ABRUPTO

23.9.08


LENDO
VENDO
OUVINDO

ÁTOMOS E BITS

de 23 de Setembro de 2008



ACTUALIZAÇÃO: O melhor exemplo da má consciência da RTP sobre a forma como trata as notícias do governo é a espantosa diferença entre o Telejornal das 13 e das 20 horas de hoje, sobre a sessão de propaganda governamental de entrega dos computadores "Magalhães". É evidente que os jornalistas da casa sabiam que havia uma polémica aqui lançada sobre o Telejornal das 13 horas e sabiam que ele é indefensável. Insisto: indefensável. Logo tentaram esquecê-lo, embora ele tivesse imagens de uma entrevista do Primeiro-ministro, e fizeram uma peça completamente diferente, também contestável, mas mais distanciada. Estas oscilações de humor, de quem foi apanhado com a mão na massa, dizem-nos muito mais sobre a RTP do que qualquer relatório da ERC, que passa ao lado destas coisas, diluídas que são em estatísticas inócuas. Na verdade, o tom do Telejornal da 20 horas é aparentemente mais distanciado, mas não escapou à tentação de dar voz à resposta às críticas ao "Magalhães" também vinda do lado do poder. A que propósito se coloca um funcionário da empresa INTEL, que está envolvida na construção do "Magalhães", a responder, aliás de forma confusa, complicada e titubeante, às críticas sobre a ausência de "controlo parental" no computador? Na verdade, não seria obrigação do RTP antes disso dar voz às críticas, o que não fez? No noticiário das 13 horas foi pura propaganda, no das 20 uma peça desnorteada, entre a necessidade de proteger a obra governamental e evitar as críticas a que tinha sido sujeito o seu predecessor da hora do almoço.

José Alberto Carvalho, por quem eu tenho consideração pessoal que não vem ao caso, diz que não tem que responder ao "político" porque "já tenho 13 entidades às quais respondo". Está no seu direito e eu, que sou um cidadão sem qualquer cargo político, não me ofendo por ser tratado como "político", nem acho que isso me dá menos razão nem autoridade para protestar. Acresce que, como contribuinte, ajudo a pagar a RTP, que é suposto ter um "serviço público" isento e não governamentalizado. O que acontece é que não tem, e eu não quero meu dinheiro a subsidiar a campanha do PS, quer como "político" quer como cidadão. E escusam de vir dizer que há duplicidade de critérios conforme é o PS ou o PSD, porque basta consultar este mesmo blogue para ver as críticas que sempre fiz quanto à manipulação televisiva vinda do "meu" lado.

Mas mantenho o meu repto, estejam os autores do noticiário das 13 horas disponíveis para um debate público, com a passagem do noticiário à cabeça para todos o poderem ver, e vamos ver quem tem razão. É que, para além das 13 entidades, a RTP que é paga por mim, tem que me responder a mim e a muito mais gente

*

Mais uma escandalosa sessão de propaganda, com um longo tempo de antena do Primeiro-ministro, está em curso no noticiário das 13 horas da RTP a pretexto do "Magalhães" ("o primeiro portátil inteiramente português é produzido em Matosinhos" mente o oráculo). A RTP perdeu toda a vergonha e a ERC, que fecha os olhos a esta completa ausência de jornalismo substituído por favores políticos, também.

ANEXO: Mas o Telejornal da RTP das 13 horas (o mais servil ao governo) acrescentou mais duas peças de pura propaganda: uma, sobre uma visita de responsáveis do Instituto de Emprego às operárias despedidas da Yasaki Saltano, convenientemente acompanhada pela RTP, em que se fala de como a formação lhes dará "futuro" sem efectivamente lhes dar nada (como aliás uma operária disse); outra, com o Ministro Manuel Pinho sobre mais uma coisa "única do mundo" que se faz em Portugal (dizia o oráculo): o aproveitamento da energia das ondas. De novo, a comparação com a reportagem da SIC sobre o mesmo tema, mostra a enorme diferença com a RTP, que repete como sendo da redacção e dos jornalistas todos os temas convenientes à propaganda governamental. A SIC mostrou o cemitério de algumas experiências anteriores de aproveitamento da energia das ondas em Portugal e concentrou-se em explicar o processo, a RTP em dar voz ao Ministro e às hipérboles da propaganda "tecnológica" governamental.

