ABRUPTO

3.9.07


LENDO
VENDO
OUVINDO

ÁTOMOS E BITS

de 3 de Setembro de 2007


Notas avulsas de um leitor compulsivo de jornais e revistas, em linha e em papel:

- o Expresso melhorou muito a sua componente em linha embora a pouca selectividade dos feeds perturbe a leitura de "última hora" que permanece melhor no Público ;

- o "Actual" do Expresso parece que tem sempre a mesma capa e a capa é muito baça e pouco interessante;

- a Focus está melhor na direcção de Nuno Ramos de Almeida;

- o mais estranho de todos os semanários portugueses é o Semanário, um verdadeiro mistério na sua existência, na sua redacção, no seu arranjo gráfico, nas suas "notícias". Estas são na sua maioria delirantes, e basta coleccionar os títulos de primeira página para o perceber. E no entanto, de vez em quando, contém informações de primeira mão e de primeira água, a que ninguém liga, mas que falam a favor do carácter muito peculiar das suas fontes.
As fontes do PSD no Semanário são também transparentes para um conhecedor, mas interessantes sobre os bas fonds parlamentares e outros. São uma sobrevivência quase arqueológica do tempo em que quase todo o noticiário político era aí produzido.

*
Escrevo-lhe por ter visto um momento no Telejornal da RTP1 deste domingo que me deixou profundamente incomodado, quer pela reacção dos entrevistados, quer pela “normalidade” com que este tipo de acontecimentos vai sendo encarado por parte do público.

Num directo a propósito do regresso dos portugueses de férias e do trânsito (invariavelmente esta classificação de “portugueses” mais não é, para os canais televisivos, do que os lisboetas que regressam à capital no final de Agosto), dois agentes da Brigada de Trânsito da GNR, mandavam alguns automobilistas sair da estrada e encaminharem-se para um ponto de reportagem da RTP onde eram questionados sobre assuntos tão diversos como o seu local de origem, o local de destino e o tempo que teriam perdido na fila à entrada da Ponte 25 de Abril. Assim, sem mais, e com o próprio jornalista a referir-se a um “ponto de reportagem improvisado” com a complacência das autoridades para poder saber o que tinham os automobilistas a dizer sobre o facto de estarem numa fila há 1h30 minutos! Aliás, pelo que percebi, e apesar de viver nos Açores, as filas de ontem nem sequer seriam maiores do que o normal num qualquer dia de trabalho, tendo em conta que, por exemplo, em Dezembro do ano passado demorei uma hora e vinte para fazer o trajecto entre o Aeroporto e o Estádio da Luz.

Sinceramente, nem sei o que pensar quando vejo agentes da autoridade aceitarem servir de ajudantes de produção dos canais televisivos, seleccionando “figurantes” para participarem num Telejornal. Mais estupefacto fico quando vejo que a generalidade dos automobilistas aceita este tipo de comportamento por parte das autoridades e aceita passivamente que polícias fardados se dediquem a este tipo de actividade.

Será normal, por esse mundo fora, colocar os agentes da polícia a seleccionar automobilistas para participarem em Telejornais?

(Nuno Mendes)

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