ABRUPTO

27.11.10


COISAS DA SÁBADO: GREVE GERAL: POLÍTICA

Claro que o nosso sindicalismo, aquele que concretamente vai parar o trabalho em quase todo o país e que virá para a rua protestar, o da CGTP, não é apenas uma expressão dos interesses dos seus representados nos sindicatos filiados, é também o resultado de uma visão do mundo assente na luta de classes, no marxismo, na ideologia do comunismo e do PCP. E o PCP não está na rua apenas a protestar contra o assalto ao bolso dos trabalhadores que estão a pagar os desmandos do sistema bancário e as políticas criminosas do governo Sócrates. Está na rua por uma visão da sociedade revolucionária, mesmo que oculte essa vontade no meio de fórmulas de disfarce. O mesmo se passa com o BE, outra força cujas propostas só tem sentido numa sociedade em que a propriedade privada seria residual e em que o controlo estatal de toda a economia, seria também o controlo das liberdades dos cidadãos. Eles sabem que é assim, mas não o enunciam, mesmo num momento em que o PCP retorna a um vocabulário marxista-leninista menos deslavado. E, por isso, para eles a greve geral tem uma componente instrumental, muito para além da vontade subjectiva de muitos trabalhadores em fazê-la. E isso leva a que a greve geral, que não tem necessariamente que omitir o protesto em nome da crise, seja também um factor de agravamento da crise, reforçando os bloqueamentos já existentes. O mundo é sempre mais complicado do que parece, mesmo na sua simplicidade.

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© José Pacheco Pereira
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