O Presidente não o fez, esclareceu os termos do que deve ser negociado. Repito: "um plano credível para o médio prazo, de modo a colocar o défice do sector público e a dívida pública numa trajectória de sustentabilidade". Ou seja, o Presidente não falou de qualquer Orçamento em abstracto, mas sim de um que corresponda aos interesses e aos problemas do país.

SE
como pede o Presidente, se fizerem escolhas orçamentais que tenham a ver com estes factos:

"Os dinheiros públicos não chegam para tudo e não nos podemos dar ao luxo de os desperdiçar.(...) Nas circunstâncias actuais, considero que o caminho do nosso futuro tem de assentar em duas prioridades fundamentais. Por um lado, o reforço da competitividade externa das nossas empresas e o aumento da produção de bens e serviços que concorrem com a produção estrangeira. Por outro lado, o apoio social aos mais vulneráveis e desprotegidos e às vítimas da crise.

É uma ficção pensar que é possível conseguir uma melhoria duradoura do nível de vida dos portugueses sem o aumento da produtividade e da competitividade da nossa economia."

SE
se combater a "situação explosiva" que o Presidente enuncia como sendo esta:

"A dívida do Estado tem vindo a crescer a ritmo acentuado e aproxima-se de um nível perigoso. O endividamento do País ao estrangeiro tem vindo a aumentar de forma muito rápida, atingindo já níveis preocupantes. Acresce que o tempo das taxas de juro baixas não demorará muito a chegar ao fim. Se o desequilíbrio das nossas contas externas continuar ao ritmo dos últimos anos, o nosso futuro, o futuro dos nossos filhos, ficará seriamente hipotecado. Quando gastamos mais do que produzimos, há sempre um momento em que alguém tem de pagar a factura.

Com este aumento da dívida externa e do desemprego, a que se junta o desequilíbrio das contas públicas, podemos caminhar para uma situação explosiva."

SE

tudo isto for o pano de fundo do Orçamento, e estiver traduzido nas suas opções fundamentais, o PSD será o último a poder rejeitá-lo.

Mas SE o PSD assinar de cruz o Orçamento, como a enorme pressão que está a ser feita deseja, venha lá o que vier, venha lá a mesma política de suicídio que empurrou o país para esta crise, bem pode dizer adeus à oposição nos próximos anos. Todas as vezes que criticar uma política do governo, o PS lembrar-lhe-á que a aprovou no Orçamento, e o resto da oposição dir-lhe-á que não tem credibilidade para a criticar porque a aprovou nos idos de 2010.


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ÍNDICE DO SITUACIONISMO (111):
COMO SE PREVIA



A questão do situacionismo não é de conspiração, é de respiração.
E, nalguns casos, de respiração assistida.

Leia-se aqui e veja-se aqui:


E José Sócrates, goste-se ou não, é o melhor primeiro-ministro que Portugal pode ter nesta altura. (hoje, João Marcelino, director do Diário de Notícias)

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ESPÍRITO DO TEMPO: NESTES DIAS



Passagem do tempo por um banco do jardim de S. Amaro. (RM)



Blue moon. (RM)







Buçaco. (José Carlos Santos)





Primeiro dia do ano. (ana)



Sol no Funchal. (Carlos de Oliveira)

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EARLY MORNING BLOGS

1713 - Considering the Snail

The snail pushes through a green
night, for the grass is heavy
with water and meets over
the bright path he makes, where rain
has darkened the earth’s dark. He
moves in a wood of desire,

pale antlers barely stirring
as he hunts. I cannot tell
what power is at work, drenched there
with purpose, knowing nothing.
What is a snail’s fury? All
I think is that if later

I parted the blades above
the tunnel and saw the thin
trail of broken white across
litter, I would never have
imagined the slow passion
to that deliberate progress.

(Thom Gunn)

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1.1.10


ÍNDICE DO SITUACIONISMO (110):
A MÁQUINA A FUNCIONAR



A questão do situacionismo não é de conspiração, é de respiração.
E, nalguns casos, de respiração assistida.

Mal acabou o Presidente de falar a máquina começou de imediato a funcionar.

