ABRUPTO

29.12.12


ALGUÉM ME EXPLICA 

Ele há notícias particularmente bizarras e que passam como sendo as mais normais do mundo. Por exemplo, citando o i e o Público

O presidente executivo do Banco Espírito Santo (BES), Ricardo Salgado, prestou voluntariamente declarações no âmbito do caso Monte Branco (…) O banqueiro deslocou-se esta terça-feira, a título voluntário, às instalações do DCIAP para testemunhar sobre o que "fosse considerado necessário pelas autoridades com vista ao cabal esclarecimento dos factos", afirmou uma fonte oficial do BES. Segundo adiantou a mesma fonte, Ricardo Salgado foi ouvido na qualidade de testemunha, “enquanto cidadão, e não na qualidade de presidente da Comissão Executiva do BES”, não tendo “conhecimento da necessidade de outras diligências".

 O que é “prestar declarações voluntariamente” numa investigação de um crime? Ou seja, alguém chega ao DCIAP e diz, “façam o favor de me ouvirem”, eu não fui chamado, não fui convocado, nada sei sobre o crime em causa senão tê-lo-ia denunciado em tempo, mas mesmo assim “façam o favor de me ouvir”, como vulgar “cidadão” e como “testemunha” (de quê?). O que é que como “cidadão” Ricardo Salgado “testemunhou” sobre a rede de fuga e branqueamento de capitais investigada pelo Ministério Público? Pensei que esta figura de “declarações voluntárias” sobre “os factos” nestes termos não existia, mas parece que sim. Pelo menos é assim que vem descrita, sabendo-se que dela não resultou “a necessidade de outras diligências”. Mas por que razão é que teria que haver “outras diligências”, dado que o “cidadão”, fora da sua qualidade profissional de presidente da Comissão Executiva do BES, nada sabe do assunto? 

Isto está cada vez mais confuso. Ou não.

(url)

© José Pacheco Pereira
Site Meter [Powered by Blogger]