Light spreads darkly downwards from the high Clusters of lights over empty chairs That face each other, coloured differently. Through open doors, the dining-room declares A larger loneliness of knives and glass And silence laid like carpet. A porter reads An unsold evening paper. Hours pass, And all the salesmen have gone back to Leeds, Leaving full ashtrays in the Conference Room.
In shoeless corridors, the lights burn. How Isolated, like a fort, it is --- The headed paper, made for writing home (If home existed) letters of exile: Now Night comes on. Waves fold behind villages.
É como se tivesses mãos ou garras milhões de dedos braços infinitos É como se tivesses também asas libertas do minério dos sentidos É como se nos píncaros pairasses quando nas nossas veias é que vives É como se te abrisses - ó terraço rodeado de abutres e raízes - sobre o perene pânico dos astros sobre a constante insónia dos abismos E é como se te abrisses e fechasses sobre a antepalavra do Espírito É como se morresses quando nasces É como se nascesses quando expiras
II
Ó claridade Ó vaga Ó luz Ó vento que no sangue desvendas labirintos Ó varanda no mar sempre Setembro Ó dourada manhã sempre Domingo Ó sereia nas dunas irrompendo com as dunas e o mar se confundindo Ó corpo de desperta adolescente já no centro de incógnitos caminhos que por fora te aceitas e por dentro pões em dúvida o sol do teu fascínio Ó dúvida que avanças mas por entre volutas de pavor que vais cingindo Ó altas labaredas Ó incêndio Ó Musa a renascer das próprias cinzas
III
Só tu a cada instante nos declaras que renegas a voz de quem divide Que a única verdade é haver almas terrível impostura haver países Que tanto tens das aves o desgarre como o expectante frémito do tigre tanto o céu indiviso que há nas águas quanto o múltiplo fogo que há no trigo Que és igual e diversa em toda a parte Que és do próprio Universo o que o sublima Que nasces que te apagas que renasces em procura da límpida medida Que reges o mais puro e o mais alto do que Deus concedeu às nossas vidas
Os movimentos anti-globalização foram mais uma vez manifestar-se no sítio onde se vai realizar o G8, “contra a pobreza” gerada pelo capitalismo. Este é um dos maiores enganos que se pode alimentar: grande parte da pobreza africana não existe à míngua de ajuda humanitária, mas devido à enorme corrupção dos regimes africanos, à engenharia social, cópia mimética do marxismo europeu, que levou à destruição do pouco que os regimes coloniais tinham deixado, às guerras civis tribais e, se se quiser, nos tempos mais recentes, ao proteccionismo, principalmente europeu, que impede muitos produtos agrícolas africanos de entrarem nos mercados ricos. É mais globalização que os países pobres de África precisam e acima de tudo, intransigência contra a corrupção dos seus dirigentes.
Estava a pensar escrever isto, ao ver o folclore escocês, quando a RTP1 passa uma pequena peça sobre Angola, em que a palavra corrupção não é pronunciada, e em que não se explica como é que se pode ter petróleo e diamantes, um dos melhores e mais bem equipados exércitos de África, uma elite riquíssima que manda os filhos estudar para a Suiça e…nada para a esmagadora maioria da população. Mas a culpa é do capitalismo e do G8. É isto informação.
O vento está o que está. Uma trepadeira funciona como um lençol ao vento, ondula de uma ponta à outra, com suavidade e força, porque está muito vento. Ferros, arames, entrelaçados nos ramos, dobram-se e estendem-se para voltar ao sítio inicial. Dois pontos permanecem absolutamente rígidos, onde nada se move. Em cada um, dentro de cada um, está um ninho. Quem sabe, sabe.
Nem sempre o corpo se parece com um bosque, nem sempre o sol atravessa o vidro, ou um melro cante na neve. Há um modo de olhar vindo do deserto, mirrado sopro de folhas, de lábios, digo.
Faz-me o dia! Vê lá se te atreves! Faz-me o dia! Deixem-se lá de anglicismos!Dá-me um gosto! Brinda-me! Chega-te cá! Disseram eles. E fez mesmo. E não é que fez mesmo!
Ontem em Peniche, na Fortaleza, na cela de Cunhal, em cima de cada um dos seus desenhos, tinha sido deixada uma flor de sardinheira vermelha . As flores já estavam murchas, já lá devem estar há vários dias, deixadas por alguém que assim o quis lembrar na morte. Não faltava uma única, sinal que ninguém interferiu na homenagem simples. Mais: quem passava, arranjava o humilde ramo, da mais humilde e resistente planta, de modo a ficar bem no centro do desenho. Vi fazer o mesmo em Veneza, no túmulo de Pound. Mas aqui há outra coisa. Se Cunhal não fosse quem fosse, estariamos a caminho de ter santo.
Cantan os galos pra o día érguete, meu ben, e vaite. - ¿Cómo me hei de ir, cómo me hei de ir e deixarte?
- Deses teus olliños negros como doas relumbrantes, hastra as nosas maus unidas as bágoas ardentes caen. ¿Cómo me hei de ir si ca lengua me desbotas e co corasón me atraes? Nun corruncho do teu leito cariñosa me abrigaches; co teu manso caloriño os fríos pes me quentastes; e de aquí xuntos miramos por antre o verde ramaxe cál iba correndo a lúa por enriba dos pinares. ¿Cómo queres que te deixe? ¿Cómo, que de ti me aparte si máis que a mel eres e máis que as froles soave?
- Meiguiño, meiguiño, meigo, meigo que me namoraste, vaite de onda min, meiguiño, antes que o sol se levante.
- Ainda dorme, queridiña, antre as ondiñas do mare; dorme porque me acariñes e porque amante me chames, que sólo onda ti, meniña, podo contento folgare.
- Xa cantan os paxariños. Érguete, meu ben, que é tarde.
- Deixa que canten, Marica; Marica, deixa que canten... Si ti sintes que me vaia, eu relouco por quedarme.
- Conmigo, meu queridiño, mitá da noite pasaches.
- Mais en tanto ti dormías, contentéime con mirarte, que así, sorrindo entre soños coidaba que eras un ánxel, e non con tanta purea e non con tanta pureza ó pe dun ánxel velase.
- Así te quero, meu ben, como un santo dos altares; mais fuxe..., que o sol dourado por riba dos montes saie.
- Iréi; mais dame un biquiño antes que de ti me aparte, que eses labiños de rosa inda non sei cómo saben.
- Con mil amores cho dera; mais teño que cofesarme, e moita vergonza fora ter un pecado tan grande.
- Pois confésate, Marica, que, cando casar nos casen, non che han de valer, meniña, nin confesores nin frades. ¡Adiós, cariña de rosa!