O Presidente fez uma intervenção fortemente crítica do governo. Onde o governo vê apenas problemas de percurso, o Presidente viu urgência e emergência. Onde o governo ignora a dívida, o Presidente nomeia-a como um grande problema nacional. Onde o governo (o Primeiro-ministro) anuncia boas novas para 2010, o Presidente previne para as dificuldades. Onde o governo fala de aumentar o investimento público, o Presidente fala de pôr cobro ao descontrolo das contas públicas. Onde o governo se prepara para avançar com o casamento dos homossexuais, o Presidente fala de distracções secundárias e valoriza a família. Tudo o que o governo valoriza, o Presidente secundariza ou ignora. Não podia haver maior contraste, e contraste mais evidente. Só por pura má fé e manipulação é que não se chega a esta conclusão, mas...

... a máquina transforma logo o discurso numa peça salomónica: o Presidente critica governo e critica oposição. Nalguns casos mais facciosos, o Presidente critica apenas a oposição e força-a a aprovar o Orçamento. Uma pequena palavrinha do Presidente é sempre iludida: este pediu à oposição para comparticipar no esforço de controlo orçamental, mas quem garante que o orçamento contém esse esforço de controlo? Ninguém, mas também ninguém quer saber do conteúdo do orçamento. A linha é: a oposição (na verdade o PSD) tem que apoiar o orçamento seja ele qual for. E se o orçamento prossegue e reforça as mesmas políticas que o Presidente acabou de criticar duramente?

É tão curioso ver a máquina a funcionar...

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ESPÍRITO DO TEMPO: HOJE







Passagem do tempo por um banco do jardim de S. Amaro. (RM)

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OS NOVOS DESCOBRIMENTOS: A DAWN CONTINUA



A Dawn, a nave cá de casa, continua o seu caminho para os asteróides. De boa saúde.

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EARLY MORNING BLOGS

1712 - Sailing to Byzantium

That is no country for old men. The young
In one another's arms, birds in the trees
—Those dying generations—at their song,
The salmon-falls, the mackerel-crowded seas,
Fish, flesh, or fowl, commend all summer long
Whatever is begotten, born, and dies.
Caught in that sensual music all neglect
Monuments of unageing intellect.

An aged man is but a paltry thing,
A tattered coat upon a stick, unless
Soul clap its hands and sing, and louder sing
For every tatter in its mortal dress,
Nor is there singing school but studying
Monuments of its own magnificence;
And therefore I have sailed the seas and come
To the holy city of Byzantium.

O sages standing in God's holy fire
As in the gold mosaic of a wall,
Come from the holy fire, perne in a gyre,
And be the singing-masters of my soul.
Consume my heart away; sick with desire
And fastened to a dying animal
It knows not what it is; and gather me
Into the artifice of eternity.

Once out of nature I shall never take
My bodily form from any natural thing,
But such a form as Grecian goldsmiths make
Of hammered gold and gold enamelling
To keep a drowsy Emperor awake;
Or set upon a golden bough to sing
To lords and ladies of Byzantium
Of what is past, or passing, or to come.

(W. B. Yeats)

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31.12.09

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ESPÍRITO DO TEMPO: HOJE



Passagem do tempo por um banco do jardim de S. Amaro. (RM)


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EARLY MORNING BLOGS

1711 - A Dialogue between the Soul and the Body


SOUL
O who shall, from this dungeon, raise
A soul enslav’d so many ways?
With bolts of bones, that fetter’d stands
In feet, and manacled in hands;
Here blinded with an eye, and there
Deaf with the drumming of an ear;
A soul hung up, as ’twere, in chains
Of nerves, and arteries, and veins;
Tortur’d, besides each other part,
In a vain head, and double heart.

BODY
O who shall me deliver whole
From bonds of this tyrannic soul?
Which, stretch’d upright, impales me so
That mine own precipice I go;
And warms and moves this needless frame,
(A fever could but do the same)
And, wanting where its spite to try,
Has made me live to let me die.
A body that could never rest,
Since this ill spirit it possest.

SOUL
What magic could me thus confine
Within another’s grief to pine?
Where whatsoever it complain,
I feel, that cannot feel, the pain;
And all my care itself employs;
That to preserve which me destroys;
Constrain’d not only to endure
Diseases, but, what’s worse, the cure;
And ready oft the port to gain,
Am shipwreck’d into health again.

BODY
But physic yet could never reach
The maladies thou me dost teach;
Whom first the cramp of hope does tear,
And then the palsy shakes of fear;
The pestilence of love does heat,
Or hatred’s hidden ulcer eat;
Joy’s cheerful madness does perplex,
Or sorrow’s other madness vex;
Which knowledge forces me to know,
And memory will not forego.
What but a soul could have the wit
To build me up for sin so fit?
So architects do square and hew
Green trees that in the forest grew.

