ABRUPTO

11.7.09


COISAS DA SÁBADO: A GRIPE (2). A IRRESPONSABILIDADE

Um dos principais factores para conter os efeitos mais perniciosos da pandemia da gripe é a prevalência de comportamentos da população destinados a minimizar os riscos de contágio. Ou seja, a não facilitar a vida ao vírus. Nos dias de hoje, a principal desses comportamentos é evitar que, aos primeiros sintomas suspeitos, se corra para um hospital ou um centro de sáude, em vez de telefonar. Seria interessante saber até que ponto essa instrução é cumprida, em particular pelas pessoas que estão socialmente nos vários patamares da classe média e que tem informação e literacias para a perceberem.

É que os grupos de irresponsáveis que, ao mais pequeno esmorecimento dos noticiários sobre a gripe, tornaram a correr para o México para comprar um sombrero, não pressagiam nada de bom, a começar pelas classes “ilustradas”. Não sei se uma menina de poucos anos “que veio do México” e que é uma das doentes confirmadas com a gripe A, fez parte de um desses grupos de excursionistas mais recentes. Provavelmente tudo correrá bem, mas é um risco demasiado a pagar pela irresponsabilidade dos pais.

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Concordo integralmente com a análise que faz sobre o comportamento do Ministério da Saúde acerca da "pandemia" de gripe. A sua referência às questões sociais merecem alguns reparos. Deixo-lhe somente um: já tentou ligar para a Linha Saúde 24?
Será que a estrutura, telefónica, está preparada para receber os numerosos telefonemas que se podem esperar? Ou será com outros exemplos das maravilhas tecnológicas, que saturam, ficam sobrecarregadas e impossibilitam o normal funcionamento e esclarecimento. O que fará o cidadão ? provavelmente correr para a unidade de saúde mais próxima ...
Sabia que na 4ª feira era impossível ligar à Linha Saúde 24 através da Zon, em Coimbra?
Questões importantes do ponto de vista individual e marginais, do ponto vista sociológico, mas que podem assumir relevante importância e contribuir para o aumento da sensação de crise.

(Alexandre Silva)

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(...) Embora na vasta maioria das vezes me identifique com as suas ideias e pensamentos, não estou alinhado com os seus comentários ao desempenho do Min da Saúde no que diz respeito às medidas tomadas face à pandemia da gripe A.
Gostaria de deixar aqui para sua apreciação algumas das minhas posições duma forma muito sucinta e breve. Em primeiro lugar penso que o estado Português (mais uma vez) foi muito lento em aceitar a situação de potencial risco em que vivemos. Esta situação reflecte-se na demora da pré-reserva de vacinas, a qual irá ter impacto no "timing" de disponibilização de vacinas ao nosso país.

Adicionalmente penso que o número de reservas (20 a 30% da população) demonstra igualmente uma despreocupação demasiada face ao que potencialmente temos pela frente. O Reino Unido reservou vacinas para 80% da população e a Suécia reservou 11 milhões de vacinas (a população são 8 milhões).
Será que temos a bola de cristal e os restantes paises estão a esbanjar dinheiro, ou será que estamos a ser incompetentes face ao perigo desta pandemia. Conhecendo Portugal, bem como os outros 2 paises referidos arrisco-me a dizer que é a segunda hipotese que vinga.

Relembro que a gripe peneumónica de 1918/19 (60 milhões de mortos) teve como origem um subtipo do H1N1, o qual matou na sua maioria população entre os 20 e os 50 anos de boa saúde. Visto haver o risco do virus mutar durante o Verão, e aparecer diferente no Outono, será que não estamos a subestimar o que temos pela frente?

Deixo igualmente a mais importante das questões: poque é que NINGUÉM fala sobre estas questões e coloca pressão sobre o Ministério? Refiro-me a jornalistas, politicos, médicos, etc. Será que estamos condenados a um Reinado de Silêncio? (...)

(AM)

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Pessoalmente, tenho uma visão diferente da “irresponsabilidade” que se atribui a quem está ir de férias para o México ou para Espanha: se a gripe vem aí em força dentro de algumas semanas, porque não apanhá-la já, enquanto é Verão e tudo se leva com mais facilidade, enquanto há poucos casos e todo o serviço de saúde está disponível; deixando-me imune e pronta a colaborar, na pior fase da pandemia, para manter a sociedade a funcionar? Cancelar férias para adiar o que é quase certo?

Irresponsabilidade é vir de um desses países e deixar um filho adoentado no infantário. Neste caso, acho que se justificaria um período de quarentena obrigatória, isso sim.

