ABRUPTO

28.4.10


HOJE DE NOVO NO

(Actualizado.)

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ESPÍRITO DO TEMPO: ESTES DIAS



Passagem do tempo por um banco do jardim de S. Amaro. (RM)

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EARLY MORNING BLOGS

1790

"A verdade triunfa por si própria. A mentira precisa sempre de cumplicidade."

(Epicteto)

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26.4.10


REDE DE MENTIRAS



During times of universal deceit, telling the truth becomes a revolutionary act

(George Orwell)

Na minha cabeça a expressão melhor é em inglês: a web of lies. Não é nada de original, há livros e presumo que um filme com o mesmo título. Não verifiquei. A web of lies, uma rede de mentiras, uma trama de mentiras, uma selva de mentiras, um emaranhado de mentiras entrelaçadas umas nas outras, um network de mentiras, seja lá o que for, chamem-lhe lá o que quiserem. É assim que Portugal está, apanhado, preso numa rede de mentiras, tecida como se uma multidão de aranhas o mumificasse numa teia para lhe sugar o último dos fluidos e o deixar ali, seco e desfeito, ao vento, até se tornar o pó, de onde todos viemos e para onde todos vamos. Mas a teia nunca esteve tão densa.

O economista estrangeiro que nos pressagiou a bancarrota, provocando a indignação nacionalista que, da direita à esquerda, temos sempre latente entre nós, disse que estávamos num "estado de negação". Claro que estamos, mas talvez seja pior do que isso, seja a prisão interior num universo feito de tanta mentira que já não sabemos viver doutra maneira, já somos parte de uma mentira tão entrelaçada com as outras que não conseguimos ter sentido nem direcção. Isto das redes é muito moderno, mas as redes não têm direcção, nelas não passa um sentido, uma hierarquia. A "inteligência das multidões" é muito bonita, mas é para vender produtos, não é para construir sentido, porque as "multidões" só são capazes de sentido quando deixam de o ser. A democracia não é o país das "multidões" que vivem na demagogia e nunca o reino da mentira, o principal dissolvente social, se institucionalizou como um hábito, um quotidiano, uma respiração. Não é só enganados e querendo ser enganados, é também enganando. Enganando, vivendo num trem de vida sem meios para o pagar. Vivendo no engano da dívida que será o absoluto acordar para os que terão que o pagar. Vivendo num presente de distracções adiando para o futuro a factura. Cada crédito pessoal para comprar uma viagem às Caraíbas, ou um novo plasma, é o sinal da nossa mentira. O tal estado de negação. A web of lies.

Claro que não é só por cá, em muitos sítios é assim, porque a mentira está bastante distribuída, quase como o bom senso cartesiano. Mas por cá a coisa é demais e, como sempre acontece, o exemplo vem de cima. Vem do Governo, embora, sejamos justos, não de todo o Governo na mesma maneira. O ministro das Finanças, esse, leva todos os dias com uma dose de realidade tão forte que não pode sonhar muito. Mas o resto do Governo está ali a participar numa mentira colectiva: a de que há governo em Portugal. Cada casa tem o nome de ministério, e há alguma azáfama lá dentro, mas é uma agitação abaixo de zero, inútil. Não há dinheiro e há vícios. Funciona-se por rotina e pompa, mas em cada uma daquelas casas pouco mais há do que a mais corrente das gestões. Os porteiros podiam fazer de ministros que não se dava por ela.

E o primeiro, esse então produz rede como uma activa obreira aracnídea. Saltita de inauguração para inauguração, de obras que não se lhe devem ou que, pior ainda, se devem a dinheiro público que circula para as "empresas do regime", ou que são empreendimentos decididos sem estudos, nem cuidados, para honra e glória das suas obsessões e deslumbramentos, pujante de optimismo, dizendo sempre que nós somos os melhores em tudo, os nossos projectos estão "na vanguarda", que a crise onde os outros vegetam, cá, por sua excelsa direcção, é menor, está ultrapassada, acabou. A web of lies.

E define-se assim um padrão pelo qual os de cima, muitos dos quais rapaces como um falcão, que sabem muito bem o que fazem, dão cada passo com uma sólida protecção que nenhum governante, nem político, por poderoso que seja, nem é capaz de imaginar ter. Estão protegidos de uma justiça que não funciona, são protegidos por uma comunicação social que os teme ou admira, e corrompem barato e caro, no circuito da grande venalidade ou no do pequeno suborno. Olha-se para muita gente da nossa elite e por entre os cuidados fatos de pin stripes, das mãos arranjadas até ao osso, do cabelo certo, do equilíbrio polido que transpira o muito dinheiro, do tom de voz entre o macio e o firme, da falsa segurança que dá o status e muito mediatraining, da película de vaga arrogância natural no vencedor, do decisor profissional, capaz, inteligente, habilidoso, sem dúvidas metafísicas nem hesitações, e não se vê a cupidez e a amoralidade. Depois, quando têm um sobressalto inesperado, nem que seja pelo facto de o caos gerar de vez em quando algo que parece ordem, respondem com o maior dos à-vontades, como se nada fosse, com completo desprezo pela possibilidade sequer de que haja um átomo de lucidez alheia, de uma escassa que seja inteligência, que perceba que a história é inverosímil, mentira sobre mentira, o jogo de palavras, a pequena habilidade dialéctica de quem sabe, no alto do seu mundo, que todas as cumplicidades se protegem, que todos os interesses se unem nessa mesma teia de mentiras. A web of lies.

