ABRUPTO

30.3.09


ÍNDICE DO SITUACIONISMO (83):
EM MOMENTOS DE CRISE NEM SEQUER SE DISFARÇA, O QUE CONTA SÃO OS RESULTADOS DA PROPAGANDA


A questão do situacionismo não é de conspiração, é de respiração.
E, nalguns casos, de respiração assistida.

A RTP continua como sempre, mas é ainda mais "como sempre" quando as coisas apertam para o governo. O caso Freeport só entra nos noticiários quando não se pode de todo evitar, ou quando há alguma coisa favorável ao Primeiro-ministro. Então aí, todos os meios, grafismos, reportagens, entrevistas, tudo é mobilizado. Fora dessas alturas, mutismo completo. Os noticiários de ontem e hoje são puros exercícios de distracção. Toneladas de histórias de "interesse humano", doenças, trivialidades, tudo menos aquilo que está no centro da vida pública. Não é por desinteresse da política, bem pelo contrário, porque o julgamento de Isaltino de Morais mobiliza todos os meios, inclusive directos, e as "boas" medidas do Governo abrem os noticiários (hoje, por exemplo), mas sim porque o que há são "campanhas negras" que não convém ao "serviço público". Repito a pergunta de ontem: haverá na redacção da RTP um único jornalista a fazer o que os jornalistas devem fazer sobre o caso Freeport? A investigar? Se há, ou está no exílio ou é censurado.

E, de resto, o habitual: mais um "momento-Chávez" a propósito da "requalificação das escolas", o soundbite que o Primeiro-ministro escolheu para a sessão de propaganda do dia, e que, obediente, a RTP cobre com todo o respeito. Veja-se toda a peça porque vale a pena, com o jornalista a repetir, como se fossem seus, os slogans governamentais do dia, sem um átomo de distanciação, sem vergonha. Não vão por mim, verifiquem quando a RTP colocar em linha a peça, dia 30 de Março, aos 26 minutos do noticiário das 13 horas, a peça de propaganda.

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© José Pacheco Pereira
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