(Mónica Granja)

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Faz bem em classificar as medidas de higiene como visando ganhar tempo.

Os seus leitores, porém, estão confusos. Remando contra a nossa tradicional inumeracia, proponho alguma contabilização do risco de morte com esta gripe:

· Número de casos detectados até dia 6: 94500; número de mortes: 429; taxa de mortalidade da doença: 0,45% (1 em cada 220 doentes). Dados da OMS disponíveis aqui: http://www.who.int/csr/don/2009_07_06/en/index.html

· Mortalidade anual, no mundo, da gripe vulgar: de ¼ a ½ milhão. Sim, a gripe vulgar mata! O meu sogro morreu das consequências de uma gripe “vulgar”, há poucos anos. Vd. http://www.who.int/mediacentre/factsheets/fs211/en/index.html

· Taxa de mortalidade da gripe vulgar todos os anos: 0,2%, pelo menos: http://www.wrongdiagnosis.com/f/flu/deaths.htm

· Taxa de mortalidade da gripe de 1918: cerca de 10,0%. http://en.wikipedia.org/wiki/1918_flu_pandemic

Portanto, a nova gripe A é muito mais parecida com uma gripe vulgar (quiçá 2 vezes mais agressiva) do que com a gripe de 1918, que foi 50 vezes mais agressiva que uma gripe vulgar.

(José Luís Pinto de Sá)

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Hoje noticia o "The Guardian" que o governo britanico prepara a implementação de uma medida que autorizará uma "baixa" com a duração de 14 dias sem necessidade de ida ao médico : Aguardo com curiosidade o que acontecerá neste país quando os centros de saúde entupirem e algo semelhante tiver de ser adoptado .

(Manuel Malha)

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Um amigo meu médico, que foi Director de um Hospital há pouco tempo, acrescenta ao meu cálculo: o número de casos detectados que indico (94500) está decerto subestimado, porque nem toda a gente doente é diagnosticada como tendo esta estirpe viral, sobretudo em países fora da Europa e América do Norte.

Pelo que a respectiva taxa de mortalidade deve ser inferior ao número que indiquei (0,45%) e mais próximo ainda do da gripe vulgar.

Cumprimentos,

José Luís Pinto de Sá

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COISAS DA SÁBADO: A GRIPE

Repito, mais uma vez, mas é uma repetição merecida. Até agora o modo como o Ministério da Saúde tem respondido ao evoluir da pandemia de gripe parece-me exemplar. Sóbrio, informativo, com palavras certas e sensatas, sem ceder ao espectáculo mediático, nem à tentação, tão generalizada neste governo, de marcar pontos para a propaganda. É tão raro assistir a um trabalho sério e, acima de tudo, limpo, que não me canso de o elogiar.

Claro que a verdadeira prova dos nove vai começar em breve, quando a gripe A for “a” gripe. O esforço de contenção do alastramento de um vírus deste tipo em todo o mundo é um feito da medicina moderna que permitiu ganhar tempo para melhor preparar a resposta. Essa contenção, insisto, única até agora de um vírus com esta capacidade de contágio, beneficiou muito dos planos de contingência que tinham sido feitos para a gripe das aves.

Mas agora é que se vai ver a sério, quando se passar do micro para o macro. Vai-se ver a capacidade das instalações hospitalares, a “mão” que o governo terá sobre o evoluir da pandemia, cujos efeitos quando atingirem muitas centenas de milhares ao mesmo tempo, ainda estão por conhecer.

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EARLY MORNING BLOGS

1587 - Démocratie

"Le drapeau va au paysage immonde, et notre patois étouffe le tambour.

"Aux centres nous alimenterons la plus cynique prostitution. Nous massacrerons les révoltes logiques.

"Aux pays poivrés et détrempés ! - au service des plus monstrueuses exploitations industrielles ou militaires.

"Au revoir ici, n'importe où. Conscrits du bon vouloir, nous aurons la philosophie féroce ; ignorants pour la science, roués pour le confort ; la crevaison pour le monde qui va. C'est la vraie marche. En avant, route !"

(Rimbaud)

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10.7.09


ESPÍRITO DO TEMPO: HOJE



Do centro da grua



Armação de aço.



No alto de uma das duas gruas, de uma obra no recinto do Parque Expo (Novos Laboratórios da EPAL). Afagando a laje betonada. (Luiz Carvalho)



(Carlos Oliveira)

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EARLY MORNING BLOGS

1586 - After Reading Tu Fu, I Go Outside to the Dwarf Orchard

East of me, west of me, full summer.
How deeper than elsewhere the dusk is in your own yard.
Birds fly back and forth across the lawn
looking for home
As night drifts up like a little boat.

