ABRUPTO |
semper idem Ano XIII ...M'ESPANTO ÀS VEZES , OUTRAS M'AVERGONHO ... (Sá de Miranda) _________________ correio para jppereira@gmail.com _________________
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31.7.09
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(url) 29.7.09
(url) HOJE NO
NOVO:
Entrou na Biblioteca / Arquivo, por oferta, o Espólio da Família Cottinelli Telmo e da Família Leitão de Barros, assim como o Espólio do Coronel Marques Leitão, um conjunto valioso de livros, revistas, periódicos, documentos vários, em cerca de cinquenta caixas e seis grandes estantes. Trata-se de um conjunto de espólios oriundos de famílias com um papel fundamental na história cultural do Portugal do século XX, na literatura, no cinema, na “educação popular”, na arquitectura e em outras áreas . Os espólios serão organizados e inventariados e progressivamente as suas peças mais interessantes aqui publicadas. Agradeço às Senhoras D. Isabel Cottinelli Telmo e sua irmã D. Maria Teresa, assim como às suas famílias, tão importante oferta. (url) Aquí la vasta enciclopedia de Brockhaus aquí los muchos y cargados volúmenes y el volumen del atlas, aquí la devoción de Alemania, aquí los neoplatónicos y los agnósticos, aquí el primer Adán y Adán de Bremen, aquí el tigre y el tártaro, aquí la escrupulosa tipografía y el azul de los mares, aquí la memoria del tiempo y los laberintos del tiempo, aquí el error y la verdad, aquí la dilatada miscelánea que sabe más que cualquier hombre, aquí la suma de la larga vigilia. Aquí también los ojos que no sirven, las manos que no aciertan las ilegibles páginas, la dudosa penumbra de la ceguera, los muros que se alejan. Pero también aquí una costumbre nueva, de esta costumbre vieja, la casa, una gravitación y una presencia, el misterioso amor de las cosas que nos ignoran y se ignoran. (Jorge Luís Borges) (url) 26.7.09
(url) EARLY MORNING BLOGS
1598 Gavião, gavião branco Vai ferido e vão voando; Mas não diz quem no feriu, Gavião, gavião branco! O gavião é calado, Vai ferido e vai voando Assim fora a negra pega Que há-de sempre andar palrando. A pega é negra e palreira, O que sabe vai contando... Muito palra a pega Que sempre há-de estar palrando. Mas quer Deus que os chocalheiros Guardem, ás vezes, falando, O segredo dos sisudos, Que eles não guardam calando. (Garrett, Romanceiro.) (url) 25.7.09
HOJE NO
NOVO:
(url) Muitas vezes fazem-se perguntas que parecem ter todo o sentido na linguagem comum e que não o têm quando a resposta tem que ser dada dentro de uma teorização científica. O caso mais típico é a pergunta sobre o que é que existia antes de existir o mundo. Um físico dirá que não tem sentido separar o tempo da matéria, que ambos são a mesma coisa e que por isso não há um “antes” em que o tempo existia fora do “mundo” e que o precedia. Por isso, a pergunta já contém um condicionamento não científico para a resposta, ou seja, é uma pergunta errada, um círculo vicioso. As coisas também não são assim tão simples para os cientistas e os filósofos, porque a pergunta ganha sentido se a colocarmos no âmbito da psicologia humana, da nossa dependência dos nossos precários sentidos, em que o tempo precede de facto a matéria, porque a nossa noção de causalidade é macroscópica e “sentida”. No nosso universo sensível o tempo e as coisas são diferentes - as coisas tem muito mais tempo que nós - e a criação ex-nihilo ou é obra de Deus ou da magia. Quando da discussão da proposta de Jardim sobre a condenação do comunismo enquanto ideologia totalitária (na verdade, esta versão da proposta já é uma correcção da inicial, mas serve para a discussão) houve quem dissesse que os comunistas tinham lutado pela “liberdade” antes do 25 de Abril e por isso era um “insulto” a condenação do comunismo. O reverso está em quem disse que os comunistas tinham era lutado por uma sociedade totalitária, que nada tem a ver com a democracia e que falavam de “liberdade” apenas de um forma instrumental ou com um sentido que não é o corrente nas democracias. Sendo assim, os comunistas não tinham lutado pela “liberdade” mas por uma etapa da ditadura do proletariado. À primeira vista ambos parecem ter razão e pode-se admitir que, mesmo numa concepção “solta” da história, as duas razões coexistam. Depois podemos aproximar-nos