ABRUPTO |
semper idem Ano XIII ...M'ESPANTO ÀS VEZES , OUTRAS M'AVERGONHO ... (Sá de Miranda) _________________ correio para jppereira@gmail.com _________________
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31.12.12
(url) 30.12.12
HOJE DE NOVO
MANIFESTAÇÕES em directo
(url) 29.12.12
ALGUÉM ME EXPLICA
Ele há notícias particularmente bizarras e que passam como sendo as mais normais do mundo. Por exemplo, citando o i e o Público:
O presidente executivo do Banco Espírito Santo (BES), Ricardo Salgado, prestou voluntariamente declarações no âmbito do caso Monte Branco (…) O banqueiro deslocou-se esta terça-feira, a título voluntário, às instalações do DCIAP para testemunhar sobre o que "fosse considerado necessário pelas autoridades com vista ao cabal esclarecimento dos factos", afirmou uma fonte oficial do BES. Segundo adiantou a mesma fonte, Ricardo Salgado foi ouvido na qualidade de testemunha, “enquanto cidadão, e não na qualidade de presidente da Comissão Executiva do BES”, não tendo “conhecimento da necessidade de outras diligências".
O que é “prestar declarações voluntariamente” numa investigação de um crime? Ou seja, alguém chega ao DCIAP e diz, “façam o favor de me ouvirem”, eu não fui chamado, não fui convocado, nada sei sobre o crime em causa senão tê-lo-ia denunciado em tempo, mas mesmo assim “façam o favor de me ouvir”, como vulgar “cidadão” e como “testemunha” (de quê?). O que é que como “cidadão” Ricardo Salgado “testemunhou” sobre a rede de fuga e branqueamento de capitais investigada pelo Ministério Público? Pensei que esta figura de “declarações voluntárias” sobre “os factos” nestes termos não existia, mas parece que sim. Pelo menos é assim que vem descrita, sabendo-se que dela não resultou “a necessidade de outras diligências”. Mas por que razão é que teria que haver “outras diligências”, dado que o “cidadão”, fora da sua qualidade profissional de presidente da Comissão Executiva do BES, nada sabe do assunto?
Isto está cada vez mais confuso. Ou não.
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2287 - Winter: My secret
I tell my secret? No indeed, not I: Perhaps some day, who knows? But not today; it froze, and blows and snows, And you’re too curious: fie! You want to hear it? well: Only, my secret’s mine, and I won’t tell. Or, after all, perhaps there’s none: Suppose there is no secret after all, But only just my fun. Today’s a nipping day, a biting day; In which one wants a shawl, A veil, a cloak, and other wraps: I cannot ope to everyone who taps, And let the draughts come whistling thro’ my hall; Come bounding and surrounding me, Come buffeting, astounding me, Nipping and clipping thro’ my wraps and all. I wear my mask for warmth: who ever shows His nose to Russian snows To be pecked at by every wind that blows? You would not peck? I thank you for good will, Believe, but leave the truth untested still. Spring’s an expansive time: yet I don’t trust March with its peck of dust, Nor April with its rainbow-crowned brief showers, Nor even May, whose flowers One frost may wither thro’ the sunless hours. Perhaps some languid summer day, When drowsy birds sing less and less, And golden fruit is ripening to excess, If there’s not too much sun nor too much cloud, And the warm wind is neither still nor loud, Perhaps my secret I may say, Or you may guess. (Christina Rossetti) (url) 28.12.12
VIAGEM NO PASSADO POR CAUSA DO PRESENTE
Cartazes do CDS, 1976.
Hoje tudo é muito diferente em relação ao passado, mas também muita coisa é demasiadamente igual.
No final do século XIX, princípio do século XX, o
incipiente operariado português concentrava-se em poucas fábricas dignas
desse nome no Norte do país, em particular no Porto, e numa multidão de
pequenas oficinas em Lisboa e Setúbal e nas principais cidades do país.
Eram operários e operárias, tabaqueiros, têxteis, soldadores,
conserveiros, corticeiros, mineiros, padeiros, alfaiates, costureiras,
cinzeladores, cortadores de carnes verdes, carpinteiros, fragateiros,
estivadores, carregadores, carrejonas no Porto, carvoeiros, costureiras,
douradores, etc., etc. Havia uma multidão de criados e criadas, criadas
"de servir", e muito trabalho infantil em todas as profissões, em
particular nas mercearias, onde os marçanos viviam uma infância muitas
vezes brutal, dormindo na loja e carregando com cargas muito pesadas.
Falei em operariado, mas na verdade, muito poucos correspondem ao
conceito, porque se trata mais de artífices, trabalhadores
indiscriminados, e em muitos casos com profissões hierarquizadas em que
os aprendizes eram sujeitos a todos os abusos. Havia depois uma
aristocracia operária, essencialmente entre os que faziam tarefas
qualificadas e mais bem pagas, como era o caso dos tipógrafos, que
sabiam ler e por isso tinham um mundo social diferente. Antero de
Quental foi tipógrafo de passagem.