Day after day, I become of less use to myself.
Like this mockingbird,
I flit from one thing to the next.
What do I have to look forward to at fifty-four?
Tomorrow is dark.
Day-after-tomorrow is darker still.

The sky dogs are whimpering.
Fireflies are dragging the hush of evening
up from the damp grass.
Into the world's tumult, into the chaos of every day,
Go quietly, quietly.

(Charles Wright)

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9.7.09

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"A influência funciona de forma viral" na Sábado em linha.

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ESPÍRITO DO TEMPO: HOJE



Passagem do tempo por um banco do jardim de S. Amaro. (RM)



Freira a rezar, hoje, às 08h00, no Jardim da Praça do Império, em Lisboa.
(Fernando Correia de Oliveira)



Coimbra. (José Cabral Dias)



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7.7.09

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ESPÍRITO DO TEMPO: HOJE



Passagem do tempo por um banco do jardim de S. Amaro. (RM)

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EARLY MORNING BLOGS

1585 - Le petit poussin

C'est un petit poussin
Qui vient juste de naître
Il ne sait pas très bien
Quelle parure il va mettre :

Mettra-t-il des plumes blanches,
Sa maman poule en a,
Ou bien des noires et blanches,
Comme le coq, son papa ?

Car pour l'instant il est
Vêtu d'un jaune duvet
ça fait très distingué,
Il aime ça, ce coquet !

Mais quand il va grandir,
Son duvet va tomber,
Et il devra choisir
Un vêtement douillet...

Eh bien, c'est décidé :
Lorsqu'il sera plus vieux,
Il ira s'acheter
Un beau manteau tout bleu.

(Cantilena anónima.)

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6.7.09

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PONTO / CONTRAPONTO: TOCAR NO NERVO



Aqui.

O programa da SICN foi recebido por ameaças de queixa à ERC, apelos directos e sem qualquer disfarce à sua censura e proibição, e, acima de tudo, uma chuva de insultos pessoais e ataques de todo o tipo, alguns ainda nem sequer começara a emissão. Esta lista dá uma ideia do tom e do estilo: "cínico, idiota e, mais ainda, perverso", "Cónego da Marmeleira", "Diácono Remédios", "censor", "Ego trip ponto contra ponto" , "facciosismo, " "falta-lhe carácter. Ou melhor, falta-lhe virtude.", "filósofo-rei da Marmeleira", "hiperventilar de lutas antigas","inestética masturbação do imenso ego do protagonista," "mal reciclado em ‘grande educador da classe média’", "manipulador cínico, sem pinga de respeito pelos seus interlocutores", "Maquiavel de pacotilha", "Manuela Moura Guedes da SIC", "primarismo bélico", "pulsão quase-libidinal", "putativo papel de provedor da imprensa na SIC Notícias", "soltar o pequeno taxista que há em todos nós", "superficialidade e ignorância", "tende a molestar a riqueza intelectual da análise e colide com as próprias tentativas de conversão", "um programa televisivo de propaganda mal disfarçada e de pouca qualidade", "crítico em estado pré-terminal", "bebeu em Pequim o conceito de liberdade de imprensa","o ideólogo idiota útil dos interesses lisboetas", "quem julga que fala com burros embrutece o debate", "um esforço patético de condicionamento dos media", "grande inquisidor do país", etc., etc. Tudo isto se encontra em jornais, nos blogues e no Twitter. Os seus autores são jornalistas, profissionais de empresas de comunicação e marketing, candidatos a jornalistas e candidatos a políticos, assessores do governo, uns com nome, outros com pseudónimo. Todos dão um excelente exemplo do grau de decência com que hoje se vive na comunicação e na política e da incontida raiva que os povoa. Não me surpreendi, porque sei do que algumas casas gastam.

Não me cabe falar de méritos ou deméritos do Ponto Contraponto, mas de uma coisa tenho a certeza: tocou num nervo muito sensível. E, enquanto durar, vai continuar a tocar.