(Andrew Marvell)

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29.12.09


COISAS DA SÁBADO:
QUEM QUISER DEBATER NO PSD, SÓ O PODE FAZER COM INDEPENDÊNCIA E AUTONOMIA




Ou seja, sem condicionantes de emprego, carreira, interesses económicos, dependência dos cargos e acima de tudo real, absoluta, profunda independência do governo e do establishment do poder. Quem tem que tratar com o poder socialista, com José Sócrates, seja um concurso, uma concessão, uma vantagem, um subsídio, um negócio, não está livre para dirigir um partido da oposição num momento difícil como este.

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"A selva a dezenas de quilómetros de Lisboa" na Sábado em linha.

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PONTO / CONTRAPONTO

- 11

Aqui.

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COISAS DA SÁBADO:
QUEM QUISER DEBATER NO PSD FALA SOBRE A SITUAÇÃO INTERIOR DO PARTIDO




...mesmo que isso lhes custe votos Quem está calado sobre o estado interior do partido, faz parte do problema e não da solução.

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ESPÍRITO DO TEMPO: HOJE


Passagem do tempo por um banco do jardim de S. Amaro. (RM)

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(NOT SO) EARLY MORNING BLOGS

1710 - Intervention

Autrefois, j'avais trop le respect de la nature. Je me mettais devant les
choses
et les paysages et je les laissais faire.
Fini, maintenant "j'interviendrai"
J'étais donc à Honfleur et je m'y ennuyais.
Alors résolument, j'y mis du chameau. Cela ne paraît pas fort indiqué.
N'importe, c'était mon idée. D'ailleurs, je la mis à exécution avec la plus
grande prudence. Je les introduisis d'abord les jours de grande affluence, le
samedi sur la place du Marche'. L'encombrement devint indescriptible et les
touristes disaient : " Ah ! ce que ça pue ! Sont-ils sales les gens d'ici ! "
L'odeur gagna le port et se mit à terrasser celle de la crevette. On sortait
de la foule plein de poussières et de poils d'on ne savait quoi.
Et la nuit, il fallait entendre les coups de pattes des chameaux quand ils
essayaient de franchir les écluses , gong ! gong ! sur le métal et les madriers !
L'envahissement par les chameaux se fit avec suite et sûreté.
On commençait à voir les Honfleurais loucher à chaque instant avec
ce regard soupçonneux spécial aux chameliers, quand ils inspectent
leur caravane pour voir si rien ne manque et si on peut continuer à faire
route ; mais je dus quitter Honfleur le quatrième jour.
J'avais lancé également un train de voyageurs. Il partait à toute allure de
la Grand-Place, et résolument s'avançait sur la mer sans s'inquiéter de la
lourdeur du matériel ; il filait en avant, sauvé par la foi.
Dommage que j'aie dû m'en aller, mais je doute fort que le calme renaisse
tout de suite en cette petite ville de pêcheurs de crevettes et de moules.

(Henri Michaux)

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28.12.09


ESPÍRITO DO TEMPO: HOJE


Passagem do tempo por um banco do jardim de S. Amaro. (RM)

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COISAS DA SÁBADO:
QUEM QUISER DEBATER NO PSD FALA SEM AMBIGUIDADES, OU SEJA, DIVIDE




... como o disse Rangel e muito bem. O problema da unidade no partido não vai lá com apelos, vai com clarificação, com ruptura, com unidade por princípios e não por pessoas. Posso estar céptico quanto à possibilidade de isso ser feito, - estou -, num partido que perdeu muito da sua capacidade crítica para analisar sem ser por afinidade grupal, quem está com quem, mas prefiro os trinta, trinta, trinta mais um, do que os congressos unanimistas como os que votaram direcções sem um voto contra e grandes salvas de palmas, direitinhos ao desastre, sem querer ouvir nada que o prevenisse.