Deixo o campo de lado, em que a
maioria dos portugueses ainda vivia, onde havia igualmente um
território obscuro e pouco conhecido que despertou com a I República, os
trabalhadores rurais alentejanos. Estes viviam uma vida violenta e
esquecida no meio do deserto alentejano. Nos meios rurais vários grupos
de trabalhadores vegetavam na mais negra miséria e vendiam o seu
trabalho sazonalmente, nas vinhas do Douro, nos campos do Alentejo e
Ribatejo como maltezes e ratinhos. O que de mau se pode dizer das
cidades, pode-se dizer pior do campo ou das vilas piscatórias do litoral
e mineiras do interior.
A economia do mundo operário centrava-se
no salário muito escasso, na renda de casa, numa vila operária ou numa
"ilha" se fosse no Norte do país, onde se amontoavam em condições
higiénicas e sanitárias inimagináveis. A epidemia de cólera no Porto, e a
habitual ocorrência de tifo, demoraram muito anos a lembrar os
governantes do problema de insalubridade da "habitação operária" e deram
origem aos bairros sociais no salazarismo.
O vestuário masculino e
feminino era muito grosseiro, sarja, serapilheira, chita eram comuns e
os sapatos eram para usar aos domingos. Até à década de cinquenta do
século XX o pé descalço era um símbolo da pobreza portuguesa. Alpergatas
feitas com um bloco de madeira e uma tira de borracha de pneu eram o
calçado operário mais comum. As mulheres vestiam-se ainda como se
estivessem no campo e os homens já menos, mas mesmo assim o traje
operário, como o fato-macaco, demorou a tornar-se comum porque era caro.
A
alimentação era de péssima qualidade e a fome, e doenças associadas com
as carências alimentares, como o raquitismo, eram comuns. A tuberculose
era generalizada, e o alcoolismo um flagelo social. Eram igualmente
comuns os traços da varíola, da poliomielite, e em certas zonas do país
havia malária e kala-azar. Não havia dinheiro para ir ao médico e também
não havia muitos médicos e menos hospitais, já para não falar de
medicamentos. A dependência da caridade da igreja ou pública, sob formas
como a "sopa dos pobres", implicava regras de comportamento
disciplinares, subserviência e cabeça baixa. Havia muita mendicidade.
A
prostituição, a criminalidade e o roubo eram generalizados. Havia um
número elevado de "matriculadas" e um número ainda maior de mulheres que
se prestavam ocasionalmente à prostituição por razões económicas. A
violência sexual nas fábricas era uma forma de "direito de pernada" que
ninguém contestava e a violência nas famílias sobre as mulheres uma
hábito estabelecido. Em Lisboa a criminalidade "apache" de navalha,
vinho e fado era a regra, nos campos o assassínio bruto à paulada e a
machado associava-se ao roubo nos matos e ao incêndio de searas. A
reivindicação de polícia rural está alta na lista de todas as
associações de agricultores, como os senhorios urbanos temiam os seus
inquilinos.
A esmagadora maioria da população era analfabeta, e os
poucos que tinham algumas letras não passavam da instrução primária,
muitas vezes incompleta. No entanto, havia uma reverência à escola e à
instrução, como sinal de ascensão social. Para muitos pobres, o
seminário era a única escola possível.
Os trabalhadores não tinham
quaisquer direitos enquanto trabalhadores. Os patrões, fossem os
"industriais" com dinheiro brasileiro e títulos de barão e visconde, ou
os donos das pequenas oficinas de marcenaria ou de panificação, podiam
decidir tudo sobre os seus trabalhadores. Os horários podiam ser de sol a
sol, as condições de trabalho eram terríveis, os acidentes de trabalho e
as doenças profissionais comuns, as ordens de patrões e capatazes eram
indiscutíveis, os dias de doença não eram pagos, as faltas, por muito
justificadas que fossem, idem, e o despedimento não tinha qualquer
formalidade - chamava-se o trabalhador e "punha-se na rua". Ponto.
Durante
a segunda metade do século XIX, os operários começaram a organizar-se e
a reivindicar alguns muito escassos direitos. À medida que as antigas
corporações desapareciam, e com estas algumas confrarias que ofereciam
um escasso apoio social a grupos profissionais, apareciam associações
mutualistas que pretendiam em primeiro lugar garantir um funeral decente
em vez da carreta dos pobres e a vala comum, assim como algum apoio às
viúvas e aos filhos, que a morte deixava de imediato na pobreza
absoluta. Os peditórios eram comuns. Esse mundo da economia popular pode
ser visto por um observador atento que visite alguns bairros antigos de
Lisboa, onde encontra ainda restos da paisagem operária marcada pelas
lojas de penhor, pelas funerárias e pelas tabernas.
Os sindicatos,
no sentido moderno do termo, surgiram a partir das associações de
classe e de um espírito de resistência e auto-organização, que, não
sendo nunca muito forte, estabeleceu-se com tenacidade. Havia greves,
algumas violentas e tumultuárias, mas também era comum que um gesto
qualquer caritativo do patrão fizesse voltar os operários ao trabalho,
muito agradecidos com a benesse. A relação paternal entre o patrão e os
"seus" operários estava incrustada no tipo de relações sociais dominadas
pela clientela e pelo patrocinato. O caciquismo era a face política
dessas mesmas relações, a partidocracia actual a sua herdeira.