mais de uma ou outra “razão” conforme usemos diferentes instrumentos, da ciência política, da história das ideologias, ou diferentes interpretações da história do século XX. Se considerarmos, por exemplo, que todo o século foi atravessado por uma contínua guerra civil, de que comunistas e fascistas foram os mais evidentes protagonistas, o resultado é um. Se caminharmos para uma dissociação entre as intenções ideológicas expressas e o efeito histórico concreto, então o resultado é outro. OS COMUNISTAS E A LIBERDADE SEM ASPAS Há aqui várias “verdades” em conflito. É “verdade” que a “liberdade” por que lutaram os comunistas é do ponto de vista ideológico muito diferente da liberdade dos liberais e democratas. Também é “verdade” que a sociedade que os comunistas pretendiam construir (não nos esqueçamos que estamos a falar de mais de trinta anos de Estaline no conjunto da história do comunismo “real”) era totalitária. Mas também é “verdade” que, durante quarenta e oito anos, a luta contra o regime teve um papel central dos comunistas, muito mais acentuado porque foi durante muito tempo quase solitário. E que portanto nos seus actos eles eram dadores de “liberdade” e esperança para quem recusava a ditadura que viveria num mundo muito mais claustrofóbico sem as acções em que os comunistas se envolviam e que muitas vezes só existiam porque eram feitas com não-comunistas ou ultrapassavam nos seus efeitos as intenções programadas dos comunistas. Sendo assim eles contribuíram de facto para o 25 de Abril, para a nossa liberdade, sem aspas. Como disse num texto Mao Zedong, com um pragmatismo que tinha às vezes, não interessa saber se alguém está numa barricada por razões amorosas ou porque está despeitado no emprego, ou porque é violento por natureza, desde que dispare para o lado do “inimigo”. Pode parecer cru e simples, mas a história é assim. A PROPOSTA DE JARDIM DE CONDENAR O COMUNISMO NA CONSTITUIÇÃO Que sentido tem a proposta de Jardim, que não é nova, nem única, no sentido em que em muitos países que conheceram o comunismo “real” trazido nos tanques soviéticos (e foram todos a Leste com excepção da Jugoslávia e da Albânia, por singular coincidência, os que se afastaram do modelo do comunismo soviético) foram feitas propostas desse tipo? Embora não se saiba bem qual foi ou é a proposta, se o seu sentido “útil” é propor a eliminação da condenação unilateral do fascismo da Constituição mostrando que a se lá se coloca o fascismo deveria estar o comunismo, pode admitir-se. Mas é só isso: limpar a Constituição de condenações ideológicas unilaterais, que abrem caminho a uma criminalização de organizações e de actividades políticas concretas de forma discriminatória. Numa democracia não só não deve haver crimes políticos, como também se deve entender a liberdade como a liberdade dos outros, por estranhas, repelentes, absurdas, chocantes que sejam as sua ideias. É a lei comum que deve ser aplicada, cega ao facto de um crime, seja invadir um campo de milho transgénico, seja vandalizar uma campa num cemitério judaico, seja partir um vidro de um banco, seja bloquear o trânsito de uma ponte, ser cometido por um fascista, um comunista, um skinhead, um ecologista radical, um anarquista, ou um membro de uma claque violenta, ou qualquer um de nós. * E agora um comentário relativo ao texto «OS COMUNISTAS E A LIBERDADE SEM ASPAS». Estou de acordo que a luta dos comunistas por uma sociedade comunista teve muitas vezes como efeito prático um aumento de liberdade (a verdadeira). Mas não me sinto grato por isso. Imagine que é noite, está a dormir na sua casa e entra lá um ladrão para a assaltar. Começa um incêndio e o ladrão começa a gritar por socorro. O resultado disso é que os bombeiros chegam mais cedo do que teriam chegado se o ladrão lá não estivesse. Acha que sentiria gratidão pelo ladrão? Eu acharia só que teria tido sorte. (url) We were warned about spiders, and the occasional famine. We drove downtown to see our neighbors. None of them were home. We nestled in yards the municipality had created, reminisced about other, different places— but were they? Hadn't we known it all before? In vineyards where the bee's hymn drowns the monotony, we slept for peace, joining in the great run. He came up to me. It was all as it had been, except