ABRUPTO

5.12.09


COISAS DA SÁBADO: MENOSPREZAR A POLÍTICA CONCRETA...



(Segue-se a isto.)

Um bom exemplo do que se passa é tentarmos perceber que políticas e políticos estes economistas apoiam, porque, pronunciando-se sobre matérias cívicas e sendo os problemas que enunciam no plano da economia e das finanças problemas políticos, é importante saber que sentido tem a sua política. Para ir ainda mais fundo: no último ano, Manuela Ferreira Leite não falou de outra coisa senão daquilo de que eles falavam. Falou até primeiro e com mais urgência, perante a incompreensão geral, do povo e das elites. Falou do problema da dívida (ela e, depois, Cavaco Silva foram durante muito tempo as vozes solitárias sobre essa matéria), criticou as grande obras públicas, chamou a atenção para o desastre para que caminhamos. Não falou aliás de outra coisa, mesmo quando falava da cada vez menor liberdade que nos é deixada para pensar, falar, criticar e escolher diferente, o que é uma parte muito importante da razão pela qual, sabendo-se a solução, não há votos para quem a proponha.

Mas foram capazes todos estes economistas de distinguir políticos entre “os políticos” que atacavam como fautor fundamental em não se aplicarem as medidas que propunham? Não deram por ela que não era tudo “igual”? Estavam distraídos? Não custa muito admitir que havia uma expressão no sistema político das soluções que “toda a gente sabe” que são necessárias. Era essa expressão perfeita? Certamente que não, estava misturada com essa coisa pouco frequentável que são os partidos políticos, pessoas, brigas, interesses, silêncios e falas, politiquice, coisas menores, distracções. Mas alguém tem dúvidas de que, nas eleições, havia propostas mais próximas e outras mais longínquas, das do painel distinto do Prós e Contras? Deram por ela? Duvido pelo modo como falam, como se tudo fosse igual, tudo o mesmo.

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© José Pacheco Pereira
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