Do
seu lado, do lado das "classes laboriosas", havia muito pouca gente,
alguns raros filantropos com ideias progressistas, muitos filantropos
com ideias reacionárias, e, durante a sua breve vida, um Rei D. Pedro V.
E, pouco a pouco, legislação sobre o trabalho, as condições de
trabalho, a "previdência", e um embrião de um direito laboral foi
fixando horários, salários, regras, descontos, faltas, doenças,
obrigações, e, palavra maldita, do direito nasceram direitos adquiridos.
Estamos
a falar de cem, cento e cinquenta anos, mas saímos deste mundo há pouco
mais de cinco décadas, com muito sofrimento, esforço e trabalho,
consolidando melhorias e direitos. Na década de sessenta, a vida começou
a melhorar muito lentamente. A emigração representou a válvula de
escape para muita desta miséria, e na França, na Alemanha, como antes no
Brasil e Venezuela. Uma lenta mas construtiva industrialização,
iniciada nos anos cinquenta, e uma política de "fomento" permitiram,
junto com a economia colonial acicatada pela guerra, algum progresso
material. E Marcelo Caetano deu a reforma aos rurais e o 25 de Abril o
resto.
Foi um processo lento e nalguns aspectos pouco amável, que
incluiu uma revolução e alguma violência, cá e principalmente em
África. Conseguimos uma muito razoável integração dos "retornados", mais
eficaz pela plasticidade da sociedade portuguesa do que o que aconteceu
em França com os pieds noirs. Acabámos com os frutos malditos da
pilha de ouro entesourada no Banco de Portugal, a mortalidade infantil,
o analfabetismo, a pobreza, a absoluta desprotecção face aos
infortúnios do trabalho e da vida.
Melhorámos alguma coisa, mas
não muito. Mas foi tudo muito lento e muito tarde, o que significa que
os portugueses mais velhos ainda têm uma memória viva, muito
provavelmente biográfica, desta pobreza ancestral. Mesmo os que já não a
viveram sabiam pelos seus pais e avós que era assim, e isso significa,
ao mesmo tempo, um certo conformismo e alguma revolta.
O último
tempo onde mais negra foi a miséria portuguesa que ainda pode ser
lembrado pelos vivos foi por volta de 1943, o ano em que houve um
excedente da balança comercial que a imbecil ignorância actual se
permite louvar, sem saber do que está a falar. Ter havido excedentes na
balança foi bom, a razão por que isso aconteceu foi péssima. É essa
fractura entre a abstração e a realidade que torna obrigatório viajar
pelo passado por causa do presente. Tudo é muito diferente, mas também
muita coisa é demasiadamente igual. Esperemos que em 2013 não se torne
ainda mais parecida.
(Versão do Público de 22 de dezembro de 2012.)
(url) 24.12.12
2286 - The Oxen
Christmas Eve, and twelve of the clock.
"Now they are all on their knees," An elder said as we sat in a flock By the embers in hearthside ease. We pictured the meek mild creatures where They dwelt in their strawy pen, Nor did it occur to one of us there To doubt they were kneeling then. So fair a fancy few would weave In these years! Yet, I feel, If someone said on Christmas Eve, "Come; see the oxen kneel, "In the lonely barton by yonder coomb Our childhood used to know," I should go with him in the gloom, Hoping it might be so.
(Thomas Hardy)
(url) 23.12.12
O PRÉMIO NOBEL DA PAZ
De todos os prémios Nobel o mais desprestigiado é o da Paz. Tantas vezes entregue ao sabor das modas políticas, o Prémio Nobel da Paz tornou-se um arremedo gratificante apenas para quem vive dessa indústria do politicamente correcto. Desse ponto de vista, foi bem entregue à União Europeia, uma sombra de uma sombra de uma sombra tornada visível nos dias de hoje como directório alemão. Ou seja, o prémio não só não premeia nada de substantivo, como ajuda a manter uma ficção que cada vez vai dar mais para o torto. Aquilo que é hoje a União Europeia, - uma extensão da política alemã, aceite por necessidade e não por liberdade, - não é líquido que seja sustentável na próxima década. A colecção de ressentimentos, que muitos hoje engolem por pura necessidade, virá ao de cima de forma tumultuosa.
A velha e já póstuma Comunidade Europeia foi feita pelos fundadores exactamente para não ser aquilo que é hoje, foi feita para garantir a paz através da partilha de recursos, da coesão e da igualdade das nações. Mas a essa Europa, que o merecia, ninguém deu prémio nenhum.
(url) 22.12.12
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O MÉTODO: NO DIA SEGUINTE
Depois, no dia seguinte, uma declaração ministerial, ou uma fuga de informações, anuncia a intenção do governo de proceder a uma nova vaga de austeridade moral, para combater os privilégios e repor a justiça social, que a neutra e preocupante estatística do dia anterior exigia. Não faltam exemplos, entre os quais os mais recentes se centram nos “estudos” que o primeiro-ministro disse ter sobre como é que o “estado social” beneficia em primeiro lugar os que menos precisam, e sobre o severo número de dias de subsídio de desemprego pagos na Europa, por comparação com os excessos sumptuários dos portugueses, o que é pura e simplesmente falso.