for the weight of the present, that scuttled the pact we had made with heaven. In truth there was no cause for rejoicing, nor need to turn around, either. We were lost just by standing, listening to the hum of wires overhead. We mourned that meritocracy which, wildly vibrant, had kept food on the table and milk in the glass. In skid-row, slapdash style we walked back to the original rock crystal he had become, all concern, all fears for us. We went down gently to the bottom-most step. There you can grieve and breathe, rinse your possessions in the chilly spring. Only beware the bears and wolves that frequent it and the shadow that comes when you expect dawn. (Jonh Ashbery) (url) 23.7.09
(url) A wind's in the heart of me, a fire's in my heels,
I am tired of brick and stone and rumbling wagon-wheels; I hunger for the sea's edge, the limit of the land, Where the wild old Atlantic is shouting on the sand. Oh I'll be going, leaving the noises of the street, To where a lifting foresail-foot is yanking at the sheet; To a windy, tossing anchorage where yawls and ketches ride, Oh I'l be going, going, until I meet the tide. And first I'll hear the sea-wind, the mewing of the gulls, The clucking, sucking of the sea about the rusty hulls, The songs at the capstan at the hooker warping out, And then the heart of me'll know I'm there or thereabout. Oh I am sick of brick and stone, the heart of me is sick, For windy green, unquiet sea, the realm of Moby Dick; And I'll be going, going, from the roaring of the wheels, For a wind's in the heart of me, a fire's in my heels. (John Masefield) (url) 22.7.09
HOJE NO NOVO: ASSOCIAÇÃO DE MORADORES DA RELVINHA – COIMBRA COOPERATIVA DE CONSTRUÇÃO CIVIL “UNIDADE DO TRABALHO” COMITÉ PARA A LIBERTAÇÃO DE DANIEL RAMIREZ E VITOR GOMEZ PARTIDO LIBERAL LIGA DE ACÇÃO PATRIÓTICA DOS AÇORES ALTERAÇÕES À ORGANIZAÇÃO DO EPHEMERA
(url) (url) (url) EARLY MORNING BLOGS
1595 -The Apple's Song Tap me with your finger, rub me with your sleeve, hold me, sniff me, peel me curling round and round till I burst out white and cold from my tight red coat and tingle in your palm as if I’d melt and breathe a living pomander waiting for the minute of joy when you lift me to your mouth and crush me and in taste and fragrance I race through your head in my dizzy dissolve. I sit in the bowl in my cool corner and watch you as you pass smoothing your apron. Are you thirsty yet? My eyes are shining. (Edwin Morgan) (url) 21.7.09
(url) (url) 20.7.09
(url) Há quarenta anos, o dia 20 de Julho de 1969, está-me inscrito na memória como um dos grandes dias da minha vida, embora tenha sido de noite. Nessa noite estava em casa de duas amigas e colegas minhas da Faculdade de Letras do Porto, supostamente para preparar o exame do dia seguinte da disciplina mais temida do primeiro ano do curso de Filosofia, a Introdução à Filosofia. A disciplina tinha o papel de ser, no primeiro ano, o mecanismo de selecção para os aprendizes de filósofos. Era a mais difícil, a mais abstracta e aquela que mais exigia a capacidade de pensar como filósofo. E era dada pelo professor mais temido da faculdade, Eduardo Abranches Soveral. Soveral, como era conhecido pelos alunos, era especializado na Fenomenologia, uma área e uma filosofia que tinha vários cultores, como o padre Júlio Fragata, que se tinham formado em Husserl, um dos filósofos mais árduos para quem começava a estudar filosofia. Eduardo Abranches Soveral tinha feito a sua tese sobre o "método fenomenológico" e, como era habitual na época, os professores ensinavam muito em função daquilo que tinha sido a sua tese e pouco se afastavam desse terreno que lhes era familiar. Lembro-me, por exemplo, de um ano inteiro dedicado a Merleau-Ponty, porque a professora tinha feito o seu doutoramento nesse autor. Este tipo de relação entre a tese pessoal e as disciplinas tornava o curso muito errático, e o conhecimento dos grandes autores da filosofia dependia das preferências (e do conhecimento) dos professores, a que se somava o condicionamento político. Na verdade, apesar de haver Husserl, Bergson e Merleau-Ponty, eles estavam desenquadrados de qualquer conhecimento da história da filosofia que parava em Hegel e nem sequer tratava decentemente Kant, já para não falar do facto de se estudarem autores