LENDO VENDO OUVINDO ÁTOMOS E BITS de 16 de Setembro de 2008
Interessante artigo aqui (que me foi indicado por Ricardo Peres):
More than 50 percent of Britons believe that polygamy is legal in the United States; in fact, it is illegal in all 50 states. Almost one-third of Britons believe that Americans who have not paid their hospital fees or insurance premiums are not entitled to emergency medical care; in fact, such treatment must be provided by law.
Seventy percent of Britons think the United States has done a worse job than the European Union in reducing carbon emissions since 2000; in fact, America’s rate of growth of carbon emissions has decreased by almost ten percent since 2000, while that of the EU has increased by 2.3 percent.
Eighty percent of Britons believe that “from 1973 to 1990, the United States sold Saddam Hussein more than a quarter of his weapons.” In fact, the United States sold just 0.46 percent of Saddam’s arsenal to him; Russia, France, and China supplied 57 percent, 13 percent, and 12 percent, respectively.
The majority of Britons believe that since the Second World War, the United States has more often sided with non-Muslims than with Muslims. In fact, in 11 out of 12 major conflicts between Muslims and non-Muslims, Muslims and secular forces, or Arabs and non-Arabs, the United States has sided with Muslims and/or Arabs.
Indeed, a new opinion poll finds that British attitudes towards the United States are governed by ignorance of the facts on key issues such as crime, health care, and foreign policy.
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Considerei o texto que publica muito desinteressante. Crenças há para todos os gostos e o que o site Pajamas Media publica é um chorrilho de irrelevâncias estatísticas. Baseado na mesma sondagem, eu próprio poderia escrever um texto sobre a Grã-Bretanha ser o país da Europa que mais tem apoiado os EUA (uma crença minha). Chamar-lhe-ia "Americanismo britânico é suportado pelo conhecimento", pela seguinte razão: Na verdade a maior parte dos inquiridos acertou maioritariamente na resposta correcta a 11 questões de um total de 20 e bastaria que eu escolhesse criativamente algumas das que me interessam.
Veja-se o exemplo das emissões de CO2 (assunto que não pode falhar nenhum exercício deste estilo). A pergunta não se refere à Europa, mas sim à maior parte dos países europeus como tendo maior sucesso em reduzir as emissões do que os EUA (induz a resposta). Como se não bastasse, ainda falam num difuso "rate of growth" (quando a pergunta refere um objectivo "reducing") e se suportam num artigo do Wall Street Journal datado de 2006, aparentemente da responsabilidade dos editores (notoriamente conservadores, logo com um bias um bocadinho proeminente para serem citados como factos). E os factos do WSJ são poucos. O CO2 aparece apenas lateralmente, para dar uma lição de moral à Europa, rebaixar Al Gore, elogiar subsídios de Bush a novas centrais de carvão e obviamente, exaltar as qualidades do mercado. Para não me basear apenas na crendice, fui à procura de números de fontes oficiais americanas. In fact, no site da Energy Information Administration, podemos ver um gráfico muito interessante (http://www.eia.doe.gov/environment.html) com a tendência de 2006 a 2030. Facilmente se pode comprovar que o decréscimo da taxa de crescimento em 10% não tem a importância que os autores lhe querem atribuir, pelo contrário. As emissões totais dos EUA em 1990 eram 5.017,5 milhões de toneladas; em 2006 totalizaram 5.934,4 milhões de toneladas. Falar nisto como um progresso, já nem é honesto nem desonesto, para mim já é outro planeta, Zorg ou coisa que o valha. In fact, no site da EPA há um PDF (http://www.epa.gov/climatechange/emissions/downloads/08_Trends.pdf) onde se pode ler claramente logo no primeiro parágrafo: "Overall, total U.S. emissions have risen by 14.7 percent from 1990 to 2006". Gostaria muito de ler estas mesmas perguntas adaptadas à Europa e respondidas por americanos. E nem era preciso ir para aqueles estados onde pensam que a América Central é o Kansas. Isso sim seria interessante, mas só no sentido piadético do termo.
(José Rui Fernandes)
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O artigo que citou, além de interessante, mostra até que ponto a educação europeia caiu e a ignorância, não só sobre os USA, dos cidadãos europeusaumentou. Seria interessante um estudo sobre até que ponto estes são presas fáceis da demagogia e propaganda.
Como suplemento, um artigo do Times, onde é reportado apoio de alguns orgãos da Royal Society, uma das mais antigas e prestigiadas associações científicas da Europa, ao ensino do Creacionismo e da verdade literal da cosmogonia religiosa a par da Teoria da Evolução por Selecção Natural. Nem tudo é mau: houve imediatamente respostas indignadas de bons cientistas, mas aqui está a primeira machada no "superior" secularismo europeu relativamente à "barbárie" americana que, na visão dos europeus, permite que o programa das escolas seja ditado por extremistas religiosos.