Já disse e repito outra vez: as armas da retórica do poder assentam nas velhas técnicas da omissão da verdade e da sugestão de falsidade, a que se soma a velhíssima mentira. É por tudo isto, e pela facilidade de circulação de tudo isto (como já se passava com as estatísticas optimistas de Sócrates) que o espaço público é um lugar muito mal frequentado em Portugal.
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O MÉTODO: NO DIA ANTERIOR
É sempre o mesmo. Num dia assiste-se á divulgação de um relatório qualquer, com algumas estatísticas selectivas, cuidadosamente sublinhadas, em muitos casos de organizações com uma agenda ideológica e politica, e noutros casos manipuladas de forma grosseira, quando não falsas. O conteúdo é invariavelmente o mesmo: Portugal é um país de privilegiados, os funcionários públicos são os que tem mais regalias na Europa, os operários os mais bem pagos, os dias de férias mais numerosos, os subsídios abundam, um estado social falido despeja a sua cornucópia de abundância sobre gente que não quer trabalhar e espera tudo do paternalismo estatal. É o casino.
Depois do resumo distribuído pela LUSA, ou passado ao Correio da Manhã, de tais alarmantes números e constatações, os blogues ligados ao poder, muitos escritos por assalariados directos do governo, explodem de indignação. Imaginem lá até as mamas implantadas recebem subsídios! O mundo estaria a acabar se não fosse a determinação de Passos Coelho, Gaspar, Borges e Relvas (este é citado mais prudentemente…) em corrigir os desmandos do “regabofe” que, de Cavaco a Sócrates, mais os vícios de dependência dos portugueses, levou o país á bancarrota.
Depois, a comunicação social divulga sem verificação, sem contraditório e sem ouvir quem sabe sobre essas matérias ou porque as estudou, ou as ensinou toda a vida, ou escreveu livros, essa forma anti-mediática de expressão que dá muito trabalho a ler em vez de uma rápida procura no Google. Muitas vezes, em debates fora do prime time, quem verdadeiramente sabe sobe pelas paredes acima para tentar repor a verdade, mas não vale a pena. O sistema foi feito para a mentira conveniente e uma série de profissionais dessa mentira, em nome do marketing e da assessoria de comunicação, estão aconchegados nos gabinetes ministeriais, para fazer essa sale besogne de nos enganar.
(Continua.)
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2285 - Dear Corporation
(url) 17.12.12
(url) 16.12.12
(url) 15.12.12
(url) DEZ TENDÊNCIAS PARA 2013
1.De mal a pior - Esta é a mais sólida tendência para
2013. Tudo o que está suficiente será medíocre. Tudo o que está mau
ficará pior. Pobreza, desemprego, economia, dívidas, falências,
direitos, liberdades, garantias, corrupção, ataques à democracia.
2. O "exercício" vai ter maus resultados -
O primeiro-ministro chama "exercício" à governação, incapaz de escapar a
uma mescla de economês com a linguagem escolar que o caracteriza. O
"exercício" é o Orçamento, no "país de programa" que é Portugal. A
devastação intelectual do vocabulário corrente no poder é apenas mais um
sinal do nosso empobrecimento, da impregnação do espaço público por um
vocabulário de má consultora. Mas como vai ser possível insistir no
mesmo quando o "exercício" falhar? Vai. Vai, porque eles só sabem fazer
isto e não sabem o que fazem. O país corre o risco de ser entregue aos
que se seguem em muito pior estado do que foi recebido em 2011. Em Paris
vai haver um aprendiz de filósofo que se vai rir. Sem desculpa.
3. Haverá novos planos de austeridade -
Tão certo como dois e dois serem quatro. O primeiro chama-se
pomposamente "refundação do Estado" e recairá directamente em cima dos
funcionários públicos e dos pensionistas e indirectamente sobre os
portugueses que mais precisam dos serviços públicos, educação, saúde,
Segurança Social. Será anunciado em Fevereiro como um plano aberto para
discussão até Agosto, mas tudo já está decidido: cortar quatro mil e
500 milhões de euros permanentemente. Depois, em seguida, haverá novos planos
de austeridade, sempre que os números do "exercício" falharem.
4. A Grécia aqui tão perto - A
situação grega caracteriza-se, em linhas muito simples, pela conjugação
de números de "contabilidade criativa" apresentados a Bruxelas desde a
entrada no euro, pela instabilidade política e maiorias muito frágeis,
pela incapacidade de os governos cumprirem o que acordam com a Comissão,
o BCE e o FMI, por uma dívida gigantesca, pela inexistência de uma
fiscalidade eficaz, por muita corrupção, pela turbulência na rua,
manifestações em série e greves, pela existência de lóbis e corporações
poderosas e pela quebra maciça do poder de compra da população e
crescimento da pobreza exponencial nos últimos anos de "programa".