como Husserl sem um conhecimento dos autores que o precediam. Nietzsche, por exemplo, era praticamente ignorado, já para não falar dos proibidos Marx e Sartre. Na Faculdade de Letras do Porto, o mundo da história e da filosofia parava por volta da Revolução Francesa. Soveral era um caso especial. Ele sabia mesmo filosofia, coisa que muitos dos seus colegas conheciam escassamente e era um professor antipático e intransigente. Acresce que era uma personagem da extrema-direita do regime, fazendo companhia no seu extremismo político a outra personalidade da Universidade do Porto da época, o fascista António José de Brito. Vai fascista sem aspas porque não era o que lhe chamavam, mas o que ele dizia que era. Soveral era monárquico integralista e um opositor de direita do regime do Estado Novo, mas tinha funções de relevo no seu aparelho de propaganda, dirigindo a RTP no Porto até ao 25 de Abril. Foi posteriormente saneado e exilou-se no Brasil. Dito tudo isto, percebe-se que Soveral, para além de temido como professor, era um dos alvos privilegiados do movimento estudantil. Tive com ele várias altercações, algumas no limite da violência física, mas sempre preferi este tipo de adversários que davam a cara aos temerosos burocratas que actuavam pela calada, como alguns dos meus outros professores que tinham os dois pés bem dentro do regime e um dedinho a acenar a dizer que eram "amigos dos estudantes" nos duros confrontos da época. Muitos anos depois, li com interesse algumas das suas últimas obras filosóficas, incluindo o livro póstumo, e alguns textos autobiográficos, e sem surpresa confirmei o que sempre suspeitava sobre estas vidas perdidas no meio de uma história nem sempre justa para as qualidades dos que ficam do seu lado torto. A seu modo, o odiado Soveral marcou-me mais do que os moles. Até como professor. Nessa noite de 20 de Julho de 1969, estava muito calor e ainda houve tentativas de "estudar", uma coisa que nunca soube muito bem o que era. Mas quando a televisão da sala, a preto e branco, começou a passar o filme da chegada à Lua, para mim acabou de imediato o "estudo" e mandei o Soveral, a Introdução à Filosofia e a Faculdade de Letras às malvas. Eu queria era ir para a Lua com aqueles homens e tinha um enorme, isso mesmo enorme, entusiasmo com aquele primeiro momento da "conquista espacial", o nome então dado à coisa. Não dormi um minuto e no dia seguinte lá fiz o exame ainda no meio das crateras e do pó lunar, ou seja. na Lua, na traiçoeira Lua. Não correu muito mal e já tinha visto, claramente visto, o primeiro passo de um caminho que ainda hoje continua. É verdade que eu já tinha estado na Lua várias vezes. Fui lá com Júlio Verne, com o Tintin, e com muitos dos livros da Colecção Argonauta. Na Lua, em Marte, em Vénus, em Júpiter, em Saturno, os planetas mais na moda, a que se somavam remotos planetas inventados em Antares ou em Aldebaran. Do livro de Júlio Verne lembro-me com horror do cão morto a acompanhar a bala que ia da Terra à Lua e no Tintin da perfeição estética do foguetão, uma encarnação das V2 de Von Braun, e dos tontos manos Dupond e Dupont a saltitar na Lua, e do capitão Archibald Haddock a fazer aquilo que é a sua especialidade, soltar impropérios. Um dia vou aconselhá-lo como santo protector da blogosfera portuguesa, pelo seu catálogo de insultos e impropérios. E também é verdade que nunca mais saí da Lua, olhando com a mesma intensidade e proximidade do entusiasmo para o Spirit (preso na areia marciana) e a Opportunity em Marte, para a Cassini em Saturno, para a Dawn, que leva dentro o meu nome, para Ceres e Vesta, e para o Hubble revigorado, para os nossos olhos, braços e pernas no cosmos. Nesse primeiro passo lunar está muito do futuro da humanidade. Como sou uma espécie tardia de malthusiano, penso que precisamos de "conquistar" o nosso espaço mais imediato, Lua e Marte em particular, para aí encontrarmos recursos que na Terra começam a escassear e começarmos a ter sítios para onde ir. Pode parecer ainda muito remoto, mas a humanidade precisa de sair da Terra e ir para outros lados, como fez no século XV, "descobrindo" novos lugares. São muito árduos e muito difíceis, mas não são impossíveis. Também nós temos uma costela de extremófilos e a tecnologia dá-nos condições adaptativas