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27.12.09


ESPÍRITO DO TEMPO: HOJE


Passagem do tempo por um banco do jardim de S. Amaro. (RM)

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COISAS DA SÁBADO: POR ESTA ORDEM: QUEM QUISER DEBATER NO PSD, ESCREVE

É, a palavrinha escrita faz milagres na clareza (ou revela magnificamente as obscuridades), obriga a pensar, a sistematizar e a enunciar para um escrutínio mais fácil e mais duro, obriga a dizer o que se quer (ou a mostrar que verdadeiramente não se quer nada a não ser o vazio para chegar ao poder pela força do vácuo) e fica lá o registo, datado e assinado. E a palavrinha escrita remete para a razão e não para o marketing da imagem e o psicodrama catártico. No PSD faz muita falta a razão, abunda o resto.

(Continua.)

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(NOT SO) EARLY MORNING BLOGS

1709 - Il n'y a rien.

L'homme était parti de Marchiennes vers deux heures. Il marchait d'un pas allongé, grelottant sous le coton aminci de sa veste et de son pantalon de velours. Un petit paquet, noué dans un mouchoir à carreaux, le gênait beaucoup; et il le serrait contre ses flancs, tantôt d'un coude, tantôt de l'autre, pour glisser au fond de ses poches les deux mains à la fois, des mains gourdes que les lanières du vent d'est faisaient saigner. Une seule idée occupait sa tête vide d'ouvrier sans travail et sans gîte, l'espoir que le froid serait moins vif après le lever du jour. Depuis une heure, il avançait ainsi, lorsque sur la gauche à deux kilomètres de Montsou, il aperçut des feux rouges, trois brasiers brûlant au plein air, et comme suspendus. D'abord, il hésita, pris de crainte; puis, il ne put résister au besoin douloureux de se chauffer un instant les mains.

Un chemin creux s'enfonçait. Tout disparut. L'homme avait à droite une palissade, quelque mur de grosses planches fermant une voie ferrée; tandis qu'un talus d'herbe s'élevait à gauche, surmonté de pignons confus, d'une vision de village aux toitures basses et uniformes.

Il fit environ deux cents pas. Brusquement, à un coude du chemin, les feux reparurent près de lui, sans qu'il comprît davantage comment ils brûlaient si haut dans le ciel mort, pareils à des lunes fumeuses. Mais, au ras du sol, un autre spectacle venait de l'arrêter. C'était une masse lourde, un tas écrasé de constructions, d'où se dressait la silhouette d'une cheminée d'usine; de rares lueurs sortaient des fenêtres encrassées, cinq ou six lanternes tristes étaient pendues dehors, à des charpentes dont les bois noircis alignaient vaguement des profils de tréteaux gigantesques; et, de cette apparition fantastique, noyée de nuit et de fumée, une seule voix montait, la respiration grosse et longue d'un échappement de vapeur, qu'on ne voyait point.

Alors, l'homme reconnut une fosse. Il fut repris de honte: à quoi bon? il n'y aurait pas de travail. Au lieu de se diriger vers les bâtiments, il se risqua enfin à gravir le terri sur lequel brûlaient les trois feux de houille, dans des corbeilles de fonte, pour éclairer et réchauffer la besogne. Les ouvriers de la coupe à terre avaient dû travailler tard, on sortait encore les débris inutiles. Maintenant, il entendait les moulineurs pousser les trains sur les tréteaux, il distinguait des ombres vivantes culbutant les berlines, près de chaque feu.

- Bonjour, dit-il en s'approchant d'une des corbeilles.

Tournant le dos au brasier, le charretier était debout, un vieillard vêtu d'un tricot de laine violette, coiffé d'une casquette en poil de lapin; pendant que son cheval, un gros cheval jaune, attendait, dans une immobilité de pierre, qu'on eût vidé les six berlines montées par lui. Le manoeuvre employé au culbuteur, un gaillard roux et efflanqué, ne se pressait guère, pesait sur le levier d'une main endormie. Et, là-haut, le vent redoublait, une bise glaciale, dont les grandes haleines régulières passaient comme des coups de faux.

- Bonjour, répondit le vieux.

Un silence se fit. L'homme, qui se sentait regardé d'un oeil méfiant, dit son nom tout de suite.

- Je me nomme Etienne Lantier, je suis machineur... Il n'y a pas de travail ici?

Les flammes l'éclairaient, il devait avoir vingt et un ans, très brun, joli homme, l'air fort malgré ses membres menus.

Rassuré, le charretier hochait la tête.

- Du travail pour un machineur, non, non... Il s'en est encore présenté deux hier. Il n'y a rien.

(Zola, Germinal)

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© José Pacheco Pereira
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