ABRUPTO

6.7.09


PONTO / CONTRAPONTO: TOCAR NO NERVO



Aqui.

O programa da SICN foi recebido por ameaças de queixa à ERC, apelos directos e sem qualquer disfarce à sua censura e proibição, e, acima de tudo, uma chuva de insultos pessoais e ataques de todo o tipo, alguns ainda nem sequer começara a emissão. Esta lista dá uma ideia do tom e do estilo: "cínico, idiota e, mais ainda, perverso", "Cónego da Marmeleira", "Diácono Remédios", "censor", "Ego trip ponto contra ponto" , "facciosismo, " "falta-lhe carácter. Ou melhor, falta-lhe virtude.", "filósofo-rei da Marmeleira", "hiperventilar de lutas antigas","inestética masturbação do imenso ego do protagonista," "mal reciclado em ‘grande educador da classe média’", "manipulador cínico, sem pinga de respeito pelos seus interlocutores", "Maquiavel de pacotilha", "Manuela Moura Guedes da SIC", "primarismo bélico", "pulsão quase-libidinal", "putativo papel de provedor da imprensa na SIC Notícias", "soltar o pequeno taxista que há em todos nós", "superficialidade e ignorância", "tende a molestar a riqueza intelectual da análise e colide com as próprias tentativas de conversão", "um programa televisivo de propaganda mal disfarçada e de pouca qualidade", "crítico em estado pré-terminal", "bebeu em Pequim o conceito de liberdade de imprensa","o ideólogo idiota útil dos interesses lisboetas", "quem julga que fala com burros embrutece o debate", "um esforço patético de condicionamento dos media", "grande inquisidor do país", etc., etc. Tudo isto se encontra em jornais, nos blogues e no Twitter. Os seus autores são jornalistas, profissionais de empresas de comunicação e marketing, candidatos a jornalistas e candidatos a políticos, assessores do governo, uns com nome, outros com pseudónimo. Todos dão um excelente exemplo do grau de decência com que hoje se vive na comunicação e na política e da incontida raiva que os povoa. Não me surpreendi, porque sei do que algumas casas gastam.

Não me cabe falar de méritos ou deméritos do Ponto Contraponto, mas de uma coisa tenho a certeza: tocou num nervo muito sensível. E, enquanto durar, vai continuar a tocar.

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© José Pacheco Pereira
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