Neste momento o descaramento destes noticiários da RTP é tal, que justificava medidas quer da oposição, quer do Presidente (de forma discreta aliás) , já que aqui a regulação não nos defende. Aliás, o PS não se queixa de falta de regulação. Se a RTP tiver coragem e os jornalistas que fazem estes noticiários também, desafio-os para um debate público (porque não na RTP?), com a passagem das peças antes, para todos poderem ver. Venham cá explicar-nos onde está o jornalismo, a "edição", a distanciação, o afastamento do discurso do poder nestes noticiários. Venham.

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Bem mais interessante a peça de abertura da SIC, mostrando como a selecção de simples palavras e sua introdução num motor de busca, levam os menores a aceder a páginas de conteúdo pornográfico. De seguida explica-se que o tal computador já existe noutros países com outras designações e finalmente passa para o discurso de José Sócrates, sem deixarem de referir que todo o frenesim “Magalhães” do dia é puro marketing político.

Duas observações finais:

- Segundo a jornalista da SIC, o primeiro-ministro quer um Portugal em que se fale inglês. Era interessante ver a parte do discurso em que isso é dito e de que forma;

- O primeiro-ministro apareceu a discursar numa bancada em que se aludia à descoberta, porventura uma referência a Fernão Magalhães o descobridor. Acontece que qualquer médio aluno de história saberá que Fernão Magalhães não descobriu nada, apenas era um navegador que levou a cabo a primeira viagem de circum-navegação. Não deixa de ser irónico que o fez ao serviço de Espanha e, além disso, foi morto antes de terminar a viagem! Dois factores que os assessores de imprensa poderiam ter reparado e assim evitar futuros embaraços por comparação. Ou então todo este marketing é feito em cima do joelho... ou por fax!

(Emanuel Ferreira)

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Foi com espanto que vi o telejornal de hoje na hora de almoço. Em relação à notícia do Magalhães achei-lhe particular piada. Digo isto porque:

1º Faltou ao nosso primeiro-ministro o teleponto!

É espantoso ver como ele reaje perante perguntas para as quais ele não está preparado roçando muitas vezes a malcriadice.

Isto aconteceu hoje quando confrontado com a questão do controlo parental do Magalhães. Foi visivel a sua atrapalhação, garantindo, mais uma vez erradamente, que o computador tem um “apertadíssimo” controlo parental, terminando a questão com um atropelo aos jornalistas que o circundavam.

2º O grau de aldrabice está no auge, e o nosso governo usa e abusa do grau de desinformação do nosso povo.

A SIC recuperou declarações da ministra assegurando que a questão do controlo parental estava a ser devidamente acautelada através de um trabalho conjunto com Intel. Com a Intel?! O comum português não faz ideia do que é a Intel e muito menos o que faz. Mas, decididamente, não desenvolve software de controlo parental.

(RNF)

P.S.: gostei também muito de ouvir a nossa ministra falar que “o Magalhães é um computador de última geração igual, ou melhor, que os outros portáteis à venda no mercado”.

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Em relação ao seu comentário de hoje gostaria de expor a minha opinião.

è evidente que o noticiário da RTP é tendencioso, como infelizmente sempre foi e nos tempos dos governos PSD, se calhar com excepção do governo Santana Lopes. Já ninguém se lembra, ou não quer lembrar que o residente da altura mal aparecia na televisão e que o director da altura fez uma intervenção publica para responder ao Presidente da Republica. Ai se isso fosse hoje o que o senhor não escreveria
Quanto ao Magalhães montado em Portugal e só isso, é igual a outros que se montam e vendem por esse mundo fora, como no Chile ou no Brasil.
Mas este´é montado cá, pelo menos isso.
Quem não se lembra do famoso Posat o primeiro satelite Portugues. Esse que também foi glorificado na RTP da altura, nem montado era em Portugal, nem sei se alguma vez alguma parte dele esteve em Portugal, mas não me lembro de ter ouvido qualquer comentário sobre isso daqueles que agora tanto criticam o suposto computador Português.

Em relação á energia das ondas, parece-me natural que em questões de investigação, haja avanços e recuos, protótipos que são abandonados muitas vezes depois de se gastar milhões de Euros neles. Mas uma coisa é verdade Portugal tem feito um enorme esforço nos ultimos anos para desenvolver as energias renovaveis e as ondas fazem parte desse projecto. Provavelmente é mais uma obra faraonica a abater quando o governo do PSD tomar posse em 2009, mas isso é aquilo a que estamos habituados , os novos governos desfazem aquilo de bom ou mau que os anteriores fizeram sejam eles quem forem.

