ABRUPTO |
semper idem Ano XIII ...M'ESPANTO ÀS VEZES , OUTRAS M'AVERGONHO ... (Sá de Miranda) _________________ correio para jppereira@gmail.com _________________
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7.4.09
(url) A campanha do Parlamento Europeu que diz que a "escolha é minha", escolhe de facto por mim. Todas estas perguntas têm respostas politicamente diferentes, conforme o que se pensa da União Europeia e do âmbito das suas competências e funções. Nada é neutro nestas perguntas e eu quero ter a liberdade de, numa campanha eleitoral, votar por outras razões e por outras propostas. Não é ainda, que eu saiba, proibido existirem e concorrerem às eleições partidos anti-europeus, eurocépticos ou que tenham uma visão diferente da construção da Europa da actualmente maioritária entre os governos (já não sei se será maioritária nos povos porque eles não são consultados e, quando o são, dizem que não). Por isso, esta campanha é uma ingerência na liberdade eleitoral, e a Comissão Nacional de Eleições deve interferir de modo a que instituições supostamente neutras no processo eleitoral não utilizem os recursos europeus para condicionar o voto só em determinadas posições sobre a Europa. (Agradeço ao leitor Bruno Costa ter-me chamado a atenção para estes cartazes.) (url) HOJE NO
(url) (url) EARLY MORNING BLOGS 1530 - O Rei dos Bugios e Dois Homens Caminhavam dois companheiros, tendo perdido o caminho, depois de terem andado muito, chegaram à terra dos Bugios. Foram logo logo levados ante o rei, que vendo-os lhes disse: – Na vossa terra, e nessa por onde vindes, que se disse de mim, e do meu reino? Respondeu um dos companheiros: – Dizem que sois rei grande, de gente sábia, e lustrosa. O outro, que era amigo de falar verdade, respondeu: – Toda vossa gente são bugios irracionais, forçado é que o rei também seja bugio. Como isto ouviu o rei, mandou que matassem a este, e ao primeiro fizessem mimos, e o tratassem muito bem. (Esopo, tradução do grego por Manuel Mendes) (url) 6.4.09
HOJE NO
(url) ÍNDICE DO SITUACIONISMO (85): O CENTRO DO MUNDO A questão do situacionismo não é de conspiração, é de respiração. E, nalguns casos, de respiração assistida. A foto original no Diário de Notícias e a sua interessante legenda. Títulos possíveis com base em quem olha para quem. Merkel olha para Sócrates e Sarkozy. Marido (?) de Merkel olha para nós. Sócrates olha para Merkel. Sarkozy olha para Merkel. Carla Bruni não tem para quem olhar. Títulos possíveis com base em quem conversa com quem. Merkel conversa com Sócrates . Sócrates ameaça responder. Merkel conversa com Sócrates e Sarkozy. Sócrates e Sarkozy ouvem Merkel. O marido (?) de Merkel não fala com ninguém e faz um sorriso Pepsodente. Não está a ouvir nada. Sarkozy sorri com todos os dentes. Não está à escuta de nada. Carla Bruni parece uma estátua de gelo e pede que a tirem dali. (url) (url) ASTRONOMIA E ANOMIA Dante tinha as sua razões em colocar o Inferno em baixo, o Paraíso em cima, e o Purgatório no meio. A geografia do mundo acabava assim por ser uma escala moral, entre a perdição e a salvação. E nós no meio. Bem no meio, a sermos testados pelo último teste, ou se cai, ou se sobe. Aqui, em Constância, no Centro de Ciência Viva, no Ano da Astronomia, sempre se pode subir, sempre podemos, de vez em quando, dar-nos ao luxo de escapar. É escapismo, mas é escapismo bom. Olha-se para as estrelas, de onde vêm sempre as mesmas mensagens: isto é demasiado grande para a tua cabeça, isto tem demasiado tempo para o teu corpo, isto é demasiado longe para teres esperança de cá chegar: Isto, no pleno e absoluto sentido do termo, escapa-te e porque te escapa podes também escapar-te para estas andanças, que nunca te perdes. Contempla, que já não é mau. Há cem poemas bons sobre isto e umas centenas de milhares péssimos, mas olhar para cima ainda vale a pena. Lá por baixo no Inferno, as fábricas despedem, a gente empobrece, a verdade é espécie rara, a mentira é oficial e oficiosa, a liberdade é escassa, anda tudo ao seu e nós ao nosso, mas aqui reina uma verdade muito especial. Há aqui algo que nos foge de uma forma muito radical, mas sem o qual não somos o que somos. Eu sou muito pouco prometeico, mas se há fogo divino, está nas estrelas, e se há pavor, está no espaço negro entre elas. As cúpulas dos telescópios voltam-se para o lado mais escuro, para a encosta mais ventosa, para o friso negro das copas das árvores. Do outro lado há mais luz, lembrando-nos que já quase não há lugar sobre a Terra que seja escuro, onde os homens não poluam luminosamente o espaço. Não