ABRUPTO

10.9.08


LENDO
VENDO
OUVINDO

ÁTOMOS E BITS

de 10 de Setembro de 2008



Claro que é isto mesmo que escreve o João Gonçalves:
"Nesta obsessão idiota pela fala que tomou conta de toda a gente, estranho que não se questione a fala do primeiro-ministro e que, pelo contrário, haja tanta preocupação com o registo discursivo de Ferreira Leite. Sócrates manda há quatro anos no PS e há três anos e meio no país. Ferreira Leite mal manda no PSD. Por que é que não existe a mesma exigência - e sabe Deus como as redacções e a blogosfera estão cheias de "exigentes" escrutinadores - para com a fala de Sócrates? É porque ele é poder e o respeitinho ainda é uma coisa linda? Ou é porque o significante não "bate" com o "significado" quando ele fala de mediocridade ou de sucesso? É que é Sócrates quem vai ser avaliado por uma legislatura em maioria absoluta. Não são os outros. Se ainda não perceberam esta banalidade (ou não lhes interessa que se perceba), metam urgentemente explicador. Não invertam os termos da equação como se fossemos todos obtusos."
e isto mesmo que escreve Filipe Nunes Vicente:
"O principal objectivo do líder da oposição é ser ouvido. Manuela Ferreira Leite, como qualquer pessoa concordará, foi ouvida atentamente. Sobretudo pelo ministro da economia que, certamente por coincidência, anunciou hoje um plano para salvar Veneza.

Um dos requisitos para se ser ouvido é falar apenas quando se quer e MFL cumpriu-o. Falar a toda a hora sem se importar com o destino da mensagem é função do speaker da Volta a Portugal. Entretanto comem-se tremoços. As coisas são que são e MFL é MFL. Não houve música de Vangelis, criancinhas saídas de uma nave espacial nem distribuição de frigoríficos ( a especialidade do mais recente apoiante gondomarense de Sócrates). Houve um discurso e ponto final.

Pode não ser suficiente se as pessoas quiserem festarola, altas velocidades para as Rias Bajas e governo pela televisão. É a democracia."

Mas estamos todos tão ao contrário, que nem se dá por ela. Mas o PS agradece.

*

Sobre outro aspecto desta sobreposição de critérios espectaculares à política, o fetichismo da "novidade" e do "diferente", escrevo esta semana na Sábado. Não tenho dúvida que José Sócrates e o PS muito agradeceriam que se deixassem cair os temas sem "novidade": segurança, desemprego, resultados da economia, corrupção.

*

É interessante ver a sanha com que Manuela Ferreira Leite é atacada pelos donos e empregados das agências de comunicação que pululam nos blogues, muitas vezes sem se identificarem como tal. Compreende-se bem: para eles seria insuportável que um político obtivesse resultados sem a ajuda dos "profissionais" de comunicação.

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© José Pacheco Pereira
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