Por ultimo e em relação á RTP cá estarei em 2009, para após a previsivel vitória do PSD, ver quem serão os comissários politicos que irão ser nomeados para substituir os actuais.

(Pedro Araujo)

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Hoje, de raspão, no Rádio Clube citava-se que a sra. Ministra da Educação teria dito estar de posse de vários estudos que comprovavam que quanto mais cedo o acesso à tecnologia melhor isso seria na formação dos alunos.
Talvez não fosse mau, para tirar dúvidas, o governo indicar que estudos são esses.
Porque também os haverá dos outros. Desconheço a valia académica disto mas não é difícil encontrar mais na net.

(Luís Mota Bastos)

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Houve algum concurso público? Internacional?

Porquê o CLASSMATE da INTEL? Porque não um ACER ASPIRE ONE? Ou um ASUS EEE? Ou, ainda melhor, porque não um OLPC XO-1 da associação sem fins lucrativos OLPC?

Porquê a JP Sá Couto e a Prológica? Eram a solução mais barata? De entre
quais?

E dia 24/9/2008? Quantas crianças é que ainda vão ter o portátil que lhe
deram hoje? Quantos pais e irmãos não se vão "abotoar" ao portátil?

E dia 25/9/2008? Das que conseguiram ficar com o portátil, quantos é que
ainda o terão a funcionar? Aparentemente o Merdalhães vem com disco de 30GB,
ao contrário de Solid-State RAM. Ou seja, a tal resistência ao "choque"
parece-me que ficou na gaveta. Crianças com um portátil com disco rígido
é um acidente à espera de acontecer. Basta andarem com o PC ligado de um
lado para o outro. Duvido que o disco resista muito tempo.

A propósito... E garantia? Há garantia? 2 anos? 10 minutos?

E assaltos? Não serão as crianças alvos de assaltos para lhes roubarem os
portáteis? Já são vítimas de roubos de telemóveis...

E acesso seguro à Internet? É garantido? Não estarão na calha para serem
vítimas de pedofilia? Sim, eu sei que o programa e-Escolinha não inclui
ligação à NET, mas têm WIFI, e o que não falta para aí são redes WIFI
desprotegidas. E não se pense que os miúdos não se sabem "orientar" só
porque os "cotas" não sabem...

A respeito deste portátil e das notícias relacionadas, descobri um artigo
interessante na SINTRAVOX: «E.ESCOLINHA: O COMPUTADOR PARA O 1º CICLO - UM ERRO GERACIONAL

(Nuno Ferreira)

*

Assisti ao noticiário que refere, e estou inteiramente de acordo consigo.

Particularmente vergonhoso o momento em que o pivô questiona duas lindas criancinhas, trazidas para o estúdio, sobre as virtudes (e só as virtudes) da máquina. A primeira, menina, começou por elogiar os jogos... depois o pivô incitou-a a mostrar a ligação à internet, que ela manifestamente não sabia utilizar apesar de ("de manhã ter visitado o site da RTP"... pela mão de algum adulto?). A incitação continuou, até ao ponto de ser o próprio pivô a, no final, bradar ao rapazito: "mas também vais poder estudar no computador, não é?"

Seguiu-se o "directo" para o local da apresentação, com o pormenor do próprio primeiro ministro e restantes OCS à espera um bom meio minuto que a jornalista terminasse um "entusiasmado" lançamento, em que se acabou por diluir uma daquelas perguntas "com este projecto" (...) "ficam criadas condições para" (...) "não é verdade"? No final, fiquei com a sensação de que a trapalhada foi tão grande que lhes saiu a propaganda pela culatra. Que a houve, como vem sendo hábito, que ninguém se engane.

Subserviência desta não é própria de uma democracia que se quer europeia. Não destoaria, isso sim, no canal público de Angola,Líbia e Venezuela e outros países cujos regimes vêm fazendo trabalhos "notáveis".

(Paulo Dias, jornalista)

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Vamos fazer uma aposta? Quanto tempo vai passar até que deixemos completamente de ouvir falar do "Magalhães" e se acuse de "bota-abaixo" quem se lembrar de pedir um balanço da iniciativa? Eu voto em mês e meio.

