ABRUPTO

27.10.12


 CONTRA O PENSAMENTO BALOFO (1)


Há pensamento balofo a mais. Repetido. Impensado, uma contradição nos termos. Que repete todos os rodriguinhos que por aí circulam. Uns a favor e outros contra. "A culpa é dos funcionários públicos", "a crise seria uma desgraça porque ficávamos como a Grécia", "não somos como a Grécia", "é preciso antes que tudo manter a estabilidade política", "a troika que se lixe", "não há políticas de crescimento", "a nossa carga fiscal ainda é baixa" (sim, há quem diga isto), "o nosso ajustamento está a correr melhor do que o esperado", "restaurámos a credibilidade de Portugal nos mercados", "o Governo tem um problema de comunicação", "estas políticas são inevitáveis", "não há alternativas", "ninguém apresenta alternativas", "as manifestações ameaçam fazer perder tudo o que o Governo conseguiu no último ano", "precisamos de mais tempo e de mais dinheiro", "enquanto a Europa não mudar, não podemos fazer nada", "só o federalismo e a cedência de soberania podem resolver o nosso problema", "não se muda de direcção a meio do caminho", "há muita coisa a correr bem", "é necessário baixar salários para sermos competitivos", "cortar nas despesas é cortar nas funções sociais do Estado", "estamos a fazer todos os esforços para cortar na despesa pública", "se este orçamento não passar, daí a uma semana não há dinheiro para pagar salários", "não há crise política", "o comunicado do CDS acabou com a crise política", "as medidas são boas, foram é mal explicadas", "vamos cumprir os números do défice custe o que custar", "não cumprimos este ano, mas a troika, para nos premiar por tentarmos, deu-nos mais um ano", "a recessão é inevitável", "desemprego é inevitável", "quando é que saímos da recessão? Não se pode saber", "o modelo não funcionou? Bem pelo contrário, funciona perfeitamente", etc.


(Continua.)

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© José Pacheco Pereira
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