ABRUPTO

13.8.11


COISAS DA SÁBADO: DOIS CRITÉRIOS: UMA PARA A RTP, OUTRO PARA A EDP E A GALP

(Continua daqui.)

Aliás é interessante de ver como a argumentação a favor da privatização do sector empresarial do estado contém uma duplicidade essencial: para a electricidade, o petróleo, os caminhos-de-ferro, as telecomunicações, o “interesse” e o “serviço” público é suposto ser salvaguardado pela regulação, no caso da RTP ninguém fala nisso mas sim num “serviço público” pré-definido que justifica que parte da RTP ficará sempre no estado. Se o “modelo”, que está em grande parte pré-definido, pelo que não se percebe que irá fazer a comissão liderada por João Duque (que se for coerente com as suas posições quanto ao sector empresarial do estado pedirá a privatização do sector de comunicação social pública…), for o de privatizar um canal e depois rearranjar o resto, a RTP continuará a RTP paga pelos nossos impostos, num meio audiovisual muito mais enfraquecido. Se se confirmar que, com comissão ou sem ela, irá ser dado um canal à Ongoing, e a RTP permanecerá com um canal público de informações em sinal aberto, pago por nós e controlado pelo governo, e com muita da tralha que contém hoje, a operação é pura e simplesmente uma manobra política para garantir cumplicidades e para enfraquecer adversários potenciais. Não deriva de qualquer vontade de privatizar a comunicação social do estado, nem de racionalizar o sector. E se for assim, ficamos pior do que o que estamos.

SINAIS

Se o caminho for vender um canal e manter uma RTP com um canal de informações público (o que interessa ao poder político) em sinal aberto, um dos sinais vai ser uma qualquer “reestruturação” que implique que, em vésperas da “privatização”, o governo injectará mais dinheiro na RTP. Não se compreende que, se há assim tanto interesse privado no canal a vender, os custos da operação de compra sejam minimizados pelo escasso dinheiro dos nossos impostos.

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© José Pacheco Pereira
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