ABRUPTO

24.9.11


A ILUSÃO DE QUE O “ESTADO SOCIAL” ESCAPA

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A próxima geração terá menos qualificações, encontrará um ensino de pior qualidade, a mão-de-obra portuguesa que já tem um problema de qualificações, será menos habilitada. A saúde recuará na qualidade dos serviços médicos e de enfermagem. De um modo geral todos os serviços públicos ficarão piores. A burocracia tornar-se-á mais opressiva, os tempos de espera maiores, as oportunidades para a corrupção crescerão. A justiça permanecerá lenta e será mais cara. Embora ninguém queira saber disso para nada, as nossas forças armadas serão reduzidas a junk, com material obsoleto, sem aviões que possam sobrevoar a Europa e sem navios para proteger a nossa ZEE, e sem autoridade internacional para manter comandos de área que correspondem a interesses estratégicos de Portugal. Por aí adiante.

Quando a “crise” acabar, se é que acaba, o país terá recuado uns largos anos no seu desenvolvimento. É verdade que algum do “desenvolvimento” passado foi artificial e agora chegou a conta do crédito ao consumo, ou seja, para usar o chavão corrente, “vamos viver com as nossas posses”. É muito provavelmente inevitável, mas não estou certo de que o nosso recuo seja virtuoso por si, como alguns ideólogos e propagandistas do governo pensam que é.

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© José Pacheco Pereira
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