Nestes dias de "estado de negação" tenho tido um curso intensivo deste estado de coisas, o que deve fazer parte de alguma penitência infernal que pago com antecedência. Só que este clima de manhas, hipocrisias, ambições e mentiras está a tornar-me moralista, o que é uma maçada...

(Versão do Público de 24 de Abril de 2010.)

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EARLY MORNING BLOGS

1786

Was ever book containing such vile matter

So fairly bound? O, that deceit should dwell

In such a gorgeous palace!

(William Shakespeare)

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25.4.10


EARLY MORNING BLOGS

1789

Comme tous ceux qui possèdent une chose, pour savoir ce qui arriverait s'il cessait un moment de la posséder, il avait ôté cette chose de son esprit, en y laissant tout le reste dans le même état que quand elle était là. Or l'absence d'une chose, ce n'est pas que cela, ce n'est pas un simple manque partiel, c'est un bouleversement de tout le reste, c'est un état nouveau qu'on ne peut prévoir dans l'ancien.

(Proust, Du côté de chez Swann)

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24.4.10


ESPÍRITO DO TEMPO: ESTES DIAS



Passagem do tempo por um banco do jardim de S. Amaro. (RM)

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EARLY MORNING BLOGS

1788

La vérité ne fait pas tant de bien dans le monde que ses apparences y font de mal.

(La Rochefoucault)

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23.4.10


COISAS DA SÁBADO: QUEM NÃO TEM VULCÃO CAÇA COM UMA FUMAROLA

Como não podemos responder como os islandeses às malfeitorias do capital credor que ameaça vir receber as dívidas, atirando para cima da Europa, a começar pelo Reino Unido, uma nuvem de cinzas abrasivas, nós puxamos dos galões da pátria ofendida, para manifestar aquilo que um miserável estrangeiro chamou o “estado de negação” do Ministro das Finanças, na verdade, do país, face ao “estado” em que estamos. O Presidente checo fez ironia com o nosso défice gigantesco, e nós encanitamo-nos contra o desaforo estrangeiro. Economistas seniores do FMI dizem que estamos perto da bancarrota e nós deitamos fumo de indignação jornalística. E, humilhação da humilhação, um dos gurus do nosso Primeiro-Ministro e da nossa esquerda, Stiglitz veio falar da falência possível de Portugal. Ignaros estrangeiros, ignorantes das nossas qualidades excelsas como povo, agourentos, descrentes das virtudes do “governo que na Europa melhor resistiu à crise”, tomai lá com uma fumarola, já que vulcão não temos desde que os Capelinhos se esgotaram. Não há dinheiro para vulcões, mas para fumo ainda há. Sulfuroso.

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ESPÍRITO DO TEMPO: ESTES DIAS





Passagem do tempo por um banco do jardim de S. Amaro. (RM)









Feira medieval de Gondar - Amarante. (Helder Barros)



Ex-casas.



Caminho entre carqueja, Sul. (José Manuel de Figueiredo)

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19.4.10


EARLY MORNING BLOGS

1785

Every violation of truth is not only a sort of suicide in the liar, but is a stab at the health of human society.

(Ralph Waldo Emerson)

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18.4.10


UMA ESTABILIDADE DOENTIA



Uma paz podre caiu sobre a vida portuguesa. Um povo sem esperança não sabe muito bem o que pode esperar do futuro, mas não tem ilusões que ele não será brilhante. Uma parte dos portugueses faz de conta que nada acontece e esforça-se por "viver habitualmente", centrando-se no presente. Outra poupa mais do que o costume, quando o pode fazer. Outra vive no limiar de uma pobreza que sente vir aí. Endivida-se ainda mais para manter um estilo de vida para que já não tem posses. Cada vez mais gente teme o cataclismo da perda de emprego e cada vez mais gente perde o emprego. Como acontece sempre, meia dúzia de gente esperta ganha dinheiro, uma porque é mesmo esperta e merece o que ganha usando novas oportunidades, outra porque aproveita as circunstâncias da miséria dos outros para ganhar mais dinheiro. Nunca há só gente a perder, há sempre uma pequena minoria que ganha e nessa pequena minoria uma maioria que o faz à custa de ardis e de truques entre o eticamente inadmissível e o ilegal. Mas, como o exemplo vem de cima, nem sequer há muita censura social.