está uma noite muito boa para observações astronómicas. A Lua já tem o lado mentiroso bem saliente e diz que vai diminuir enquanto cresce. A luz fria e metálica enche o céu, e só para longe dela se vêem estrelas. Há névoa. Não se percebe sequer a Via Láctea, e muitas da melhores constelações estão ou demasiado baixo já no ocaso ou no nascimento. Oríon está já escondida, a Cassiopeia por nascer. As Ursas estão lá sempre, mas é essa a sua condição. O nosso astrónomo residente, Máximo Ferreira, dedica-se ao seu ofício. Abre as cúpulas para que se estabilize a temperatura dos telescópios e os espelhos se habituem ao frio cortante. O vento rouba qualquer calor residual nas faces e nas mãos. Isto da astronomia tem ofício, antes de ter saber. Os aparelhos são especialmente delicados, têm que ser ajustados, calibrados, os seus movimentos acompanhados pela ranhura da cúpula. Um feixe de laser que parece ir directo da Terra a Saturno aponta o alvo. Lembrei-me do Ícone da Escada Celestial de São João Klimakos. Saturno lá está com os anéis vistos de lado, como se fossem uma linha que atravessa o planeta, na constelação de Leão. Alguns satélites são visíveis no mesmo plano dos anéis. E por lá anda a sonda Cassini, que nos últimos dias fotografou Dione e mapeou ainda com mais detalhe Titã, com os seus lagos e rios (?) de metano. Chove metano em Hotei Arcus em Titã, e isto é não-ficção científica. Em Encélado, a sua jovem superfície brilha e nas cinquenta e duas luas que dançam à volta de Saturno, há mil e uma coisas diferentes para estudar, compreender ou desaprender. É como nos livros, nunca é maçador. Depois vê-se o M13, o objecto catalogado por Messier com o número 13, um enxame de estrelas na constelação de Hércules. Já estamos no limite do que se pode ver com o olho humano. Foi para este grupo de centenas de milhares de estrelas, envelhecidas, com muita história para contar, que nós tentamos falar em 1974 a partir do radiotelescópio de Arecibo, dizendo coisas simples e complicadas ao mesmo tempo: que contamos de 1 a 10, que somos feitos a partir de um código inscrito no ADN, que somos como somos, dois braços, pernas, cabeça, que vivemos num sistema à volta do Sol e que falamos a partir de um enorme prato entre montanhas. Daqui a 50.000 anos saberemos se há resposta. Podia ser pior, podia ser mais longe. Quando, (...) escreveu que enviámos a informação de que «contamos de 1 a 10», bom... uma civilização capaz de enviar uma mensagem a outra civilização a dezenas de milhar de anos-luz de distância é capaz certamente de fazer bastante mais do que contar de 1 a 10. O que lhes dissemos que trabalhamos em base 10.E, por fim, a Lua, que não deixava os seus méritos por telescópios alheios, enchia a ocular com cerca de 60 por cento da sua superfície visível, mostrando o que 51 centímetros de abertura podem fazer. Os mares e as crateras sobrepostas com uma perfeição geométrica, os tons de cinzento e negro, parecem familiares vistos de longe. De perto, a gente percebe que aquilo está bastante morto, já para não dizer que está totalmente morto, que é uma coisa que não há na natureza. Mas bastante morto, há. Lá em cima, no Alto de Santa Bárbara, a santa protectora contra as tempestades, a senhora dos trovões, a Terra parece demasiado irreal. Ao fim de ver a Lua em grande, a M13 e o seu enxame de estrelas, e o glorioso Saturno, a noite parece outra coisa. Mas, como se sabe, tudo o que sobe tem que descer. E cá em baixo não está Constância, nem o Tejo, nem os pára-quedistas de Tancos, nem os tanques da Brigada Mista, nem os agricultores das terras ribeirinhas, nem as recordações árabes do Castelo de Almourol. Está o nosso primeiro-ministro mais o seu Freeport, a guerra entre procuradores, a agitação em que andamos todos, o som e a fúria que cresce dos subterrâneos do desemprego, os bancos vilões e os banqueiros moralmente débeis, os demagogos do Bloco, a multidão de economistas a explicar a "crise", as trivialidades da vida de todos os dias, os acidentes na Segunda Circular, os engarrafamentos da Ponte, a histeria das "causas fracturantes", o barulho dos blogues, o silêncio dos que sabem de mais, a logomaquia dos que sabem de menos. Mas é assim, somos o que somos. Descemos sempre mais do que subimos. Mesmo que, no Ano Internacional da Astronomia, escapemos um pouco para longe. Faz bem. (url) EARLY MORNING BLOGS 1529 - Me Destierro... Me destierro a la memoria,
