ABRUPTO

17.2.08


NUNCA É TARDE PARA APRENDER: A GUERRA DO IRAQUE COMO OPERAÇÃO MILITAR (1)

Michael R. Gordon / Bernard E. Trainor, Cobra II: The Inside Story of the Invasion and Occupation of Iraq , Nova Iorque, Pantheon Books, 2006

Este é o melhor livro que li sobre a guerra do Iraque, e duvido que haja melhor sobre a componente militar da guerra: o plano final de operações intitulado "Cobra II" e a sua execução. Pela descrição em dois tempos, o da preparação do plano, e a guerra propriamente dita até à ocupação de Bagdad, percebe-se até que ponto as forças armadas americanas são o único exército moderno existente no mundo, dotado de uma capacidade operacional sem paralelo e, depois do Iraque, de uma experiência de combate total. A começar pelas "botas no chão"e a acabar nas formas mais sofisticadas de guerra aérea, nenhum exército se lhe pode comparar.

A guerra iraquiana não foi um passeio e os americanos defrontaram problemas novos, imprevistos e mesmo surpreendentes (como as tácticas anti-aéreas low tech usadas pelos iraquianos, após estudarem a experiência da guerra do Golfo, contra os helicópteros americanos), mas no essencial a performance militar das forças americanas, blindados, marines, forças especiais, engenharia e logística, revelou um elevado profissionalismo, determinação e coragem, tudo factores que nenhum exercício virtual pode revelar, mas apenas o combate real. O grande falhanço foi o das informações, em particular as da CIA, mas também as informações militares. Do lado iraquiano, enquanto as grandes unidades convencionais do exército regular e da Guarda Republicana se dissolveram quase sem lutar, as forças não convencionais, os Fedayen, mostraram também uma capacidade de resistência que surpreendeu os americanos e não raras vezes os obrigou a mudar de planos.

(Continua)

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