únicas para sobreviver no meio dos desertos marcianos. Pode ser wishfull thinking, mas a alternativa é pior. Um velho livro da mesma Colecção Argonauta, A Morte na Terra, de um pioneiro francês Rosny-Ainé, escrito em 1911, mostra os últimos sobreviventes de um planeta sem água, assinando com a sua morte o fim da raça humana. Este "cenário", como agora se diz, é, como sabemos, mais provável do que imaginamos. Pode não ser a água, mas alguma coisa acabará por faltar e nessa altura encontrá-la-emos em Marte ou em Encelado ou em Ganimedes. Há quarenta anos, nessa noite de Introdução à Filosofia, dominada pela sombra de Eduardo Abranches Soveral, na improbabilidade disto tudo, eu sabia bem que este era o caminho. Nenhum grande momento na vida de cada um engana ou desengana muito. Acontece, chega e deixa as suas marcas. A preto e branco e com um milionésimo do software que eu tenho neste computador. (Versão do Público de 18 de Julho de 2009.) (url) 4 It was their choice, after all, that spurred us to feats of the imagination, Now, silently as one mounts a stair we emerge into the open and in so doing deprive time of further hostages, To end the standoff that history long ago began. Now, silently as one mounts a stair to emerge into the open but it is shrouded, veiled: we must have made some ghastly error. To end the standoff that history long ago began Must we thrust ever onward, into perversity? But it is shrouded, veiled: we must have made some ghastly error. You mop your forehead with a rose, recommending its thorns. Must we thrust ever onward, into perversity? Only night knows for sure; the secret is safe with her. You mop your forehead with a rose, recommending its thorns. Research has shown that ballads were produced by all of society; Only night knows for sure. The secret is safe with her: the people, then, knew what they wanted and how to get it. (John Ashbery) (url) 19.7.09
COISAS DA SÁBADO: PORTUGAL ESTÁ COMO A ITÁLIA NOS ANOS PRÉ-BERLUSCONI Todas as semanas mais uma lei, mais um projecto, mais uma obra são adiados, por um governo que passou da fanfarronice solitária e agressiva para um canto de uma sala onde está escondido a ver se ninguém dá pela sua existência. A continuar assim vamos ajudar a demonstrar mais uma vez o paradoxo italiano, de que em certos países haver ou não haver governo é quase a mesma coisa. Não penso que seja esse o caso português (nem em bom rigor o italiano), mas que continuamos a um canto mortos, é verdade. Continuamos na fase “mesmerizada” do Senhor Valdemar. (url) (url) 18.7.09
COISAS DA SÁBADO: ALEGRE NÃO CONCORDA COM A POLÍTICA DO SECRETÁRIO-GERAL DO PS. NATURALMENTE NÃO QUER SER DEPUTADO Manuel Alegre tem recusado ser deputado do PS, considerando que as suas divergências tornam incompatível a sua participação na campanha pelo PS de Sócrates. E pretende participar no debate público com liberdade e, por isso, sai do parlamento sem dramas. Faz bem, mostra desapego face ao poder e dá uma lição a todos que consideram que o lugar de deputado é uma espécie de direito natural que está antes da ideias e posições. Seria bom que no PS e no PSD se seguisse esse exemplo sem nenhum drama. Só quem pensa a política como emprego ou carreira é que considera que existe um direito natural a ser deputado apenas porque se é membro, conhecido ou não, de um partido político. O correlativo desta maneira de ver as coisas é a ideia de que só se “faz política” se se tiver um cargo político, seja por eleição, seja por nomeação. Como é que alguém que acha que está tudo mal na direcção do seu partido e na sua política pode fazer uma campanha de boa fé por essa direcção e essa política que vai a votos? Ainda mais quando o seu próprio lugar vai estar assegurado não pelo seu mérito individual, mas por uma escolha intra-partidária, à boleia de uma política com que não se concorda. Seria bom acabar nos partidos com as ideias de “carreira” em que todos os pretextos são bons para se ser deputado ou voltar a ser deputado, mais pelo cargo do que pelas políticas, muitas vezes com reserva mental sobre os cenários pós-eleitorais e não sobre o mérito do combate eleitoral em si mesmo. Mais uma vez é o lugar e o emprego que contam e não a política. A ideia de que as listas são representação interior dos grupos e facções também