Em
que é que Portugal é diferente, ou vai a caminho de ser diferente?
Números criativos existiram nos últimos orçamentos Sócrates, embora numa
dimensão mais benigna. Instabilidade política é menor em Portugal, mas a
coligação é uma ficção muito frágil. A dívida é igualmente gigantesca
em Portugal e está a aumentar. O incumprimento do acordado com a troika
no défice, o aspecto central do "ajustamento", é total. A nossa
fiscalidade tornou-se mais eficaz na última década, mas pouco pode fazer
contra a fuga generalizada aos impostos, por fraude ou por absoluta
necessidade. A economia paralela está a crescer. As ruas portuguesas são
mais calmas do que as gregas, mas uma minoria violenta começa a
aparecer. Uma quebra maciça do poder de compra da população e o
crescimento da pobreza exponencial nos últimos anos de "programa" existe
em Portugal numa dimensão semelhante à grega, com tendência para ser
igual em 2013-4. A corrupção grega e portuguesa atingem extractos
diferentes da população, a nossa tende hoje a ser mais da "alta", mas no
seu conjunto está a agravar-se. Na verdade, muitos números são piores
na Grécia do que em Portugal, mas não parece haver nenhuma diferença
qualitativa entre as duas situações. A tendência é para Portugal ficar
cada vez mais "grego" à medida que o tempo passa.
5. Vai tudo parar aos tribunais - Em
2013, tudo vai parar aos tribunais com uma intensidade até agora nunca
vista. Autarquias, sindicatos, políticos, grupos de cidadãos, indivíduos
vão invadir os tribunais, dos tribunais comuns ao Tribunal
Constitucional, com queixas e reivindicações sobre atropelos, direitos,
garantias, abusos, que o Governo, o Estado, a maioria, tem vindo a
fazer. Desde decidir se é legítimo a candidatos apresentarem-se a
eleições após mais de três mandatos até à extinção de freguesias, ou à
equidade orçamental, rendas, avaliações, IMI, IRS, impostos, direitos
laborais, violações da lei, violação de contratos, etc., tudo vai parar
aos tribunais. É um processo muito arriscado e delicado: por um lado,
ameaça politizar os tribunais; por outro, representa a ultima instância
que pode garantir direitos e garantias e combater injustiças e
ilegalidades por parte do Estado e do Governo.
6. O PS continua no limbo -
Enquanto o PS tiver à sua frente António José Seguro, e for aquilo que
é, Seguro estará para Passos Coelho como Passos Coelho esteve para
Sócrates. Do mesmo modo que Passos Coelho e Relvas, frutos do aparelho,
descaracterizaram o PSD como partido social-democrata, e Portas faz
equilíbrios no arame para o mesmo não acontecer no CDS como partido
democrata-cristão, Seguro transformou o PS numa coisa amorfa e mole, sem
sentido nem direcção. Isso significa que a sua governação será muito
semelhante à de Passos Coelho em três aspectos fundamentais: trará o
aparelhismo para o Estado, será subserviente face aos poderes fácticos,
em particular a banca, e será muito incompetente. Como isso não
entusiasma ninguém, poderá lá chegar apenas pelo mesmo fenómeno de
rejeição do anterior Governo que levou lá Passos Coelho. Mas um remake é sempre pior do que o original, e o PS caminha para um desastre mais anunciado e rápido do que o PSD em 2011.
7. A coligação não é uma coligação é um ajuntamento de conveniência -
A coreografia da diferença e demarcação que deputados e governantes do
CDS fazem todos os dias, a começar por Portas, é penosa de se ver.
Quando discursam é para elogiar ministros do CDS, quando se calam é para
abafar com o seu silêncio a discordância activa que mantêm com Passos
Coelho e Gaspar. Não vai acabar bem, mas também já não está bem de todo.
8. O que sobra das nossas Forças Armadas não vai servir para nada -
A "refundação do Estado" vai atingir ainda mais as Forças Armadas, o
que é facilitado pela nula empatia dos governantes vindos das "jotas"
pela instituição militar e pela crescente deslegitimação da própria
existência de forças militares. Como a cada corte elas se tornam mais
frágeis, aparecem cada vez como mais inúteis, e perdem razões de
existência. Um dia, quando Portugal precisar de concorrer a um comando
estratégico para os nossos interesses nacionais, ou defender a nossa
ZEE, vai ver o que lhe falta, mas será tarde.
9. Os negócios entre a elite no poder vão continuar frutuosos - O nosso establishment
do poder, partidos - sector financeiro -, administração superior e
Governo, vai continuar a fazer o que sempre fez. A forma como o faz
muda, havendo agora uma centralidade do sector financeiro correlativa da
maior fragilidade dos outros sectores económicos. A banca é hoje parte
inteira da governação, definindo activamente os limites das decisões
governamentais e detendo um efectivo poder de veto. As privatizações e o
"ajustamento" são enormes oportunidades que estão a ser aproveitadas.