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RASGAR



Há tanta coisa que é preciso "rasgar" na política portuguesa que os exemplos não faltam. Aqui vão algumas sugestões de coisas que é preciso "rasgar" no futuro imediato, quer nas políticas actuais do PS, quer nas políticas passadas do PSD:

- "É preciso "rasgar" a crescente promiscuidade entre o Estado, por via do governo, e os "grandes negócios", uma tendência que cresceu exponencialmente com o último governo e que atingiu um paroxismo com a situação da crise. Esta tendência é especialmente perversa, abrindo caminho não só a uma indevida influência do governo e do partido do governo, como a uma cada vez maior tendência para fugir às regras de transparência da administração pública, e ao escrutínio parlamentar. É igualmente uma receita garantida para o aumento da corrupção. Esta promiscuidade enfraquece a independência da economia privada e fere a autonomia já de si frágil da sociedade civil.

- É preciso "rasgar" o poder crescente dos muitos aprendizes de feiticeiro que gravitam à volta dos gabinetes governamentais, estabelecendo "pontes" pouco conhecidas e escrutinadas quer no mundo dos negócios quer no mundo da "influência" política. A política deve voltar a ter faces conhecidas e que respondam pelo que fazem, o que significava caminharmos na tradição de alguns países em que os decisores políticos vêm do parlamento e dos órgãos dos partidos. É aí que deve haver um esforço de qualificação e não favorecer o crescimento de uma espécie de segunda linha (na realidade a primeira) que existe entre os assessores, empresas de comunicação, os altos quadros das empresas, escritórios de advogados e muitos "intermediários" com acesso fácil à governação.

- É preciso "rasgar" a interferência do Estado, por via do governo, na comunicação social, quer dando verdadeira independência a qualquer instância reguladora, quer diminuindo a tutela do Estado de órgãos de comunicação social. Tal não é possível sem a privatização da RTP e da RDP, em todas as suas componentes de órgão de informação, mantendo-se apenas um "serviço público mínimo", quer de carácter cultural e patrimonial, quer no âmbito de emissões que correspondem a objectivos estratégicos do Estado português, como seja a manutenção de uma área de influência lusófona nos PALOP, ou de integração e ligação nacional das comunidades emigrantes. Também nestes casos os objectivos deste "serviço público mínimo" podem ser contratados às estações privadas ou a entidades que se constituam para o garantir. Sem completa independência dos órgãos de comunicação social de qualquer forma de tutela directa ou indirecta (como aquela que permite a golden share em empresas como a PT).

- É preciso "rasgar" o programa de entrega de computadores "Magalhães". A medida de "um computador por cada criança" é desadequada à idade dos que os recebem, pedagogicamente inútil, mal preparada e com contornos ainda por esclarecer. Para salvar o que ainda pode ser salvo, devia-se favorecer tudo o que seja transformar os "Magalhães" já distribuídos numa consola de jogos, com algum componente pedagógico, que isso sim é adequado à idade, e fazer esforços para um programa "um adolescente - um computador", um objectivo muito mais significativo e mais útil. Não são as crianças que devem ter um computador individual, mas sim os adolescentes e para cima na idade. Para isso é preciso favorecer o acesso à compra de computadores, visto que a "unicidade" do programa "Magalhães" não pode nem deve ser mantida num mercado aberto. Outras medidas que levem ao embaratecimento do acesso à banda larga são muito mais importantes do que o objectivo errado do "Magalhães", próprio de um país do Terceiro Mundo em que as crianças não têm acesso a computadores nem em casa, nem na escola, por regra.

- É preciso "rasgar" a tendência mais recente das Novas Oportunidades de "trabalhar para as estatísticas" e reconduzir o programa para um esforço sério de qualificação das pessoas nos diferentes graus de ensino e aprendizagem. O programa tem méritos, mas tem sido abastardado pela crescente intervenção política do Governo no sentido de fazer incorporar dezenas de milhares de pessoas em pequenos períodos de tempo, de forma quase administrativa, concedendo depois os diplomas, em particular os de nível mais elevado como os do 12.º ano, sem garantir a qualidade da formação. O programa que se destinava a aumentar o nível de qualificação dos portugueses, a continuar assim, terá um impacto muito menor do que o que pressupõem os seus elevados custos, podendo vir a repetir o desperdício do Fundo Social Europeu.

- É preciso "rasgar" o desleixo com a segurança que se desenvolveu neste último Governo numa combinação de leis penais laxistas, com uma desvalorização dos corpos policiais e sua deslegitimização junto dos portugueses. Tal só se passará no momento em que o Governo tenha, quer na área da administração interna, quer em geral, uma cultura de segurança. Esta implica que se compreenda o que significa, para a sociedade, a crise de segurança e, para os corpos de segurança, a solidariedade com o risco.