A propósito, os ficheiros PDF da minhas contas da luz electrónicas, enviados todos os meses "VIA CTT", continuam sem se poder abrir, mas uma funcionária superior da EDP, depois do meu protesto no site da empresa de energia, contactou-me pessoalmente e prometeu (e cumpriu) enviar-me directamente o ficheiro da factura para a minha conta de correio electrónico normal. Enviou-o e eu abri-o normalmente. Parece que só na VIA CTT é que não funciona.

Para os mais esquecidos, recordo que a VIA CTT era, antes do "Magalhães", o projecto que - atribuindo a cada português uma caixa de correio electrónico - nos iria catapultar para a vanguarda da economia do conhecimento, tornando Portugal o farol da humanidade na era tecnológica.

(António Cardoso da Conceição)

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O projecto Pelamis, designação de uma instalação experimental de aproveitamento da energia das ondas, ao largo da Póvoa do Varzim, ontem inaugurada, terá certamente as sua virtudes e só esperamos que dê bons resultados.

O que já se torna maçador é termos de ouvir, a cada inauguração energética, as palavras de circunstância do Sr. Ministro Manuel Pinho. O senhor não tem a mínima ideia acerca das questões de energia e larga cada uma, com um ar tão convencido, que só dá vontade de rir. Desta feita lembrou-se de comparar este projecto com o da energia eólica, dizendo que há 15 anos também (?)ninguém acreditava na energia do vento e hoje é o que se vê.

Sabe lá ele o que se fazia há 15 anos no domínio da energia eólica, e quem acreditava ou não acreditava no vento. A verdade é que já lá vão quase 20 anos desde que a EDP deu início aos estudos tendentes ao aproveitamento da energia eólica. Por sinal, acontecia num gabinete ao lado do meu...

(Jorge Pacheco de Oliveira)

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Não vale a pena dizer que os portugueses não poupam, pois o computador “Magalhães” vai contribuir para mais uma prestação mensal, a da Internet, para as famílias que contam todos os cêntimos.

Com tudo isto poderemos fazer uma pequena proporção matemática, o Major Valentim está para os electrodomésticos assim como o Eng Sócrates está para o Magalhães.

Quem governa é o PS e é sobre o seu desgoverno que eu tenho de comentar. O PSD já foi castigado nas eleições de 2005, portanto é com este governo PS de “Marketing” é que eu e muitos portugueses nos preocupamos.

Quanto ao controlo da comunicação social por este governo, já não é novidade pois até o Povinho na rua já diz que ela está comprada.

Na altura da Alta autoridade da Comunicação Social, ainda com o Sr. Artur Portela, o ministro da Comunicação Social deste governo mudou de tal forma as regras que fez com que o Sr. Artur Portela se demitisse. Este quando saiu, afirmou que não “cedia” ás pressões políticas vindas do governo PS, pois era o ministro que escolhia o que investigar, retirando assim o papel da A.A.C. Social.

A propósito do POSAT, como veio de um governo PSD ele é ocultado quase por completo. Foi através desse satélite que se retiraram as coordenadas exactas para a localização da Ponte Vasco da Gama… agora está ao serviço das Forças Armadas e foi através dele que se descobriu onde estava o Sr. Savimbi em Angola, assim como foi utilizado em Timor ao serviço da GNR, para detectar o local exacto dos oficiais rebeldes que se opunham ao governo de Xanana, os quais foram capturados na altura.

Devo dizer que em termos energéticos, o que este governo fez foi pegar no que estava feito nos governos de Durão e Santana e abraçar para si os louros.

São os casos do projecto da fábrica os painéis solares no Alentejo, dos parques Eólicos… que vieram do governo de Durão Barroso. Não se pense que se chega ao governo e passado pouco tempo se começa a inaugurar parques eólicos de um dia para o outro, é um processo que demora anos.

A Certificação Energética veio de uma directiva Comunitária de 2002, então o governo de Durão Barroso mandou ajustar o nosso Regulamento Térmico (1990) de acordo com a directiva comunitária. Assim, o Regulamento Térmico de 2006 foi terminado no mandato de Santana Lopes, mas como esse governo caiu só foi publicado depois das eleições de 2005. Agora até o Sr. Sócrates e o Sr. Pinho dizem que o regulamento foi de sua autoria. Na Net vê-se a evolução do regulamento nesses anos. (...)

(António Serras)

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Sobre o «Magalhães» está tudo dito, mas num dos seus posts aborda e bem a forma como foi abordada a questão da notícia sobre o parque de ondas. Escrevi no meu blog uma análise sobre o que está em causa (e todo o foguetório feito pelo Governo em matéria de energias renováveis) e, se lhe interessar, está aqui a ligação.

