ABRUPTO

11.6.05


DAS DUAS, UMA

Ou a polícia está completamente cega quanto ao que se passa em certos bairros de Lisboa e não tem um informador sequer que a previna de algo que mobilizou quinhentas pessoas, ou seja que milhares souberam com antecedência; ou toda esta história está mal contada e não são quinhentos, nem foi combinado, e alguma coisa aconteceu na praia que não aparece nos jornais. Há uma terceira hipótese que me parece tão absurda que a recuso: a polícia sabia e não fez nada.

O ministro tem muitas explicações a dar e depressa.

*
Sobre o seu post «Das duas uma» e lendo o DN, parece de facto que a história não foi bem contada, pelo menos nas televisões:

«O pânico gerou-se ontem ao início da tarde na praia de Carcavelos, quando centenas de indivíduos, em bandos, começaram de repente a assaltar e a agredir os banhistas. [...] Os distúrbios terão tido início quando uma bando roubou um fio de ouro a um imigrante de Leste, espancando-o, contou ao DN Bruno Marques, um dos banhistas presentes no local. Esta situação foi testemunhada pela responsável de um café da zona, que logo fechou o estabelecimento e chamou a polícia. O tempo de chegada das forças de segurança, ainda que curto, foi suficiente para que, como que por simpatia, outros bandos que ali tomavam banhos de sol aproveitassem a oportunidade para tentar a sua sorte. Gerou-se, então, o caos. Várias crianças perderam-se dos pais, com os bandos a assaltarem quem estivesse mais a jeito, agredindo os que ofereciam resistência.
Nada fazia prever que aquela onda de violência surgisse tão de repente. De acordo com fonte policial, os bandos eram banhistas que, aliás, são frequentadores habituais daquela praia. "Reagiram por simpatia ao verificarem a oportunidade", contou. Não houve, portanto, nenhum assalto organizado à praia, nem qualquer estratégia concertada entre gangs. "A pólvora estava lá e bastou que alguém acendesse o rastilho", explicou o interlocutor do DN.»

De facto, é "interessante" que nenhuma televisão, nas reportagens que vi, tenha colocado ênfase à aparente espontaneidade do "arrastão". E mais: que não houve assalto organizado...

(Miguel Marujo)

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OS CINQUENTA MOMENTOS POLÍTICOS MAIS IMPORTANTES DEPOIS DO 25 DE ABRIL (1974-2005)

1. O primeiro 1º de Maio, o respirar inicial da liberdade, mas também o sinal das ambiguidades de uma mudança que continha em si mesma várias “revoluções”, nem todas democráticas. Responsáveis: os “capitães de Abril” (1 de Maio de 1974).

2. Criação dos partidos democráticos depois do 25 de Abril: a estruturação do PS na legalidade, a criação do PPD e do CDS nos meses de Maio a Julho de 1974. Responsáveis: Mário Soares, Tito de Morais e Ramos da Costa no PS; Sá Carneiro, Balsemão e Magalhães Mota no PPD, Freitas do Amaral e Amaro da Costa no CDS.

3. Decisão do PCP de se opor à manifestação da "maioria silenciosa” de 28 de Setembro, dando início ao chamado “Processo revolucionário em curso” (PREC) (no mês de Setembro de 1974).

4. Discurso de Salgado Zenha no Pavilhão dos Desportos contra a “unicidade sindical” (16 Janeiro 1975). O discurso de Zenha foi o primeiro sinal público da resistência do PS à constituição de organizações frentistas pelos comunistas que detivessem a hegemonia do espaço partidário (MDP) e sindical (Intersindical).

5. Legalização do divórcio nos casamentos religiosos com a alteração da Concordata. Responsável: Salgado Zenha (15 de Fevereiro de 1975).

6. Golpe e contra-golpe do 11 de Março. Responsáveis: Spínola e a ala militar ligada ao PCP no MFA (11 de Março de 1975).

7. Nacionalizações a seguir ao 11 de Março. Responsável: ala militar ligada ao PCP no MFA. Das chamadas “conquistas da Revolução” – nacionalizações, reforma agrária e controle operário – a terceira nunca existiu de facto, a segunda deixou uma marca profunda no Alentejo, a primeira moldou o destino da economia e da sociedade portuguesa até aos dias de hoje.