- É necessário despolitizar de imediato os serviços de informação, em particular os serviços civis, proceder a uma reavaliação de fundo da sua qualidade e produção e estabelecer uma firewall mais eficaz entre o Governo e os serviços, evitando que mecanismos de dependência funcional se politizem, e garantir que se diminua a excessiva centralização do poder de decisão à volta do gabinete do primeiro-ministro.

- É necessário "rasgar" de forma muito acentuada a subsídio-dependência na área da cultura, remetendo quer para as autarquias a "animação cultural", quer para ministérios próprios (Economia, Comércio e em particular Educação) o financiamento de actividades de "indústria cultural", ou de "formação cultural". Os recursos aí libertados devem ser canalizados para uma política cultural essencialmente patrimonial, destinada a salvaguardar o nosso património, a que apenas chega uma parte muito reduzida dos escassos recursos da cultura.

Estes são apenas alguns exemplos. Há muitos mais.

(Versão do Público de 4 de Julho de 2009.)

*
A propósito dos rasganços ("É preciso "rasgar" a crescente promiscuidade entre o Estado, por via do governo, e os "grandes negócios""), não esqueça também de rasgar a permanente (não é crescente porque é de longa data e muitíssimo desenvolvida) promiscuidade entre o Banco de Portugal e a banca comercial pública e privada; a crise só revela um parte dessa promiscuidade (supervisão), mas muito mais haveria a assinalar: concorrência; direitos dos consumidores; e mesmo questões tributárias diversas.

(Pedro Ferreira)

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ESPÍRITO DO TEMPO: HOJE



Passagem do tempo por um banco do jardim de S. Amaro. (RM)

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EARLY MORNING BLOGS

1584 - Para una versión del I King

El porvenir es tan irrevocable
como el rígido ayer. No hay una cosa
que no sea una letra silenciosa
de la eterna escritura indescifrable
cuyo libro es el tiempo. Quien se aleja
de su casa ya ha vuelto. Nuestra vida
es la senda futura y recorrida.
Nada nos dice adiós. Nada nos deja.
No te rindas. La ergástula es oscura,
la firme trama es de incesante hierro,
pero en algún recodo de tu encierro
puede haber un descuido, una hendidura.
El camino es fatal como la flecha
pero en las grietas está Dios, que acecha.

(Jorge Luis Borges)

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5.7.09

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ESPÍRITO DO TEMPO: HOJE



Passagem do tempo por um banco do jardim de S. Amaro. (RM)

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1583 - Les Foules

Il n'est pas donné à chacun de prendre un bain de multitude : jouir de la foule est un art ; celui-là seul peut faire, aux dépens du genre humain, une ribote de vitalité, à qui une fée a insufflé dans son berceau le goût du travestissement et du masque, la haine du domicile et la passion du voyage.

Multitude, solitude : termes égaux et convertibles par le poète actif et fécond. Qui ne sait pas peupler sa solitude, ne sait pas non plus être seul dans une foule affairée.

Le poëte jouit de cet incomparable privilège, qu'il peut à sa guise être lui-même et autrui. comme ces âmes errantes qui cherchent un corps, il entre, quand il veut, dans le personnage de chacun. Pour lui seul, tout est vacant ; et si de certaines places paraissent lui être fermées, c'est qu'à ses yeux elles ne valent pas la peine d'être visitées.

Le promeneur solitaire et pensif tire une singulière ivresse de cette universelle communion. celui-là qui épouse facilement la foule connaît des jouissances fiévreuses, dont seront éternellement privés l'égoïste, fermé comme un coffre, et le paresseux, interné comme un mollusque. Il adopte comme siennes toutes les professions, toutes les joies et toutes les misères que la circonstance lui présente.

Ce que les hommes nomment amour est bien petit, bien restreint et bien faible, comparé à cette ineffable orgie, à cette sainte prostitution de l'âme qui se donne tout entière, poésie et charité, à l'imprévu qui se montre, à l'inconnu qui passe.

Il est bon d'apprendre quelquefois aux heureux de ce monde, ne fût-ce que pour humilier un instant leur sot orgueil, qu'il est des bonheurs supérieurs au leur, plus vastes et plus raffinés. Les fondateurs de colonies, les pasteurs de peuples, les prêtres missionnaires exilés au bout du monde, connaissent sans doute quelque chose de ces mystérieuses ivresses ; et, au sein de la vaste famille que leur génie s'est faite, ils doivent rire quelquefois de ceux qui les plaignent pour leur fortune si agitée et pour leur vie si chaste.

(Charles Baudelaire)

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© José Pacheco Pereira
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