voy a vivir del recuerdo. Buscadme, si me os pierdo, en el yermo de la historia, que es enfermedad la vida y muero viviendo enfermo. Me voy, pues, me voy al yermo donde la muerte me olvida. Y os llevo conmigo, hermanos, para poblar mi desierto. Cuando me creáis más muerto retemblaré en vuestras manos. Aquí os dejo mi alma?libro, hombre?mundo verdadero. Cuando vibres todo entero, soy yo, lector, que en ti vibro. (Miguel de Unamuno) (url) 5.4.09
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(url) EARLY MORNING BLOGS 1528 - E. C. Culbertson Is it true, Spoon River, That in the hall--way of the New Court House There is a tablet of bronze Containing the embossed faces Of Editor Whedon and Thomas Rhodes? And is it true that my successful labors In the County Board, without which Not one stone would have been placed on another, And the contributions out of my own pocket To build the temple, are but memories among the people, Gradually fading away, and soon to descend With them to this oblivion where I lie? In truth, I can so believe. For it is a law of the Kingdom of Heaven That whoso enters the vineyard at the eleventh hour Shall receive a full day's pay. And it is a law of the Kingdom of this World That those who first oppose a good work Seize it and make it their own, When the corner--stone is laid, And memorial tablets are erected. (Edgar Lee Masters) (url) 4.4.09
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(url) (url) (url) Etiquetas: Orchestral Manoeuvres in the Dark (url) (url) (url) (url) (url) (url) EARLY MORNING BLOGS 1527 - The More Loving One Looking up at the stars, I know quite well
That, for all they care, I can go to hell, But on earth indifference is the least We have to dread from man or beast. How should we like it were stars to burn With a passion for us we could not return? If equal affection cannot be, Let the more loving one be me. Admirer as I think I am Of stars that do not give a damn, I cannot, now I see them, say I missed one terribly all day. Were all stars to disappear or die, I should learn to look at an empty sky And feel its total dark sublime, Though this might take me a little time. (W. H. Auden) (url) 3.4.09
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(url) (url) (Versão com alterações.) A primeira razão é que o processo de licenciamento do Freeport aparece envolvido em suspeitas, indícios, acusações de irregularidades, quer porque há testemunhos públicos de que existiram tentativas de corrupção com ele associado (entrevista do tio de Sócrates), quer porque a sua condução governamental é excepcional (ainda recentemente o Presidente da Câmara de Alcochete que perdeu as eleições referiu a anormalidade do processo). A segunda razão é que último responsável pela decisão no licenciamento do Freeport foi o então Ministro do Ambiente, agora Primeiro-ministro José Sócrates, pelo que existe um processo de responsabilidade objectiva no plano político no modo como tudo ocorreu, mesmo que não haja qualquer responsabilidade subjectiva no plano criminal. O Primeiro-ministro como deputado, dirigente do PS e governante várias vezes nomeou para terceiros esse princípio de responsabilidade objectiva no plano político. Foi esse princípio que levou Jorge Coelho a demitir-se quando da queda da Ponte de Entre-os-Rios e é esse princípio que leva muitos a pedir a demissão de Dias Loureiro do Conselho de Estado. A terceira razão é que o nome do então Ministro do Ambiente, agora Primeiro-ministro José Sócrates, aparece envolvido nessas suspeitas, referido em documentos policiais, citado em declarações gravadas por intervenientes do processo (uma coisa é o valor provatório do DVD, que é nulo à luz da lei portuguesa, outra é a importância do seu conteúdo para a investigação), quer porque seja um caso de corrupção, caso tenha havido, quer porque haja um envolvimento abusivo e calunioso do nome do então Ministro do Ambiente, agora Primeiro-ministro José Sócrates. A quarta razão é que a família do então Ministro do Ambiente, agora Primeiro-ministro José Sócrates, apareceu na primeira pessoa a falar de tentativas de corrupção, que foram então comunicadas ao Ministro do Ambiente, agora Primeiro-ministro José Sócrates, e que , tanto quanto se saiba, não foram então comunicadas ao Ministério Público. A quinta razão é que outro membro da família, entretanto saído de Portugal, aparece a usar a relação familiar para obter vantagens no negócio do Freeport, afirmando a família que o fez abusivamente. A presença de familiares do então Ministro do Ambiente, agora Primeiro-ministro José Sócrates, envolvidos em actos pouco esclarecidos do processo Freeport, também não o incrimina de per si, mas acentua os factores de responsabilidade objectiva. Um