ABRUPTO

20.11.10


COISAS DA SÁBADO: TEORIAS SOBRE AS LEITURAS EM VIAGEM

Quando viajo tenho sempre uma opção difícil de leituras que me faz andar um pouco tonto de estante em estante, ou de pilha em pilha de revistas e jornais para decidir o que vou levar. As opções são duas: ou sou leitor de um livro só, a opção totalitária, ou levo uma tonelada de coisas e faço leituras pêle-mêle ou en vrac. Hoje isto vai de galicismos em vez de anglicismos. Normalmente decido não decidir e levar livros e revistas para as duas opções, a que se soma a única coisa boa que há em aeroportos, a imprensa internacional do dia.

Claro que há dois factores a condicionar esta opção; a duração dos voos ou das esperas, e a existência de livrarias em línguas estendíveis nos destinos. Esta última avaliação sobre os livros que vou comprar sai sempre errada, porque foi a opção que fiz para duas recentes viagens, para a Letónia e para a Gronelândia, e tive que comprar sacos de viagem no regresso porque os livros não cabiam. Mesmo em letão havia sempre uma história ilustrada das guerrilhas anticomunistas do pós-guerra, e, no meio dos icebergs, sempre aparecia um livrinho sobre Narsarsuaq, a sua pista aérea e os seus 158 habitantes. De qualquer modo nas longas viagens árcticas a opção totalitária por um livro só, neste caso a grande, no duplo sentido de excelente e volumosa, história da guerra da secessão americana de James McPherson, revelou-se acertada. No meio da escassa luz de um avião militar, brilhavam as personalidades excepcionais de Lincoln e os seus generais da fase final da guerra e de Robert Lee e os seus companheiros de mil combates. Não se estava mal.

(Continua.)

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© José Pacheco Pereira
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