Elas permitem também alguma circulação das elites, entre a área
governamental, essa importante plataforma de intermediação que são as
sociedades de advogados e as consultoras, e os lugares de confiança nas
grandes empresas. Aqui dominam as personalidades com fortes ligações à
política que vivem na órbita dos partidos, mas acham que lhes são
superiores. Os aparelhos partidários estão por regra na parte intermédia
e baixa da cadeia alimentar, mas estão bem aí ancorados. Nos partidos, o
acesso ao poder continua a permitir a constituição de empresas cujo
objectivo é usufruir das ligações privilegiadas para obter fundos e
benesses. Antes era a área da formação a mais importante, hoje isso
faz-se à volta de empresas de comunicação, marketing, assessoria e
consultadoria, mas o esquema é o mesmo.
10. O "bom povo português" vai ficar mau - A razão é muito simples: não aguenta. Nem vale a pena perder tempo e palavras com isto. Está escrito nas estrelas.
(Versão do Público de 8 de Dezembro de 2012.)
(url) 14.12.12
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COISAS DA SÁBADO:
CARIDADE E SOLIDARIEDADE
Evitei entrar na primeira polémica resultante das palavras de Isabel Jonet, embora não tivesse nenhuma dúvida sobre o seu significado “mental” e sua história. Mas Jonet faz uma obra de mérito, e a obra vale mais do que a “teoria”, pelo que alguma moderação era exigida. Há casos em que apesar de se pensar mal, se faz bem. Não abundam, mas existem. Mas, como disse, não tinha qualquer dúvida de que memória é que vinham as suas afirmações, que seriam sensatas se não fossem ditas no contexto da actividade caritativa e do actual discurso governamental sobre como “os portugueses vivem acima das suas posses”. Vinham de ideias como as que caracterizaram cinquenta anos de pensamento sobre a pobreza em Portugal, expressas na frase brutal, mas actualíssima, “leve lá uma esmola, mas não gaste em vinho”.
POLITIZAR A CARIDADE
Jonet em vez de ter percebido o mal que está a fazer à sua própria obra, – e que, como é óbvio, não pode ser medido pela contribuição generosa dos portugueses, que também sabem fazer distinções, - resolveu insistir e teorizar. Está com isso a politizar no pior sentido a actividade do Banco Alimentar e a prejudicar o esforço da única instituição que a nível nacional actua com genuíno sentido de “caridade”, a Igreja. Quem escreve estas linhas propôs, em tempos ainda socráticos, que os fundos que o estado disponibiliza para a assistência fossem atribuídos a instituições da Igreja que sabem muito melhor a quem eles devem chegar e com maior eficiência. E não mudei de opinião. Tenho porém poucas dúvidas que algumas das pessoas mais preocupadas com a crescente politização do discurso de Jonet são os bispos, que conhecem a realidade portuguesa muito melhor: no aspecto assistencial, social e político. E sabem o papel que teve a doutrina social da Igreja na transição da caridade para a solidariedade, da evolução da assistência paternalista para os direitos sociais.
Para não ir mais longe, Sá Carneiro não só perceberia de imediato o que Jonet está a dizer, como o recusaria sem dúvidas em nome da sua formação humanista e religiosa, as duas. Sá Carneiro, e isso ficou inscrito no programa original do PSD, valorizava o papel que a dignidade humana tinha e, se não reduzia o “homem”, na sua dimensão transpolítica, ao conceito de “cidadão”, também não substituía os direitos pelas benesses da caridade, por muito dedicadas e esforçadas que sejam. A caridade é para quem precisa e muito, mas a solidariedade social é um fundamento do estado moderno, pensado por democratas-cristãos e social-democratas. E os direitos “adquiridos” são uma identidade da “melhoria” colectiva das sociedades, fruto da justiça social e dadores de dignidade e de liberdade.
SUBSTITUIR DIREITOS PELA ASSISTÊNCIA
O que Jonet disse ao i foi o oposto. Valorizou a caridade no sentido tradicional cristão, o que em nada me choca. A semana passada usei a mesma palavra nesta coluna, no mesmo exacto sentido de “agape”, para falar da obrigação que sentia de escrever sobre a crise. Mas não parto daí para a ideia que se deva contrapor a caridade à solidariedade, a boa vontade voluntária do “amor” assistencial face à obrigação social do estado. É o que Jonet diz:
Na verdade, a “caridade” não é “quente” devido ao “amor”, face ao “frio” da solidariedade do estado, porque não são a mesma coisa, a não ser que a caridade cometa o pecado de se vangloriar de si mesma, ou seja, assumir uma vaidade mundana, e violar o preceito bíblico de que “não saiba a tua mão esquerda, o que faz a direita”. Então a caridade deixa de ser “amor” para ser uma proposta política de organização da sociedade.
