ABRUPTO |
semper idem Ano XIII ...M'ESPANTO ÀS VEZES , OUTRAS M'AVERGONHO ... (Sá de Miranda) _________________ correio para jppereira@gmail.com _________________
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28.10.12
CONTRA O PENSAMENTO BALOFO (5)
Um
povo não são os "meus colaboradores". Ou os "meus empregados". Ou "os
meus trabalhadores". Ou o "pessoal". Ou os "meus funcionários". O povo
não são "meus" coisa nenhuma.
Vocês é que são deles. Um povo não é uma abstracção a não ser na retórica política má. Não é o que está nas ruas, como pensam a esquerda e Passos Coelho e Gaspar, irmanados pela mesma ideia simples. É mais do que aquele que se manifesta, mas também é o que se manifesta. Uma regra é que para cada um que dá a cara e o corpo na rua, "manifestando-se", dizendo que existe e o que quer e o que não quer, há cem que não foram, mas concordam, poderiam estar lá. Não é uma estatística brilhante para o Governo. Para evitar que todos percebam que é assim, e minimizar o efeito devastador de uma rua à solta e hostil, não basta tentar "engolir" as manifestações "boas" e ignorar as "más", é preciso fazer alguma coisa mais. Se o Governo acha que a maioria dos portugueses está com ele, tem que apelar à "boa rua" contra a "má rua". É um clássico. Aliás, Passos Coelho sugeriu-o há algum tempo (pouco) com um apelo à "maioria silenciosa" numa intervenção em que ninguém reparou, nem sequer a "maioria silenciosa". Será que enche o Terreiro do Paço como os comunistas da CGTP? Reflexão para um governante peculiar: quando o "melhor povo do mundo" me chama "gatuno", talvez seja melhor pensar duas vezes. Ou muito mais vezes. Talvez o "melhor povo do mundo" não seja assim tão bom. Vamos cauterizá-lo com impostos em nome do patriotismo, a ver se ele melhora e se mostra outra vez "paciente".
(Continua.)
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© José Pacheco Pereira
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