8. Eleições para a Assembleia Constituinte que deram vitória aos partidos que se opunham ao PREC (25 de Abril de 1975). A vitória eleitoral do PS e do PSD, o fracasso do MDP, do PCP e do “voto em branco no MFA” reforçou a legitimidade da componente democrática no PREC.

9. Incêndios e destruições das sedes do PCP no Centro e Norte do país (a partir de fins de Maio de 1975). A resistência ao PREC fora de Lisboa e Porto, e em particular no Centro e Norte, radicalizada num anticomunismo “orgânico” e em organizações clandestinas como o ELP, revelou uma componente social e política distinta da do PS, em que a Igreja e as “bases” do PPD tiveram um papel.

10. Comício da Fonte Luminosa em Lisboa, ponto alto da resistência ao PREC dos socialistas (19 de Julho de 1975). Três sub-factos poderiam ser incluídos neste movimento: as sequelas do assalto ao jornal República (19 de Maio), o “documento dos nove”, (discutido entre os militares em Julho e divulgado a 9 de Agosto) e o debate entre Soares e Cunhal, um raro momento mediático no PREC do “olhe que não, olhe que não (6 de Novembro de 1975).

11. Independência de Angola a 11 de Novembro que marcou o efectivo fim do império colonial e "retorno" dos portugueses de África (anos de 1975-7), assim como o início da guerra civil e da intervenção estrangeira (cubana e sul-africana), cujas sequelas duraram mais de 25 anos e muitos milhares de mortos. Em nenhuma outra antiga colónia o processo foi tão sangrento, mas o padrão da acção dos antigos movimentos nacionalistas foi semelhante.

12. O 25 de Novembro, fim da expressão militar do PREC (25 de Novembro de 1975). O crescendo para o 25 de Novembro deu-se essencialmente no verão “quente”, onde avultaram os incidentes ligados à constituição da FUR, um raro momento de hegemonia da extrema-esquerda sobre o PCP, a pretexto do “documento do COPCON, e o cerco á Assembleia Constituinte a 12 de Novembro.

13. Declarações de Melo Antunes impedindo a ilegalização do PCP depois do 25 de Novembro (26 de Novembro). Ao fazê-las Melo Antunes impediu uma deriva autoritária do 25 de Novembro que seria inevitável caso se tentasse forçar o PCP de novo à clandestinidade.

14. Aprovação da Constituição em 25 de Abril de 1976 que garantia os direitos fundamentais de uma democracia, mas mantinha na sua parte económica e em muitos outros aspectos a linguagem e o adquirido do PREC. Uma das suas consequências duradouras foi a criação das Autonomias regionais na Madeira e nos Açores.

15. Acção de Sottomayor Cardia no Ministério da Educação, o primeiro dos ministros a tentar sair do “estilo” do PREC (1976-7).

16. A Lei Barreto, o início da “contra-reforma agrária”, o primeiro momento legislativo contra uma “conquista da revolução”. Responsável: António Barreto (1977).

17. Vitória da AD demonstrando a possibilidade de alternância democrática à hegemonia do PS. (Dezembro 1979). Responsáveis: Sá Carneiro e Freitas do Amaral, apoiados por Amaro da Costa, Ribeiro Telles, António Barreto e Medeiros Ferreira.

18. Morte acidental (ou assassinato) de Sá Carneiro (4 de Dezembro 1980).

19. Fim do Conselho da Revolução na revisão constitucional de 1982. Acabou assim o último resquício de uma legitimidade “revolucionária” alheia ao processo democrático.

20. “Bloco central” em que PS e PSD dividiram o estado, os cargos públicos, as áreas de influência, os gestores públicos, criando um establishment de poder que ainda hoje é prevalecente (1983-5). A resistência no PSD ao “Bloco central” abriu caminho às carreiras políticas de Marcelo, Santana Lopes, Júdice, Durão Barroso, e Cavaco Silva, a única com sucesso até hoje.

