ABRUPTO

14.3.09


ÍNDICE DO SITUACIONISMO (67): OS EDITORIAIS DO DIÁRIO DE NOTÍCIAS


A questão do situacionismo não é de conspiração, é de respiração.
E, nalguns casos, de respiração assistida.

A quem leia os editoriais do Diário de Notícias, uns a seguir aos outros, percebe a linha de apoio sistemática ao governo, a crítica à oposição de Manuela Ferreira Leite (num deles, imagine-se!, foi matéria de editorial a crítica a Manuela Ferreira Leite por não confraternizar com as "bases", o que se percebe ser uma preocupação nacional) , a demonização de Alegre, e a colocação do jornal ao lado do poder em todas as matérias delicadas que possam atingir José Sócrates, o governo e o PS, por esta ordem. É, mais uma vez, o caso de hoje para "salvar" o governo dos maus números da criminalidade:
É importante olhar para o Relatório de Segurança Interna com precaução. Os 24 mil crimes violentos do ano passado são realmente bastante mais que os registados em 2007, mas esses sim foram 12 meses excepcionais. Significa isto que os números de 2008 não devem ser vistos como um alerta? Não.

Uma média de 66 crimes violentos por dia é assustadora num país com fama de brandos costumes. Mas não existe uma causa única para o aumento da criminalidade. Além da degradação das condições sociais, também se suspeita da alteração do código penal, com libertação de presos preventivos que reincidiram, e da reorganização territorial das forças de segurança, com a PSP a incluir na sua área de acção mais 600 mil pessoas e zonas problemáticas.

É possível enfrentar com sucesso a criminalidade. Tomemos como exemplo as operações de grande envergadura (147 em dez dias de fins de Agosto, Setembro) que tiveram um evidente efeito dissuasor. Não chega, claro, mas não só intimida os criminosos, como tranquiliza quem receia sofrê-los.

Para não haver dúvidas,o director repete a dose sobre outro assunto incómodo num artigo de opinião:
A visita de José Eduardo dos Santos a Lisboa voltou a servir para fazer política enquanto Cavaco Silva e José Sócrates, ambos e muito bem, tratavam dos interesses da nossa economia e eram dignos da história que une os dois países.

A questão é recorrente. Em Portugal, sempre que se fala das relações com Angola, aparecem, à esquerda mas também à direita, umas virgens político-intelectuais que confluem no palco comunicacional para nos falarem da corrupção, da pobreza e da falta de democracia naquele país africano. A coragem só lhes falta para defenderem o que seria coerente na respectiva lógica: o corte de relações entre a "casta" democracia portuguesa e a "cleptocracia" angolana. Seriam bem mais respeitáveis as suas críticas se fossem capazes de o fazer - mas a isso não se atrevem, porque a democracia tem esta questão dos votos e elas sabem que há já umas largas dezenas de milhares de empregos portugueses que dependem das boas relações entre os dois países.

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© José Pacheco Pereira
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