Como tudo em democracia, a política tem um grande papel. Claro que sabemos que há crise, a de fora e a de dentro, mas é sempre a política que é o seu espelho e a sua causa. A obsessão com o discurso económico faz muitas vezes pensar que a autonomia da vida económica basta para explicar a crise que atravessamos. Engano. Como todas as crises que envolvem globalmente a sociedade, a política, mesmo que sob a forma da economia política, é o elemento crucial em todos os seus momentos, no desencadear da crise, no seu evoluir e na sua conclusão. A política fez a crise internacional dos dias de hoje, a política faz a crise nacional que atravessamos. Nenhuma solução para os problemas que temos é puramente técnica, nem puramente do campo da decisão económica, entendida como mera ponderação de factores entre escassez dos recursos e a sua gestão, ou distribuição. A hegemonia de um discurso económico tecnocrático no espaço publico é apenas má política e sendo má política é também má economia.

Se formos ver os factores políticos da nossa crise encontramos a mesma paz podre, a mesma forma estranha de stasis, cheia de mal-entendidos, irrealismos, ausências, mas, acima de tudo, impotências. O sistema político e os agentes desse sistema, incluindo o eleitorado, estão bloqueados numa soma de impasses que nenhum tem força para vencer. Cada um tem um pequeno poder de conservação, nenhum tem poder de mudança. Por tudo isto, alternam-se na vida política portuguesa períodos de aparente agitação, em que parece que uma crise se pode vir a desencadear a qualquer altura, com momentos contra climáticos que merecem mais do que nunca a designação de pântano.

A oito meses de eleições entramos num destes ciclos, fechando um crescendo de aparência de crise imediata. É como se todos estivéssemos à espera de uma explosão de aceleração e de repente encalhássemos. É como estamos, encalhados. Vários factores conduziram a este pântano. O primeiro, e mais importante, é a consciência de que a nossa crise económica e financeira não é resolúvel sem enormes sacrifícios que ninguém está disposto a anunciar, e muito menos a fazer. Não vai ser a bem, nem de forma consentida. Por isso, o que os agentes políticos, neste caso o PS, estão a fazer é a comprar tempo. Se tal era possível nos últimos anos, é cada vez mais difícil fazê-lo depois da crise grega. A crise grega introduziu uma dimensão de falta de controlo, a percepção de que a nossa soberania está posta em causa e que não somos capazes de evitar que, um dia destes pela manhã, os "mercados" nos coloquem na bancarrota e na mesma situação grega de ter que pedir a protecção internacional para o descalabro. Antes da crise grega, esta hipótese parecia apenas um pesadelo catastrofista, hoje é demasiado real, demasiado possível.

Depois, o segundo factor, e um dos grandes construtores do nosso pântano, é a conjugação entre a ideia de que a justiça não é eficaz, em particular com os poderosos, ou seja, é injustiça, e a crescente indiferença popular com as maiores malfeitorias que possam ter sido feitas. As histórias escandalosas continuam a conhecer-se todos os dias, mas, como não levam a nada, não geram verdadeira indignação social, geram acomodação, amoralidade. As pessoas passaram de estar revoltadas, para ficarem indiferentes. Como já disse antes, beberam tanto veneno, que cada dose os torna mais imunes ao veneno. Esta indiferença é um dos piores sintomas da nossa doença colectiva.

Por último, há os factores propriamente políticos, em particular uma interiorização do impasse em que o país vive e a substituição de políticas alternativas, que, na actual crise, teriam que ser agressivas para criar elementos de mudança, por medidas de gestão do tempo político imediato, o que quer dizer, essencialmente do tempo político mediático. Ora o tempo mediático é o último factor de mudança, porque traduz as relações de força existentes sempre como presente inevitável e é por isso intrinsecamente conservador.

No plano da democracia, já todos perceberam que eleições no contexto actual não mudam os dados da questão e, por isso, quer PS, quer o PSD actual traduzem essa consciência de adaptação ao pântano. O PSD passou de uma reivindicação de tempo curto - Manuela Ferreira Leite tinha obrigação de ganhar "facilmente" eleições de imediato, tal era o "desgaste" de Sócrates - para um tempo cada vez mais longo, o de não "ter pressa" em novas eleições. Por seu lado, o PS parece ter abandonado a estratégia com que saíra das eleições - provocar de imediato novas eleições ao mais pequeno pretexto - para uma acomodação a um ciclo mais longo, até pela consciência de que novas eleições estão cada vez mais longe de lhe dar nova maioria absoluta. Ambos os partidos fecharam um ciclo pós-legislativas, em grande parte porque foram obrigados. Não é impossível por isso que possa haver um ciclo político mais longo, mesmo de legislatura.