Este tipo de comparações levariam a uma sociedade em que a exclusão seria institucionalizada como poder, em que os problemas sociais seriam resolvidos pela dádiva dos mais ricos aos mais pobres, o que contém implícita uma ideia sobre o poder “natural” da sociedade e sobre a relação paternalista entre os que têm e os “seus” pobres, a quem, no passado ainda próximo, o diminutivo colocava no lugar, os “pobrezinhos”, crianças grandes, pobres mas “honrados”, nas suas casinhas humildes, mas limpas. Este tipo de ideias sobre a pobreza são ofensivas da dignidade humana e implicam uma relação humilhante entre quem dá e quem recebe, em particular quando a caridade se mistura com “conselhos” de como se deve viver, uma arrogância moral insuportável face a quem não pode viver como queria. “Leve lá uma esmola, mas não gaste em vinho”.
POBREZA E VERGONHA
Por que é que as pessoas “escondem” a sua pobreza quando caiem nela? É porque recorrer à caridade pode ser uma necessidade imperiosa, mas é uma perda de dignidade social e humana, uma humilhação. É uma “vergonha”. É por isso que quem em política pensa como Jonet, tende a desvalorizar o imenso sofrimento que a crise está a provocar, nas suas dimensões psicológicas e humanas, muito para além das necessidades básicas de casa, comida, luz, água e transportes, medicamentos e roupa. Porque quando é assim, e é o que Jonet anda a fazer com as suas declarações, elas não são sobre a caridade, mas sobre a sociedade e a política e devem ser discutidas como tal.
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2283
It is better to leave a vessel unfilled, than to attempt to carry it when it is full. If you keep feeling a point that has been sharpened, the point cannot long preserve its sharpness. When gold and jade fill the hall, their possessor cannot keep them safe. When wealth and honours lead to arrogancy, this brings its evil on itself. When the work is done, and one’s name is becoming distinguished, to withdraw into obscurity is the way of Heaven. (D.H. Lawrence) (url) 13.12.12
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2282 - Ludwig van Beethoven's Return to Vienna
Oh you men who think or say that I am malevolent, stubborn, or misanthropic, how greatly do you wrong me.... The Heiligenstadt Testament Three miles from my adopted city lies a village where I came to peace. The world there was a calm place, even the great Danube no more than a pale ribbon tossed onto the landscape by a girl's careless hand. Into this stillness I had been ordered to recover. The hills were gold with late summer; my rooms were two, plus a small kitchen, situated upstairs in the back of a cottage at the end of the Herrengasse. From my window I could see onto the courtyard where a linden tree twined skyward — leafy umbilicus canted toward light, warped in the very act of yearning — and I would feed on the sun as if that alone would dismantle the silence around me. At first I raged. Then music raged in me, rising so swiftly I could not write quickly enough to ease the roiling. I would stop to light a lamp, and whatever I'd missed — larks flying to nest, church bells, the shepherd's home-toward-evening song — rushed in, and I would rage again. I am by nature a conflagration; I would rather leap than sit and be looked at. So when my proud city spread her gypsy skirts, I reentered, burning towards her greater, constant light. Call me rough, ill-tempered, slovenly— I tell you, every tenderness I have ever known has been nothing but thwarted violence, an ache so permanent and deep, the lightest touch awakens it. . . . It is impossible to care enough. I have returned with a second Symphony and 15 Piano Variations which I've named Prometheus, after the rogue Titan, the half-a-god who knew the worst sin is to take what cannot be given back. I smile and bow, and the world is loud. And though I dare not lean in to shout Can't you see that I'm deaf? — I also cannot stop listening.(Rita Dove) (url) 10.12.12
Há um aspecto desta crise que está longe de ser enunciado e analisado: é que ela é para milhões de portugueses um ponto sem retorno. Ou seja, nunca mais vão deixar o nível de pobreza em que estão a ser mergulhados. Mesmo que possa haver a prazo médio ou longo alguma recuperação económica e do emprego, não será para eles, nem no seu tempo, nem nas suas oportunidades. Para estes é que, em primeiro lugar, a crise é mais trágica, definitiva, cruel. E não há nem uma palavra, nem uma acção que os possa salvar.
Estou a falar das pessoas e das famílias que o desemprego, os impostos, os salários e o custo de vida vão atirar para a linha abaixo da pobreza. Como é que a vão ultrapassar de novo na sua vida útil? Sim, na sua vida útil, que é o que conta. Vai haver emprego para os actuais desempregados? Nunca, jamais, em tempo algum, podem esperar voltar a ter emprego. Se alguma recuperação existir no emprego, será muito pequena e favorecerá os mais novos, e novos aqui é na casa dos vinte anos. Vão conhecer uma vida mais barata, preços mais baixos da renda, da luz, gaz, água, transportes? Nunca, jamais, em tempo algum, tal é previsível nas próximas décadas. Vão poder por milagre pagara as suas prestações e dívidas? Com que dinheiro? Vai diminuir a carga fiscal? Talvez daqui a cinco, dez anos, na melhor das hipóteses, mas sempre pouco. Os impostos têm a característica de se instalarem para a eternidade. Os estragos feitos em 2013, 2014, são para já suficientes para destruírem milhares de pequenas empresas e lançarem na insolvência milhares de família. Como é que se volta atrás? O governo não sabe como, nem quer saber. É o “ajustamento”.