tem pouco sentido, particularmente quando esses grupos e facções não tem qualquer consistência ideológica representando apenas um agregado de interesses internos e externos. Que Sócrates convide Alegre, compreende-se porque alarga para fora, para o país, porque Alegre significa alguma coisa fora do PS. Mas, mesmo assim, como Alegre percebeu, o convite era envenenado porque o PS precisa de maximizar os votos mas engoliria na campanha as suas posições. A não ser que a campanha se transformasse numa cacofonia total, não são as listas de deputados o mostruário da pluralidade interna, mas sim a participação livre dos membros dos partidos no debate público sem drama interno. Claro que a votos não vão apenas para as direcções e a sua política, embora esse seja um elemento decisivo em qualquer escrutínio, mas vão também os partidos, com o seu património, história escrita e não escrita, e mesmo “camisola”. Mas todo esse combate político pode ser feito em muito lado, como era suposto ser o normal e o dominante e não é. Haveria mais vida cívica e esta seria mais sadia se os partidos não se tivessem transformado em máquinas de puro poder assentes em cargos e carreira e não na expressão das “partes” da opinião e dos legítimos interesses a ela associados. (url) 16.7.09
3. Now, only the willing are fated to receive death as a reward. Children twist hula-hoops, imagining a door to the outside, If we tried to leave, would being naked help us? And what of older, lighter concerns? What of the river? Children twist hula-hoops, imagining a door to the outside, when all we think of is how much we can carry with us, And what of older, lighter concerns? What of the river? All the behemoths have filed through the maze of time. When all we think of is how much we can carry with us Small wonder that those at home sit, nervous, by the unlit grate, All the behemoths have filed through the maze of time. It remains for us to come to terms with our commonalty. Small wonder that those at home sit nervous by the unlit grate. It was their choice, after all, that spurred us to feats of the imagination. It remains for us to come to terms with our commonalty And in so doing deprive time of further hostages. (John Ashbery) (url) 15.7.09
NUM BLOGUE PERTO DE SI, NUMA GALÁXIA MUITO LONGE NESTES DIAS OS PARTIDOS SÃO RESPONSÁVEIS PELOS CRIMES DOS SEUS DIRIGENTES? + testemunhos e comentários.
(url) HOJE NO
Estantes na secção de literatura portuguesa. Tendo publicado a sua primeira nota em 27 de Fevereiro de 2009, EPHEMERA divulga hoje, menos de seis meses depois, a 500ª nota. Nessas notas incluíram-se cerca de 2500 imagens, e vários textos, tudo organizado por 647 categorias. Para além dos materiais completamente inéditos e únicos que aqui foram publicados, o EPHEMERA aumentou de forma significativa a informação acessível sobre a vida social, e política portuguesa, principalmente no século XX, e o conteúdo "português" na Rede. O trabalho de fazer o EPHEMERA é individual e gratuito, de puro gosto, de amador. Muitos dos seus leitores participaram nesse gosto de amador colaborando com sugestões, informações e materiais que muito enriqueceram esta obra colectiva. Ainda hoje haverá a nota 501ª e por aí adiante. PAVILHÃO DO PCP NA FESTA DO HUMANITÉ (1966?) MATERIAIS DE PROPAGANDA POLÍTICA (143). MANIFESTAÇÃO “EM DEFESA DO PÃO E DO TRABALHO, DA REFORMA AGRÁRIA E DA DEMCORACIA, FORA COM O GOVERNO MOTA PINTO” (17 DE MARÇO DE 1979) IMPRENSA DO PS E DA JS IMPRENSA DO PSD, DA JSD E DOS TSD (url) * O que escreveu sobre a censura que «existia nos meios académicos e jornalísticos ocidentais, imposta pelas esquerdas comunistas e pelos seus “companheiros de estrada”» sobre a invasão comum da Polónia pela Alemanha e pela União Soviética trouxe-me à memória que, há quase vinte e cinco anos, o professor José Morgado me contou que, logo após o fim da Segunda Guerra Mundial, ele e vários dos seus colegas fizeram um esforço para ajudar a reequipar as universidades da Polónia, que tinham sofrido muito com a invasão alemã. Já na altura me impressionou o facto de não ter feito qualquer referência ao facto de se ter tratado de uma invasão efectuada simultaneamente pela Alemanha e pela União Soviética. (url)
© José Pacheco Pereira
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