21. Desmantelamento das FP 25 de Abril e prisão dos seus responsáveis (1984-5). As FP 25 de Abril foram uma manifestação tardia do ciclo de terrorismo político europeu dos anos 70, moldado pela nostalgia do PREC. Responsáveis pela criação da organização Otelo Saraiva de Carvalho, apoiado por uma ala do antigo PRP-BR; e no seu desmantelamento Rui Machete, Mário Soares, Martinho de Almeida Cruz e vários agentes da PJ.

22. “Apertar do cinto” obrigado pelo FMI, numa situação de quase ruptura das finanças públicas (1983-5). Este período de austeridade ia acabando prematuramente com a carreira política de Soares assente nas suas ambições presidenciais. Responsáveis: Ernâni Lopes e Mário Soares.

23. A criação do PRD, o partido de iniciativa presidencial que dividiu o eleitorado socialista e facilitou a futura vitória de Cavaco Silva. A criação do PRD foi o único e fugaz momento de “fluidez” do nosso sistema partidário. Responsável: Ramalho Eanes (25 de Fevereiro de 1985).

24. Primeira volta das eleições presidenciais de 1985-6 em que Mário Soares acaba com o “pintasilguismo” e com as últimas tentativas de um “socialismo” anti-soarista sob a égide do PCP. (26 de Janeiro de 1986). A eleição de Soares como primeiro Presidente civil da democracia numa segunda volta, “esquerda versus direita”, foi, depois da alternância da AD, o segundo momento de estabilização interior da democracia depois do PREC.

25. Congresso do PSD da Figueira da Foz em que Cavaco Silva vence João Salgueiro (Maio de 1985). Cavaco, que Soares dizia “desconhecer”, representou o primeiro dirigente da democracia portuguesa que chegava ao poder fora da resistência contra Salazar e ao PREC e com uma formação dominantemente económica em vez de jurídica.

26. Entrada de Portugal na UE, como garantia da democracia política e oportunidade de desenvolvimento. Os portugueses passaram a medir e a medir-se pela Europa. Responsáveis: Mário Soares, Rui Machete, Ernâni Lopes (1 de Janeiro de 1986).

27. Dissolução da Assembleia da República depois da aprovação da moção de censura do PRD, um acto político que se revelou, para os partidos que a apoiaram e patrocinaram, suicidário. Responsáveis: Ramalho Eanes, Hermínio Martinho, Victor Constâncio (3 de Abril de 1987).

28. Maioria absoluta de Cavaco Silva, uma verdadeira subversão de um sistema eleitoral construído para obrigar a governos de coligação, abrindo caminho a um ciclo de governabilidade sem passado até então e sem futuro até 2005 (19 de Julho de 1987).

29. O influxo de vultuosos fundos comunitários, parcialmente desperdiçados no Fundo Social Europeu, mas permitindo importantes obras infraestruturais que mudaram a face do país. Iniciou-se o ciclo do betão. Responsável: Cavaco Silva, seguido por António Guterres. (1986 até hoje).

30. Introdução do IVA, a mais efectiva modernização do sistema fiscal desde o 25 de Abril (1986).

31. Privatização do espaço televisivo e da comunicação social escrita do estado. Criação da SIC e da TVI. Responsável: Cavaco Silva.(1987)

32. A criação do Independente um projecto jornalístico orientado para criar um populismo de direita contra o PSD. Responsável: Paulo Portas (1988).

33. Revisão económica da Constituição permitindo finalmente a existência de uma plena economia de mercado e as privatizações. O PS que tinha bloqueado mudanças na parte económica da Constituição finalmente cedeu ao PSD (1989).

34. O massacre de Santa Cruz em Timor-Leste e todo o processo subsequente de luta pela autodeterminação de Timor-Leste (12 de Novembro de 1991).

35. A primeira Presidência portuguesa da UE. Nunca até então a alta administração pública portuguesa tinha conhecido uma prova tão dura. Responsável: Cavaco Silva (1992).

36. O bloqueio da Ponte 25 de Abril sintetizou as novas condições da acção política com um novo e agressivo panorama mediático muito mais eficaz do que os mecanismos tradicionais de oposição (1994).

38. O “tabu”, a decisão de Cavaco Silva de não se candidatar às eleições legislativas seguintes, representando o fim do “cavaquismo” enquanto experiência de governação (1995).