Em todo o caso, mesmo que não tenha tempo para ler, saiba então que ontem tanto espalhafato foi para inaugurar algo que representa 0,015% da potência eléctrica de Portugal...

(Pedro Almeida Vieira)

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Este é um comentário tardio, mas acabei de ouvir o Primeiro-Ministro enunciar na Sic Notícias, que com o "magalhães", "toda (!) esta geração será info-incluída, dominará as tecnologias da informação e comunicação, e não haverá ninguém (!!) que não saiba Inglês"; podem existir ligeiros desvios das palavras exactas do PM, estou a escrever de memória, mas não devem ser muitos; além disso, o conteúdo é exacto (os pontos de exclamação não são da autoria do PM).

Eu já nem quero saber das questões do "controlo parental" que, como é óbvio, só agora alguém se lembrou (ou se calhar a Intel disse que ficava mais caro); as aulas, neste próximo ano lectivo, serão sem dúvida muito mais interessantes para os alunos e muito mais infernais, se possível, para quem tem que as dar.

O que eu queria, era que houvesse pelo menos um jornalista que perguntasse ao PM se esta geração saberia ler e escrever (em Português, já agora), se teria pelo menos a mais elementar literacia numérica e se seria capaz de resolver problemas simples pela aplicação de raciocínio dedutivo; resumindo: se saberia "Ler, Escrever e Contar". Obviamente, já consideraria inútil e algo masoquista perguntar se conheceriam alguma literatura, história ou ciência, mesmo que pouca (será sempre preferível contrair mais um créditozito para comprar um "magalhães" do que comprar livros inúteis).

Acredite que isto não é uma blague: para quem, como eu, que dá "aulas" (isto significa, na linguagem da nova geração, que sou pago para falar em salas com pouca gente que despreza aquilo que digo) no que passa por ser um "subsistema" do nosso já praticamente morto "ensino superior", é difícil assistir a isto sem ferver interiormente, tão nítida é a percepção do quase total analfabetismo funcional, da incapacidade de formular raciocínios elementares, da falta de memória, da incapacidade de perceber relações causais, etc.

E é o "magalhães" que vai dar a volta a isto? Nem o original...

João Soares

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Permita-me dizer-lhe que o Magalhães tem controlo parental. E como o nome indica é parental e não governamental.

Basta visitar o site do Magic Desktop para comprovar isso mesmo.

(Paulo Clemente Lopes Silva)

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Após acompanhar com interesse os posts sobre a introdução deste computador, gostava de lhe dar este contributo:

Há dias um colega engenheiro foi a uma entrevista de trabalho à J. P. Sá Couto, a fábrica onde é montado o Magalhães (lembro-me bem de haver notícias acerca de uma suposta fábrica da Intel no norte de Portugal a propósito deste assunto). Alguns dias após a entrevista, para o lugar de junior software developer, este colega recebe um contacto da empresa com uma proposta de trabalho. Remuneração? 520€, full time. Indignado, mandou-os passear. Dois dias depois, novo contacto, com uma proposta repensada mais atractiva: 550€ (!!)

Comprova-se o facto que Portugal é atractivo para as empresas pelo seu baixo nível de salários. Porque apesar do meu colega ter recusado, infelizmente outros não terão tido alternativa senão aceitar.

(Pedro Lima)

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Acho que o correio do Pedro Lima sobre o salário para colaboradores no computador Magalhães desenha tudo o que vai mal na economia Portuguesa:
1. Alguém tira um curso de Engenharia (minimo 3 anos) e procura emprega como Software Developer em Portugal.
2. A JP Sá Couto oferece de inicio 520 Euros.
3. Estando interessada na contratação dessa pessoa aumentam-lhe a proposta em 30 Euros.

Contrariamente ao que o Pedro Lima diz, acho incrivel que alguém alguma vez aceite essa proposta. Basta ver que se esses engenheiros cruzarem a fronteira (que fica apenas a 150km) passam para um país onde o salário minimo é 600 Euros. E de certeza que lhes darão mais incentivos do que o salário minimo. Eu falo com alguma autoridade porque também tirei um curso de Engenharia Informática em Portugal e agora trabalho em Espanha.

A competir com a China e a India não vamos lá.. E curiosamente, os OLPC/Clasmate/Magalhães foram criados para permitir o acesso a computadores a crianças pobres de países como a India..

(João Ventura)

(url)

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