ministro deve manter a sua família a milhas de distância da área da sua governação. Leonor Beleza pagou caro essas proximidades. A sexta razão é que Procuradoria Geral da República, e a Polícia Judiciária portuguesa estão há meia década a investigar a possibilidade de corrupção e tal muito dificilmente aconteceria se não houvesse sérias suspeitas ou indícios. Em 2005, numa carta portuguesa enviada à polícia inglesa e cujo conteúdo se conhece porque foi sintetizada por esta na Carta Rogatória de Janeiro 2009, são transmitidas suspeitas de grande gravidade, pedidas diligências, sempre no contexto de uma clara convicção policial de que havia actos de corrupção envolvidos no processo Freeport. A sétima razão é que dessa convicção, assente em indícios e suspeitas, resultaram buscas, apreensões, interrogatórios e se constituíram arguidos, pelo que é de admitir que crimes e ilegalidades foram cometidos no processo Freeport na convicção da polícia e dos magistrados. Seria absurdo que não existindo quaisquer razão para tais procedimentos, estes fossem realizados. A oitava razão é que uma polícia estrangeira inclui o Primeiro-ministro português numa lista de suspeitos e pede acesso à sua conta bancária, envolvendo-o numa investigação activa e em curso. A mesma polícia estrangeira propôs actuação conjunta com a polícia portuguesa que lhe negada. A nona razão é que o Primeiro-ministro José Sócrates (e outros membros do seu governo e responsáveis do PS) utiliza publicamente o caso Freeport para uma estratégia política de vitimização, em várias intervenções quer na Assembleia da República, quer no Congresso do PS, quer em declarações e entrevistas avulsas, pelo que ele tem uma dimensão política clara, podendo e devendo ser discutido politicamente. A décima razão é que suspeitas envolvendo o Primeiro-ministro têm que ser obrigatoriamente esclarecidas sem margem para dúvida, dadas as suas altas funções (foi o que disse o PR quando falou de “assunto de estado”), sem quaisquer pressões sobre a justiça, nem sobre os órgãos de comunicação social. * Seria possível acrescentar mais dez razões. O caso Freeport é um caso de justiça, mas quer como caso em si, envolvendo a possibilidade de ilegalidades ou crimes, quer como caso em que a justiça e os seus procedimentos podem estar em causa, quer como caso ético-político, quer como caso de liberdade de imprensa, deve ser discutido sem ambiguidades, pelo seu papel central na vida pública portuguesa. Ele existe, move-se e é decisivo para a nossa sanidade pública. Colocá-lo debaixo do tapete, enche-lo de medos, de sussurros, de silêncios, de incomodidades, deixará Portugal envenenado por muitos e bons anos. (url) EARLY MORNING BLOGS 1526 - Home-thoughts, from the Sea
Nobly, nobly Cape Saint Vincent to the North-west died away; Sunset ran, one glorious blood-red, reeking into Cadiz Bay; Bluish 'mid the burning water, full in face Trafalgar lay; In the dimmest North-east distance dawn'd Gibraltar grand and gray; 'Here and here did England help me: how can I help England?'--say, Whoso turns as I, this evening, turn to God to praise and pray, While Jove's planet rises yonder, silent over Africa. (Robert Browning) (url) 2.4.09
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(url) EARLY MORNING BLOGS 1525 - A Momentary Longing To Hear Sad Advice from One Long Dead Who was my teacher at Harvard. Did not wear overcoat Saying to me as we walked across the Yard Cold brittle autumn is you should be wearing overcoat. I said You are not wearing overcoat. He said, You should do as I say not do as I do. Just how American it was and how late Forties it was Delmore, but not I, was probably aware. He quoted Finnegans Wake to me In his New York apartment sitting on chair Table directly in front of him. There did he write? I am wondering. Look at this photograph said of his mother and father. Coney Island. Do they look happy? He couldn't figure it out. Believed Pogo to be at the limits of our culture. Pogo. Walt Kelly must have read Joyce Delmore said. Why don't you ask him? Why don't you ask Walt Kelly if he read Finnegans Wake or not. Your parents don't look happy but it is just a photograph. Maybe they felt awkward posing for photographs. Maybe it is just a bad photograph. Delmore is not listening I want to hear him tell me something sad but however true. Delmore in his tomb is sitting. People say yes everyone is dying But here read this happy book on the subject. Not Delmore. Not that rueful man. (Kenneth Koch) (url)
© José Pacheco Pereira
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