36. Criação do PP contra o CDS, dando expressão partidária ao populismo de direita e à acção unipessoal de Paulo Portas. Responsáveis: Manuel Monteiro e Paulo Portas. O processo completa-se com o acesso de Portas á liderança do PP (1998).

39. A Expo, a realização urbana de grande dimensão mudando a face oriental de Lisboa e levando ao clímax o ciclo de grandes obras dos anos do “cavaquismo” (1998).

40. Vitória do “não” no "Referendo sobre a instituição em Concreto das Regiões Administrativas”, acabando com as pressões para uma nova organização política do território continental. Responsáveis: pela derrota, António Guterres, pela vitória, Marcelo Rebelo de Sousa, Mário Soares, Cavaco Silva entre outros (8 de Novembro de 1998).


41. Criação do Rendimento Mínimo Garantido, o mais significativo alargamento do “estado social” na última década. Responsáveis: António Guterres, Ferro Rodrigues (1996).

42. Referendo sobre o Aborto dá um pequena e inesperada minoria de “nãos”, contrariando o sentido da votação parlamentar e congelando politicamente por vários anos a questão do aborto (Junho de 1998).

43. Adesão ao euro, principal manifestação da decisão estratégica de manter Portugal no chamado “pelotão da frente”, ou seja no grupo mais avançado da EU, abrindo caminho à questão do défice suscitada pelo Pacto de Estabilidade e Crescimento (1 de Janeiro de 1999).

44. Devolução de Macau à plena soberania chinesa, terminando assim o último acto do império colonial português e o último El-Dorado de todas as fortunas fáceis no “ultramar” (20 de Dezembro de 1999).

45. Demissão de António Guterres, após a derrota do PS nas eleições autárquicas, abrindo uma longa crise no PS de que só quatro anos depois vem a recuperar (Dezembro de 2001).

46. Processo Casa Pia: depois do processo Emáudio, é o primeiro grande processo-crime que envolve importantes dirigentes políticos e figuras públicas, ainda inconclusivo (2002 até hoje)

47. Saída de Durão Barroso para a Presidência da UE após a derrota do PSD-PP nas eleições europeias, entregando o poder no partido a Santana Lopes e criando as condições para a dissolução da Assembleia (Junho 2004).

48. Campanha eleitoral do PS entre João Soares, Manuel Alegre e José Sócrates, a primeira campanha para uma liderança partidária feita mais para fora do que para dentro de um partido político. O precedente foi o Congresso do PSD de 1995 que opôs Durão Barroso e Fernando Nogueira (Setembro 2004) .

49. Dissolução da Assembleia da República e fim do governo Santana Lopes - Paulo Portas, a primeira vez que uma dissolução é realizada com argumentos de incompetência do Primeiro-ministro. Responsável: Jorge Sampaio (Novembro 2004).

50. Maioria absoluta do PS, abrindo o primeiro ciclo de governabilidade em condições de estabilidade do PS. Responsável: José Sócrates (20 de Fevereiro de 2005).

[NOTAS : Esta lista teve origem no Abrupto onde conheceu três versões, alteradas e acrescentadas pelos leitores e pelas críticas e sugestões de outros blogues. Nesse sentido, sendo de minha responsabilidade individual, é também uma obra colectiva. Foi posteriormente publicada em dois artigos no Público. Esta é a versão final ainda incompleta da lista das contribuições, e das ligações que o texto do jornal não permitia fazer.

Em relação à versão do Público há apenas a correcção de um lapso grave pela omissão e por atingir uma personalidade política que tem sido vítima de tentativas de “revisão” da história: a inclusão do nome de Freitas do Amaral na dupla responsável pela AD.]
*
Concordo o mais possível consigo quando bate na falta de rigor, para não dizer na mais desavergonhada manipulação, habitual nos nossos jornalistas.
Por isso muito surpreendido fiquei ao ler na sua lista dos acontecimentos mais relevantes da história recente o seguinte:

40. Vitória do “não” no "Referendo sobre a instituição em Concreto das Regiões Administrativas”, acabando com as pressões para uma nova organização política do território continental. Responsáveis: pela derrota, António Guterres, pela vitória, Marcelo Rebelo de Sousa, Mário Soares, Cavaco Silva entre outros (8 de Novembro de 1998).