Existem elementos de volatilidade nesta situação pantanosa? Existem e muitos. Há perturbações, mesmo no estrito domínio do político, como sejam as eleições presidenciais. Mas os principais elementos são muito mais de fundo: um é a situação internacional de Portugal no contexto da nova situação criada pela "crise grega", outro é a conflitualidade social e, por último, a permanente tendência do primeiro-ministro para estar envolvido em histórias obscuras que até agora acabaram bem para ele e mal para a sanidade do país, mas que também podem um dia acabar mal. Queiram ou não os agentes políticos "não atacar pessoalmente" o primeiro-ministro (não é isso, mas não vale a pena estar a explicar o que toda a gente entende), este encarrega-se de aparecer na cauda de tudo o que é perverso em Portugal, Freeport, Face Oculta, Taguspark, etc., etc.

Por isso, mesmo que num pântano, mesmo que numa falsa estabilidade, mesmo que ninguém o deseje, mesmo que as águas pareçam tão mortas que nada mexe na massa viscosa do presente, está lá suficiente metano para irmos todos pelos ares sem pré-aviso. Insisto: sem pré-aviso.

(Versão do Público de 17 de Abril de 2010.)

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ESPÍRITO DO TEMPO: HOJE



Passagem do tempo por um banco do jardim de S. Amaro. (RM)

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EARLY MORNING BLOGS

1784 - Pour faire un poème Dadaïste

Prenez un journal
Prenez des ciseaux
Choisissez dans ce journal un article ayant la longueur que vous comptez donner à votre poème.
Découper l’article.
Découpez ensuite avec soin chacun des mots qui forment cet article et mettez-les dans un sac.
Agitez doucement.
Sortez ensuite chaque coupure l’une après l’autre.
Copiez consciencieusement dans l’ordre où elles ont quitté le sac.
Le poème vous ressemblera.
Et vous voilà un écrivain infiniment original et d’un sensibilité charmante, encore qu’incomprise du vulgaire.

(Tristan Tzara)

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17.4.10


ESPÍRITO DO TEMPO: HOJE



Passagem do tempo por um banco do jardim de S. Amaro. (RM)



Praia da Barra (Aveiro). (José Manuel de Figueiredo)








Ou como um artista (poeta) – John Betjeman -, salva uma obra de arte na década de sessenta, a estação ferroviária de St. Pancras. (Luiz Boavida Carvalho)

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EARLY MORNING BLOGS

1783 - April Rain Song

Let the rain kiss you.
Let the rain beat upon your head with silver liquid drops.
Let the rain sing you a lullaby.

The rain makes still pools on the sidewalk.
The rain makes running pools in the gutter.
The rain plays a little sleep-song on our roof at night—

And I love the rain.

(Langston Hughes)

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15.4.10


PONTO / CONTRAPONTO

- 22

Aqui.

(O 20 ainda não foi colocado em linha pela SIC.)

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"A Grécia e o funcionamento da Europa" na Sábado em linha.

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ESPÍRITO DO TEMPO: TRÊS DIAS








Passagem do tempo por um banco do jardim de S. Amaro. (RM)

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EARLY MORNING BLOGS

1782 - The Darkling Thrush

I leant upon a coppice gate
When Frost was spectre-gray,
And Winter's dregs made desolate
The weakening eye of day.
The tangled bine-stems scored the sky
Like strings of broken lyres,
And all mankind that haunted nigh
Had sought their household fires.

The land's sharp features seemed to be
The Century's corpse outleant,
His crypt the cloudy canopy,
The wind his death-lament.
The ancient pulse of germ and birth
Was shrunken hard and dry,
And every spirit upon earth
Seemed fervourless as I.

At once a voice arose among
The bleak twigs overhead
In a full-hearted evensong
Of joy illimited;
An aged thrush, frail, gaunt, and small,
In blast-beruffled plume,
Had chosen thus to fling his soul
Upon the growing gloom.

So little cause for carolings
Of such ecstatic sound
Was written on terrestrial things
Afar or nigh around,
That I could think there trembled through
His happy good-night air
Some blessed Hope, whereof he knew
And I was unaware.

(Thomas Hardy)

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14.4.10


EARLY MORNING BLOGS

1781

Nothing in all the world is more dangerous than sincere ignorance and conscientious stupidity.

(Martin Luther King Jr.)

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13.4.10


EARLY MORNING BLOGS

1780


It is always darkest just before the Day dawneth.
(Thomas Fuller)

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12.4.10

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© José Pacheco Pereira
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