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Para esses portugueses, há que substituir direitos, essa coisa dos proto-comunistas, mal habituados ao seu salário e ao seu contrato, por caridade púbica, assistência social e comida do Banco Alimentar. É assim que eles estão bem, impossibilitados de se defenderem, face a um governo que quebra os contractos unilateralmente com os mais fracos, usa o seu dinheiro descontado nos salários para a reforma a seu belo-prazer, domados na sua dignidade e envergonhados de si próprios. E a cada acto público de caridade, têm que ouvir essa ancestral frase: “leva lá essa esmola, mas não gastes em vinho”.
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Eu sei bem o peso semântico de uma palavra como vingança, mas não posso escapar-lhe. Quando lemos e ouvimos o actual discurso do poder, em toda a sua extensão, do primeiro-ministro, da maioria dos governantes (nem todos), do establishment do poder aos blogues serventuários, à escrita e ao comentário de bajulação e de legitimação, percebe-se um tom revanchista que transpira por todo o lado. Pode ser a pretexto de Sócrates, do PS, dos grevistas, dos estivadores, dos funcionários públicos, do Estado, dos que querem continuar “como dantes”, dos que “tem direitos a mais”, dos que querem esconder-se atrás do “escudo de uma Constituição obsoleta”, dos que não querem sair da sua “zona de conforto”, mas é na verdade sobre Portugal e os portugueses que se usa esse tom. Os portugueses têm de mudar de vida pela pobreza e pela virtude, pelas ideias simples e rudimentares de quem nunca passou de vagas e ignorantes noções obtidas pelas modas nos media e nos blogues, alicerçada depois pela vaidade das companhias “certas” dos grandes do mundo. Por isso, o espírito de vingança está lá, contra os portugueses que apanharam todos no maior charter do mundo e foram ao México passar férias em Acapulco, andar de sombrero, ouvir mariachis e beber tequila e por isso devem ser agora punidos colectivamente por um retorno à pobreza purificadora.
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ESCAPISMO
Não há nesta matéria um “bom” escapismo, só escapismo. E o escapismo ajuda os poderosos a legitimarem aquilo que é ilegítimo: uma espécie de vingança colectiva contra a maioria dos portugueses, tidos como culpados dos desmandos dos seus governantes, por egoísmo, por pieguice, por que não tem espírito de empreendedores, porque estão habituados ao bom e ao melhor e a viverem “acima das suas possibilidades”.
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ESCREVER SOBRE A CRISE
Estamos todos fartos de escrever sobre a crise, e eu em particular. Mas existe uma certa obrigação ética e “crítica” em fazê-lo, até porque isso é uma obrigação de comunhão e testemunho com os nossos concidadãos e com a nossa comunidade. Repare-se na abundância do prefixo “co”, com. É isso mesmo. Esta é uma obrigação que não é apenas racional, não emana da verificação de haver boas ou más políticas, e da sua identificação crítica, mas emana de um domínio afectivo de se querer “estar com”.
Se o nosso catolicismo não estivesse tão impregnado de hipocrisia, e a palavra não estivesse adulterada pelas piores práticas, é isso que significa “caridade”, o “agape” dos gregos, a que se soma o “testemunho”. Esta última palavra tem uma origem que pode surpreender muita gente, - vem de “testículos”, - e num certo sentido agora é que se vai ver quem os tem ou não tem. Esta combinação serve-me e obriga-me a continuar a escrever sobre a crise.
(Continua.)
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HOJE DE NOVO
Foi publicada a primeira nota sobre as eleições autárquicas de 2013 (CDS
de Torres Vedras), numa altura em que várias pré-campanhas já estão em
curso. Nas eleições de 2009, o EPHEMERA publicou materiais de mais de
dois terços dos concelhos, a maior cobertura jamais feita na Rede e fora
dela de umas eleições deste tipo, muito difícil dada a dispersão
geográfica e a diversidade de candidatos, partidos e campanhas
independentes. Foi um esforço colectivo em que participaram cerca de 100
amigos do EPHEMERA de todo o país. Muitos materiais de 2009 estão ainda
por publicar, assim como muitos outros de campanhas anteriores
existentes em arquivo. Vou tentar garantir a publicação de maior número
desses materiais antes das eleições de 2013 (já foi feito para os
Independentes de Tomar, o PS em Ovar, várias freguesias de Vila Nova de
Gaia, o PS e o CDS de Vila Real), mas RENOVO DESDE JÁ O APELO A TODOS OS AMIGOS E COLABORADORES PARA SE COMEÇAR A RECOLHA.
Notícias sobre um importante espólio:
(url) (url) 9.12.12
(url) 8.12.12
EARLY MORNING BLOGS
The moon is the mother of pathos and pity. When, at the wearier end of November, Her old light moves along the branches, Feebly, slowly, depending upon them; When the body of Jesus hangs in a pallor, Humanly near, and the figure of Mary, Touched on by hoar-frost, shrinks in a shelter Made by the leaves, that have rotted and fallen; When over the houses, a golden illusion Brings back an earlier season of quiet And quieting dreams in the sleepers in darkness— The moon is the mother of pathos and pity. (Wallace Stevens) (url)
© José Pacheco Pereira
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