42. Referendo sobre o Aborto dá um pequena e inesperada minoria de “nãos”, contrariando o sentido da votação parlamentar e congelando politicamente por vários anos a questão do aborto (Junho de 1998).

Desculpe, mas a votação de ambos foi assim tão diferente? Foi assim tão diferente a participação dos eleitores nos dois referendos? Acaso o resultado de um foi vinculativo e o do outro não? E que é isso de dizer que o «Referendo sobre o Aborto d[eu] um pequena e inesperada minoria de “nãos”»? Minoria? Mas o «não» não obteve mais de 50%?

Lamento que a sua posição relativamente à liberalização do aborto o leve a proceder como qualquer jornalista do Público...

(fbp)

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OS LIVROS DA SÁBADO

LER ARISTÓTELES

A edição pela Imprensa Nacional das Obras Completas de Aristóteles, de responsabilidade de uma equipa coordenada por António Pedro Mesquita, é uma boa excepção e um bom exemplo. Exemplo de edição e exemplo de trabalho universitário, academicamente rigoroso, mas voltado para fora, para a pessoa comum que é amadora do saber e que passa a ter os textos de Aristóteles traduzidos em português dos nossos dias.

É sintoma dos tempos de incultura generalizada que vivemos, que pareça bizarro falar aqui de Aristóteles, um filosofo cujo nome ainda é razoavelmente conhecido, mas cuja obra é muito menos lida do que a de Platão no ensino secundário. Bom, em bom rigor, considerar que a de Platão é lida é um exagero… Voltemos a Aristóteles com um argumento yuppie: Aristóteles é um filósofo “vencedor” na nossa cultura e mesmo que não o conheçamos está por detrás de muita coisa a que nos habituamos e já não lhe atribuímos a autoria. Na “competição” intelectual que atravessou a Idade Média, mediada em particular pela Igreja e pelo seu grande Doutor, Tomás de Aquino, foi Aristóteles que passou para a escolástica e através dela para muito do “modo” de pensar dos nossos dias. De passagem, diga-se que os portugueses foram bons discípulos.

Para o leitor comum, vejam-se, por exemplo, alguns textos “menores” como os que se encontram em Os Económicos. De que se trata? De economia? É controverso que os gregos entendessem a palavra como hoje a usamos. Aristóteles fala da “arte de administrar uma casa” e uma cidade (polis) e dá bons conselhos às “esposas”. Mas, na listagem de casos e observações “económicas” encontramos muita coisa que directamente diz respeito à “economia política”, e às relações sociais e humanas que a determinam.

Também na leitura de Aristóteles se aplicam os conselhos económicos imemoriais, recordados por um líbio perguntado sobre qual era o melhor estrume para os cavalos e que respondeu:”as pegadas do amo”.

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INTENDÊNCIA

Em actualização o SÍTIO DO NÃO.

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COISAS COMPLICADAS


Fachada do Pavilhão espanhol na Bienal de Veneza, 2005

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EARLY MORNING BLOGS 514

Canción del pirata

Con diez cañones por banda,
viento en popa, a toda vela,
no corta el mar, sino vuela
un velero bergantín.
Bajel pirata que llaman,
por su bravura, el Temido,
en todo mar conocido
del uno al otro confín.

La luna en el mar rïela,
en la lona gime el viento,
y alza en blando movimiento
olas de plata y azul;
y va el capitán pirata,
cantando alegre en la popa,
Asia a un lado, al otro Europa,
y allá a su frente Stambul:

«Navega, velero mío,
sin temor,
que ni enemigo navío
ni tormenta, ni bonanza
tu rumbo a torcer alcanza,
ni a sujetar tu valor.

Veinte presas
hemos hecho
a despecho
del inglés,
y han rendido
sus pendones
cien naciones
a mis pies.

Que es mi barco mi tesoro,
que es mi dios la libertad,
mi ley, la fuerza y el viento,
mi única patria, la mar.

