ABRUPTO |
semper idem Ano XIII ...M'ESPANTO ÀS VEZES , OUTRAS M'AVERGONHO ... (Sá de Miranda) _________________ correio para jppereira@gmail.com _________________
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7.8.09
Com esta deliberação da Confederação Portuguesa dos Meios de Comunicação Social acabou a "directiva" da ERC que representava um objectivo atentado à liberdade dos órgãos de comunicação social e de todos aqueles que livremente materializam os seus critérios editoriais e o interesse do seu público: A confederação das empresas de comunicação social considerou hoje "inadmissível" a suspensão das colaborações na imprensa de comentadores que são candidatos eleitorais, defendida pelo regulador, e ordenou aos órgãos de informação que sigam os seus critérios jornalísticos.A Quadratura do Círculo, sucessora do Flashback, na rádio e na televisão, tem mais de vinte anos e é o programa de discussão política mais antigo dos media portugueses. Atravessou várias eleições com situações muito diversas dos seus intervenientes, que participaram sempre no programa pela sua individualidade e não por qualquer condição, rateio ou equilíbrio político. Todos os seus intervenientes defenderam sempre este carácter único do programa, em grande parte responsável pelo seu sucesso e longevidade. Pela Quadratura do Círculo, fundada por Emídio Rangel na TSF, passaram para além de mim próprio, Vasco Pulido Valente, José Magalhães, Miguel Sousa Tavares, Nogueira de Brito, Lobo Xavier, Jorge Coelho, António Costa, Carlos Andrade e o próprio Emídio Rangel. Já teve entre os seus participantes independentes, deputados do PCP, PS, PSD e CDS, um membro do governo no exercício de funções, gente umas vezes próxima da direcção do seu partido, outras vezes afastada, nenhuma nessa qualidade, nenhum escondendo essa qualidade. O público da Quadratura do Círculo é adulto e vacinado e manteve-se sempre fiel ao programa. Em várias eleições, havia candidatos no programa e não candidatos, e isso nunca foi problema nem para o programa, nem para os órgãos de comunicação social em que passou (TSF e SIC), nem para os seus ouvintes e telespectadores. A Quadratura do Círculo foi sempre sujeita a pressões, mas nunca tinha sido tão posta em causa na sua identidade do que pelas medidas autoritárias, administrativas e "reguladoras" da ERC. A atitude de resistência contra esta intromissão abusiva da ERC na liberdade editorial da Confederação Portuguesa dos Meios de Comunicação Social, numa altura em que do lado do governo e do estado existe uma ofensiva regulamentadora, é um sinal muito positivo nestes tempos difíceis para a liberdade. Eu sempre combati a existência de entidades como a ERC. No passado, defendi a extinção da Alta Autoridade para a Comunicação Social e votei vencido em várias circunstâncias sobre a sua existência. Continuarei a defender a extinção da ERC, ainda mais convencido da razão dessa atitude por "directivas" como esta. (url)
© José Pacheco Pereira
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