Allá muevan feroz guerra
ciegos reyes
por un palmo más de tierra;
que yo aquí tengo por mío
cuanto abarca el mar bravío,
a quien nadie impuso leyes.

Y no hay playa,
sea cualquiera,
ni bandera
de esplendor,
que no sienta
mi derecho
y dé pecho
a mi valor.

Que es mi barco mi tesoro,
que es mi dios la libertad,
mi ley, la fuerza y el viento,
mi única patria, la mar.

A la voz de «¡barco viene!»
es de ver
cómo vira y se previene
a todo trapo escapar;
Que yo soy el rey del mar,
y mi furia es de temer.

En las presas
yo divido
lo cogido
por igual;
sólo quiero
por riqueza
la belleza
sin rival.

Que es mi barco mi tesoro,
que es mi dios la libertad,
mi ley, la fuerza y el viento,
mi única patria, la mar.

¡Sentenciado estoy a muerte!
Yo me río;
no me abandone la suerte,
y al mismo que me condena,
colgaré de alguna entena,
quizá en su propio navío.
Y si caigo,
¿qué es la vida?
Por perdida
ya la di,
cuando el yugo
del esclavo,
como un bravo,
sacudí.

Que es mi barco mi tesoro,
que es mi dios la libertad,
mi ley, la fuerza y el viento,
mi única patria, la mar.

Son mi música mejor
aquilones,
el estrépito y temblor
de los cables sacudidos,
del negro mar los bramidos
y el rugir de mis cañones.

Y del trueno
al son violento,
y del viento
al rebramar,
yo me duermo
sosegado,
arrullado
por el mar.

Que es mi barco mi tesoro,
que es mi dios la libertad,
mi ley, la fuerza y el viento,
mi única patria, la mar.»

(Espronceda)

*

Eu sei que já coloquei o pirata aqui uma vez, mas foi o que me apeteceu hoje. Bom dia!

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9.6.05


SATORI

Nem telefone, nem computador, nem correio.
Palavras, palavras, papel, letras, cidades, milhares de quilometros para cima, para baixo, para o meio.

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8.6.05


VOLTO

em breve.
Estou outra vez feito de judeu errante.

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6.6.05


INTENDÊNCIA

Actualizada a nota O ABRUPTO FEITO PELOS SEUS LEITORES: DIREITOS DE PASSAGEM.

Actualizado o SÍTIO DO NÃO.

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EARLY MORNING BLOGS 513

"La Biblioteca existe ab aeterno. De esa verdad cuyo colorario inmediato es la eternidad futura del mundo, ninguna mente razonable puede dudar. El hombre, el imperfecto bibliotecario, puede ser obra del azar o de los demiurgos malévolos; el universo, con su elegante dotación de anaqueles, de tomos enigmáticos, de infatigables escaleras para el viajero y de letrinas para el bibliotecario sentado, sólo puede ser obra de un dios. Para percibir la distancia que hay entre lo divino y lo humano, basta comparar estos rudos símbolos trémulos que mi falible mano garabatea en la tapa de un libro, con las letras orgánicas del interior: puntuales, delicadas, negrísimas, inimitablemente simétricas."

(Jorge Luis Borges)

*

Bom dia!

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5.6.05


AR PURO


A. Bierstadt

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EARLY MORNING BLOGS 512

Sagesse I - XX


L'ennemi se déguise en l'Ennui
Et me dit : " À quoi bon, pauvre dupe ? "
Moi je passe et me moque de lui.
L'ennemi se déguise en la Chair Et me dit :
" Bah, retrousse une jupe ! Moi j'écarte le conseil amer.

L'ennemi se transforme en un Ange
De lumière et dit : " Qu'est ton effort
À côté des tributs de louange
Et de Foi dus au Père céleste ?
Ton Amour va-t-il jusqu'à la mort ? "
Je réponds : " L'Espérance me reste. "

Comme c'est le vieux logicien,
Il a fait bientôt de me réduire
À ne plus vouloir répliquer rien.
Mais sachant qui c'est, épouvanté
De ne plus sentir les mondes luire,
Je prierai pour de l'humilité.


(Paul Verlaine)

*

Bom dia!

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© José Pacheco Pereira
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